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Mariana Alves – 6º período Cardiologia Dislipidemia e RCV Doenças cardiovasculares são a principal causas de morbimortalidade mundial, principalmente a doença isquêmica e o AVC Doença aterosclerótica – doença inflamatória sistêmica em que há formação de placas de ateroma obstrutivas na parede das artérias. Ela é o principal substrato para a doença isquêmica coronariana, doença cérebrovascular, doença vascular periférica e aneurismas de aorta. Fatores de risco: Diabetes, hipertensão, tabagismo, sedentarismo, estresse, obesidade, histórico familiar de doença aterosclerótica (principalmente se for precoce) e dislipidemia (mais importante dos fatores de risco) É importante calcular o risco cardiovascular porque as vezes o paciente não apresenta sintomas. O primeiro sintoma pode ser a morte súbita, um infarto, um AVC. Dislipidemia Está diretamente ligada a doença aterosclerótica, que é o substrato para o acontecimento desses eventos de formação de uma placa obstrutiva na parede das artérias. É o mais relevante dos fatores de risco modificáveis. Ex.: quando o paciente tem um histórico de familiar de doença coronariana precoce não consigo modificar a genética, mas consigo modificar os outros fatores de risco modificáveis (tabagismo, sedentarismo, obesidade) e com isso fazer um silenciamento genético e não desenvolver a doença nessa geração. Pode também evitar doença nas gerações futuras. O tratamento é individualizado porque a meta varia muito de um paciente para o outro. Valores de referência para adultos maiores de 20 anos de acordo com avaliação do RCV Se o paciente tiver um risco baixo minha meta de LDL é menor que 130. Se os Mariana Alves – 6º período Cardiologia valores de LDL estiverem em 120 não preciso fazer nada pra ele. Posso orientar mudança no estilo de vida, caso necessite, mas não precisa fazer medicação. Porém, se o paciente tiver o LDL em 120 e um risco cardiovascular muito alto, tem que cair para menos que 50. Então precisa dar estatina e de alta potência. O LDL precisa ser tratado primariamente, pois ele é diretamente proporcional ao risco cardiovascular e o desenvolvimento de aterosclerose e de eventos coronarianos e cerebrovasculares que podem matar o paciente ou trazer morbidade pra ele. Classificação - Etiologia: Primária – causa genética. Principal é a hipercolesterolemia familiar. Tem tendência a ter colesterol alto. É difícil de controlar. Tem níveis bem mais altos. Mais comum jovens tendo que operar. Só vamos suspeitar em paciente adulto que tem o nível de colesterol total acima de 310 e criança que tem acima de 230. Sinais clínicos que esse paciente tem: Xantomas tendinosos Arco corneano – halo claro por acúmulo de gordura Secundária – consequência do uso de drogas, doenças (hipotireoidismo) ou hábitos inadequados de vida (dieta, tabagismo, etilismo, sedentarismo) A maioria das pessoas tem o componente secundário e tem também uma tendência hereditária, o que é diferente da hipercolesterolemia familiar. Tabela com principais medicações que interferem nesse perfil lipídico. Doenças sistêmicas que estão relacionadas com alteração do perfil lipídico. Mariana Alves – 6º período Cardiologia Hipotireoidismo – preciso compensar a tireoide, para depois passar estatina. Preciso saber valor correto do colesterol e se passar estatina em pacientes com hipotireoidismo descompensado tem mais chance de ter efeitos colaterais. - Laboratorial: Paciente pode ter alteração somente no colesterol, pode ter alteração somente no triglicerídeo, pode ter aumento dos dois (mista) e pode ter simplesmente o HDL baixo (sem LDL alto e sem triglicerídeos alto) HDL – confere proteção pro paciente. HDL alto diminui o risco cardiovascular. Estratificação de risco cardiovascular A estimativa do risco de doença cardiovascular resulta do somatório dos fatores de risco. LDL é um fator causal e independente de aterosclerose. Então ela vai ser uma meta primária a ser tratada para reduzir o risco cardiovascular. Se o paciente tiver uma dislipidemia mista (LDL alto e triglicerídeo alto) sempre trata primeiro o LDL. A estatina também abaixa o triglicerídeo, mas tenho droga específica para ele (que não diminui o LDL). Só vou utilizar a droga específica para triglicerídeo quando ele estiver maior do que 500. O triglicerídeo está menos relacionado a doença aterosclerótica, se ele estiver acima de 500 vai tratar primeiro por causa do risco de pancreatite. Meta do LDL é individual. Com base na estratificação do risco cardiovascular vão ser propostas estratégias para prevenção primária ou secundária. Prevenção primária – paciente nunca teve um evento, vai tratar para prevenir o primeiro evento de infarto, de AVC. Prevenção