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Pelve A pelve é a parte do tronco posteroinferior ao abdome e é a área de transição entre tronco e membros inferiores. Componentes Ósseos A pelve é formada pelos ossos direito e esquerdo do quadril, que se articulam anteriormente através da sínfise púbica, e pelo osso do sacro, que se articula posteriormente com os ossos do quadril. O osso do quadril de cada lado é formado pela fusão (que acontece em torno dos 14 anos de idade) entre três ossos: o ílio, que se localiza superiormente no osso do quadril; o ísquio, localizado posteriormente no osso do quadril; e o púbis, que se encontra anteriormente no osso do quadril. A linha terminal da pelve é a junção da linha que começa no sacro e segue como arqueada do ílio com a linha pectínea do púbis. Essa linha delimita a abertura superior, ou estreito superior, da pelve, importante referência anatômica para a divisão da cavidade pélvica. Considerações Funcionais A pelve tem a importante função de transmitir o peso da coluna vertebral para os acetábulos do quadril quando estamos de pé, ou para os túberes isquiáticos quando estamos sentados. Sendo assim, a articulação sacrilíaca é cruzada por ambos os vetores de força e requer pouca mobilidade para absorver forças de tensão e tração. Durante o período gestacional, seus ligamentos permanecem mais frouxos como consequência da ação hormonal, o que possibilita maior amplitude de movimento da articulação. A eficiência biomecânica da pelve depende da estabilidade da articulação sacrilíaca, capaz de resistir a deslocamentos que o peso do corpo tende a produzir. Na postura ortostática, o peso do corpo tende a deslocar o sacro caudal anteriormente em relação aos ossos do quadril, o que é impedido pelo forte ligamento sacroilíaco interósseo. Além disso, esse vetor de peso corporal tende a provocar a rotação do sacro, mas os ligamentos sacrotuberal e sacroespinal impedem esse deslocamento. Movimentos da pelve Foram realizados estudos que tornaram possível a visualização de movimentos artrocinemáticos e osteocinemáticos das articulações sacroilíacas durante a marcha e outras atividades. É importante ressaltar que a amplitude desses movimentos é limitada, sendo considerada entre 1 e 3 graus. Entre esses movimentos pélvicos, dois são conhecidos como nutação e contranutação. Durante a nutação, ocorre a aproximação das asas dos ílios em direção ao plano mediano do corpo e um afastamento dos túberes isquiáticos; ao mesmo tempo, ocorre o direcionamento anteroinferior da base do sacro e um movimento posterossuperior do cóccix. Durante o período expulsivo no parto vaginal, acontece esse movimento de nutação da pelve. Na contranutação as asas dos ílios se afastam da linha média do corpo, e os túberes isquiáticos se aproximam dela. A base do sacro se movimenta na direção posterossuperior, enquanto o cóccix se direciona anteroinferiormente. Tipos de pelve Ginecoide: pelve típica feminina • Mais comum (43% nas mulheres brancas e negras); • Forma: oval; • Bom prognostico de parto; • Diâmetro transverso se sobrepõe ao anteroposterior. Antropoide: alguns homens e mulheres • Forma: oval, estreita e longa (macacos antropoides); • Prognostico de parto: aumento da possibilidade de distócia anterior; • Diâmetro anteroposterior maior que o transverso. Androide: maioria dos homens • Forma: plana e achatada; • Prognostico de parto: ruim; • Achatamento transverso da pelve, com diâmetro anteroposterior igual ou ligeiramente maior que o transverso. Platipelóide: rara em ambos os gêneros • Forma: achatada • Prognostico de parto: aumento da possibilidade de distócia anterior; • Diâmetro transverso se sobrepõe excessivamente ao anteroposterior. • Cavidade pélvica e conteúdo A cavidade abdominal é contínua com a cavidade pélvica no tronco. A linha terminal que forma o estreito superior da pelve é uma