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1 Disciplina de Química Geral Aula 16: Termodinâmica Segunda Lei – Entropia (S) Energia livre de Gibbs Profa. Roberta L. Ziolli TERMODINÂMICA Primeira Lei da Termodinâmica Segunda Lei da Termodinâmica TERMODINÂMICA O que a Primeira Lei da Termodinâmica não nos revela a direção de uma transformação Outro exemplo: sabemos que sob condições naturais, calor flui espontaneamente de um objeto mais quente para um mais frio. A primeira lei é na verdade, um princípio de contabilidade de energia: as parcelas de energia devem ser somadas. Ou seja, a primeira lei trata das quantidades de energia. A segunda lei, entretanto, ao dizer que energia cinética (por exemplo) pode ser integralmente transformada em energia térmica (calor) mas não ao contrário, indica uma direção para a energia. Segunda Lei da Termodinâmica - abordagem A Segunda Lei da Termodinâmica trata da direção com que é feita a transferência de calor entre dois corpos, estabelece a diferença entre processos Reversíveis e Irreversíveis. A segunda Lei envolve uma quantidade chamada entropia. Segunda Lei da Termodinâmica - definições Existem vários modos de enunciar essa Lei: "É impossível haver transferência espontânea de calor de um objeto frio para outro mais quente.“ “Espontaneamente, o calor só pode passar de um corpo de temperatura mais alta para outro de temperatura mais baixa” “É impossível converter todo o calor de uma fonte em trabalho. Sempre haverá uma parcela trocada com o ambiente” “A entropia total de um sistema fechado sempre aumenta” (Um sistema fechado é um sistema que não interage com o ambiente externo. Na prática não existe sistemas fechados, exceto talvez, pelo universo como um todo. Logo, podemos expressar a segunda lei como: a entropia total do universo está sempre aumentando) Significado físico para Entropia: ordem e desordem Segunda Lei da Termodinâmica - interpretação 2 Segunda Lei da Termodinâmica - equação Matematicamente, em um sistema fechado, considerando-se a situação idealizada em que os processos realizados dentro de um sistema são completamente reversíveis*, e que as trocas de calor com o exterior são realizadas por processos reversíveis quasi-estáticos em equilíbrio térmico com o sistema, a variação infinitesimal da Entropia do sistema será dada por: dS = dQ/T onde dQ é a quantidade de calor recebida do exterior e T a temperatura em que foi realizada esta troca. *Uma transformação termodinâmica totalmente reversível é impossível de ser realizada na prática, existirá sempre uma degradação da energia na forma de calor, a não ser que se proceda através de um processo infinitamente lento (processos quase estacionários) de forma a manter a todo o momento o equilíbrio do sistema. Segunda Lei da Termodinâmica - equações �S = q/T ∆S ≥≥≥≥ 0 (processo espontâneo) �S = 0 (processo em equilíbrio)** **o símbolo de igualdade só existe quando a entropia se encontra em seu valor máximo (em equilíbrio). onde: ∆S = variação de entropia (a unidade SI de entropia é J K-1mol-1) q = calor T = temperatura Simplificadamente: Segunda Lei da Termodinâmica Considerações sobre S: S é uma função de estado ⇒ ∆ A unidade SI de entropia é J/K ∆S > 0, mudança espontânea possível É aditiva, portanto: ∆S0reação = Σn∆S0f (produtos) - Σm∆S0f (reagentes) Qual a variação de entropia envolvida no processo de fusão do gelo, quando um mol de gelo é fundido a 273,15 K e à pressão constante? H2O(s) → H2O(l) ∆S = q/T = ∆Hfus/T = 6,0 103 J/273,15 K = 22 J/K mol ou Das tabelas de dados termodinâmicos, sabe-se que: 1 mol de gelo, a 0 0C e 1 atm, tem entropia de 41 J/K; 1 mol de água líquida, a 0 0C e 1 atm, tem entropia de 63 J/K ∆S0reação = Σn∆S0f(produtos) - Σm∆S0f(reagentes) ∆S0reação = 63 – 41 = 22 J/K Temos duas maneiras de verificar se a entropia de um sistema aumentou. Em ambas as maneiras obteremos a mesma resposta. Às vezes é mais fácil obter a resposta considerando a transferência de calor para, ou de uma substância. Às vezes é difícil medir o calor, mas é mais fácil decidir se a desordem aumenta ou diminui. Relembrando ... “desordem”: Veja os casos a seguir ... Previsão da variação de entropia A entropia usualmente aumenta nas seguintes situações: Quando o gelo derrete*; Quando a água é aquecida; Quando a água evapora; Quando um gás passa de um recipiente sob alta pressão para outro de pressão mais baixa ... *Quando a água congela a entropia diminui. Isto não viola a segunda lei da termodinâmica. Ela só nos diz que a entropia total do universo sempre aumenta. A entropia pode diminuir em algum lugar, desde que ela aumente em algum outro lugar pelo menos na mesma quantidade. A entropia de um sistema diminui somente quando ele interage com outro sistema cuja entropia aumenta no processo. Esta é a lei! Está escrito ... 