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Metabolismo Ana Clara Silva Freitas Metabolismo Objetivos pedagógicos 1. Descrever a fisiologia do aparelho digestório; O aparelho digestório é composto pelo trato gastrointestinal (TGI), por glândulas, como as salivares e por esfíncteres (esofágico, anal e pilórico), os quais auxiliam no controle do fluxo do bolo alimentar. Ainda, é importante mencionar que o TGI é por onde o bolo alimentar vai trafegar e que ele é formado por: cavidade oral, faringe, esôfago, intestinos delgado e grosso e, por fim, o ânus. Inicialmente, haverá a mastigação do alimento realizada pelos dentes (digestão mecânica), para que o alimento se torne menor. Após, haverá a deglutição, é o momento em que o alimento transita pela faringe e pelo esôfago até chegar ao estômago, por meio do peristaltismo. Esse último pode ser propulsivo (esôfago) ou segmentado (estômago); ele começa no meio do estômago, aproximadamente, e se desloca em direção ao piloro, sendo assim, responsável pela mistura do alimento mastigado aos sucos gástricos e pelo esvaziamento do suco gástrico no duodeno. A digestão química, por sua vez, ocorre através da ação de enzimas digestivas (como a ptialina, encontrada na região oral e que atua sobre os carboidratos), a qual hidrolisa as macromoléculas do bolo alimentar e as quebram em moléculas menores, por exemplo, em aminoácidos; para que assim, a absorção seja realizada. No estômago será encontrado o suco gástrico, o qual possui dois componentes, sendo eles: ácido clorídrico (responsável por ajudar a desdobrar as proteínas) e a pepsina (responsável pela quebra das proteínas em polipeptídios menores); ainda, quando o bolo alimentar se mistura com o suco gástrico é chamado de quimo. A absorção de substâncias químicas, por sua vez, ocorre principalmente no intestino delgado. Nesse contexto, há uma continuidade entre o estômago e o duodeno, o que permite receber aberturas dos ductos pancreático e do fígado (as principais glândulas do sistema digestório). O primeiro, é responsável pela secreção do sulco pancreático e o segundo pela secreção da bile. Após sair do duodeno o bolo alimentar segue para o jejuno e para o íleo. O colo ascendente do IG é o local onde ocorre a maior parte da reabsorção de água. Posteriormente, as fezes serão formadas nos colos descendentes e sigmoide e são acumuladas no reto antes da defecação. 2. Explicar, de acordo com a fisiologia da digestão, as reações bioquímicas para a digestão dos carboidratos. Carboidrato= amido, lactose e sacarose (principais). Sendo dividido em glicose, frutose e galactose (monossacarídeos); e sacarose, lactose e maltose (dissacarídeos). Metabolismo Ana Clara Silva Freitas O processo digestivo é responsável por converter os carboidratos em monossacarídeos, por meio da hidrólise em ligações glicosídicas presentes nos carboidratos. Inicialmente, ainda na região oral, a glândula salivar libera a alfa amilase, a qual é responsável pela conversão de amido em polissacarídeos menores (alfa-dextrinas); posteriormente, a alfa-amilase por possuir PH neutro é inativada no estômago, devido ao HCL ter um PH mais ácido. Para chegar no ID, a alfa-amilase pancreática e o bicarbonato precisam ser secretadas, pela glândula pancreática exócrina, para o lúmen do ID. No ID, o bicarbonato será responsável pela neutralização das secreções gástricas, assim, a alfa-amilase pancreática continua o processo digestivo da alfa-dextrinas. Desse modo, as alfa-dextrinas serão convertidas em dissacarídeos (maltose), trissacarídeos (maltotriose) e em oligossacarídeos. Ainda, é importante mencionar que a amilase pancreática possui maior potência que a amilase salivar, com isso, todos os carboidratos serão ingeridos entre 15 e 30 minutos após o quimo ser transferido para o duodeno e se misturar com o suco pancreático. A digestão dos dissacarídeos, como lactose e sacarose, bem como a digestão completa das dextrinas limites, maltose e maltotriose, ocorrem por meio da ligação dos dissacarídeos à superfície membranácea (a qual possui uma borda em escova ou microvilosidades) das células epiteliais intestinais. Nesse contexto, os monossacarídeos, produzidos pelas hidrólises, são transportados pelas células epiteliais do intestino. Já as fibras compostas por polissacarídeos, as chamadas fibras dietéticas, não podem ser digeridas pelas enzimas humanas no trato intestinal. Por fim, no cólon, as fibras dietéticas podem ser convertidas em ácidos graxos de cadeia curta e em gases, como o CO2, por meio da ação de bactérias presentes no cólon. Ainda no processo digestivo, os enterócitos (responsáveis pelo revestimento das vilosidades do ID) possuem quatro enzimas, são elas: lactase, maltase, alfa-dextrinase e sacarase. Essas enzimas são capazes de clivar os dissacarídeos lactose, maltose e sacarose. Desse modo, os produtos finais da digestão dos carboidratos são monossacarídeos hidrossolúveis e são absorvidos rapidamente para o sangue porta. 