secundária – paciente já teve um evento, vai prevenir o segundo evento. - Risco Muito Alto Pacientes que já tem diagnóstico de doença aterosclerótica significativo. Não precisa colocar em nenhuma tabela. Paciente já infartou, já teve AVC, já operou coração, já colocou stent, doppler mostra placa de ateroma com mais de 50% de obstrução, é de muito alto risco cardiovascular. - Alto risco - Risco intermediário - Baixo risco Vamos calcular através de um Escore: Escore Global de Risco para Homens: estima o risco de IAM, AVC, insuficiência cardíaca ou insuficiência vascular periférica em 10 anos. Mariana Alves – 6º período Cardiologia Quanto mais pontos paciente faz maior é o risco em porcentagem pra ele. Quanto maior a idade maior o número de pontos Quanto maior o HDL menor o número de pontos Soma pontos e vai pra tabela abaixo: Por exemplo: deu 8 pontos, então o risco dele ter IAM, AVC, insuficiência cardíaca ou insuficiência vascular periférica em 10 anos é de 6,7%, risco baixo. Se ele fizer 17 pontos o risco é de 29,4%, o risco é maior. Escore Global de Risco para Mulheres - Risco Alto – paciente que na tabela de escore global tem mais de 20% pra homens e mais de 10% pra mulheres. Outros fatores que independem dessa tabela: Mariana Alves – 6º período Cardiologia * Estratificadores de risco: >48 anos H e >54 anos M, DM > 10 anos, HF de DAC precoce, Tabagismo, HAS, SM, retinopatia e/ou microalbuminúria > 30 mg/g, TFG < 60 ml/min). ** Doença aterosclerótica subclínica Ex.: paciente nunca teve evento, não tem sintoma, vai ao consultório porque é hipertenso ou está com colesterol alto. Coloca ele no escore global de risco para saber a meta em que o colesterol precisa ficar. Além disso peço exame de imagem pro paciente (doppler de carótida) para estratificar o risco. Se vier uma placa de 10%, 20% já tem doença aterosclerótica instalada. É risco alto. Isso supera a tabela do escore global. Quando paciente tem um fator agravante (aneurisma de aorta, doença renal crônica, diabetes há mais de 10 anos, LDL acima de 190) ele é alto risco. - Risco intermediário – paciente que na calculadora tem entre 5 e 20% em homem e entre 5 e 10% em mulher. - Risco baixo – paciente tem menos de 5% Tratamento não medicamentoso 50% do tratamento é mudança de estilo de vida do paciente. A mudança no LDL no exame do paciente não é tão grande, mas a redução do risco cardiovascular é alta. Fazer orientações de exercício físico e de dieta. Encaminhar para nutricionista e educador físico. Peso dentro do IMC ideal, alimentação rica em fibras, legumes, frutas, redução de açúcares, carboidratos refinados, de gordura saturada, frituras, exercício físico com mais de 150 minutos por semana. - Efeitos do exercício físico Mariana Alves – 6º período Cardiologia Exercício físico previne doença cardiovascular, mas no paciente que já tem a doença instalada ele aumenta o risco.Precisa fazer avaliação pré participação, principalmente paciente que tem mais de 35/40 anos. Uma avaliação com anamnese, exame físico e eletro. - Interrupção do tabagismo Tratamento medicamentoso Primeiro tem que decidir a meta de LDL através do risco cardiovascular. Metas terapêuticas para LDL-c de acordo com o RCV: Intensidade do tratamento hipolipemiante: As estatinas possuem efeitos pleiotrópicos. Elas além de abaixar o LDL tem efeito antiinflamatório, melhora a qualidade do endotélio arterial, estabiliza a placa de ateroma. Indicações para associação de outros hipolipemiantes. Caso a estatina sozinha não consiga chegar na meta do LDL... *principal efeito colateral da estatina é fazer uma miopatia, paciente ter aumento das enzimas musculares. Só quando ela aumenta 10x acima do valor da normalidade ou se fizer uma mialgia incapacitante, que eu preciso suspender a estatina. Benefício supera o efeito colateral Melhor associar do que aumentar muito a dose do medicamento. Primeiro só estatina, depois associa com ezetimiba, se não resolver o paciente deve ter hipercolesterolemia familiar aí acrescentar o inibidor de PCSK9 (injetável). Tratamento da hipertrigliceridemia Estatina desde LDL, sobe HDL e diminui triglicerídeo. Mudança do estilo de vida tem impacto muito grande no triglicerídeo. Mariana Alves – 6º período Cardiologia O fibrato só vai ser prescrito se o triglicerídeo estiver muito alto (acima de 400, 500 pode ter pancreatite), associado com a estatina. Ômega-3 – precisa ser de boa qualidade e altas doses. 3g por dia. Alto EPA e baixo DHA (Vitafor) Dose dos fibratos e alterações lipídicas médias Usa muito ciprofibrato 100mg 1x ao dia. Mais seguros pra combinar com estatinas: fenofibrato e ciprofibrato. Separar horários: estatina toma a noite e fibrato toma de manhã.
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