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NUTRIÇÃO DA MULHER, CRIANÇA E DO ADOLESCENTE - Aula 3 GESTAÇÃO NORMAL: AVALIAÇÃO NUTRICIONAL DE GESTANTES Histórico Na década de 1980, Rosso realizou um estudo multicêntrico (Estados Unidos, Chile e Brasil) que testava um modelo de gráfico com várias linhas de adequação do peso gestacional relacionado à altura, sendo este instrumento denominado curva de Rosso, o qual foi adotado como critério de avaliação do ganho de peso da gestante e tem linhas de adequação do peso gestacional à idade gestacional a partir da relação peso/altura. Nos anos 1990 foi criado um instrumento de avaliação nutricional da gestante baseado no Índice de Massa Corporal, denominado curva de Atalah. O estado nutricional da gestante influencia o peso do concepto, pois este tende a aumentar conforme o melhor provimento nutricional da gestante, ocorrendo um maior peso ao nascer com o melhor estado nutricional pré-gestacional. ➔ A macrossomia fetal (feto com 4kg ou mais) apresenta-se mais comumente em mulheres com excesso de peso, com risco 3 vezes maior para as gestantes com obesidade. ➔ No entanto, o baixo peso ao nascer (PN < 2.500g), que tem uma prevalência que varia de 5 a 10%14, tende a ocorrer em mulheres de baixo peso, apresentando um risco 8 vezes maior de ocorrer dentre estas gestantes. ➔ Contudo, o baixo peso também pode estar relacionado ao tabagismo e consumo aumentado do álcool, além das características psicossociais, como depressão, ansiedade e baixo nível da autoestima. ➔ O baixo peso pré-gestacional também é um preditor positivo do parto prematuro, com risco 4 vezes maior entre estas mulheres. A prematuridade tem prevalência que varia de 7,0 a 13%. Este também é fator de risco para a ocorrência de anemia, formando um ciclo comprometedor do desenvolvimento fetal. Avaliação Nutricional de gestantes - Métodos Indiretos: Indicadores Socioeconômicos: ➔ Renda ➔ Nível de escolaridade Inquérito de consumo alimentar: ➔ Antecedentes alimentares ➔ Mudanças no comportamento alimentar ➔ Queixas atuais (sintomas digestivos) ➔ Consumo alimentar: recordatório de 24 h ou freqüência qualitativa Avaliação Nutricional de gestantes - Métodos Diretos: Antropométrico (todos os atendimentos): ➔ PPG e IMC ➔ Ganho de peso na gestação ➔ Altura ➔ CB e PCT Bioquímico ➔ Glicemia ➔ Hemograma A Organização Mundial da Saúde (OMS) utiliza como método para classificação do estado nutricional inicial da gestante o Índice de Massa Corporal (IMC), com uma faixa de adequação do estado nutricional, visto que o estado nutricional pré-gestacional é determinante do ganho de peso na gestação. A OMS orienta que a avaliação do estado nutricional da gestante e o monitoramento baseiam-se nas recomendações do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN) VER RESUMO DE AVALIAÇÃO NUTRICIONAL DE GESTANTES RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NA GESTAÇÃO Durante esse período é necessário o aumento na recomendação da maioria dos nutrientes em virtude dos ajustes fisiológicos, pois os rápidos crescimento dos tecidos e desenvolvimento do feto dependem da dieta materna. Energia A ingestão dietética recomendada (RDA) de 1989 recomenda o acréscimo de 300kcal, apenas a partir do segundo trimestre. Mais recentemente, em 2005, o IOM recomendou o adicional de energia para o gasto durante a gestação de 8 kcal por semana gestacional, além do acréscimo de 180 kcal/dia, visando a energia para depósito, sendo elas acrescidas apenas a partir do segundo trimestre. Estimativa de energia - Cálculos EER = EER Pré-gestacional + (8 kcal x IG em semanas) + 180 kcal Sendo que EER Pré-gestacional = 354 – (6,91 x idade) + PA