3. Descrever os mecanismos de absorção e transporte dos carboidratos Os carboidratos da dieta são convertidos em glicose, galactose e frutose no trato digestivo. A partir de então eles serão absorvidos pelo intestino, entram na corrente sanguínea e, então são levados para os tecidos para que haja a metabolização. Após o processo de transporte, a glicose passa por um processo de fosforilação. Esse processo acontece com o intuito de que a enzima helixocinase forme a galactose em glicose-6-fosfato e possibilitar a sua entrada em diversas rotas metabólicas (glicólise, síntese de glicogênio e a rota pentose-fosfato). Por último, a glicose-6-fosfato é oxidada na rota de glicólise, tal fato é o que permite a promoção de ATP para as células. A glicose e a galactose são transportadas pelas células absortivas do intestino por difusão e transporte facilitado, esse último depende do Na+. Ela entra, então, nas células absortivas ligadas às proteínas transportadoras (proteínas integrais de membrana) que se ligam à molécula de glicose por um lado da membrana e liberam ela no lado oposto. Essa dependência é necessária para que ocorra a abertura do Metabolismo Ana Clara Silva Freitas canal transportador SGLT e, consequentemente, o transporte da glicose para uma maior concentração na célula. Já o transportadores facilitados de glicose, como o GLUT 1, 2, 3, 4 e 5, permitem que a glicose move-se por transporte facilitado do lado mais concentrado dentro da célula para o menos concentrado no sangue sem gasto de energia. A frutose por sua vez tanto entra quanto deixa as células absortivas epiteliais por difusão facilitada, por via GLUT 5. Já em relação ao transporte dos monossacarídeos para os tecidos vai ser um pouco diferente, pois depende da função do metabolismo da glicose em cada tecido. No fígado, o Km do GLUT 2 é relativamente alto, assim, a glicose será convertida em outra molécula armazenadora de energia quando o nível de glicose estiver alto (geralmente, após as refeições). No músculo e em tecidos adiposos, o transporte da glicose é estimulado pela insulina; dessa forma, esse processo envolve os transportadores de glicose (GLUT 4) de vesículas intracelulares para a membrana plasmática. No cérebro, a glicose precisa passar do sangue ao fluido cerebrospinal extracelular pelo transportador GLUT 1. 4. Descrever e explicar o papel do oxigênio no metabolismo O catabolismo é o conjunto de reações degradativas e produtoras de energia livre. O catabolismo acontece porque algumas rotas são responsáveis pela degradação de nutrientes orgânicos em produtos finais simples, para que assim haja extração de energia química e sua conversão em formas de energia que são úteis a célula. O catabolismo aeróbico, tem o O2 como aceptor final de elétrons, esse se junta ao H e gera H2O. Desse modo, vale ressaltar que o O é importante, pois ele se refere às transformações de energia celular. Nesse sentido, há afotossíntese e a respiração celular aeróbica. Na primeira ocorre a síntese de glicose a partir do CO2 e H2O na presença de luz. Já na segunda, ocorre o processo de degradação da molécula de glicose e, assim, a liberação da energia que foi armazenada. Com isso, a respiração aeróbica acontece por meio de 3 fases: glicólise, ciclo de Krebs e fosforilação oxidativa. O ciclo de Krebs é responsável pela formação de 2/3 da produção de energia, por meio da respiração celular. Além da produção final de 2 ATP´s, também ocorre a reoxidação de NAD e FAD. A glicólise é responsável pela formação de 4 ATP e 2 piruvatos. Já a fosforilação oxidativa, por sua vez, é o processo de maior produção de ATP e ocorre atavés de coezimas (NADH e FADH2) que são transportadoras de elétrons e são resultantes do ciclo de Krebs. 5. Descrever o papel da célula e suas organelas na produção de energia A célula é a unidade básica do organismo vivo e ela é dividida em organelas que são essenciais para a produção de energia. Geralmente cada organela tem uma função única, sendo assim, os lisossomos possuem enzima hidrolíticas responsável pela degradação de proteínas e de moléculas maiores. O núcleo contém material genético que realiza a replicação gênica e a transcrição do DNA. Os ribossomos, por sua vez, completa uma síntese de proteínas. Nesse contexto, há o retículo endoplasmático, o qual também é responsável pela síntese de lipídios. Já o complexo de Golgi é responsável pela formação de vesículas, as quais são usadas para o transporte de moléculas para a membrana plasmática; esse complexo também é responsável pela secreção. Ademais, as mitocôndrias são organelas de oxidação de substratos Metabolismo Ana Clara Silva Freitas energéticos e também é responsável pela produção de ATP. Os peroxissomas possuem enzimas que utilizam e produzem peróxido de hidrogênio, por fim o citosol e o citoesqueleto. Esse último, confere suporte as proteínas fibrosas flexíveis; ele é composto por microfilamentos de actina, microtúbulos de tubulina e filamentos intermediários. 6. Diferenciar rotas metabólicas e catabólicas, exemplificando O conjunto das diversas reações que acontecem no nosso organismo é chamado de metabolismo, esse por sua vez é dividido em catabolismo e anabolismo. No catabolismo algumas rotas degradam nutrientes orgânicos em produtos finais simples para converter energia química em energia útil a célula. O catabolismo é também responsável pela produção de substratos menores, como o CO2, NH3 e ácido lático. Esse processo acaba resultando na produção de carreadores de elétrons reduzidos (NADH e NADPH), esses carreadores podem doar elétrons em processo de ATP ou conduzir etapas redutoras em rotas biossintéticas. Ademais, esse processo é dividido em anaeróbico e aeróbico. O primeiro é quando não há a formação de água; o segundo tem como resultado o O2 como aceptor final de elétrons, o qual se junta com H e forma a água. O anabolismo, por sua vez, é o conjunto de demais rotas que são iniciadas