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– O sistema hormonal feminino consiste em 3 hierarquias: 1. O hormônio de liberação hipotalâmica chamado hormônio liberador de gonadotropina (GnRH) 2. Os hormônios sexuais hipofisários anteriores, o hormônio folículoestimulante (FSH) e o hormônio luteinizante (LH), ambos secretados em resposta à liberação de GnRH no hipotálamo 3. Os hormônios ovarianos: estrogênio e progesterona, que são secretados pelo ovário em resposta aos dois hormônios sexuais femininos da hipófise anterior As mudanças ovarianas que ocorrem durante o ciclo sexual dependem inteiramente dos hormônios gonadotrópicos FSH e LH., que nada mais são do que pequenas glicoproteínas. Na ausência desses hormônios, os ovários permanecem inativos, como ocorre na infância. Entre os 9 e 12 anos de idade, a hipófise começa a secretar progressivamente mais FSH e LH, levando ao início de ciclos sexuais mensais normais, que começam entre 11 e 15 anos de idade, em um período denominado puberdade, marcado pela menarca. O FSH e o LH estimulam suas células-alvo ovarianas através do processo de sinalização celular com os receptores. Ao serem ativados, os receptores aumentam a secreção das células e, também, o crescimento e proliferação delas. Quase todos esses efeitos estimuladores resultam da ativação do sistema do segundo mensageiro do monofosfato de adenosina cíclico, no citoplasma celular, levando a formação da proteína cinase e múltiplas fosforilações de enzimas-chave que estimulam essa síntese de hormônios sexuais. Fase folicular do ciclo ovariano Depois da puberdade, quando LH e FSH da hipófise anterior começam a ser secretados em quantidades significativas, os ovários, em conjunto com alguns dos folículos em seu interior, começam a crescer. O primeiro estágio de crescimento folicular é o aumento moderado do próprio óvulo, cujo diâmetro cresce de duas a três vezes. Em seguida, ocorre o desenvolvimento de outras camadas das células da granulosa. Esses folículos são chamados de folículos primários. Desenvolvimento de folículos antrais e vesiculares Durante os primeiros dias de cada ciclo sexual mensal feminino, as concentrações de FSH e de LH aumentam de forma leve a moderada sendo o FSH ligeiramente maior do que o de LH e o antecedendo em alguns dias. Esses hormônios, principalmente o FSH, causam um crescimento acelerado de 6 a 12 folículos primários por mês. A consequência inicial disso é a rápida proliferação das células da granulosa, levando aparecimento de muitas outras camadas da mesma. Além disso, as células fusiformes, derivadas do interstício ovariano, agrupam-se em diversas camadas por fora das células da granulosa, levando ao aparecimento de uma segunda massa de células denominada teca. A teca se divide em duas camadas: a teca interna e a externa. As células da teca interna adquirem a capacidade de secretar mais hormônios sexuais esteroides (estrogênio e progesterona). Já a camada externa se desenvolve e forma uma cápsula de tecido conjuntivo bastante vascular que será a própria cápsula do folículo em desenvolvimento. Depois da fase proliferativa inicial do crescimento, a massa de células da granulosa secreta o líquido folicular que contém uma elevada concentração de estrogênio. O acúmulo desse líquido ocasiona o aparecimento de antro dentro da massa de células da granulosa. Há, portanto, um crescimento ainda maior de folículos que agora são denominados folículos vesiculares. Esse crescimento se dá por conta do: 1. Estrogênio que é secretado no folículo e faz com que as células da granulosa formem quantidades cada vez maiores de receptores de FSH, provocando um efeito de feedback positivo já que as células se tornam mais sensíveis ao FSH 2. O FSH hipofisário e os estrogênios se combinam para promover receptores de LH nas células originais da granulosa, permitindo assim que haja também uma estimulação pelo LH, o que provoca um aumento ainda mais rápido da secreção folicular. 