Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
EAE0203 - Microeconomia I Prof. Ricardo Madeira Monitores: Paula Kasmirski e Murilo Moraes Exerc´ıcios extras 2. Mostre: (a) Que o custo marginal (CMg) e´ igual ao custo varia´vel me´dio (CVMe´) quando q = 0, onde q e´ a produc¸a˜o. Suponha a seguinte func¸a˜o custo C(q, p) = CV (q, p) + CF (p) em que p representa um vetor de prec¸os dos fatores de produc¸a˜o (por exemplo, pode- r´ıamos ter os prec¸os w e r para trabalho e capital), CV (·) representa o custo varia´vel (ou seja, e´ uma func¸a˜o que depende de q) e CF (·) representa a parte do custo fixo (pode ou na˜o depender dos prec¸os; o importante e´ na˜o variar com produc¸a˜o - ou seja, ser um custo fixo). Assim temos que CMg(q, p) = ∂C(q, p) ∂q = ∂CV (q, p) ∂q e CVMe(q, p) = CV (q, p) q . Vamos avaliar a segunda equac¸a˜o no ponto q = 0. Ora, temos que nesse ponto essa equac¸a˜o e´ indeterminada. Considerando que CV (0, p) = 0, podemos aplicar a regra de l’Hoˆpital na equac¸a˜o acima; isto e´, lim q→0 CVMe(q, p) = lim q→0 CV (q, p) q = lim q→0 ∂CV (q, p)/∂q ∂q/∂q = lim q→0 ∂CV (q, p) ∂q = lim q→0 CMg(q, p). (b) Que o CMg e´ igual ao custo me´dio (CMe´) quando q = argmin CMe´ (argmin significa o argumento que minimiza), se CMe´ for uma func¸a˜o globalmente convexa. Novamente, vamos definir as func¸o˜es. A func¸a˜o de custo marginal, definida no item anterior e´ dada por CMg(q, p) = ∂C(q, p) ∂q enquanto a func¸a˜o de custo me´dio e´ dada por CMe(q, p) = C(q, p) q . Suponha o seguinte problema: min q CMe(q, p) ou min q C(q, p) q 1 tal que obtemos a seguinte condic¸a˜o de primeira ordem1: (∂C(q∗, p)/∂q) q∗ − C(q∗, p) q∗2 = 0⇒ CMg(q∗, p) = C(q ∗, p) q∗ = CMe(q∗, p). 3. Para as tecnologias abaixo, derive as func¸o˜es custo, custo me´dio e custo marginal de curto prazo, supondo que o insumo 2 esta´ fixo no n´ıvel x2. Tambe´m derive a func¸a˜o de oferta. Fac¸a um gra´fico contendo as quatro func¸o˜es. O problema de minimizac¸a˜o de custo para uma func¸a˜o gene´rica f(x1, x2), aos prec¸os dos insumos p1 e p2 e para um dado n´ıvel q de produto, e´ dado por: min x1,x2 p1x1 + p2x2 s.a. f(x1, x2) = q Se considerarmos x2 fixo no n´ıvel x¯2, temos min x1 p1x1 + p2x¯2 s.a. f(x1, x¯2) = q Ora, nesse caso x1 fica determinado completamente pela restric¸a˜o; isto e´ f(x1, x¯2) = q ⇒ x1 = f−1(q, x¯2) em que f−1(, ·) corresponde a` inversa da func¸a˜o f(·, ·) em relac¸a˜o ao primeiro argu- mento. Apesar da notac¸a˜o parecer complexa, podemos entender claramente a equac¸a˜o anterior a partir de um exemplo. Suponha f(x1, x2) = x1x2. Enta˜o, f(x1, x¯2) = x1x¯2 = q ⇒ x1 = q x¯2 = f−1(q, x¯2) em que f−1(, ·) “significa” divida a func¸a˜o pelo segundo argumento (i.e., divida por x2). Assim, as func¸o˜es custo exigidas pelo enunciado sera˜o Custo C(q, p1, p2, x¯2) = p1f −1(q, x¯2) + p2x¯2 Custo Me´dio CMe(q, p1, p2, x¯2) = C(q,p1,p2,x¯2) q = p1f −1(q, x¯2) + p2x¯2 q Custo Marginal CMg(q, p1, p2, x¯2) = ∂C(q,p1,p2,x¯2) ∂q = p1 ∂f−1(q, x¯2) ∂q Considerando o prec¸o do produto igual a` p, temos que o problema do produtor sera´ max q pq − C(q, p1, p2) ou, no caso de curto prazo, max q pq − C(q, p1, p2, x¯2). 