com moléculas precursoras pequenas e que convertem progressivamente moléculas maiores e mais complexas. Assim, no anabolismo estão inclusos proteínas, lipídeos, carboidratos e ácidos nucleicos. Essas rotas não precisam de uma injeção de energia e são facilitadas através do fosforil do ATP e o poder redutor de NADH, NADPH E FADH2 7. Explicar as diferentes vias metabólicas que envolvem a glicose (glicólise, ciclo de Krebs, Cadeia Respiratória, glicogênese, glicogenólise, neoglicogênese, Fermentação lática Glicólise: a glicólise pode ser dividida em quatro etapas, as quais correspondem aos seus eventos fundamentais, sendo elas: dupla fosforilação da glicose, a qual é responsável pelo gasto de 2 ATP’s e, assim, pela origem da frutose com a presença de 2 fosfatos; clivagem da frutose, a qual vai produzir 2 trioses fosforiladas; oxidação e nova fosforilação das trioses fosfato, formando 2 moléculas de um intermediário bifosforilado; por fim, a transferência dos grupos de fosfato para 4 ADP, formando 4 ATP e 2 piruvatos. Essas 4 etapas ocorrem por meio de 10 reações. Glicogênese: após a sua captação, a glicose pode ser usada para liberar energia ou ser armazenada na forma de glicogênio. Com isso, há a necessidade da ocorrência da glicólise, a qual é dada a partir da repetida adição de unidades de glicose às extremidades redutoras de um fragmento de glicogênio. Para isso, a glicose incorporada precisa estar ligada a nucleotídeo de uracila, formando assim a uridina difosfato glicose, mais conhecida como UDP glicose. Glicogenólise: a glicogenólise consiste na quebra do glicogênio, assim há uma remoção sucessiva de resíduos de glicose, a partir de suas extremidades não redutoras, por meio da ação enzimática da glicogênio fosforilase. Essa enzima será responsável pela catalização da divisão do glicogênio, por meio Metabolismo Ana Clara Silva Freitas da fosforilação da ligação alfa-1,4, liberando a glicose 1-fosfasto. Desse modo, percebe-se semelhança entre a glicogenólise e a hidrólise, contudo, ao invés de água, utiliza-se o fosfato inorgânico (Pi). Neoglicogênese: essa via metabólica consiste na síntese de glicose a partir de compostos que não sejam os carboidratos. O fígado e os rins são os principais órgãos responsáveis pela gliconeogênese, além disso, os seus principais precursores são: aminoácidos, lactato e glicerol. A reação da gliconeogênese a partir da alanina e do lactato passa por algumas etapas, por meio das enzimas alanina aminotransferase e lactato desidrogenase. Na etapa 1 há conversão de piruvato em fosfoenolpiruvato; na etapa 2 há a conversão de frutose 1-6 bifosfato a frutose 6-fosfato; por fim, a etapa 3, onde ocorre a conversão de glicose 6-fosfato em glicose. Ciclo de Krebs: Esse clico é responsável pela formação de dois terços da produção de energia por meio da respiração celular. Além da produção final de 2 ATP´s, também ocorre a reoxidação de NAD e FAD. Resumidamente o ciclo de Krebs consiste em: na transformação de piruvato em acetil-coA 2; na condensação de oxalacetato e acetil-CoA que ocorre a partir da citratosintase; liberação da coenzima A, a qual é utilizada como fonte de energia para a formação do citrato; entrada e saída de água, o que permite a isomerização do citrato em aconitato; posteriormente, o aconitato é transformado em isocitrato, por meio da aconitase; o isocitrato é transformado em cetoglutarato, por meio da isocitrato- desidrogenase, essa enzima catalisa a oxidação do grupo álcool e a queda do grupo carboxila, para que o CO2 seja liberado. Ademais, ainda há a introdução da coenzima A, que é fundamental para o fornecimento de energia para formar succinil-CoA, por meio da alfa cetoglutarato-desidrogenase; o succinil irá liberar a coenzima A e será o local onde será gerado o ATP desse ciclo, ainda, a succinil-CoA será transformada em succinato, através da succinato tioquinase. O succinato será transformado em fumarato, por meio da succinato-desidrogenase, com a liberação de FAD reduzido a FADH2; o fumarato será transformado em malato, por meio da entrada de água e enzima fumarase; por fim, o malato volta a ser oxalacetato, com a liberação de NAD em NADH2, por meio da malato-desidrogenase. Cadeia respiratória: essa cadeia é o maior processo de produção de ATP e ocorre através de coenzimas (NADH e FADH2), as quais são transportadoras de elétrons e são resultantes do ciclo de Krebs. Essa via tem como receptor final o O2, sendo assim uma via aeróbia. Para que essa cadeia aconteça é necessário que haja: NADH desidrogenase; Citocromo b-c1 ; Citocromo c-oxidase ; Proteínas transportadoras de elétrons: CoQ (Ubiquinona) e citocromo c ; Membrana mitocondrial interna permeável aos prótons de H+; Oxigênio como aceptor final de elétrons que se transforma em água. Fermentação lática: nesse processo o lactato pode ser exportado da célula ou convertido empiruvato. Nesse contexto a lactasse desidrogenase catalisa a oxidação do NADH e permite a redução do piruvato a lactato. Grande parte do lactato é transportado pelo sangue até o fígado, onde é usado na síntese de glicose. 