3. A elevada quantidade de estrogênio secretada mais a grande quantidade de LH agem em conjunto e causam a proliferação das células tecais foliculares e aumentam, por sua vez, sua secreção. O crescimento dos folículos antrais se dá de modo explosivo porém, o óvulo permanece incrustado no interior da massa de células da granulosa. Apenas um folículo amadurece completamente por mês e os restantes involuem em um processo denominado atresia. Sugere-se que grandes quantidades de estrogênio liberadas pelo folículo em desenvolvimento agem no hipotálamo, deprimindo a secreção mais intensa de FSH pela hipófise, bloqueando o crescimento posterior dos folículos menos desenvolvidos. Sendo assim, o folículo maior continua a crescer por feedback positivo enquanto todos os outros folículos involuem. Esse processo de atresia é importante pois, em termos gerais, evita que mais uma criança seja gerada. Ovulação A ovulação da mulher que tem ciclo mensal de 28 dias se dá 14 dias depois do início da menstruação. – É importante ressaltar que o LH é indispensável para o crescimento folicular normal e para a ovulação. Cerca de dois dias antes da ovulação, a secreção de LH pela hipófise aumenta bastante e tem seu pico em torno de 16 horas antes da ovulação. O LH tem um efeito específico nas células da granulosa e tecais, convertendo-as em células secretoras de progesterona. A secreção de progesterona aumenta cada vez mais em detrimento da secreção de estrogênio. É nesse momento em que: 1. Há um crescimento rápido do folículo 2. Menor secreção de estrogênio pós fase intensa de sua secreção 3. Início da secreção de progesterona; que ocorre a ovulação. A ovulação, propriamente dita, ocorre da seguinte forma: 1. A secreção de FSH também aumenta e os dois agem simultaneamente causando a rápida dilatação do folículo. 2. A teca externa começa a liberar enzimas proteolíticas dos lisossomos, o que causa a dissolução da parede capsular do folículo e o consequente enfraquecimento da parede, resultando em mais dilatação do folículo. 3. Há uma intensa angiogênese na parede folicular e, simultaneamente, são secretadas prostaglandinas, que são hormônios locais que causam vasodilatação, nos tecidos foliculares.. 4. A parede externa do folículo incha e a pequena área do centro da cápsula folicular denominada estigma projeta-se como um bico. Ao se romper, o estigma então permite a passagem de um líquido viscoso presente no interior do folículo o qual carrega o óvulo cercado de células da granulosa denominado coroa radiada. Fase lútea do ciclo ovariano Após a expulsão do óvulo do folículo, as células da granulosa e tecais internas remanescentes se transformam em células luteínicas. Eles aumentam em diâmetro e ficam repletos de inclusões lipídicas que lhes dão aparência amarelada em um processo chamado luteinização. A massa formada é chamada de corpo lúteo. As células da granulosa no corpo lúteo desenvolvem vastos retículos endoplasmáticos lisos intracelulares que formam grandes quantidades de estrogênio e progesterona, sendo a progesterona maior que o estrogênio durante a fase lútea. As células tecais produzem androgênios porém, grande parte desses hormônios é convertido em estrogênios pela enzima aromatase nas células da granulosa. O corpo lúteo atinge o auge de seu desenvolvimento cerca de 7 a 8 dias após a ovulação. A partir desse momento, ele começa a involuir e perde suas funções secretoras bem como sua característica amarelada passando a ser o corpus albicans, que é substituído por tecido conjuntivo e absorvido ao longo dos meses. Portanto, o corpo lúteo é um órgão altamente secretor, produzindo grande quantidade de estrogênio e progesterona. Esses hormônios têm potentes efeitos de feedback na hipófise anterior, mantendo intensidades secretoras reduzidas de FSH e LH. Além disso, as células luteínicas secretampequenas quantidades do hormônio inibina o qual inibe a secreção de FSH pela hipófise anterior. A redução da secreção FSH e LH faz com que o corpo se degenere completamente. A involução completa se dá em torno do 26º dia do ciclo sexual. A parada súbita de secreção de estrogênio, progesterona e inibina leva a menstruação. Essa parada também remove a inibição por feedback da hipófise anterior permitindo com que ela comece a secretar novamente quantidades cada vez maiores de FSH e LH dando início ao crescimento de novos folículos e reiniciando o ciclo ovariano. Seu tempo de vida só é prolongado na gravidez quando a gonadotropina coriônica atinge o corpo lúteo e prolonga sua vida durante os 2 a 4 primeiros meses da gestação. Esse processo de luteinização depende da extrusão do óvulo do folículo e do LH. Um hormônio local denominado fator de inibição da luteinização, encontrado no líquido folicular controla o processo de luteinização até depois da ovulação. Os estrogênios promovem essencialmente a proliferação e o crescimento de células específicas no corpo, responsáveis pelo desenvolvimento da maioria das características sexuais secundárias da mulher. Na mulher não grávida normal, os estrogênios