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Erik Erikson 2012

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PERSPECTIVA PSICANALÍTICA
Erik Erikson (1902 - 1994), psicanalista alemão e judeu que aprofundou os estudos de Freud e fez grandes contribuições no campo da psicologia com seus trabalhos sobre desenvolvimento infantil e crises de identidade. Seu pai era biológico e abandonou sua mãe antes dele nascer. Aos 25 anos Erikson começou a lecionar artes numa escola experimental para estudantes americanos. Lá, através de amigos em comum, conheceu Anna Freud (filha de Freud), que se tornou sua psicanalista e o incentivou a estudar psicanálise. Nessa época, também conheceu uma professora canadense de dança, com quem se casou e teve três filhos. Erikson graduou-se no Instituto Psicanalítico de Viena em 1933, se especializando em psicanálise infantil. Nesse mesmo ano, Erikson fugiu das perseguições nazistas para os Estados Unidos, onde iniciou seu trabalho clínico e atuou como professor em Harvard e na Universidade da Califórnia. Sua ampla experiência pessoal e profissional levou-o a modificar e estender a teoria freudiana, enfatizando a influência da sociedade sobre o desenvolvimento da personalidade. Enquanto Freud sustentou que as experiências da infância moldam permanentemente a personalidade, Erikson afirmou que o desenvolvimento do ego é vitalício. A teoria do desenvolvimento psicossocial de Erikson abrange oito estágios durante o ciclo vital. Cada estágio envolve uma crise na personalidade, no qual uma questão do desenvolvimento é particularmente importante naquele momento. Para Erikson as crises que surgem durante a maturação devem ser satisfatoriamente resolvidas para um saudável desenvolvimento do ego. O êxito na resolução de cada uma das oito crises exige que um aspecto positivo seja equilibrado por um aspecto negativo correspondente. Embora a qualidade positiva deva predominar, alguma medida do lado negativo é igualmente necessária para o desenvolvimento humano saudável. Por exemplo, a crise da primeira infância é marcada pelas características da confiança versus desconfiança, ou seja, as pessoas precisam acreditar no mundo e nas outras pessoas, mas elas também precisam adquirir certa desconfiança para se protegerem dos perigos da vida. O êxito na resolução de cada crise resulta no desenvolvimento de uma determinada virtude (força). A teoria de Erikson sustentou-se melhor que a teoria de Freud, principalmente por sua ênfase sobre as influências sociais e culturais no desenvolvimento após a adolescência. Entretanto, alguns dos conceitos de Erikson, como os de Freud, também são difíceis de serem testados. Freud apresentou um modelo de desenvolvimento psicossexual muito importante, afirmando que durante os primeiros cinco anos de vida o indivíduo se defronta com uma série de conflitos que se resolvem com diferentes graus de sucesso. Erikson conceitualizou as cinco fases descritas por Freud com mais detalhes e analisou o desenvolvimento global do homem, acrescentando mais três estágios de desenvolvimento na fase adulta. Erikson constatou que os indivíduos não param de se desenvolver, especialmente psicologicamente. Erikson também escreveu sobre a interação entre as gerações, a qual denominou de mutualismo. Para Freud os pais influenciam dramaticamente o desenvolvimento dos filhos, enquanto que, para Erikson os filhos também influenciam o desenvolvimento dos pais. Erikson esquematizou o modelo dos oito estágios de desenvolvimento humano relacionando-os com a conquista gradual de virtudes (força) básicas a fim de indicar uma base evolutiva do moralismo no homem.
Primeiro Estágio - confiança versus desconfiança - do nascimento aos 12 - 18 meses. Equivale à fase oral de Freud. Nesse estágio a criança desenvolve a confiança e a desconfiança e adquire a virtude da esperança. Por exemplo, se os pais oferecem ao recém-nascido um ambiente familiar adequado e aconchegante, a criança sentirá que o mundo é um lugar seguro de se viver, onde as pessoas são gentis e amorosas. Através da responsabilidade dos pais, a criança também aprende a confiar em seu corpo e em suas necessidades biológicas. No entanto, se os pais agem inadequadamente, rejeitando, maltratando o filho ou se esquivando de suas necessidades, a criança desenvolverá a desconfiança, podendo desenvolver quadros de depressão, paranoia e possíveis psicoses. Se por exemplo, os pais forem superprotetores, de prontidão ao primeiro chorinho que a criança emite, transmitindo uma confiança exagerada, o filho acreditará que ninguém poderá lhe causar algum mal. Um dos sinais de que a criança está se saindo bem no primeiro estágio é quando ela não fica ansiosa e preocupada para satisfazer suas necessidades, isto é, quando reconhece, de certa forma, que os pais têm a situação sob controle e que, mais cedo ou mais tarde, tudo se resolverá. 