8. Descrever a morfofisiologia e o metabolismo muscular esquelético; O músculo estriado esquelético é um M. somático voluntário, é responsável por mover ou estabilizar ossos e demais estruturas e, estão fixados direta ou indiretamente a ossos, cartilagens, ligamentos ou Metabolismo Ana Clara Silva Freitas fáscias. Desse modo, cabe ainda salientar que esses músculos são órgãos de locomoção, sustentação estática, conferem forma ao corpo e fornecem calor. Esses músculos atuam pela contração seja ela reflexa (automática), tônica (que confere firmeza) ou fásica. Em relação a fundão da musculatura esquelética, a M. agonista é responsável pela produção de um movimento específico do corpo; o M. fixador estabiliza as partes proximais de um membro, por meio de contração isométrica; o M. sinergista complementa a ação do agonista. Quanto ao metabolismo da musculatura esquelética, existem o aeróbio (utiliza O2 para a produção de ATP) e o anaeróbio (não utiliza o O2). O M. esquelético só consegue sustentar uma contração intensa entre 1 e 2 segundos. Por isso, existe um reservatório de energia composto por creatinina fosfato, a qual é produzida em períodos de repouso, por meio da fosforilação da creatina com gasto de ATP, utilizando a creatina quinase como catalisadora da reação. Essa reação é reversível e durante a atividade muscular ela ocorre no sentido da regeneração de ATP. 9. Descrever e explicar o metabolismo muscular na ausência de oxigênio. O metabolismo muscular anaeróbio tenta sustentar o esforço, após a reserva de creatina fosfato e não consegue ser tão rápida. Essa via utiliza a glicose e o glicogênio e responsável pela produção de 2 ATPs. Essa via produz piruvato através de glicólise anaeróbica e, caso tenha muita produção desse piruvato, ele se transforma em ácido lático, que vai se dissociar em H+ e lactato. Esse H+ se for produzido em acesso acaba deixando o sangue mais ácido, causando por exemplo, náuseas e cefaleia. Ademais, a via anaeróbica é também acompanhada do aumento da FC e FR, além da fadiga muscular, devido à produção de lactato. 10. Explicar as diferentes formas de obtenção de energia pela musculatura esquelética. Via ATP-CTP: O M. esquelético só consegue sustentar uma contração intensa entre 1 e 2 segundos. Por isso, existe um reservatório de energia composto por creatinina fosfato, a qual é produzida em períodos de repouso, por meio da fosforilação da creatina com gasto de ATP, utilizando a creatina quinase como catalisadora da reação. Essa reação é reversível e durante a atividade muscular ela ocorre no sentido da regeneração de ATP. Via glicolítica: essa via consiste na sustentação do esforço, após a reserva de creatina fosfato diminuir ou esgotar e possui muitas etapas, por isso não consegue ser tão rápida como a via ATP-CP. Esse sistema é responsável pela utilização de glicose e glicogênio e produção de 2 ATPs. Essa via produz piruvato através de glicólise anaeróbica e, caso tenha muita produção desse piruvato, ele se transforma em ácido lático, que vai se dissociar em H+ e lactato. Esse H+ se for produzido em acesso acaba deixando o sangue mais ácido, causando por exemplo, náuseas e cefaleia. Ademais, a via anaeróbica é também acompanhada do aumento da FC e FR, além da fadiga muscular, devido à produção de lactato. Via oxidativa: a oxidação aeróbica acontece na mitocôndria e é a única que usa gorduras, carboidratos e proteínas e os convertem em acetil-CoA. Com isso, a via oxidativa é alática, produz 38 ATP’s e dura mais de 3 minutos. Ela é utilizada em casos de maratonismo e ciclismo, por exemplo. Durante as atividades físicas os ácidos graxos assumem uma importância crescente e a reserva de glicogênio diminui. 11. Descrever as teorias da fadiga muscular (alterações do metabolismo de carboidratos na presença de hipóxia aguda e suas repercussões sistêmicas (Acidose Lática) Metabolismo Ana Clara Silva Freitas A fadiga muscular é uma condição reversível, responsável pela incapacidade do músculo de produzir ou sustentar uma determinada potência. Ela pode ser influencia por diversos fatores, entre eles: intensidade, duração de atividade contrátil, composição muscular, entre outros. Ainda não se sabe ao certo o que ocasiona de fato a fadiga, mas sabe que ela tem algumas classificações: fadiga central e fadiga periférica. A fadiga central abrange sensações de cansaço e desejo de cessar a atividade física, ela é uma espécie de fadiga psicológica que precede a fadiga fisiológica de fato. As suas causas podem ser neurais, as quais podem surgir a partir de falhas de comunicação na junção neuromuscular e a partir de falhas dos neurônios de comando do SNC. A fadiga periférica, por sua vez, ocorre dentro da fibra muscular e em diferentes pontos. Quando e exercício acontece de forma prolongada, a fadiga se associa à depleção das reservas de glicogênio muscular, e isso pode afetar a liberação de Ca2+ do retículo sarcoplasmático. Quanto a acidose lática: a reação da lactato desidrogenase forma o lactato da seguinte forma: o NADH é oxidado, permitindo assim que a glicólise prossiga em condições de anaerobiose relativa e que forme a molécula de ATP. Dessa forma, o piruvato recebe 2 elétrons e um próton do NADH e um próton do meio, que o faz ser reduzido em lactato. Com isso, o lactato será transportado por meio do sarcolema das fibras musculares, pelo transportador de monocarboxilato (MTC). O lactato que foi gerado a partir da glicólise anaeróbica é transportado pelo MTC do músculo para a corrente sanguínea, posteriormente, será absorvido pelo fígado e por outros tecidos. Em corridas de longa distância, as concentrações de lactato e de H+ aumentam muito pouco. Com isso, a fadiga irá ser instalada quando houver depleção dos estoques de glicogênio, contudo, quando falta carboidrato, a oxidação dos ácidos graxos é impossibilitada. 