1note que usamos aqui a regra do quociente; isto e´, ∂f(a)/g(a) ∂a = f ′(a)g(a)− f(a)g′(a) g(a)2 2 Desse problema iremos obter a segunda condic¸a˜o de primeira ordem: p− ∂C(q, p1, p2) ∂q = 0⇒ p = CMg(q, p1, p2). Ou seja, igualando o prec¸o ao custo marginal devemos obter uma equac¸a˜o q(p, p1, p2) que representara´ a curva de oferta. (a) f(x1, x2) = Ax a 1x b 2 Nesse caso temos Axa1x¯ b 2 = q ⇒ x1 = ( q Ax¯b2 ) 1 a e Custo C(q, p1, p2, x¯2) = p1 ( q Ax¯b2 ) 1 a + p2x¯2 Custo Me´dio CMe(q, p1, p2, x¯2) = p1 ( q Ax¯b2 ) 1 a + p2x¯2 q Custo Marginal CMg(q, p1, p2, x¯2) = p1 ∂ ( q Ax¯b2 ) 1 a ∂q = p1 a q 1−a a( Ax¯b2 ) 1 a A curva de oferta pode ser obtida por p = p1 a q 1−a a( Ax¯b2 ) 1 a ⇒ q = p a (Ax¯b2) 1a p1 a1−a (b) f(x1, x2) = x1 + x2 Para essa func¸a˜o de produc¸a˜o obtemos (considerando x¯2 ≤ q; caso contra´rio temos x1 = 0) x1 + x¯2 = q ⇒ x1 = q − x¯2 e Custo C(q, p1, p2, x¯2) = p1 (q − x¯2) + p2x¯2 = p1q + (p1 − p2)x¯2 Custo Me´dio CMe(q, p1, p2, x¯2) = p1 + (p1 − p2)x¯2 q Custo Marginal CMg(q, p1, p2, x¯2) = p1 Da igualdade que define a curva de oferta (prec¸o igual ao custo marginal) temos p = p1. Isso significa que se o prec¸o ganho com cada unidade for inferior ao custo de cada unidade, enta˜o a firma na˜o usara´ nenhuma unidade de x1 e a oferta sera´ apenas aquela garantida pelo insumo fixo, x¯2. Caso contra´rio a firma estara´ disposta a produzir uma quantidade infinita de produto: q(p, p1, p2) = x¯2 , se p < p1q ∈ [0,+∞) , se p = p1 +∞ , se p > p1 3 (c) f(x1, x2) = min{x1, x2} Nesse caso vamos considerar que x¯2 ≥ q (isso porque se x¯2 < q ⇒ f(x1, x¯2) = min{x1, x¯2} ≤ x¯2 < q ⇒ f(x1, x2) < q, i.e., a restric¸a˜o nunca sera´ atendida). A partir dessa hipo´tese, temos que min{x1, x¯2} = q ⇒ x1 = q e Custo C(q, p1, p2, x¯2) = p1q + p2x¯2 Custo Me´dio CMe(q, p1, p2, x¯2) = p1 + p2x¯2 q Custo Marginal CMg(q, p1, p2, x¯2) = p1 Novamente, devido ao custo marginal temos uma curva de oferta parecida com a do item anterior; pore´m, como temos a func¸a˜o mı´nimo na˜o comprar nenhuma unidade de x1 implica em produc¸a˜o nula. Mesmo incorrendo em um custo fixo, a firma desejara´ na˜o produzir nada caso o custo de cada unidade do insumo x1 supere a receita gerada por essa unidade: q(p, p1, p2) = 0 , se p < p1q ∈ [0,+∞) , se p = p1 +∞ , se p > p1 4. Refac¸a o exerc´ıcio anterior, mas desta vez para o longo prazo (ou seja, agora os dois insumos podem variar). Nesse caso, temos a primeira versa˜o do problema de minimizac¸a˜o. (a) Para o primeiro item devemos resolver o seguinte problema: min x1,x2 p1x1 + p2x2 s.a. Axa1x b 2 = q cujo Lagrangeano associado sera´: L = p1x1 + p2x2 + λ ( q −Axa1xb2 ) com as seguintes condic¸o˜es de primeira ordem: ∂L ∂x1 = p1 − aλAxa−11 xb2 = 0⇒ p1 = aλAxa−11 xb2 ∂L ∂x2 = p2 − bλAxa1xb−12 = 0⇒ p2 = bλAxa1xb−12 . Dividindo a primeira