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Lara Brito | PSIQUIATRIA SÍNDROME NEUROLÉPTICA MALIGNA (SNM) DEFINIÇÃO: É uma complicação idiossincrática medicamentosa, especialmente em decorrência de antipsicóticos. APRESENTAÇÃO CLÍNICA Um composto insidioso de sinais e sintomas neurológicos e autonômicos podem preceder o inicio do desenvolvimento da SNM. Algumas características estão listadas a seguir: Hipertermia (não muito expressiva) Rigidez muscular acentuada = catatonia precoce Flutuações do nível de consciência Mudanças no estado mental e autonômico (taquicardia, taquipneia, hipertensão, sialorreia, incontinência) Sintomas extrapiramidais (rigidez, tremores, mioclonias) e pulmonares Costuma ocorrer, em cerca de 80% dos casos, no início do tratamento – em até 10 dias - com antipsicóticos e tem uma mortalidade em torno de 15-20%. ENVOLVIMENTO MEDICAMENTOSO Os medicamentos mais relacionados a SNM são os antipsicóticos bloqueadores do receptor D2 de dopamina = antagonistas da dopamina. Os antipsicóticos antagonistas da dopamina convencionais de alta potência costumam estar mais relacionados do que aqueles de baixa potência ou os antipsicóticos atípicos. Um dos principais responsáveis é o haloperidol; entretanto, também pode ser secundário a clozapina, olanzepina e risperidona. A via parenteral e superdosagem medicamentosa têm sido associadas com aumento do risco para a SNM. Além disso, algumas condições clínicas e ambientai podem aumentar a gravidade do quadro: desidratação, deficiência de ferro, níveis altos de CPK sérica, temperatura e alta umidade relativa do ar. DIAGNÓSTICO O diagnóstico de SNM realizado através dos critérios do DSM-IV-TR e mostra a associação da rigidez muscular e da elevação de temperatura presentes após administração recente de antipsicóticos, assim como associação de dois sinais, sintomas ou achados laboratoriais que não sejam esclarecidos por indução por substância, ou por condições neurológicas ou clínicas primárias. TRATAMENTO Retirada do agente causador Expansão volêmica e correção de eletrólitos Benzodiazepínicos: Lorazepam -> 1-2mg, IV Agentes Colinérgicos: Bromocriptina (2,5mg, VO, 2x/dia) ou Amantadina (200 – 400mg/dia, VO) Lara Brito | PSIQUIATRIA SÍNDROME SEROTONINÉRGICA (SS) Conjunto de sintomas observados com a administração de dois ou mais fármacos pró-serotoninérgicos que aumentam as concentrações de serotonina. Os principais representantes são os listados na tabela abaixo. Destaque especial para ao IMAOs, antidepressivos tricíclicos e o lítio, que são medicamentos comuns na prática da psiquiatria. APRESENTAÇÃO CLÍNICA O espectro de manifestações clínicas é extremamente variável, desde ligeiro tremor e diarreia que podem passar despercebidos, até contrações musculares, instabilidade autonômica, coma e morte. O inicio dos sintomas costuma ser rápido, com tempo inferior a 12h após administração do fármaco. Classicamente costuma apresentar a tríade: mudança do status mental + anormalidades neuromusculares + hiperatividade autonômica. Entretanto, esses três sintomas não precisam, necessariamente, estarem presentes ao mesmo tempo. Outros sintomas também podem ser observados: Obs: Espasmos induzidos, espontâneos e oculares são os mais importantes achados para estabelecer o diagnóstico da SS TRATAMENTO Retirada do medicamento causador Cuidado de suporte: fluidos e correção dos sinais vitais Controle de agitação -> BZD (lorazepam, diazepam) Antagonista Serotoninérgico: clorpromazina, propranolol, ciproheptadina Agonista Dopaminérgico: bromocriptina DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL COM A SNM Uma das principais formas de diferenciar a SS da SNM é porque na síndrome serotoninérgica os pacientes costumam cursar com hiperreflexia, enquanto que na SNM o que está presente é a bradirreflexia, especialmente em decorrência da rigidez em cano de chumbo presente nesta última. INTOXICAÇÃO POR LÍTIO O lítio é um estabilizador de humor comumente usado na psiquiatria, administrado via oral e completamente absorvido pelo TGI. Atravessa a barreira hematoencefálica de forma lenta. Possui meia-vida que pode variar entre 18h (jovens) e 36h (idosos). Quando falamos de tratamento com o lítio, seus níveis séricos precisam ser monitorados com frequência, uma vez que a dose de intoxicação por lítio é muito próxima da dose terapêutica. Lara Brito | PSIQUIATRIA DIAGNÓSTICO O diagnóstico costuma ser realizado através da história do uso da medicação e avaliação de outros fatores: superdosagem, interação medicamentosa, desidratação, diminuição da excreção decorrente do comprometimento renal e dieta pobre em sódio. Quanto maior a concentração e duração, piores serão os sintomas da intoxicação. Quadro Clinico Tremores grosseiros significativos Sintomas gastrointestinais (náuseas, vômitos e diarreia) Disfunção renal Alterações cardiovasculares Disartria Sinais tardios = alteração do nível de consciência (delirium), convulsões e coma Após cessação, é possível que os sintomas possam ser mantidos durante, pelo menos, 2 meses em decorrência da disfunção cerebelar. MANEJO Suspender o uso do carbonato de lítio Infundir solução fisiológica em casos de hiponatremia Dialise se necessário Quetiapina na alta hospitalar para o transtorno bipolar -> 75 mg/dia
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