12. Descrever a absorção, Digestão e transporte dos lipídeos. Lipídios= ácidos graxos, e triacilgliceróis; glicerofosfolipídeos e esfingolipídeos; colesterol, sais biliares, e hormônios esteroides, e vitaminas lipossolúveis. Em relação a digestão, esse processo nos triacigliceróis envolve a hidrólise a ácidos graxos e 2- monoacilglicerol no lúmen intestinal. Inicialmente, a digestão é na língua, por meio da lipase lingual e no estômago, por meio da lipase gástrica. Posteriormente, já no intestino os ácidos graxos são emulsificados pelos sais biliares, isso permite o aumento da áreas de superfície dos lipídios. Desse modo, a lipase pancreática e a colipase se ligam e fazem a digestão com a liberação de ácidos graxos livres e 2- monoacilglicerol. Os fosfolipídios são hidrolisados no lúmen intestinal, por meio da fosfolipase A2; os ésteres de colesterol são hidrolisados pela colesterol-esterase, que são secretadas pelo pâncreas. Com isso, os produtos da digestão enzimática formam micelas com os sais biliares no lúmen intestinal. Assim, As micelas vão, através da chamada camada de água estacionária, para as microvilosidades na superfície das células epiteliais intestinais, onde ácidos graxos, 2-monoacilglicerol e outros lipídeos da dieta são absorvidos. Os ácidos biliares permanecem no intestino sendo reabsorvidos e levados de volta ao fígado pela circulação êntero-hepática. Em relação ao transporte, os lipídios são transportados pelo sistema circulatório em agregados moleculares hidrossolúveis. Nesse contexto, os lipídios apolares serão associados a lipídios anfipáticos e proteínas, tendo como resultado as lipoproteínas plasmáticas. Os ácidos graxos, por sua vez, são Metabolismo Ana Clara Silva Freitas mobilizados e ligados a albumina sérica, posteriormenteserão captados pelo músculo, rim e outros tecidos, onde serão oxidados a CO2 e água para formar ATP. 13. Elucidar sobre a síntese e transporte das lipoproteínas. Existem cinco classes de lipoproteínas quilomícrons, VLDL, IDL e HDL. Os quilomícrons são produzidos nas células epiteliais intestinais a partir das gorduras da dieta e transportam os triglicerídeos no sangue. Quanto ao VLDL, a lipogênese é estimulada pela insulina, por meio do qual a glicose é convertida em ácidos graxos, esses serão esterificados com glicerol, para que os triglicerídeos sejam formados e empacotados em VLDL e, posteriormente serem secretados pelo fígado. O VLDL é a lipoproteína produzida no fígado, a partir dos carboidratos. Ademais, a VLDL transporta os lipídeos sintetizados endogenamente. O IDL tem densidade intermediária e é produzida no sangue. Para que o IDL seja produzido, a LPL cliva os triacigliceróis do VLDL e libera glicerol e ácidos graxos, com isso, o VLDL se converte em IDL, que poderá ser endocitada pelo fígado ou ser convertida em LDL. O IDL perde triacigliceróis, se torna LDL que possui altas contrações de colesterol e ésteres de colesterol. Ademais, o LDL pode ser endocitada pelo fígado e pelos tecidos periféricos. Já o HDL possui alta densidade e pode ser produzida por uma série de mecanismos. Nesse contexto, a HDL pode ser produzida tanto no fígado quanto no intestino delgado como partículas ricas em proteínas, pouco colesterol e nenhum colesterol esterificado, sendo assim, sintetizada com as proteínas AI, AII, CI e CII; a HDL também pode ser gerada pelo brotamento de apoproteínas, por meio dos quilomícrons e VLDL quando elas são digeridas pela LPL. Por fim, ela também pode ser desencadeada pela apoAI livre, a qual irá adquirir colesterol e fosfolipídios de outras lipoproteínas e membranas celulares para formar uma partícula semelhante a HDL nascente dentro da circulação sanguínea. 14. Descrever o metabolismo energético dos ácidos graxos. O processo de metabólico dos ácido graxos consiste na lipólise, degradação e síntese. A lipólise nada mais que a hidrólise completa do triaglicerol em ácidos graxos e glicerol e acontece, basicamente, em três etapas, são elas: (1) a lipase de triacigliceróis do adiposo (AGLT) é responsável pela catalisação da hidrólise do traiciglicerol em ácido graxo de diaciglicerol; (2) a lipase hormônio-sensível (HSL) é responsável pela remoção de outro ácido graxo do diaciglicerol, que se converte em monoacilglicerol; (3) a monoacilglicerol lipase (MAGL) atua formando glicerol e ácido graxo. Quanto ao processo de degradação. Os ácidos graxos que foram liberados pelos adipócitos são transportados pelo sangue ligados à albumina e, dessa forma, é utilizado como fonte de energia pelos tecidos. Quando chegam aos tecidos-alvo, os ácidos graxos se dissociam da albumina e são levados por transportadores da membrana para dentro das células onde servem como combustível. Em relação a síntese, ela ocorre entre dois estágios. No primeiro, o acetil-CoA é convertido a malonil- CoA por meio da enzima acetil-CoA carboxilase. Essa enzima é dependente de biotina (vitamina B7). Essa reação ocorre nas seguintes etapas: (1) Ocorre a carboxilação da biotina , que envolve ATP; (2) Transferência do grupo carboxila para acetil-CoA; (3)Produção de Malonil-CoA. O segundo estágio abrange o complexo de ácido graxo sintase (AGS), o qual é uma enzima grande e que possui em sua estrutura fosfopantoneína e a cisteína que possuem grupamentos SH que se ligam a diversos substratos dessa enzima. Metabolismo Ana Clara Silva Freitas 15. Descrever as principais causas da dislipidemia; As