referência anatômica que subdivide a pelve em duas cavidades: uma superior, conhecida como pelve falsa ou pelve maior, e a inferior ao estreito, conhecida como pelve verdadeira ou pelve menor. Esta última aloja os órgãos pélvicos (reto, bexiga, útero, vagina, tubas uterinas e ovários) no corpo feminino. A cavidade pélvica verdadeira é delimitada inferiormente pelos músculos conhecidos como diafragma pélvico. Abaixo do diafragma pélvico, a região é denominada períneo. Ureter Os ureteres são tubos musculares lisos que atingem 25 a 30 cm de comprimento e desempenham a função de conectar os rins à bexiga urinária. As partes pélvicas dos ureteres seguem nas paredes laterais da bexiga, entrando na sua face externa distantes um do outro aproximadamente 5 cm. As contrações do músculo detrusor da bexiga atuam como esfíncter, bloqueando o refluxo de urina para os ureteres quando a bexiga se contrai, o que aumenta a pressão interna durante a micção. A urina é transportada dos rins para a bexiga por meio de movimentos peristálticos dos ureteres, sendo levadas algumas gotas de urina a intervalos de aproximadamente 20 s. Os nervos dos ureteres são do plexo autonômico adjacente, e a condução do estímulo nociceptivo/dor segue as fibras simpáticas dos nervos espinais, chegando aos gânglios sensitivos da medula espinal e nos segmentos medulares T10-L2 ou L3. A dor de ureter geralmente é referida no quadrante inferior ipsilateral do abdome, especialmente na região inguinal (virilha). Bexiga A bexiga urinária é um órgão oco constituído de músculo liso forte e resistente, e que apresenta alta distensibilidade: o músculo detrusor. A bexiga desempenha a função de reservatório temporário de urina e tem tamanho, formato e localização variáveis de acordo com o seu estado de plenitude e o estado dos órgãos adjacentes. Quando vazia, a bexiga do indivíduo adulto ocupa a pelve verdadeira e é separada dos ossos púbicos pelo espaço retropúbico. Ela também apresenta um ápice, paredes superior, inferolateral e posterior. Na região inferior da bexiga existe o colo, que é fixado pelos ligamentos vesicais laterais e pelo arco tendíneo da fáscia da pelve, além de seu componente anterior, o ligamento puboprostático em homens e pubovesical em mulheres. Vale destacar que, nas mulheres, como a face posterior da bexiga está apoiada na face anterior da vagina, a fixação lateral desta ao arco tendíneo da fáscia pélvica, o paracolpo, torna-se um relevante meio de sustentação com o qual a bexiga conta. Em relação à inervação da bexiga, as fibras simpáticas são conduzidas das regiões torácica inferior e lombar superior da medula espinal até os plexos vesicais (pélvicos), especialmente a partir dos nervos hipogástricos. As fibras parassimpáticas provenientes dos segmentos sacrais da medula espinal também alcançam a bexiga através dos plexos esplâncnicos pélvicos. Uretra A uretra feminina tem cerca de 4 cm de comprimento e segue anteroinferiormente do óstio interno da bexiga até o óstio externo da uretra. O canal uretral, que tem a função de transportar a urina da bexiga para o meio externo, situa-se anteriormente à vagina, e seu eixo é paralelo ao dela. A uretra segue com a vagina através do diafragma da pelve, do músculo esfíncter externo da uretra e da membrana do períneo. As fibras nervosas que inervam a uretra têm origem no plexo vesical e no nervo pudendo. As fibras aferentes viscerais da uretra caminham em direção à medula espinal através do plexo esplâncnico, e as fibras aferentes somáticas seguem para a medula a partir do nervo pudendo. O segmento medular no qual os nervos aferentes da uretra fazem sinapse é S2- S4. Reto O reto é a porção pélvica do sistema digestório e mantém continuidade proximal com o colo sigmoide, e distal com o canal anal. A junção do colo sigmoide com o reto se dá anteriormente à vértebra S3, e a junção anorretal situa-se