3 Previsão da variação de entropia A entropia usualmente cresce nas seguintes situações: 1. Reação em que uma molécula se divide em duas ou mais moléculas pequenas; 2. Reação em que há aumento do número de mol de gás (Este efeito pode ser consequência da divisão de moléculas, e nesse caso está também relacionado à regra anterior); 3. Processo com mudança de estado físico de sólido em líquido ou gás, e, de líquido em gás. Previsão da variação de entropia: Nas reações abaixo diga se é esperado um aumento ou decréscimo de entropia: (a) C6H12O6(s) → 2C2H5OH(l) + 2CO2(g) (b) 2NH3(g) + CO2(g) → NH2CONH2(aq) + H2O(l) (c) CO(g) + H2O(g) → CO2(g) + H2(g) Resp: Uma molécula (glicose) divide-se em moléculas menores. Além disso há desprendimento de gás. Portanto, deve ocorrer um aumento de entropia e �S deve ser positiva. Resp: Nessa reação, o número de mol de espécies no estado gasoso diminui de 3 para 0. Portanto, deve ocorrer um decréscimo de entropia e �S deveria ser negativa. Resp: Não é possivel prever prever a variação de entropia. Espontaneidade de reações: Esta reação é espontânea? Isto é, avança da esquerda para a direita, conforme está representada? (Admita que a reação ocorra a temperatura e pressão constantes). 2NH3(g) + CO2(g) → NH2CONH2(aq) + H2O(l) Para reação espontânea a T e P constantes: ∆S > q/T =∆H/T ∆S > ∆H/T ∆H/T - ∆S < 0 Multiplicando cada membro dessa desigualdade por T, temos: ∆H - T∆S < 0 Espontaneidade de reações Portanto: Se ∆H - T∆S < 0, reação espontânea Se ∆H - T∆S < 0, reação não espontânea Se ∆H - T∆S = 0, equilíbrio Esta reação é espontânea? Isto é, avança da esquerda para a direita, conforme está representada? (Admita que a reação ocorra a temperatura e pressão constantes) 2NH3(g) + CO2(g) → NH2CONH2(aq) + H2O(l) ∆H0f (kJ mol-1): -45,0 -393,5 -319,2 -285,8 S0f (J mol-1): 193 214 174 70 Energia livre e espontaneidade Energia livre de Gibbs, G, critério direto para a espontaneidade das reações. Gibbs mostrou o seguinte: “em qualquer reação a uma dada temperatura (T), existe sempre uma relação simples entre a variação da entalpia (∆H), a variação de energia livre (∆G), e a variação de entropia (∆S)”. Esta relação é: ∆G0 = ∆H0 - T∆S0 De acordo com o raciocínio de Gibbs, a energia livre sempre diminui em qualquer reação química espontânea, de forma que a variação de energia livre sempre deve ser negativa. A reação sempre irá no sentido da energia livre decrescente, assim como o calor passa do corpo mais quente para o mais frio, e um corpo pesado rola para o fundo do vale. 4 Energia livre e espontaneidade Energia livre de Gibbs, G, critério direto para a espontaneidade das reações. ∆G0 = ∆H0 - T∆S0 Portanto: Se ∆G0 < 0, reação espontânea Se ∆G0 > 0, reação não espontânea Se ∆G0 = 0, equilíbrio Energia livre e trabalho útil Essencialmente, o tratamento de Gibbs envolvia o fato de que, em qualquer reação química espontânea, a entropia deve aumentar. Uma vez que a energia total envolvida não podia variar, e o aumento de entropia era um modo de medir energia que não podia ser convertida em trabalho útil, então a quantidade de energia que podia serconvertida em trabalho útil tinha que diminuir. A quantidade de energia disponível para a conversão em trabalho útil no decurso de uma reação química, é diferente de acordo com as condições em que se dá a reação: a volume constante ou a pressão constante. Sistemas a pressão constante assemelham-se mais à realidade; a quantidade de energia disponível para a conversão em trabalho útil no decurso de uma reação química a pressão constante chama-se de função de Gibbs, em honra a este cientista. Energia Livre de Gibbs - G Considerações sobre G: G é uma função de estado ⇒ ∆ A unidade SI de energia livre é kJ mol-1 É aditiva, portanto: ∆G0reação = Σn∆G0f (produtos) - Σn∆G0f (reagentes) Calcule a variação de energia livre, a 25 0C, na reação abaixo: N2(g) + 3H2(g) → 2NH3(g) Dados: ∆H0f[NH3(g)] = -45,9 kJ mol-1 S0[N2(g)] = 191,5 J K-1 mol-1 S0[H2(g)] = 130,6 J K-1 mol-1 S0[NH3(g)] = 193,0 J K-1 mol-1 Calcule a variação de energia livre, a 25 0C, na combustão de 1 mol de etanol, segundo reação abaixo: C2H5OH(l) + 3O2(g) → 2CO2(g) + 3H2O(g) Dados: ∆G0f[C2H5OH(l)] = - 174,8 kJ mol-1 ∆G0f[CO2(g)] = - 394,4 kJ mol-1 ∆G0f[H2O(g)] = - 228,6 kJ mol-1
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