dislipidemias são distúrbios lipídicos classificados de acordo com os níveis de lipoproteínas: Hiperlipidemias: níveis plasmáticos elevados de lipoproteínas e Hipolipidemias: níveis plasmáticos baixos de lipoproteínas. Elas podem ter causas primárias ou causas secundárias. As causas primárias tem a sua origem genética, com isso é associada a superprodução ou a remoção deficiente de lipoproteínas. Já as causas secundárias são as causas mais comuns, além disso, são consequências do estilo de vida inadequado, de condições mórbidas ou até mesmo de medicamentos. Quanto as dislipidemias primárias, elas são causadas mais comumente por hipercolesterolemia familiar (HF), a qual é causada por exposição prolongada a altos níveis de LDL-c durante a vida. O perfil lipídio é definido pelas determinações bioquímicas de colesterol total (CT), colesterol ligado à HDL (HDL-colesterol ou HDL-c), triglicerídeos (TG) e do colesterol ligado à LDL (LDL- colesterol ou LDL-c) após jejum de 12 a 14 horas. 16. Descrever os principais efeitos metabólicos da obesidade sobre o organismo; A obesidade é uma doença com vários fatores e possui uma fisiopatologia complexa. De forma geral, é dito que a obesidade é uma consequência do desequilíbrio energético, ou seja, ocorre quando você possui uma ingestão de energia maior do que o seu gasto energético. A diminuição da capacidade de oxidar a gordura é determinante de desequilíbrio energético que acaba interferindo no metabolismo e influenciando a obesidade. Os triglicerídeos são utilizados como substratos energéticos e, por isso, é necessário que eles sejam hidrolisados e convertidos em ácidos graxos, em um processo chamado lipólise. A lipólise é realizada pela enzima “lipase hormônio sensível” (LHS) e libera os ácidos graxos para a circulação, onde podem ser prontamente oxidados. Quando não são utilizados, os ácidos graxos são reesterificados em triglicerídeos no tecido adiposo, fígado e nos músculos. Indivíduos obesos, principalmente aqueles que apresentam obesidade visceral, apresentam maiores concentrações de ácidos graxos circulantes. Esses níveis mais altos são resultantes do aumento da taxa de lipólise. Quando não há total utilização desses ácidos graxos como combustível, ou seja, quando a gordura não é oxidada, as altas concentrações de ácidos graxos circulantes podem contribuir para aumento na captação hepática, maior síntese de VLDL, maior formação de triglicerídeos nos tecidos musculares e maior resistência à insulina. 17. Caracterizar a síndrome metabólica A Síndrome metabólica (SM) é um tempo utilizado para definir um conjunto de fatores de risco, entre os quais estão obesidade visceral, diabetes, hipertensão arterial e dislipidemia. As principais consequências clínicas da SM são doença cardiovascular e diabetes mellitus tipo 2 (DM2). Porém, existem outras condições que os indivíduos com SM são também suscetíveis, como: Síndrome dos ovários policísticos; Sobrecarga hepática de ferro; Asma, gota e algumas formas de CA. Estudos mais recentes mostram que a presença do aumento da circunferência abdominal (gordura visceral) como os dos fatores predisponentes. A principal anormalidade metabólica desencadeada pela obesidade visceral Metabolismo Ana Clara Silva Freitas é a resistência à insulina (hiperinsulenemia), que é um processo inflamatório, resultando em dislipidemia aterogênica, disfunção endotelial e hipertensão. A causa da SM é multifatorial, dessa forma é resultante de fatores ambientais e genéticos. A prevalência dessa síndrome varia de acordo com a idade, sexo, origem étnica e a definição usada para diagnóstico. O aumento do peso corpóreo é o maior fator de risco para a SM, porém existem outros fatores como: pós-menopausa, tabagismo e dieta rica em carboidratos. 18. Explicar a patogênese do Diabetes mellitus. O Diabete mellitus é um distúrbio metabólico decorrente da produção ou ação deficitária de insulina, sendo assim, classificado em dois tipos: DM1: consiste na produção deficitária de insulina e pode ser autoimune ou idiopática. Em ambos os casos ocorre a destruição gradativa das células beta pancreáticas, sendo mais recorrente em crianças e adolescentes. DM 2: consiste em umaresistência à insulina, o que ocasiona um aumento da síntese insulínica, com o intuito da sua ação ser compensada. Devido a esse processo, as células beta pancreática adentram em um quadro exaustivo, ocasionando um déficit na secreção da insulina. 19. Apresentar os hormônios pancreáticos e suas interferências no metabolismo energético. A insulina é um hormônio pancreático regulador do metabolismo da glicose, ela é responsável pela regulação do transporte, acoplamento e fusão das vesículas de GLUT 4 na membrana plasmática. Sua produção é estimulada pela glicose, aminoácidos e lipídeos. Seus efeitos metabólicos abrangem o aumento da captação periférica da glicose; estímulo da síntese proteica e bloqueio proteolítico; aumento da síntese de ácidos graxos livres. 