anteroinferiormente à extremidade do cóccix. A flexura anorretal deaproximadamente 80° influencia o mecanismo para continência fecal, sendo mantida, durante o estado de repouso, pelo tônus do músculo puborretal e pela sua contração ativa durante as contrações peristálticas, se não for o momento ideal para que ocorra a defecação. A parte terminal dilatada do reto é a ampola retal, que recebe e mantém a massa fecal que se acumula até o momento da sua expulsão. A inervação do reto provém dos sistemas simpático e parassimpático, e as fibras aferentes viscerais seguem as fibras parassimpáticas até os gânglios sensitivos dos nervos espinais S2- S4. Ovários Os ovários são as gônadas femininas que produzem os ovócitos (gametas femininos). Além dos gametas, as gônadas também produzem hormônios sexuais femininos e são suspensas por uma subdivisão do ligamento largo do útero denominada mesovário. Os capilares sanguíneos e linfáticos e os nervos ovarianos cruzam a margem da pelve, entrando e saindo da face superolateral do ovário dentro do seu ligamento suspensor. Medialmente no mesovário, encontra-se um curto ligamento útero-ovárico, também conhecido como ligamento próprio do ovário, que fixa o ovário ao útero. Assim, os ovários costumam ser encontrados entre o útero e a parede lateral da pelve. Como o ovário fica suspenso na cavidade abdominal e não é recoberto pelo peritônio, o ovócito expelido durante a ovulação passa para a cavidade peritoneal e, em seguida, é aprisionado pelas fímbrias da tuba uterina e conduzido para a ampola, onde pode ser fecundado. Tubas Uterinas As tubas uterinas têm aproximadamente 10 cm de comprimento e desempenham a função de transporte dos ovócitos liberados pelo ovário durante a ovulação, além de servir de local habitual para que ocorra a fecundação. As tubas uterinas estão fixadas por uma membrana chamada mesossalpinge e se estendem lateralmente a partir dos cornos uterinos, abrindo-se na cavidade abdominal, próximo aos ovários. As tubas uterinas podem ser divididas em quatro partes, da porção lateral para a medial: • Infundíbulo (fímbrias): extremidade distal da tuba fimbriada com processos digitiformes que se abrem na cavidade peritoneal a partir do óstio abdominal. • Ampola: porção mais dilatada da tuba, onde normalmente ocorre a fecundação do ovócito. • Istmo: porção mais estreita da tuba, que entra no corno do útero. • Parte uterina: porção curta intramural da tuba que se abre no óstio uterino para a cavidade do útero. A inervação da tuba uterina é proveniente do plexo ovárico e, em parte, do plexo uterino. As fibras aferentes que conduzem a sensação de dor das tubas ascendem através das fibras simpáticas do plexo ovárico até os segmentos medulares T11-L1. Útero O útero é um órgão muscular oco que apresenta paredes espessas e aloja o embrião e o feto no período da gravidez. O útero não gravídico se localiza na pelve verdadeira e possui as seguintes partes: fundo, corpo, istmo e colo. O corpo do útero se posiciona sobre a bexiga, e seu colo permanece entre a bexiga urinária e o reto. Na mulher adulta, o útero encontra-se antevertido, inclinado anterossuperiormente em relação ao eixo da vagina, e antefletido, fletido anteriormente em relação ao colo. O colo é a porção final cilíndrica do útero, tem em torno de 2,5 cm de comprimento e é dividido em duas partes: uma supravaginal, entre o istmo e a vagina; e uma vaginal, que se projeta na parte superior da parede anterior da vagina. Ao corte, é possível discriminar as camadas ou lâminas do útero da mais interna para a mais externa: endométrio, miométrio e perimétrio. Além disso, pode-se visualizar a sua cavidade (dentro do corpo do útero), semelhante a uma fenda, que apresenta os cornos do útero, regiões onde penetram as tubas uterinas e o canal cervical (dentro do colo uterino). A cavidade do útero, o canal cervical do colo