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Estomatologia Protocolos Terapêuticos em Estomatologia ~por Manuela Lopes “A decisão por um protocolo terapêutico começa pelo estabelecimento de um diagnóstico ou pode servir de etapa para chegar a ele. Para isso, o primeiro passo é a realização de um bom exame clínico e seleção dos exames complementares” Terapia Antiviral Herpes Simples ➔ Gengivoestomatite Herpética Primária ➔ Faringoamidalite Herpética Primária ➔ Herpes Recorrente (secundária) ➔ Labial ➔ Intraoral Diagnóstico Paciente Saudável Imunocomprometido Gengivoestomatite Herpética Primária Comp. oral Aciclovir 100-200 mg 5x ao dia ou suspensão oral (200mg/5ml) 5x ao dia Por 7 dias* 400 mg 5x ao dia (dobra a dosagem normal) Aciclovir 250 mg (i.v.) a cada 8h ou Valaciclovir 1g oral ou Fanciclovir 500 mg Herpes Labial Recorrente Creme Penciclovir 1% a cada 2h ou Creme Aciclovir 5% a cada 4h ou Comp. Aciclovir 200 mg 5x ao dia Usar por 5 dias Comp. Aciclovir 400 mg 5x ao dia Considerar Aciclovir 250 mg (i.v.) a cada 8h ● Dura em torno de 5 a 10 dias (curso autolimitado) ● Essas infecções virais agudas resolvem naturalmente ● O remédio funciona mais no período prodrômico, nos primeiros dias da infecção, até o 3° dia ● Pródromo: período antes de aparecer as vesículas, sintomas iniciais antes de aparecer a lesão como coceira, incômodo, dormência e fatores desencadeadores (estresse e exposição solar) ● Na intraoral é muito comum o paciente chegar na fase de úlcera, dentro de 2 a 3 dias já vai melhorar, com isso a gente receita um antisséptico (clorexidina) para ajudar na cicatrização ● Em imunocomprometidos podem ser severas, disseminadas ou persistentes, podendo apresentar resistência antiviral ● Terapia fotodinâmica (laser) Valaciclovir é uma pró-droga do Aciclovir (tem um efeito melhor no organismo) Penciclovir (creme) ● Mesmo espectro antiviral do Aciclovir e mecanismo de ação similar ● Mais biodisponível ● Efeito intracelular mais longo ● Geralmente mais efetivo e mais barato do que o Aciclovir Terapia Antifúngica ➔ Estomatite protética ➔ Hiperplasia papilar inflamatória ➔ Queilite angular ➔ Candidíase eritematosa ➔ Candidíase pseudomembranosa (removível à raspagem) ● Primeiramente deve-se corrigir os fatores predisponentes, principalmente os cuidados com as próteses ● O uso tópico tem menores efeitos adversos ● O uso sistêmico é mais efetivo contra a Candida, é importante observar efeitos adversos ou interações medicamentosas Agente Posologia Interações medicamentosas e Contra-indicações Nistatina (Candidíase associada ou não a prótese, é barata e está disponível na UBS) Comp. 500.000UI ou Suspensão oral 100.000UI /ml a cada 6h (4x ao dia) Usar por 15 dias Deixar a prótese em solução durante a noite Uso tópico sem problemas Sabor desagradável, náusea ou distúrbios gastro-intestinais Cuidado em Diabéticos! Pois tem açúcar em sua composição Agente Posologia Interações medicamentosas e Contra-indicações Miconazol (Se o paciente voltou em 15 dias e não melhorou ou em queilite angular) Gel oral (bisnaga) 20 mg/g Aplicar sobre o local 2,5 ml (1 colher de chá) 4x ao dia, manter o máximo de tempo possível na boca (após as refeições ou higiene oral) Usar por 15 dias Não utilizar em crianças menores de 6 meses de idade Pela consistência do gel pode levar ao engasgo (Muito prescrito para crianças com “sapinho”, candidíase pseudomembranosa) Fluconazol (via oral, casos resistentes e em