20. Elucidar sobre a síntese dos hormônios tireoidianos pelas células foliculares A síntese dos hormônios tireoidianos requer iodo (ver figura Síntese dos hormônios tireoidianos ). O iodo, ingerido na alimentação e na água como iodeto, é ativamente concentrado pela tireoide e convertido em iodo orgânico (organificação) dentro das células foliculares pela peroxidase tireoidiana. As células foliculares circundam um espaço preenchido por coloide, que consiste em tireoglobulina, uma glicoproteína que contém tirosina em sua matriz. A tirosina em contato com a membrana das células foliculares é iodada em 1 (monoiodotirosina) ou 2 (di-iodotirosina) locais e depois acoplada para produzir 2 formas de hormônio tireoidiano. Di-iodotirosina + di-iodotirosina → T4 Di-iodotirosina + monoiodotirosina → T3 T3 e T4 permanecem incorporados à tireoglobulina dentro do folículo, até que as células foliculares captem a tireoglobulina sob forma de gotas de coloide. Uma vez no interior das células foliculares, T3 e T4 são clivadas a partir da tireoglobulina. T3 e T4 livres são então liberados na corrente sanguínea, onde se ligam às proteínas séricas para seu transporte. A proteína transportadora primária é a globulina ligadora tiroxina (GLT), com alta afinidade, porém baixa capacidade de ligação de T3 e T4. A TBG normalmente transporta 75% dos hormônios tireoidianos ligados. https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/dist%C3%BArbios-end%C3%B3crinos-e-metab%C3%B3licos/dist%C3%BArbios-da-tireoide/vis%C3%A3o-geral-da-fun%C3%A7%C3%A3o-tireoidiana#v981250_pt Metabolismo Ana Clara Silva Freitas As outras proteínas de ligação são Pré-albumina de ligação a tiroxina (transtiretina), que tem alta afinidade, mas baixa capacidade para T4. Albumina, que tem baixa afinidade, mas alta capacidade de se ligar ao T3 e T4 Aproximadamente 0,3% da T3 sérica total e 0,03% da T4 sérica total se encontram na forma livre, em equilíbrio com os hormônios ligados. Apenas T3 e T4 livres estão disponíveis para atuar nos tecidos periféricos. Todas as reações necessárias para a formação e liberação de T3 e T4 são controladas pelo TSH, que é secretado pelas células tireotróficas pituitárias. A secreção de TSH é controlada por um mecanismo de retroalimentação negativa na hipófise: o aumento das concentrações de T4 e T3 livres inibe a síntese e a secreção de TSH, ao passo que concentrações mais baixas incrementam a secreção de TSH. A secreção de TSH também é influenciada pelo TRH, que é sintetizado no hipotálamo. Os mecanismos precisos que regulam a síntese e liberação de TRH não estão claros, embora a retroalimentação negativa dos hormônios tireoidianos iniba a síntese de TRH. A maior parte da T3 circulante é produzida fora da tireoide pela monodesiodação de T4. Apenas um quinto da T3 circulante é secretada diretamente pela tireoide. 21. Descrever a ação dos hormônios tireoidianos. Ao hormônios tireoidianos são responsáveis pela regulação da taxa metabólica e pela calorigênese. Os hormônios esteróides e tireoidianos, que podem atravessar as membranas plasmáticas, tem seus receptores localizados no núcleo. A interação hormônio-receptor nuclear altera diretamente a transcrição de genes específicos. Os hormônios tireoidianos são essenciais no desenvolvimento, diferenciação e metabolismo celular. Devido à homologia estrutural, os receptores para hormônios tireoidianos pertencem à mesma superfamília de receptores nucleares para hormônios esteróides. A tiroxina (T4) circula no plasma associada às proteínas como a globulina de ligação de tiroxina (TBG) e é distribuído nos tecidos periféricos onde é convertido a 3,5,3- triiodo-L-tironina (T3) através da ação de deiodinases teciduais. O mecanismo de ação dos hormônios peptídicos e das catecolaminas, os quais atuam através de segundos mensageiros, é mais rápido que o mecanismo de ação dos hormônios esteróides e tireoidianos, pois os primeiros não necessitam entrar na célula e causam rápidas modificações metabólicas por alterar a atividade de enzimas específicas, enquanto os segundos devem atravessar a membrana plasmática e o citosol até chegar no núcleo, além de requerer tempo para a síntese de mRNA no núcleo e subsequente síntese de proteínas nos ribossomos. 22. Descrever os mecanismos fisiológicos e bioquímicos da digestão protéica As proteases quebram as proteínas em aminoácidos no estômago e no intestino. Essas proteases são sintetizadas como formas inativas maiores, conhecidas como zimogênios, que são secretados no trato digestivos e, ao serem clivados, se transformam em proteases ativas. Essas enzimas ativas possuem especificidades, dessa forma, precisam agir em conjunto para digerir as proteínas. Metabolismo Ana Clara Silva Freitas A digestão das proteínas se inicia no estômago, onde as células principais secretam o pepsinogênio e as células parietais secretam HCl. O ácido do lúmen gástrico altera a conformação do pepsinogênio, que passa a clivar a si mesmo, produzindo sua forma ativa chamada de pepsina. Assim, a ativação do pepsinogênio é autocatalítica. O ácido do estômago também se faz importante ao desnaturar as proteínas da dieta, fazendo com que elas fiquem inativas e desdobradas, tornando-as melhores substratos para as proteases. No pH baixo a pepsina não é desnaturada e age como uma endopeptidase, clivando ligações peptídicas em vários pontos dentro da cadeia, produzindo peptídeos menores e alguns aminoácidos. Ao chegar no intestino, o conteúdo gástrico encontra as secreções do pâncreas exócrino. Um exemplo é o bicarbonato, que além de neutralizar o ácido estomacal, aumenta o pH permitindo a ativação das proteases pancreáticas, que também estão presentes nessas secreções. Quando secretadas, essas proteases estão na forma de pró- enzima inativa e se tornam ativas em um curto espaço de tempo, pois podem digerir umas às outras. Isso ocorre através da clivagem do tripsinogênio, pela ação da enteropeptidase (enteroquinase), sendo