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Sabemos que, se uma norma perde a validade, a consequência disso no plano dos efeitos produzidos não é automática. Mesmo uma norma que não vale ou deixa de valer pode ter produzidos efeitos que devem ser dogmaticamente considerados. É a questão da nulidade, anulabilidade e da inexistência. Tais conceitos têm relação com a eficácia das normas num quadro geral de consistência no sistema. Normas produzem efeitos. São dotadas de eficácia técnica. Essa capacidade de produzir efeitos, contudo, quando a norma não tem validade, pode ser-lhe recusada desde o momento em que passaria a ter vigência, sendo-lhe a capacidade de produzir efeitos negada ex tunc (desde então). Falamos nesse caso de NULIDADE. Por exemplo, uma lei aprovada e promulgada contra os ditames constitucionais diz-se nula no sentido de que seus efeitos são desconsiderados desde o momento eu começou a viger. Em princípio uma norma inexistente é aquela que nunca existiu, o que é, para Kelsen, uma contradictio in terminis, pois se nunca existiu não é, nem nunca foi norma. O que a doutrina dogmática quer exprimir com conceito de INEXISTÊNCIA é a invalidade da norma, mas uma forma especial de invalidade: a que ocorre em todos os momentos necessários para completar sua inserção no sistema. A norma inexistente é a que, por pressuposto, foi posta com a intenção subjetiva de valer, mas por um vício gravíssimo, não se considera como válida em nenhum momento. O terceiro conceito é o de ANULABILIDADE. A anulação depende da manifestação do sujeito que se vê atingido pelos efeitos da norma. Há caos em que a norma entra em vigor, produz efeitos que poderão ser desconsiderados a partir do momento em que é pedida a anulação. Em síntese: a inexistência é um conceito que se aplica à norma que não chega a entrar no sistema, pois seu centro emanador não é aceito absolutamente como fonte do direito do sistema. Nulidade, à norma que tendo entrado no sistema (o centro emanador é aceito como fonte), por um vício essencial de formação, não produz efeito desde o início de sua vigência, independente de qualquer requerimento dos atendidos. Anulabilidade, à norma que, tendo entrado em vigor, produz e continua produzindo efeitos, até o momento que, em certo prazo, for pedida e obtida a anulação. Se o ato é INEXISTENTE, a norma nunca chega a ser válida. Se o ato é NULO, a norma é válida, mas sua vigência não ocorre, não produzindo nenhum efeito a partir de sua vigência. Se o ato é ANULÁVEL, a norma é valida e vigente, produzindo efeitos enquanto não se lhe tenha provocado e obtido a anulação, A INEXISTÊNCIA significa que o ato produtor da norma não é reconhecido absolutamente pelo sistema. A NULIDADE significa que o ato produtor é reconhecido pelo sistema; a norma em princípio entra no sistema, mas por um defeito de produção tem desconsiderada a sua vigência desde o momento de sua promulgação, e são nulos ex tunc todos os seus efeitos. A ANULABILIDADE significa que o ato produtor é reconhecido pelo sistema, a norma entra no sistema, mas tem um defeito de produção não essencial, sendo vigente desde a promulgação e produzindo efeitos até que sobrevenha o pedido de anulação, quando então, ela perde a vigência, contendo a anulação um efeito revogador ex nunc (desde o momento em que ocorre), ressalvados os efeitos até então produzidos.
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