imunocomprometi- dos) Comp. 150 mg (2 doses com intervalo de 1 semana entre elas e retorna em 15 dias para reavaliar) ou 1 comp. 1 vez ao dia por 7 dias (imunocomprometidos) Interação: anticoagulantes, drogas antidiabéticas, cisaprida, fenitonina, midazolam, terfenadina, ciclosporina e zidovudina. Pode ser hepatotóxico e mielossupressor. Evitar em gravidez! Evitar em crianças e pac. com doença renal! Candidíase ● Queilite angular Uso externo (via tópica) Miconazol 20mg/g (Daktarin gel oral) ____ 1 bisnaga Aplicar sobre o local afetado 4 vezes ao dia durante 7 a 15 dias. ● Casos resistentes Uso interno (via oral) Fluconazol 150 mg ____ 2 comprimidos Ingerir 1 comprimido logo após a consulta e outro com intervalo de 1 semana (Reavaliar em 15 dias) ● Higienização das Próteses Removíveis 1 copo água filtrada 1 colher de sopa de água sanitária (hipoclorito de sódio) Imergir a prótese por no mínimo 30 minutos 2x por semana Remover as próteses durante a noite Corticóides Tópicos Terapia Imunomoduladora Acelera a cicatrização Indicados em lesões erosivas e ulceradas ➔ Aftas ➔ Líquen Plano ➔ Lúpus Eritematoso ➔ Pênfigo Vulgar ➔ Penfigoide das Membranas Mucosas Média potência Alta potência Superpotência Acetonida de triancinolona 0,1% (Omcllom em orabase) Fluocinonida 0,5% Propionato de clobetasol 0,05% (Psorex) Doenças autoimunes Elixir de dexametasona 0,5% Elixir de betametasona 0,1 mf/ml Para líquen resistente e em pênfigo e penfigoide ● Uso local sobre a lesão em forma de spray, gel ou creme ● Em casos de lesões disseminadas recomenda-se o bochecho com o elixir (pênfigo, penfigoide e líquen) ● Enxaguatório bucal em lesões extensas (pode fazer o uso de antissépticos para auxiliar na higiene oral) ● Pedir ao paciente para não engolir e deixar em contato com a lesão o máximo possível para melhorar o efeito. ● Não comer ou beber por 30 minutos após seu uso (prolonga o contato com a lesão e melhora sua ação) Líquen Plano ● Elixir de dexametasona 0,5% ____ 1 frasco Bochechar 5ml da solução (sem diluir) na região afetada, por 10 minutos, 3x ao dia, por 15 dias Dispensar o bochecho (não engolir) Não ingerir alimentos ou líquidos por 30 minutos Ulcerações aftosas recorrentes ● Acetonida de triancinolona 0,1% (Omcllom em orabase) Antes de aplicar secar com um cotonete ou uma gaze Aplicar antes de dormir devido ao fluxo salivar UAR menor UAR maior Herpetiforme Ad-Muc (fitoterápico de camomila) ● Recomendado para crianças (se evita passar o corticóide nesse perfil de paciente) Gingilone ● É uma pomada composta por uma combinação de corticóide, antibacteriano, vitamina C e benzocaína Atenção! Orientar a não usar bicarbonato e pedra hume! Gengivite descamativa ● Pênfigo, Penfigóide, Líquen e até Lúpus eritematoso ● A placa e o cálculo vão alimentar a doença autoimune, com isso é necessário fazer um bom controle de placa, raspagem e orientações de higiene oral ● Uma opção é utilizar o Propionato de clobetasol 0,05% (Psorex), que é o corticóide mais forte numa moldeira de acetato (de clareamento), sem fazer o alívio no dente, faz na gengiva para caber o creme e o paciente vai dormir com isso ● Em lesões gengivais (gengivite descamativa), pode lançar mão da moldeira de acetato com o corticóide tópico em seu interior Doenças autoimunes ● Uso prolongado (durante anos) do corticóide tópico pode desencadear uma pequena absorção sistêmica, sem supressão adrenocortical significante ● Em pacientes usando esteróides