x (10 x Peso) + (934 x Altura) + 25 kcal Período gestacional Requerimento Energético Estimado (EER) (kcal/dia) 1º trimestre EER para mulheres + 0 2º trimestre EER para mulheres + 340 3º trimestre EER para mulheres + 452 Proteína A OMS recomenda a ingestão adicional de proteína em média de 6g/dia durante todo o período gestacional ou 1,2, 6,1 e 10,7g para o primeiro, segundo e terceiro trimestres, respectivamente, considerando que a partir do segundo trimestre ocorre maior retenção proteica em razão do maior crescimento dos tecidos maternos e fetais. A recomendação de proteína de acordo com a DRI durante o 2º e 3º trimestre é 1,1 g/kg/dia ou 25 g adicionais de proteína/dia, além das recomendações proteicas para o sexo feminino. Gestantes com estresse moderado ou grave podem necessitar de até 2 g/kg/dia. Gestação gemelar: 50g/dia (a partir da 20ª semana) + 1000Kcal/dia (além das recomendações já previstas). 71g/dia – ANVISA, 2005. Micronutrientes Cálcio IDR, 2001: Adolescentes: 1300mg/d Adultas: 1000mg/d Correspondem a 2 copos de leite, 30g de queijo e 150g iogurte Quando há baixa ingestão de alimentos fonte de cálcio a suplementação (1,5 a 2,0 g de cálcio elementar/dia) é recomendada para a prevenção de pré-eclâmpsia. Folato O folato age como coenzima em várias reações celulares e é necessário na divisão celular devido a seu papel na biossíntese de purinas e pirimidinas, e, consequentemente, na formação do DNA e do RNA. Com o objetivo de aumentar a ingestão do ácido fólico em nível populacional, considerando que cerca de 50% das gestações não são planejadas e, portanto, não recebem suplementação adequada desta vitamina, no período inicial o Ministério da Saúde regulamentou, em 2002, no Brasil, o acréscimo de 0,15mg de ácido fólico para cada 100g de grão nas farinhas de trigo e de milho comercializadas IDR, 2001: 600 g/d (para todas as idades) Na prática: 5mg/dia a partir da 20ª semana Fontes: Levedo de cerveja, fígado bovino, brócolis, espinafre, repolho, leguminosas, gérmen de trigo, suco de laranja. Ferro Necessidade varia no decorrer da gravidez: 1º trimestre – 0,8mg/dia 2º e 3º trimestres – 6,3mg/dia ★ Recomendação dificilmente é atendida na dieta. Ingestão alimentar: Fe heme (carnes e vísceras) e inserir Vit C. para aumentar biodisponibilidade de Fe não heme (leguminosas, legumes, verduras verdes escuras e ovos) Programa nacional de suplementação de ferro Na gestação recomenda: 1. Suplementação profilática com ferro e ácido fólico. 2. Ingestão de alimentos que contenham farinhas enriquecidas com ferro e ácido fólico. 3. Alimentação adequada e saudável com ingestão de ferro de alta biodisponibilidade A suplementação profilática com sulfato ferroso é uma medida com boa relação de custo e efetividade para a prevenção da anemia. No Brasil, são desenvolvidas ações de suplementação profilática com sulfato ferroso desde 2005 – Programa Nacional de Suplementação de Ferro (PNSF). O PNSF consiste na suplementação profilática de ferro para todas as crianças de seis a 24 meses de idade, gestantes ao iniciarem o pré-natal, independentemente da idade gestacional até o terceiro mês pós-parto, e na suplementação de gestantes com ácido fólico. Para gestantes a conduta são 40 mg de ferro elementar e 400 µg de ácido fólico diariamente até o final da gestação VITAMINA A: Recomendação próxima às não grávidas: 770 g Nas áreas onde a DVA é um grave problema de saúde pública, a suplementação na gestação é recomendada para prevenção da XN, sendo proposto um esquema de suplementação que não cause toxicidade, com até 10.000 UI/dia ou 25.000 UI/semana de VA (WHO, 2011c) (4 sem.).
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