são secretados em quantidades significativas apenas pelos ovários e quantidades mínimas pelos córtices adrenais. Durante a gravidez, uma quantidade de estrogênios também é secretada pela placenta. Já as progestinas atuam, basicamente, preparando o útero para a gravidez e as mamas para a lactação. Elas são secretadas pelo corpo lúteo na mulher não grávida normal e pela placenta depois do 4° mês de gestação. Basicamente, todos os esteroides femininos são sintetizados nos ovários, principalmente do colesterol derivado do sangue mas também podem ser provenientes da acetil coenzima A cujas múltiplas moléculas podem se combinar e formar o núcleo esteroide apropriado. Durante a fase folicular, quase todos os androgênios são convertidos em estrogênios pela enzima aromatase. A células da teca sob influência do LH produzem androgênio. Como as células da teca não possuem aromatase, os androgênios se difundem das células da teca para as células da granulosa adjacentes, onde são convertidos em estrogênios pela aromatase, cuja atividade é estimulada por FSH em folículos maduros. Tanto o estrogênio quanto a progesterona são transportados no sangue ligados principalmente a albumina plasmática e a globulinas de ligação específica a estrogênio e progesterona. – Ciclo endometrial mensal e menstruação Fase proliferativa ocorrendo antes da ovulação No início de cada ciclo menstrual mensal, grande parte do endométrio foi descamada pela menstruação. Após a menstruação, permanece apenas uma pequena camada de estroma endometrial. Sob a influência dos estrogênios que são secretados durante a primeira parte do ciclo ovariano mensal, as células do estroma e as células epiteliais proliferam rapidamente, sendo reepitelizadas de 4 a 7 dias após o início da menstruação. Antes de ocorrer a ovulação, a espessura do endométrio aumenta bastante devido ao crescente número de células estromais e novos vasos sanguíneos no endométrio. As glândulas endometriais secretam um muco fino e pegajoso que ajudam a guiar o espermatozoide na direção correta da vagina até o útero. Fase secretora ocorrendo após a ovulação Depois de ter ocorrido a ovulação, a progesterona e o estrogênio são secretados em grande quantidade pelo corpo lúteo. O estrogênio causa leve proliferação celular do endométrio e a progesterona é responsável por causar inchaço e desenvolvimento secretor do mesmo O endométrio, nesse momento, passa por uma série de mudanças como: o aumento do citoplasma das células estromais, aumento do depósito de lipídios e glicogênio aumento do fornecimento sanguíneo. A finalidade geral dessas mudanças endometriais é produzir um endométrio altamente secretor que contenha grande quantidade de nutrientes armazenados, para prover condições apropriadas à implantação do óvulo fertilizado. Essas secreções uterinas fornecem nutrição ao óvulo em suas divisões iniciais até a sua implantação. Menstruação A menstruação é causada pela queda de estrogênio e progesterona, principalmente da progesterona, no final do ciclo ovariano mensal. O primeiro efeito é a redução da estimulação das células endometriais por esses dois hormônios e os vasos sanguíneos ficam vasoespáticos (por conta de vasosconstritores das prostaglandinas).. Consequentemente, o sangue penetra a camada vascular do endométrio e as áreas hemorrágicas crescem. A massa de tecido descamado e sangue na cavidade uterina mais os efeitos contráteis das prostaglandinas ou de outras substâncias no descamado em degeneração, agem em conjunto, dando início a contrações que expelem os conteúdos uterinos Gradativamente, as camadas externas necróticas do endométrio se separam do útero até que cerca de 48h depois do início da menstruação, as camadas superficiais do endométrio tenham se descamado. Durante a menstruação normal, aproximadamente: 40 ml de sangue e mais de 35 ml de líquido seroso são eliminados. Normalmente, o líquido não coagula porque uma fibrinolisina é liberada em conjunto com o material endometrial necrótico. 4 a 7 dias após o início da menstruação, a perda de sangue cessa porque, nesse momento, o endométrio já se reepitalizou Durante a menstruação, grandes quantidades de leucócitos são liberados em conjunto com o material necrótico e o sangue. É provável que alguma substância liberada pela necrose endometrial cause essa eliminação. Essa fato corresponde a um importante efeito protetor haja vista que o útero é bastante resistente a infecções durante a menstruação
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