do útero e o lúmen vaginal constituem o canal do parto atravessado pelo feto no final da gravidez. A face anterior do útero está separada da bexiga pela escavação vesicouterina, e a face posterior está separada do colo sigmoide e do reto a partir da escavação retouterina. É importante destacar os meios de fixação e sustentação desse órgão. A sustentação dinâmica do útero ocorre por meio do diafragma pélvico, especialmente durante momentos ou situações de aumento de pressão intra-abdominal, como ocorre em tosse ou espirro. A fixação do útero se dá pelos seus ligamentos, que serão descritos a seguir: • Ligamento largo do útero: constituído por uma dupla camada de peritônio, membrana serosa, que se estende das partes laterais do útero até as paredes abdominopélvicas. • Ligamento transverso do colo (cardinal): fixa-se na porção supravaginal do colo uterino e nas partes laterais do fórnix da vagina, até as paredes laterais da pelve. • Ligamento retouterino (uterrossacral): segue da lateral do colo uterino até o osso sacro, ligamento palpável ao toque retal. • Ligamento redondo do útero: faixa de tecido conjuntivo fibroso; estende-se de uma fixação logo abaixo da tuba uterina até os lábios maiores da vulva feminina. Vagina A vagina é um canal fibromuscular com aproximadamente 10 cm de comprimento e se estende do colo do útero até o seu óstio externo, que se abre juntamente com a glande do clitóris, o óstio externo da uretra e as glândulas vestibulares menores no vestíbulo vaginal, uma fenda situada entre os lábios menores da vulva feminina. A abertura externa da vagina é parcialmente obliterada na maioria das mulheres virgens por uma prega denominada hímen. Após sua ruptura, os pequenos fragmentos que permanecem na borda do óstio externo da vagina são denominadas carúnculas himenais. A vagina serve de canal para escoar o líquido menstrual, constitui o canal do parto, e recebe e envolve o pênis e o sêmen durante a relação sexual. Esse órgão normalmente se encontra colapsado, e sua mucosa tem numerosas pregas transversais que se assemelham a rugas. O canal vaginal situa-se inferiormente ao colo do útero, lateralmente ao músculo levantador do ânus e à fáscia pélvica, posteriormente ao fundo da bexiga e à uretra, e anteriormente ao reto. A porção mais inferior da vagina possui inervação somática que provém do nervo perineal profundo, um ramo do nervo pudendo. A maior parte da vagina, três quartos superiores, tem inervação visceral proveniente do plexo nervoso uterovaginal, que é um dos plexos pélvicos que se estendem do plexo hipogástrico inferior até os órgãos pélvicos. As fibras aferentes que transmitem impulsos dolorosos do colo uterino e da vagina seguem as fibras parassimpáticas através dos plexos uterovaginal e hipogástrico inferior e dos nervos esplâncnicos pélvicos, para chegar aos corpos celulares nos gânglios sensitivos dos nervos espinais S2-S4. Genitália feminina externa Vulva Os órgãos genitais externos (monte púbico, lábios maiores e menores, clitóris, vestíbulo vaginal, bulbos do vestíbulo e glândulas vestibulares maiores e menores) no conjunto são chamados de pudendo feminino ou vulva. O pudendo feminino serve como tecido sensitivo e erétil durante a excitação sexual, apresenta a função de orientar o fluxo urinário e serve de barreira para evitar a entrada de corpo/material estranho nos órgãos genitais internos e nos órgãos do sistema urinário. Monte púbico O monte púbico se apresenta como uma elevação adiposa, arredondada, anterior à sínfise púbica. A quantidade de tecido adiposo nessa região aumenta na puberdade e reduz-se no envelhecimento. Após o período de puberdade, o monte púbico é recoberto por pelos pubianos. Lábios maiores e menores Os lábios maiores são pregas miocutâneas externas que se estendem do monte púbico de cada lado e se inserem no corpo tendíneo do períneo (em direção ao ânus). Esses lábios, que apresentam pelos após a puberdade, protegem o clitóris e os óstios uretral e vaginal externo.A fenda existente entre os dois lábios maiores é denominada rima do pudendo. Os lábios menores são pregas de pele glabra e estão situados na rima do pudendo, onde fecham o vestíbulo da vagina. A face interna de cada lábio menor é lisa e úmida, tem uma coloração rósea e possui glândulas sebáceas e muita terminação nervosa sensitiva. 