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O valor absoluto da mercadoria é, em princípio, indiferente ao
capitalista que a produz. Só lhe interessa a mais-valia contida nela e
realizável na venda. A realização da mais-valia implica, por si mesma,
a reposição do valor adiantado. Uma vez que a mais-valia relativa
cresce na razão direta do desenvolvimento da força produtiva do tra-
balho, enquanto o valor das mercadorias cai na razão inversa desse
mesmo desenvolvimento, sendo, portanto, o mesmo processo idêntico
que barateia as mercadorias e eleva a mais-valia contida nelas, fica
solucionado o mistério de que o capitalista, para quem importa apenas
a produção de valor de troca, tenta constantemente reduzir o valor de
troca das mercadorias, uma contradição com que um dos fundadores
da Economia Política, Quesnay, atormentava seus adversários e à qual
eles lhe ficaram devendo a resposta.
“Reconheceis”, diz Quesnay, “que quanto mais se puder, sem
prejuízo para a produção, poupar custos ou trabalhos dispendiosos
na fabricação de produtos industriais, tanto mais vantajosa será
essa poupança, porque diminui o preço do produto. E apesar disso
acreditais que a produção da riqueza que decorre dos trabalhos
dos industriais consiste no aumento do valor de troca de seus
produtos.”592
Economia do trabalho por meio do desenvolvimento da força pro-
dutiva do trabalho593 não objetiva, portanto, na produção capitalista,
a redução da jornada de trabalho. Seu objetivo é apenas reduzir o
tempo de trabalho necessário para a produção de determinado quantum
de mercadorias. O fato de que o trabalhador com força produtiva au-
mentada de seu trabalho, produz, em 1 hora, digamos 10 vezes mais
OS ECONOMISTAS
436
trições sobre a indústria." (Considerations, Concerning Taking off the Bounty on Corn Ex-
ported etc. Londres, 1753. p. 7.) “O interesse da indústria exige que cereais e todos os meios
de subsistência sejam tão baratos quanto possível; o que quer que os encareça, há de
encarecer também o trabalho (...) em todos os países, nos quais a indústria não está sujeita
a restrições, o preço dos meios de subsistência tem de influenciar o preço do trabalho. Este
será sempre rebaixado, quando os meios de subsistência necessários se tornam mais baratos.”
(Op. cit., p. 3.) “Os salários são rebaixados na mesma proporção em que crescem as forças
produtivas. A máquina na realidade barateia os meios de subsistência necessários, mas ela
barateia, além disso, também o trabalhador.” (A Prize Essay on the Comparative Merits of
Competition and Cooperation. Londres, 1834. p. 27.)
592 "Ils conviennent que plus on peut, sans préjudice, épargner de frais ou de travaux dispen-
dieux dans la fabrication des ouvrages des artisans, plus cette épargne est profitable par
la diminution des prix et des ouvrages. Cependant ils croient que la production de richesse
que résulte des travaux des artisans consiste dans l’augmentation de la valeur vénale de
leurs ouvrages." (QUESNAY. Dialogues sur le Commerce et sur les Travaux des Artisans.
p. 188-189.)
593 "Esses especuladores que poupam tanto o trabalho dos trabalhadores que teriam de pagar."
(BIDAUT, J. N. Du Monopole qui s’Établit dans les Arts Industriels et le Commerce. Paris,
1828. p. 13.) “O empresário fará sempre tudo para poupar tempo e trabalho.” (STEWART,
Dugald. Works. Ed. por Sir W. Hamilton, v. VIII, Edimburgo, 1855. Lectures on Polit. Econ.
p. 318.) “Eles” (os capitalistas) “estão interessados em que as forças produtivas dos traba-
lhadores que empregam sejam as maiores possíveis. Em aumentar essa força sua atenção
se fixa e na verdade quase exclusivamente.” (JONES, R. Op. cit., Lecture III.)

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