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Suporte Produção Digitação Conferência Operação Núcleo de Processamento de Dados Empresa .... .... EDITORA - UFLA/FAEPE – Introdução à Engenharia de Software e Qualidade de Software 20 Na divisão de desenvolvimento se concentrava a confecção do produto de software. O setor de análise levantava informações junto aos usuários e especificava4 logicamente e fisicamente o software, enquanto o setor de programação codificava as especificações definidas pelos analistas de sistemas. Dentro do setor de programação poderíamos observar duas equipes distintas: equipe de desenvolvimento (encarregada dos novos programas) e a equipe de manutenção (encarregada de manter os programas já desenvolvidos e em produção). A divisão de suporte possuía duas características principais. A primeira era manter em funcionamento os equipamentos e os softwares, instalando e configurando, além de ter contínua preocupação com o desempenho. A segunda característica era promover a capacitação do pessoal do NPD. Isso implicava em estudo de novas tecnologias e treinamento apropriado. Devido à complexidade do gerenciamento dos mainframes, a divisão de suporte requeria pessoal altamente especializado. Dar suporte à operação do software e a seu desenvolvimento não era tarefa fácil. A divisão de produção era responsável por executar, obter os resultados e implantar as informações. O setor de digitação realizava a digitação dos documentos ou planilhas que vinham do usuário, além dos programas do setor de programação. Devido ao pouco acesso que as pessoas tinham aos computadores, os usuários preenchiam planilhas com as informações a serem armazenadas nos computadores para posterior processamento. O setor de conferência conferia se havia erros nos dados digitados, se os resultados produzidos pelo processamento estavam corretos etc. Muitos artifícios eram utilizados para garantir a digitação correta dos dados, entre eles o “total de lote” que representava uma totalização dos valores digitados para posterior conferência. As execuções eram solicitadas pelos usuários ou tinham datas pré-determinadas. Essas execuções eram realizadas no setor de operação que também administrava o hardware. A documentação de um sistema era um trabalho muito árduo e cansativo. A utilização de máquinas de datilografia, pastas mantidas manualmente etc., traziam um custo muito elevado para se manter o sistema atualizado. Por isso, alguns NPDs possuíam um setor de documentação que era encarregado de realizar todas as alterações feitas manualmente por analistas, programadores e operadores. A qualidade do produto e do processo que o confeccionava era uma preocupação constante nos NPDs. Todavia, a Engenharia de Software ainda engatinhava em seus conceitos e não havia maturidade em relação a padrões de qualidade do produto e do processo de software. O alto custo do “homem especializado em computação” e de “hora máquina” obrigava também estas organizações a medirem seu processo. Em 4 Especificar um software neste contexto significa criar um modelo computacional, independente da plataforma computacional que será utilizada. O Produto de Software e a Organização de Desenvolvimento 21 suma, os NPDs primavam por usar uma metodologia de desenvolvimento, documentar os sistemas, medir as atividades pessoais e dar um custo para cada tarefa desenvolvida. Os pontos apontados como falhos para esta estrutura estão mais ligados à tecnologia empregada do que à estrutura propriamente dita. Com a saída do desenvolvimento dos NPDs para pequenas equipes de desenvolvimento em empresas específicas, houve uma perda da qualidade do processo e do produto. Inclusive tornando a computação desacreditada perante aqueles que necessitavam e/ou pretendiam desenvolver um software. 2.2.2 Pequeno Centro de Desenvolvimento A evolução do hardware e software mudou significativamente o processo de desenvolvimento e a estrutura das organizações. Com a chegada e barateamento dos PCs, muitas empresas de pequeno e médio porte puderam adquirir computadores e contratar pequenas equipes para automatizar seus processos. Assim, as funções realizadas de formas distintas dentro de um NPD começaram a ser fundidas no ambiente de desenvolvimento e produção. Figuras pejorativas (e que posteriormente passaram até mesmo a incorporar carreiras organizacionais) surgiram como o programalista (programador + analista) e o anador (analista + programador). Sistemas como folha de pagamento, contas a pagar, contabilidade, controle de estoque, entre outros, invadiram as pequenas e médias empresas. A função “super- valorizada” de quem produzia software tornou-se algo tão comum como um escriturário ou um contador. A Figura 2.3 ilustra um exemplo de um pequeno centro de desenvolvimento dentro de uma empresa de pequeno ou médio porte. Figura 2.3: Pequeno centro de desenvolvimento Todavia, qual foi o problema destes pequenos centros de desenvolvimento? Em primeiro lugar tinha-se um cliente (usuário) alheio às dificuldades do desenvolvimento de software, que acreditava que qualquer programador resolveria a automação de sua empresa. E em segundo lugar, um grupo de desenvolvimento imaturo metodologicamente e, em sua maioria, descompromissado com o futuro do produto Pequeno centro de desenvolvimento Diretoria .... .... EDITORA - UFLA/FAEPE – Introdução à Engenharia de Software e Qualidade de Software 22 que confeccionavam. Esses dois pontos trouxeram diversos problemas para a informática. Muitas empresas, em pouco tempo, se viram à mercê de um software inoperável ou de difícil/impossível manutenção. Poucos empresários passaram a confiar em quem produzia software para solucionar os problemas ou melhorar a produtividade de seu negócio. Criou-se uma lacuna entre quem precisava do software e quem o produzia. 2.2.3 Fábrica de Software Com o intuito de preencher esta lacuna, alguns centros de desenvolvimento de software foram montados como empresas apartadas do cliente/usuário. É bom deixar claro que as fábricas de software não surgiram em decorrência de uma idéia, mas sim de bons desenvolvedores que passaram a oferecer sua solução de software para diversas empresas, assegurando uma continuidade do produto que desenvolviam. Isso possibilitava que o comprador do software tivesse uma garantia contratual de manutenção e evolução do produto. Apesar dos sistemas perderem em especificidade, começava a despontar uma solução de software barato (pois era vendido para diversas empresas) e de melhor qualidade. Atualmente, as fábricas de software são realidades e se tornaram muito mais complexas do que poderíamos imaginar. Além de possuírem as funções de desenvolvimento que existiam nos NPDs, somaram a si funções de negócio e administrativas, algumas até possuindo departamentos especializados em pesquisa (ver Figura 2.4). Trabalham, muitas vezes, dispersas em áreas geográficas diferentes e sub-contratam serviços. São impulsionadas e avaliadas pelos mesmos quesitos de qualquer outra indústria: qualidade do produto e produtividade. Figura 2.4: Organograma de uma fábrica de software ODS Projeto 1 (equipe do Engenharia designer, gerência de marketing, gerência administrativa, Suporte Análise O Produto de Software e a Organização de Desenvolvimento 23 A Figura 2.5 caracteriza algumas diferenças entre a organização que produzia software na década de 1970 e a organização que atualmente desenvolve software. É lógico que nem todas as organizações se encaixam em uma ou outra ponta. Quando se fala, por exemplo, que no ano 2000 as organizações estão fora da empresa que necessita do software, não se está ditando nenhuma