1. Monte púbico; 2. Clitóris; 3. Frênulo do clitóris; 4. Vestibulo vaginal; 5. Óstio uretral externo; 6. Lábios menores; 7. Lábios maiores; 8. Óstio externo da vagina; 9. Períneo; 10. Ânus. Clitóris É um órgão erétil feminino localizado anteriormente no vestíbulo vaginal, no ponto de encontro dos lábios menores da vulva. O clitóris tem a função de excitação sexual na mulher e aumenta de tamanho após a sua estimulação tátil, por ser muito inervado e vascularizado. Ele se divide em glande, corpo e ramos. A glande é a única parte exposta na vulva e é protegida pelo prepúcio do clitóris (lâminas provenientes dos lábios menores). Vestíbulo vaginal É a região circundada pelos lábios menores do pudendo, na qual se apresentam a abertura dos óstios uretral e vaginal e os ductos das glândulas vestibulares maiores e menores. Bulbos do vestíbulo São duas massas de tecido erétil com 3 cm de comprimento, que se situam lateralmente ao óstio vaginal. São homólogos ao bulbo do pênis e cobertos inferior e lateralmente pelos músculos bulboesponjosos. Glândulas vestibulares maiores e menores As glândulas vestibulares maiores, também conhecidas como glândulas de Bartholin, situam-se de cada lado do vestíbulo vaginal, posteriormente ao óstio vaginal. Essas glândulas secretam muco que umedece e lubrifica o vestíbulo vaginal durante a excitação sexual feminina. Assim como as glândulas vestibulares maiores, as menores produzem o muco lubrificante e se apresentam em maior quantidade. Encontram-se de cada lado do vestíbulo vaginal, e seus ductos se abrem entre os óstios da uretra e da vagina. Assoalho Pélvico A cavidade da pelve é demarcada inferiormente pelo diafragma pélvico musculofascial, que fica suspenso na parte superior e desce centralmente até a abertura inferior da pelve em forma de funil. Além desse diafragma, outros músculos, fáscias e ligamentos formam o assoalho pélvico, que apresenta a função de sustentação de órgãos internos, proporciona ação esfincteriana para uretra, vagina e reto, e possibilita a passagem do feto no canal do parto. Diafragma pélvico O diafragma da pelve é constituído pelos músculos coccígeo e levantador do ânus, além de suas fáscias de revestimento, que se situam na pelve menor, separando a cavidade pélvica acima do diafragma da pelve e o períneo abaixo dele. O músculo coccígeo se fixa na borda lateral da porção inferior do sacro e do cóccix, e seu ventre carnoso situa-se sobre o ligamento sacroespinal, onde também se fixa. O músculo levantador do ânus, uma faixa larga de músculo, é a maior e mais importante parte do diafragma pélvico. Está fixado anteriormente aos corpos do púbis e posteriormente às espinhas isquiáticas e a um espessamento na fáscia obturatória denominado arco tendíneo do músculo levantador do ânus. Este músculo tem três partes: • Puborretal: porção mais medial, mais estreita e espessa do levantador do ânus. Forma uma alça em forma de U que contorna posteriormente a junção anorretal. O puborretal tem um papel importante na manutenção da continência fecal. • Pubococcígeo: porção mais larga e intermediária; entretanto, é a parte menos espessa do músculo levantador do ânus e apresenta fixação lateral ao puborretal. O músculo pubococcígeo surge anteriormente no corpo do púbis e suas fibras laterais se fixam no cóccix. Suas fibras mediais fundem-se às do músculo contralateral para formar uma rafe fibrosa, parte do corpo anococcígeo. Alças de