convertido em tripsina. Essa tripsina possui um papel central na digestão, pois ela catalisa as clivagens que convertem quimotripsinogênio em quimotripsina, a pró- elastase em elastase e as pró-carboxipeptidases em carboxipeptidases. Dessa forma, além de clivar proteínas das dietas, ela ativa outras proteases produzidas pelo pâncreas. Absorção: Os aminoácidos são absorvidos do lúmen do intestino delgado principalmente por proteínas de transporte semi-específias dependentes de Na+ na membrana luminal (apical) da célula intestinal da borda em escova. Isso é feito a partir de um transporte ativo secundário, em que a bomba de sódio e potássio utiliza ATP para bombear Na+ para fora da célula, mantendo uma baixa concentração intracelular desse íon. Portanto o mecanismo de transporte primário é a criação desse gradiente de sódio e, o transporte secundário, é o acoplamento do aminoácido ao influxo de sódio. Os aminoácidos são, então, transportados para fora da célula em direção ao fluido intersticial por transportadores facilitados na membrana serosa (basolateral). 23. Descrever o metabolismo protéico (aminoácidos) e suasimplicações nas carências nutricionais, correlacionando com o quadro Metabolismo proteico: O corpo mantém um pool de aminoácidos livres relativamente grande no sangue, mesmo que em jejum. Esses aas livres derivam dos aminoácidos da dieta e do turnover de proteínas no corpo. Dessa forma, os tecidos possuem continuamente aminoácidos para síntese de proteínas e derivados essenciais (p.ex. neurotransmissores), assim como o fígado possui substratos aminoácidos para a gliconeogênese e várias outras células possuem esses aminoácidos como fonte de substrato energético. O turnover proteico permite mudanças na quantidade de diferentes proteínas produzidas nos tecidos em resposta às mudanças no estado fisiológico e remove continuamente as proteínas danificadas ou modicadas. Além disso, ele fornece um pool de aas específicos que podem ser utilizados como substratos oxidáveis, precursores para a síntese de heme, creatina-fosfato, purinas e pirimidinas. Desnutrição proteico-energética: A DPE grave é uma doença severa e muitas vezes fatal, sendo comum em países pobres, onde até 25% das crianças podem ser afetadas. A DPE se apresenta como uma variedade de síndromes clínicas, as quais são caracterizadas por ingestão dietética de proteínas e calorias insuficiente para atender às necessidades do corpo. Os dois extremos dessas síndromes são Metabolismo Ana Clara Silva Freitas conhecidos como marasmo e Kwashiorkor. É importante ressaltar que existem 2 compartimentos proteicos no corpo: Compartimento somático: proteínas dos músculos esqueléticos Compartimento visceral: reservas proteicas nos órgãos viscerais, principalmente no fígado Kwashiokor: Ocorre quando a privação de proteína é relativamente maior do que a redução de calorias totais, sendo que essa é a forma mais comum de DPE observada em crianças africanas que foram desmamadas muito cedo e posteriormente alimentadas, quase exclusivamente, com dieta de carboidratos. Formas menos graves podem ocorrer em todo o mundo, como em indivíduos com estado de diarreia crônica, em que a proteína não é absorvida, ou naqueles com perda crônica de proteína. Marasmo: A criança é considerada com marasmo quando o peso é reduzido para 60% do normal para o sexo, altura e idade. A criança com essa doença sofre retardo de crescimento e perda de massa muscular, como resultado do catabolismo e depleção do compartimento somático. Já o visceral, que parece ser o mais precioso, sofre apenas uma pequena depleção, por isso os níveis de albumina sérica são normais. Além disso, ocorre uma diminuição da produção de leptina, estimulando o eixo hipotalâmico- hipofisário-suprarrenal a produzir cortisol que contribui para a lipólise, resultando em mobilização da gordura subcutânea como fonte de energia. Dessa forma, as extremidades corporais são extremamente magras, e, em comparação, a cabeça parece ser grande demais para o corpo. 24. Descrever o ciclo da uréia. O corpo pode obter aas de proteínas da dieta ou de proteínas endógenas (via de mão dupla). O nosso corpo é incapaz de estocar de aminoácidos e proteínas, dessa forma, em caso de excesso de aminoácidos, eles serão usados para: Síntese de compostos nitrogenados não proteicos (p. ex nucleotídeos) Síntese de glicose e glicogênio Síntese de ácidos graxos Gerar ATP na respiração celular Para que os aas sejam utilizados eles precisam perder o seu grupo amina, liberando, assim, a cadeia carbônica restante. O grupo amina perdido precisa ser convertido em ureia, porque a amônia formada é tóxica e muito solúvel em água, então, se fosse excretada na urina, haveria uma grande perda de água. Para a maioria dos aminoácidos, o grupo amina é retirado através da reação de transaminação. A transaminação é o principal processo para remover o nitrogênio dos aminoácidos, sendo que na maioria dos casos, o nitrogênio é transferido, como um grupo amino, do aminoácido original para o alfa- cetoglutarato, formando glutamato, enquanto o aminoácido original é convertido em seu alfa-cetoácido correspondente. O glutamato formado pode passar por uma transaminação, transferindo seu grupo amino para o oxalacetato e o dupla O do oxalacetato entra no lugar da amina. O oxalacetato se transforma em aspartato e o glutamato volta a ser o alfa-cetoglutarato.
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