pela segunda obtemos a b x2 x1 = p1 p2 ⇒ x2 = x1 b a p1 p2 . Substituindo na restric¸a˜o de produc¸a˜o obtemos Axa1 ( x1 b a p1 p2 )b = q ⇒ x∗1 = [ q A ( a b p2 p1 )b] 1a+b 4 e x∗2 = [ q A ( b a p1 p2 )a] 1a+b . Assim, a func¸a˜o custo sera´: C(q, p1, p2) = p1x ∗ 1 + p2x ∗ 2 = p1 [ q A ( a b p2 p1 )b] 1a+b + p2 [ q A ( b a p1 p2 )a] 1a+b = ( q A ) 1 a+b p a a+b 1 p a a+b 2 [(a b ) b a+b + ( b a ) a a+b ] = ( q A ) 1 a+b (p1 a ) a a+b (p2 b ) a a+b [a+ b] . O custo me´dio por sua vez sera´ CMe(q, p1, p2) = q 1−a−b a+b ( 1 A ) 1 a+b (p1 a ) a a+b (p2 b ) a a+b [a+ b] e o custo marginal CMg(q, p1, p2) = ( 1 a+ b ) q 1−a−b a+b ( 1 A ) 1 a+b (p1 a ) a a+b (p2 b ) a a+b [a+ b] = q 1−a−b a+b ( 1 A ) 1 a+b (p1 a ) a a+b (p2 b ) a a+b Igualando o custo marginal ao prec¸o obtemos p = q 1−a−b a+b ( 1 A ) 1 a+b (p1 a ) a a+b (p2 b ) a a+b e, portanto, q(p, p1, p2) = [ pA 1 a+b ( a p1 ) a a+b ( b p2 ) a a+b ] a+b 1−a−b (b) Para o segundo item devemos resolver o seguinte problema: min x1,x2 p1x1 + p2x2 s.a. x1 + x2 = q cujo Lagrangeano associado sera´: L = p1x1 + p2x2 + λ (q − x1 − x2) com as seguintes condic¸o˜es de primeira ordem: ∂L ∂x1 = p1 − λ = 0⇒ p1 = λ ∂L ∂x2 = p2 − λ = 0⇒ p2 = λ. Dividindo a primeira pela segunda obtemos p1 = p2. 5 Ou seja, temos a restric¸a˜o comum a todos os casos em que os insumos sa˜o substitutos: produtor escolhera´ o insumo com o prec¸o mais baixo (ou, no caso de igualdade entre os prec¸os sera´ indiferente entre os insumos). Assim, x∗1 = 0, se p1 > p2x1 ∈ [0, q], se p1 = p2 q, se p1 < p2 e x∗2 = 0, se p2 > p1x2 ∈ [0, q], se p2 = p1 q, se p2 < p1 A func¸a˜o custo2 sera´ C(q, p1, p2) = { p1q, se p1 ≤ p2 p2q, se p1 ≥ p2 a de custo me´dio CMe(q, p1, p2) = { p1, se p1 ≤ p2 p2, se p1 ≥ p2 e a de custo marginal CMg(q, p1, p2) = { p1, se p1 ≤ p2 p2, se p1 ≥ p2 De maneira gene´rica, definindo pmin = min{p1,p2}, temos C(q, p1, p2) = pminq, CMe(q, p1, p2) = pmin e CMg(q, p1, p2) = pmin. Igualando o custo marginal a` receita marginal (p = pmin), obtemos uma resposta ana´- loga ao item c da questa˜o anterior: q(p, p1, p2) = 0 , se p < pminq ∈ [0,+∞) , se p = pmin +∞ , se p > pmin (c) Por fim, para o u´ltimo item temos o seguinte problema: min x1,x2 p1x1 + p2x2 s.a. min{x1, x2} = q. Analisando a restric¸a˜o min{x1, x2} = q vemos que a maneira de minimizar o custo produzindo q e´ usando a mesma quantidade de x1 e x2. E´ o´bvio que essa quantidade e´ x1 = x2 = q; alterar a quantidade dos fatores para valores diferentes implicaria ou em custo desnecessa´rio ou na˜o estar´ıamos atendendo a` restric¸a˜o. Portanto, temos C(q, p1, p2) = (p1 + p2) q, CMe(q, p1, p2) = p1 + p2 2Basta tomar as demandas anteriores e substituir em C(q, p1, p2) = p1x∗1 + p2x ∗ 2; no caso em que p1 = p2 temos C(q, p1, p2) = p1 ( x∗1 + x ∗ 2 ) = p2 ( x∗1 + x ∗ 2 ) 6 e CMg(q, p1, p2) = p1 + p2. Analogamente ao item anterior, temos a seguinte curva de oferta: q(p, p1, p2) = 0 , se p < p1 + p2q ∈ [0,+∞) , se p = p1 + p2 +∞ , se p > p1 + p2 7
Compartilhar