fibras musculares mais curtas do pubococcígeo se fundem à fáscia ao redor de estruturas da linha mediana do assoalho pélvico e são denominadas, em mulheres: pubovaginal, puboperineal e puboanal • Iliococcígeo: porção posterolateral do músculo levantador do ânus, apresenta sua origem no arco tendíneo e na espinha isquiática, e se funde posteriormente ao corpo anococcígeo. O músculo levantador do ânus constitui um assoalho dinâmico para cumprir sua função de sustentação de vísceras abdominopélvicas. Em quase todo o tempo, suas três partes mantêm contração tônica, o que viabiliza a manutenção da continência fecal e urinária; há também contração ativa em situações diversas, como tosse, espirro, vômito, dentre outras. Os distúrbios do assoalho pélvico podem resultar de propriedades mecânicas inadequadas das estruturas de sustentação, como o comprometimento dos músculos ou ligamentos, ou mudanças na rigidez e na fáscia pélvica, associadas a alterações em níveis hormonais durante a gravidez. O músculo coccígeo é inervado pelos ramos nos nervos espinais S4 e S5, enquanto o músculo levantador do ânus – puborretal, pubococcígeo e iliococcígeo – é inervado pelo nervo para o músculo levantador do ânus (ramos de S4), o nervo anal inferior e o plexo coccígeo (pequena rede de fibras nervosas formadas pelos ramos anteriores de S4-S5 e os nervos coccígeos). Períneo Períneo é a região superficial do assoalho pélvico, situada inferiormente ao diafragma da pelve. As estruturas esqueléticas e fibrosas que marcam os limites do períneo são: • Sínfise púbica, anteriormente; • Ramos do ísquio e púbis, anterolateralmente; • Túbes isquiáticos, lateralmente; • Ligamento sacrotuberais, posterlateralmente; • Porçao inferior do sacro e cóccix, posteriormente. Uma linha imaginária que une os túberes isquiáticos separa o períneo em duas regiões triangulares: uma anterior, o trígono urogenital; e uma posterior, o trígono anal (Figura 1.16). O ponto médio da linha que une os túberes isquiáticos é o ponto central do períneo; essa é a localização do corpo do períneo, que é massa de tecido fibromuscular irregular com tamanho e consistência variados. O corpo do períneo é o local de convergência e entrelaçamento de fibras musculares, incluindo os seguintes músculos: bulboesponjoso, esfíncter externo do ânus e músculos transversos superficial e profundo do períneo. Os músculos do espaço superficial do períneo são: • Isquiocavernoso: envolve o clitóris e está associado a compressão e manutenção da ereção do mesmo. • Bulboesponjoso: tem sua fixação no corpo do períneo e circunda a parte mais inferior da vagina. Agindo em conjunto com o bulbo do vestíbulo, constrita a vagina durante a coaptação. • Transverso superficial do períneo: origina-se na face interna do ramo do ísquio e se insere no corpo do períneo. Esse músculo funciona como auxiliar do transverso profundo. Os músculos do espaço profundo do períneo são: • Transverso profundo do períneo: apresenta fixação na face interna do ramo do ísquio, e a maior parte das suas fibras se insere no corpo do períneo. Algumas fibras se inserem na parede lateral da vagina. • Esfíncter da uretra: fixa-se na face interna do ramo inferior do púbis e na parede lateral da vagina. Somente poucas fibras desse músculo passam posteriormente à uretra. Os músculos do períneo são inervados pelo ramo perineal do nervo pudendo (S2-S4). O nervo perineal apresenta dois ramos: o ramo perineal superficial, que dá origem aos nervos labiais (cutâneos) posteriores, e o ramo perineal profundo, que inerva os músculos profundos e superficiais do períneo, a pele do vestíbulo vaginal e a túnica mucosa da porção inferior da vagina. O nervo dorsal do clitóris é o principal nervo sensitivo do órgão genital feminino, sobretudo a glande do clitóris, que normalmente é muito sensível.
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