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Direito empresarial Ementa: estudo sobre as possibilidades de formação das pessoas jurídicas nas sociedades mercantis; A sociedade anônima e a sociedade limitada, suas características especificar e a distinção dentro destas modalidades de formação das sociedades mercantis. Direito empresarial é o ramo especializado do direito privado. Fases do direito empresarial: 1. Fase subjetiva: tem a ver com o sujeito e corporações de ofício, que organizavam a mercancia por meio de seus estatutos, entre seus integrantes. As regras foram surgindo a partir de um forte traço do costume, que foi se desenvolvendo nos atos de mercancia. 2. Fase objetiva – teoria dos atos do comércio: define o âmbito de aplicação, incidência, a partir da relação que é tipificada como comércio. Tem a ver com o objeto e consolida a Teoria dos Atos de Comércio. Na medida em que o comércio se desenvolve em função da navegação, o sistema de jurisdição que surge (sul da Itália) se exterioriza nos estados nacionais que estavam se consolidando no fim do feudalismo e início do capitalismo. 3. Fase da teoria da empresa: CC/1942 Italiano. Seu foco deixa de ser o comércio vs. comerciante e passa a ser a empresa vs. empresário. A teoria da empresa, todas as atividades econômicas, desde que organizada para a produção ou circulação de bens ou de serviços e exercida com profissionalismo. A empresa não é o que conhecemos como estabelecimento, mas sim uma atividade econômica organizada, abstrata e com profissionalismo. É uma atividade realizada com o intuito de manutenção da vida e das necessidades. Ela é exercida por um sujeito específico - o empresário (exerce a atividade econômica profissionalmente, podendo ser pessoa física ou jurídica). CC, art. 966. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços. Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa. Características: a) Cosmopolitismo: o comércio é historicamente o fato de desenvolvimento e integração entre os povos, mesmo que na base da violência, como ocorreu com o Brasil. Então, o cosmopolitismo é uma promoção dessa interação entre as nações. b) Onerosidade: tem um caráter econômico e especulativo. Tem intuito de lucro, incremento do capital. c) Informalismo: a atividade é dinâmica, de modo que é incompatível com o burocratismo. Ela necessita de meios ágeis e flexíveis de desenvolvimento. d) Fragmentarismo: está em constante processo de mudança. Essas características nos fazem afirmar como o Direito Empresarial se consolida como um ramo específico dentro do Direito Privado. Princípios: 1. Liberdade de iniciativa: a CF/88 consagrou um modelo capitalista de organização da sociedade - o livre mercado - e isso implica que a ordem econômica resulta na incumbência de realizar empresas que forneçam produtos e serviços à sociedade, e vem carregado de contradições importantes - o impulso da livre iniciativa é a valorização do capital investido, de modo que se a sociedade depende apenas da livre iniciativa, é possível que atividades que não possibilitem a valorização do capital investido sejam renegados à um desapreço no ponto de vista da livre iniciativa. 2. Livre concorrência: trata-se de princípio basilar do direito empresarial, bem como princípio constitucional da ordem econômica, que visa coibir práticas de concorrência desleal e atos que configurem infração contra a ordem econômica. No primeiro caso, o objeto da punição estatal são condutas que atingem um concorrente in concreto, como, p. ex., contrafação de marca, venda de produto “pirata”, divulgação de informação falsa sobre concorrente. Já no segundo caso, o objeto da punição estatal são condutas que atingem a concorrência in abstrato, ou seja, o próprio ambiente concorrencial, como, p. ex., os cartéis. 3. Função social da empresa: tem amparo constitucional no sentido de a empresa estar destinada ao atendimento da função social, tendo reflexos na legislação infraconstitucional (art. 116, § único, Lei de Sociedades Anônimas). Empresa x empresário: CC, art. 966. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços. Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa. A atividade empresária estará sujeita a um regime jurídico próprio, conectado com os princípios supramencionados. Profissional intelectual: ainda que ele exerça uma atividade econômica profissional, ele não se subordina ao regime de empresa. A princípio, os profissionais intelectuais (como os advogados) mesmo quando exercem uma atividade não são considerados empresários, uma vez que o legislador entende como caráter “personalíssimo”. Esses profissionais quando se associam terão um tipo específico de sociedade - art. 15, EOAB. Art. 15. Os advogados podem reunir-se em sociedade simples de prestação de serviços de advocacia ou constituir sociedade unipessoal de advocacia, na forma disciplinada nesta Lei e no regulamento geral. § 1º A sociedade de advogados e a sociedade unipessoal de advocacia adquirem personalidade jurídica com o registro aprovado dos seus atos constitutivos no Conselho Seccional da OAB em cuja base territorial tiver sede. § 2º Aplica-se à sociedade de advogados e à sociedade unipessoal de advocacia o Código de Ética e Disciplina, no que couber. Atividade rural: Art. 971. O empresário, cuja atividade rural constitua sua principal profissão, pode, observadas as formalidades de que tratam o art. 968 e seus parágrafos, requerer inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede, caso em que, depois de inscrito, ficará equiparado, para todos os efeitos, ao empresário sujeito a registro. Parágrafo único. Aplica-se o disposto no caput deste artigo à associação que desenvolva atividade futebolística em caráter habitual e profissional, caso em que, com a inscrição, será considerada empresária, para todos os efeitos. A atividade rural mereceu especial tratamento do Código Civil, uma vez que lhe atribuiu a faculdade de escolha de regime jurídico. Assim, o produtor rural pessoa natural, qualquer que seja a dimensão de sua atividade, poderá optar pelo registro no sistema empresarial ou por permanecer à margem de regras específicas (art. 971 do CC). A consequência da primeira escolha é a sujeição à falência e a obrigações específicas do empresário, como, também, a obtenção do importante benefício da recuperação da empresa. Exercício da empresa O CC fez algumas redações direcionadas ao exercício da empresa. Capacidade: Art. 972. Podem exercer a atividade de empresário os que estiverem em pleno gozo da capacidade civil e não forem legalmente impedidos. Art. 974. Poderá o incapaz, por meio de representante ou devidamente assistido, continuar a empresa antes exercida por ele enquanto capaz, por seus pais ou pelo autor de herança. § 1º Nos casos deste artigo, precederá autorização judicial, após exame das circunstâncias e dos riscos da empresa, bem como da conveniência em continuá-la podendo a autorização ser revogada pelo juiz, ouvidos os pais, tutores ou representantes legais do menor ou do interdito, sem prejuízo dos direitos adquiridos por terceiros. § 2º Não ficam sujeitos ao resultado da empresa os bens que o incapaz já possuía, ao tempo da sucessão ou da interdição, desde que estranhos ao acervo daquela, devendo taisfatos constar do alvará que conceder a autorização. Para ser empresário individual, é necessário haver a capacidade civil – menor de 18 emancipado. O incapaz pode ser empresário, mas não pode começar a atividade empresarial. Poderá continuar (sócio), desde que assistido ou representado (alvará). Incapacidade superveniente: ele terá a capacidade de continuar a atividade empresarial desde que assistido ou representado (alvará). Impedimentos (de ser empresário, não sócio): Cargos/profissões impedidas de serem empresários: • Servidores públicos (RJU, Lei 8112/90, art. 117, X. • Magistrados (LOMAN) • Membros do MP (Lei 8625/93) • Militares (Lei 6880/80). CC, art. 973. A pessoa legalmente impedida de exercer atividade própria de empresário, se a exercer, responderá pelas obrigações contraídas. Outorga conjugal: CC, art. 978. O empresário casado pode, sem necessidade de outorga conjugal, qualquer que seja o regime de bens, alienar os imóveis que integrem o patrimônio da empresa ou gravá-los de ônus real. Art. 979. Além de no Registro Civil, serão arquivados e averbados, no Registro Público de Empresas Mercantis, os pactos e declarações antenupciais do empresário, o título de doação, herança, ou legado, de bens clausulados de incomunicabilidade ou inalienabilidade. O tema gira em torno da dispensa (ou não) da outorga conjugal, no caso do Empresário Individual (casado) pretender alienar ou gravar bens imóveis, especificamente quando estes são usados para atividade empresarial. O empresário casado não precisa de outorga conjugal para alienar ou gravar com ônus real os imóveis que integram o patrimônio da empresa, conforme determina o art. 978 do CC/2002. No entanto, o art. 1.647, I, do CC/2002 dispõe que nenhum dos cônjuges pode, sem autorização do outro, exceto no regime de separação absoluta, alienar ou gravar de ônus real os bens imóveis. Art. 1.647. Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum dos cônjuges pode, sem autorização do outro, exceto no regime da separação absoluta: I - alienar ou gravar de ônus real os bens imóveis; Regime empresarial O registro público de empresas mercantis: forma prescrita em lei de efetuar a inscrição e o cadastramento de empresas no Brasil. Art. 967. É obrigatória a inscrição do empresário no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede, antes do início de sua atividade Tal sistema é subordinado às normas gerais prescritas na Lei 8.934/1994, será exercido em todo o território nacional, de forma sistêmica, por órgãos federais e estaduais. O registro comercial terá as seguintes finalidades: I – dar garantia, publicidade, autenticidade, segurança e eficácia aos atos jurídicos das empresas mercantis, submetidos a registro na forma da lei; II – cadastrar as empresas nacionais e estrangeiras em funcionamento no País e manter atualizadas as informações pertinentes; III – proceder à matrícula dos agentes auxiliares do comércio, bem como ao seu cancelamento. Atividade que é iniciada antes do registro é considerada irregular. Junta comercial: cabe a ela, dentre outras funções, a execução do registro de empresa. Destacam-se as competências I) assentamento dos usos e práticas mercantis; II) habilitação e nomeação de tradutores públicos e intérpretes comerciais e III) expedição da carteira de exercício profissional de empresário e demais pessoas legalmente inscritas no registro de empresa. Atos de registro: (lei 8934/94, art. 32) • matrícula; • arquivamento; • autenticação. Art. 1.154. O ato sujeito a registro, ressalvadas disposições especiais da lei, não pode, antes do cumprimento das respectivas formalidades, ser oposto a terceiro, salvo prova de que este o conhecia. Parágrafo único. O terceiro não pode alegar ignorância, desde que cumpridas as referidas formalidades. Importante: • A junta comercial não realizará a análise meritória/de conteúdo, dos atos subordinados a registro, restringindo-se a apreciar os aspectos formais, tal qual disposto no artigo 1153 CC, art 40, Lei 8934/94. • art. 29, Lei 8934/94 – publicidade dos atos. • art. 36, Lei 8934/94 – prazo de arquivamento é de 30 dias dentro dos trinta dias e tem efeito ex tunc. Após os 30 dias, o efeito é ex nunc, a partir do despacho de arquivamento. Escrituração: Art. 1.179. O empresário e a sociedade empresária são obrigados a seguir um sistema de contabilidade, mecanizado ou não, com base na escrituração uniforme de seus livros, em correspondência com a documentação respectiva, e a levantar anualmente o balanço patrimonial e o de resultado econômico. • A escrituração irregular é considerada crime pelo regime falimentar – art. 178, lei. • A escrituração é equiparada a documento público, de modo que sua falsificação, é tipificada no art. 297, §2º CP. Art. 1.182. Sem prejuízo do disposto no art. 1.174, a escrituração ficará sob a responsabilidade de contabilista legalmente habilitado, salvo se nenhum houver na localidade. Livros empresariais Os livros empresariais são aqueles relacionados diretamente ao direito empresarial, ou seja, cuja escrituração é imposta ou facultada pela legislação empresarial. A espécie livros empresariais estão contidos no conjunto de Livros do empresário, que são todos os livros cuja escrituração é imposta ou facultada por qualquer lei, não necessariamente empresarial. Nem todos os livros empresariais são de escrituração obrigatória, eles dividem-se entre os obrigatórios e os facultativos. 1. Livro diário: comum a todas as sociedades (exceto o microempresário e empresário de pequeno porte, por força da lei), neste livro são lançadas todas as operações referentes ao exercício da empresa. Único livro obrigatório e comum a todos os empresários. 2. Livro de duplicatas: para quem exerce a atividade de vendas. Duplicata é um título de crédito, pelo qual o comprador se obriga a pagar dentro do prazo a importância representada na fatura. A Duplicata ou duplicata mercantil é um documento nominal emitido pelo comerciante, com o valor global e o vencimento da fatura. LSA – Lei das sociedades anônimas (6404/74) Art. 1.179. O empresário e a sociedade empresária são obrigados a seguir um sistema de contabilidade, mecanizado ou não, com base na escrituração uniforme de seus livros, em correspondência com a documentação respectiva, e a levantar anualmente o balanço patrimonial e o de resultado econômico. (...) § 2 o É dispensado das exigências deste artigo o pequeno empresário a que se refere o art. 970. Art. 970. A lei assegurará tratamento favorecido, diferenciado e simplificado ao empresário rural e ao pequeno empresário, quanto à inscrição e aos efeitos daí decorrentes. MEI – receita bruta até R$81 mil. Sigilo dos livros: Art. 1.190. Ressalvados os casos previstos em lei, nenhuma autoridade, juiz ou tribunal, sob qualquer pretexto, poderá fazer ou ordenar diligência para verificar se o empresário ou a sociedade empresária observam, ou não, em seus livros e fichas, as formalidades prescritas em lei.
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