Segundo Estágio - autonomia versus vergonha e dúvida - de 12 - 18 meses aos três anos. O objetivo desse estágio é desenvolver a autonomia, minimizando a vergonha e a dúvida. Se os pais permitem que a criança explore seu meio ambiente, ela desenvolverá o senso de autonomia e independência. Os pais não devem desencorajar a criança, nem forçá-las. Eles devem ser firmes, porém tolerantes, permitindo que a criança adquira controle próprio e autoestima elevada. Esse estágio equivale à fase anal de Freud, sendo assim, a criança precisa aprender não só a dominar seu esfíncter, mas também seus músculos, se conscientizando do que pode realizar com eles. A criança desenvolve a autonomia e minimiza a vergonha e a dúvida, adquirindo a virtude da vontade. Só quando a criança tiver aprendido a confiar em sua mãe e no mundo (primeiro estágio), é que ela poderá passar a ter vontade, a fim de ver o que ela, como indivíduo digno de confiança, pode querer (vontade). As culturas têm formas diferentes de cultivar ou destruir a virtude da vontade. Algumas culturas, inclusive, utilizam a vergonha como forma de dominação e alienação. A base racional da vontade deve estar a favor da autonomia. Se em certos aspectos as crianças desenvolvem mais vergonha do que autonomia, provavelmente, quando adultos, sentirão ou agirão com inferioridade durante a vida ou contra atacarão de forma consistente em relação a esse sentimento. Porém, é mais fácil a criança desenvolver a vergonha e a dúvida se os pais não derem abertura para que ela desenvolva a autonomia, tornando-a incapaz de agir por si mesma. Quando a criança se torna extremamente envergonhada, ela duvida de suas habilidades. Contrariamente, se não for dado à criança o senso de limite, ela irá se sentir igualmente incapaz de agir por conta própria, acreditando que o mundo gira ao redor dela. Muita vergonha e dúvida podem levar ao comportamento compulsivo, obrigando a criança a se esquivar dos erros e a agir com perfeição. No entanto, se autonomia versus vergonha e dúvida se equilibram a criança desenvolverá a virtude da autodeterminação (vontade), podendo se tornar um adulto saudável (nos aspectos psíquicos) na vida adulta. 
Terceiro Estágio - iniciativa versus culpa - dos três aos seis anos. Equivale à fase fálica de Freud. A criança aprende a ter iniciativa, o que significa responder positivamente aos desafios do mundo, com responsabilidade e estímulo para aprender novas tarefas. Os pais podem incentivar seus filhos a terem iniciativa, encorajando-os a seguirem suas ideias, fantasias, curiosidades e imaginação. Para Erikson é hora de brincadeira e não de educação formal. Através das brincadeiras criança é capaz de visualizar e imaginar e experimentar a vida adulta e situações futuras. Ela começa a vislumbrar metas para as quais sua cognição (conhecimento) a prepararam. A criança também começa a pensar em ser grande e identificar-se com pessoas cujo trabalho ou personalidade ela pode entender e apreciar. Nesse estágio desenvolve-se a virtude do propósito - quando a criança desenvolve iniciativa e experimenta novas atividades sem ser dominada pela culpa. Se a criança pode imaginar e planejar o futuro, ela também pode ser responsável e culpada por ele. Por exemplo, se a criançajoga sua escova de dente dentro do vaso sanitário, ela será responsável e culpada por isso, pois já possui capacidade para julgar seus atos. Cabe ressaltar, que o excesso de culpa faz com que a criança se torne inibida, fato que pode afetar seu lado sexual na vida adulta, causando frigidez ou impotência.
Quarto Estágio - produtividade versus inferioridade - de seis anos à puberdade - onze ou doze anos. Nesse estágio, desenvolve-se a virtude da habilidade, eliminando o excesso de sentimento de inferioridade. A criança deve aprender habilidades da cultura ou enfrentar sentimentos de incompetência. Equivale à fase de latência de Freud. O termo "latência" foi utilizado por Freud para determinar que certas emoções, principalmente as sexuais, eram relativamente reprimidas, ficando a criança livre para se concentrar e aprender. A psicanálise destaca a enorme curiosidade de aprender e saber durante este estágio. As crianças dedicam suas energias para o aprendizado escolar e social. Uma maneira para se diferenciar uma criança do terceiro estágio, de outra do quarto estágio, é observando a forma como participam dos jogos. Por exemplo, crianças de quatro anos (terceiro estágio) adoram jogar, mas entendem vagamente suas regras, podendo mudá-las no decorrer da brincadeira, inclusive não brincando até o fim do jogo. Já crianças de sete anos (quarto estágio) se dedicam às regras, respeitando-as e chateando-se quando o jogo não é concluído. Se, por exemplo, uma criança sofre racismo ou é discriminada por algum motivo (por parentes, professores, colegas ou membros da sociedade) ela tende a desenvolver um senso de inferioridade e incompetência. Por outro lado, crianças "super competentes" (conhecidas como superdotadas) não desenvolvem aspectos importantes característicos da infância. É possível perceber que essas crianças sentem uma espécie de vazio em suas vidas. No entanto, o mais comum é o desenvolvimento do complexo de inferioridade, que tornam as crianças inertes, reprimidas e com sérios problemas para enfrentar os obstáculos da vida. A melhor maneira de superar essa fase é balancear a superioridade com a inferioridade, desenvolvendo a virtude da habilidade, necessária para o justo desenvolvimento das competências individuais. 