potentes (Psorex) é necessário associar um antifúngico pois altera a microbiota e o paciente tende a desenvolver candidíase Pontos negativos ● Poucos experimentos controlados randomizados (RCTs) com os corticóides tópicos ● Não são uniformemente efetivos (alguns pacientes não têm uma resposta boa) ● Candidíase pode ser uma complicação (que é de fácil controle) ● Podem danificar o colágeno (tec. conjuntivo) ● Frequentemente não são licenciados para o uso na boca Corticóides Sistêmicos Quadros clínicos específicos São frequentemente indicados para o controle de: ➔ Pênfigo vulgar ➔ Ulceração bucal severa ou resistente, em condições vesículo-bolhosas ➔ Doenças multi-sistêmicas (ex: líquen plano, eritema multiforme ou penfigóide com envolvimento oral, genital e cutâneo) Agente Dose Interações medicamentosas e Contra-indicações Prednisona (Pênfigo vulgar com lesões em todo corpo) 1ª semana: 20-40mg/dia 2ª semana: 10-20mg/dia 3ª semana: 5-10-mg/dia “desmame” Pode produzir supressão adrenal; Dose limite em hipertensão e diabetes mellitus; Podecausar ganho de peso e osteoporose (+ de 3 meses de uso) Considerações 1. Observação a cada semana - monitoramento semanal (Se com essa dosagem nós temos controle do quadro e também para orientar os pacientes com menos informações e conhecimentos) 2. Para doses mais elevadas precisa de acompanhamento médico (dermatologista) 3. Tempo curto de prescrição (trabalho de forma segura) 4. Outros imunossupressores como azatioprina e ciclofosfamida quando não há resposta à corticoterapia (normalmente é prescrito pelos dermatologistas) HIPOSSALIVAÇÃO/XEROSTOMIA Pode ser uma sensação relatada pelo paciente ou realmente um quadro de redução do fluxo salivar, que geralmente ocasiona uma maior quantidade de cárie Dados clínicos + Sialometria/Teste de fluxo salivar Relação entre o volume de saliva (V) e o tempo (T) F = V (ml) T (min) Fluxo Salivar Estimulado Normal: 1,6 a 2,3 ml/min Intermediário: 1,0 a 1,5 ml/min Baixo: menor que 1,0 ml/min Fluxo Salivar Não Estimulado Baixo: 0,1 ml/min Normal: 0,25 a 0,3 ml/min Para o teste se usa um parafilme para estimular o fluxo salivar do paciente por 1 min e ainda deglutindo a saliva (descarta). Depois desse 1 min inicial passa a coletar essa saliva por 5 min, se utiliza o tubo falcon que é graduado para mensurar. Também podemos pedir ao paciente para abaixar a cabeça e de uma forma não estimulada, ele vai coletando a saliva por 5 min em um recipiente graduado. A parte espumosa é descartada. O paciente recebe um preparo prévio para restringir alimentos no dia anterior e no dia da coleta do teste de fluxo salivar. HIPOSSALIVAÇÃO Recomendações para estimular a salivação ● Aumentar a ingestão de líquidos (água, chás, sucos, água de coco) ● Fazer refeições em horários regulares ● Mastigar bem os alimentos ● Entre as refeições comer algo, como uma fruta ● Usar um sialogogo/estimulador (balas e chicletes sem açúcar, gengibre, cristais de gengibre e gotejar limão) Evitar ● Café (máximo 3 xícaras/dia) e bebidas com cafeína (refrigerante à base de cola, mate e energéticos) ● Bebidas alcoólicas ● Cigarro Prescrição de SALIVA ARTIFICIAL (comercial ou manipulada) em último caso. SÍNDROME DA ARDÊNCIA BUCAL É um quadro pouco frequente; Caracterizado por manifestações de sintomas de queimação, ardência ou dor na cavidade oral e lábios, estando a mucosa clinicamente normal ou sem lesões que justifiquem a sintomatologia. Investigar ● Deficiência nutricional ● Reação alérgica ● Taxas de glicose ● Doenças degenerativas Proposta de terapia para controle da dor ● Complexo vitamínico ● Gabapentina 300 mg (antiespasmótico) ● Ácido alfalipoico: 600 mg ao dia, 30 minutos antes das principais refeições ou café da manhã e almoço Uso interno: Gabapentina - 300 mg - 45 cápsulas ● 1º dia: 1 cápsula - noite ● 2° dia: 1 cápsula - manhã e outra noite ● 3° dia: 1 cápsula: manhã, almoço e noite(3x/dia), manter por 15 dias NEURALGIAS ● Neuralgia do trigêmio (em geral é de ordem idiopática, onde a causa não é reconhecida e também pode ser causada pela compressão do nervo por um tumor cerebral) ● Tem-se também a neuralgia pós herpética (que pode durar de 2 meses a 1 ano) ● A dor é do tipo choque elétrico ● Usa-se os anticonvulsivantes para o tratamento ● Carbamazepina é o tratamento padrão ● Fenitoína ou Narcóticos são requeridos quando a dor não é controlada ● Medicamentos mais atuais: oxcarbazepina e gabapentina ● Esses fármacos podem causar discrasias sanguíneas ou disfunção hepática, pode ser útil monitorar a contagem completa do sangue e a função hepática. Não se pode prescrever sem um controle médico. Agente Dose adulta Contra-indicações Carbamazepina Inicialmente 100 mg 1 ou 2x ao dia Muitos pacientes necessitam de aproximadamente 200 mg de 8 em 8 horas Não exceder 1800mg diário Ocasional tonteira, diplopia e discrasia sanguínea, frequentemente com um rash, geralmente nos primeiros 3 meses de tratamento. Potencializado pela cimetidina, dextropropoxifeno e isoniazida. Potencializa o lítio, interfere com a pílula contraceptiva. Contra-indicado em doença cardíaca, hepática ou do rim, glaucoma e gravidez. Fenitoína 150-300mg até 3x ao dia Efeitos adversos similares à carbamazepina. Contra-indicado em doença hepática e gravidez. Provoca crescimento gengiva. ● Pode causar sonolência e prejudicar a direção e trabalhos especializados Considerações ● Oxcarbazepina possui menor risco de interações ● Associação com a gabapentina ● RMs (Ressonância magnética) são necessárias após insucesso farmacológico LÁBIOS RESSECADOS ➔ Queilite actínica ➔ Mudança de temperatura (excesso de calor ou frio) Orientações ao paciente ● Evitar a exposição prolongada e constante ao sol, além de fazer uso de chapéus e bonés ● Se os lábios estiverem muito ressecados, usar ao deitar, concomitantemente ao protetor labial de uso contínuo pelo dia, vaselina sólida (por 15 dias) ou Dexpantenol (Bepantol®) pela noite sob orientação Uso externo - Via tópica Protetor labial FPS 30 (com vitamina E). ● Nome comercial: Nivea Lip Care Sun FPS 30, Sundown labial FPS 30, Avon Sun Bloqueador Solar Labial FPS 30, Banana Boat Aloe Vera Lip Balm SPF 30. ● Quantidade a ser prescrita: 1 bastão ● Posologia: aplique sobre os lábios, de 3 em 3h, e sempre que sentir os lábios ressecados. MÁ FORMAÇÕES VASCULARES/HEMANGIOMAS ➔ Necessário diagnóstico clínico com vitropressão ou diascopia ➔ Contra-indicado a biópsia incisional em determinados casos Escleroterapia LASER de baixa potência Modalidades de terapia 1. Analgesia, biomodulação celular, síntese de colágeno proliferação fibroblastos, regeneração tecidual e alívio da sintomatologia Aftas, mucosites, abscessos, pós-cirúrgicos, DTMs, SAB. 2. Terapia fotodinâmica: diretamente associado ao controle microbiológico com soluções específicas Herpes, candidíases, osteonecrosis, osteomielites.
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