Quinto Estágio - identidade versus confusão de identidade - da puberdade ao início da idade adulta - dos treze aos dezoito ou vinte anos. O objetivo desse estágio é desenvolver a virtude da fidelidade. O adolescente deve determinar sua identidade (quem sou eu?) ou sentir confusão sobre os “papéis”. Equivale a fase genital de Freud. O adolescente começa a se identificar e a acreditar em alguma visão ideológica. Sem o desenvolvimento de uma capacidade de fidelidade, o indivíduo tem grande chance de desenvolver uma personalidade fraca ou procurar um grupo marginal a quem possa ser leal. Esta é a fase da formação da identidade do ego e da famosa crise de identidade (utilizada por Erikson como base para a formulação dos estágios seguintes). A identidade do ego significa saber quem você é e como se encaixa no resto da sociedade. Isso requer uma revisão de tudo o que se aprendeu sobre a vida e sobre si mesmo, para moldar esses conceitos em uma autoimagem que tenha um significado para a comunidade. A crise de identidade é uma expressão usada em todo o mundo. Mesmo quando uma pessoa consegue ajustar-se sexualmente e desenvolver o que Freud chamou de maturidade genital, ela pode ainda assim, ser atingida por problemas de identidade. Os indivíduos não podem evoluir sem o desenvolvimento de uma firme identidade no fim da adolescência. Misturada à identidade positiva, há uma identidade negativa que se compõe daquilo que tem sido motivo de vergonha, pelo qual o adolescente se pune e sente culpado. Identidade significa uma integração de todas as identificações e autoimagens anteriores, incluindo as negativas. Um fato muito importante é que os jovens (consciente ou inconscientemente) reconheçam sua própria identidade negativa nos seus pais e comecem a questionar se as identificações primitivas com eles são totalmente úteis e admiráveis como pensavam antes. Em outras palavras, a formação da identidade é de fato, uma reconstrução de todas as identificações anteriores à luz de um futuro antecipado.
Sexto Estágio - intimidade versus isolamento - idade adulta jovem - dezoito aos trinta anos. A pessoa procura formar compromissos com os outros e em caso de fracasso pode sofrer de isolamento. Nesse estágio, desenvolve-se a virtude do amor, cujo objetivo é atingir a intimidade em contraposição ao isolamento. Isso se refere ao indivíduo que tendo ultrapassado as questões básicas do seu problema de identidade, pode mover-se em direção a questões de relacionamento com os outros, como relacionamentos íntimos, de amizade, amor, sexual e, até mesmo, intimidade consigo próprio. A intimidade é a habilidade de fundir a sua identidade com a do outro, sem temor de estar perdendo alguma coisa de si mesmo. Já o amor, no contexto teórico, é estar apto a deixar os antagonismos de lado em nome de uma boa convivência. Não é só o amor encontrado no casamento, mas também o amor por amigos, pela família, pelo vizinho, colegas de trabalho etc. 
Sétimo Estágio - geratividade versus estagnação - idade adulta, aproximadamente, dos vinte e cinco aos cinquenta e cinco anos. O adulto maduro preocupa-se em estabelecer e orientar a próxima geração ou então sente empobrecimento pessoal. A geratividade é uma tendência que, na maturidade, as pessoas apresentam determinados comportamentos que aumentam a competência em papéis de liderança, ensino, invenções, artes, ciência, atividades sociais e em deixar uma contribuição para o bem estar das futuras gerações. Nessa fase, se desenvolve a virtude da consideração (cuidado), isto é, ter cuidados por alguém ou alguma coisa, cuidar de quem precisa de proteção e atenção e cuidar de não fazer alguma coisa destrutiva. Essa capacidade de cuidar, desenvolvida nesse estágio, acompanhará a pessoa pelo resto da vida. 
Oitavo Estágio - integridade versus desespero - idade adulta tardia - dos cinquenta e cinco aos sessenta anos em diante. O idoso alcança a aceitação da própria vida, o que lhe permite aceitar a morte ou então se desesperar pela incapacidade de reviver a vida. Nessa fase, desenvolve-se a virtude da sabedoria. Muitas pessoas acham que essa fase só se inicia quando a pessoa se sente velha, dando um efeito negativo à velhice. Na teoria de Erikson, atingir essa fase é algo positivo e não atingi-la é negativo, pois quer dizer que ocorreram problemas que retardaram o desenvolvimento humano. Nesse estágio também aparecem as doenças, o medo da morte e os arrependimentos. Os idosos podem desenvolver depressões, paranóias e se tornarem indivíduos hipocondríacos. Por fim, o medo da morte pode ser abrandado quando a pessoa percebe que foi necessária e importante no decorrer de sua vida. 
REFERÊNCIA:
PAPALIA, Diane. Desenvolvimento humano. Porto Alegre: Artmed, 2006. 
 Cheila Szuchmacher

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