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Desconsideração da personalidade jurídica De acordo com o art. 50 do CC, em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade ou pela confusão patrimonial, pode o juiz, a requerimento da parte, ou do MP, quando lhe couber intervir no processo, desconsiderá-la para que os efeitos de certas e determinadas relações e obrigações sejam estendidos aos bens particulares de administradores ou de sócios da pessoa jurídica beneficiados direta ou diretamente pelo abuso. Está caracterizado o abuso da personalidade jurídica nas seguintes hipóteses: • Desvio de finalidade; e • Confusão patrimonial. Desvio de finalidade: utilização da pessoa jurídica com o proposito de lesar credores e para a prática de atos ilícitos de qualquer natureza. Confusão patrimonial: ausência de separação de fato entre os patrimônios. Ela é caracterizada por: I – cumprimento repetitivo pela sociedade de obrigações do sócio ou do administrador ou vice-versa; II – transferência de ativos ou de passivos sem efetivas contraprestações, exceto de valores proporcionalmente insignificante; III – outros atos de descumprimento da autonomia patrimonial. Configurado o abuso da personalidade jurídica (seja pelo desvio de finalidade, com atitudes fraudulentas e ilícitas, seja pela confusão patrimonial, com a mistura do patrimônio da sociedade com dos sócios), todo patrimônio particular dos sócios fica sujeito a ser penhorado, inclusive do estabelecimento empresarial, exceto o bem de família. Teorias da desconsideração da personalidade jurídica: 1. Teoria Maior: possui como regra desconsiderar a autonomia da sociedade nos casos em que for configurado que seus sócios agiram com fraude ou abuso, ou ainda que houve confusão patrimonial entre os bens da pessoa física e os bens da pessoa jurídica (art. 50). Geralmente, quando se trata na doutrina ou na jurisprudência, a desconsideração refere-se à teoria maior, por possuir ampla aplicabilidade. Ela possui duas formulações, a objetiva e a subjetiva. a) Objetiva: confusão patrimonial, situação que possui maior facilidade de ser comprovada. b) Subjetiva: pressupõe a fraude e o abuso de direito, elementos estes com maior dificuldade de serem comprovados, pois a intenção que o sócio possui em frustrar os interesses dos credores deve ser demonstrada. Para esta teoria, o simples inadimplemento de obrigações para com os credores não configura a desconsideração, a saber: A teoria maior também se encontra corroborada no Código de Defesa do Consumidor (Lei n° 8.078/1990), em seu artigo 28: Art. 28. O juiz poderá desconsiderar a personalidade jurídica da sociedade quando, em detrimento do consumidor, houver abuso de direito, excesso de poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou violação dos estatutos ou contrato social. A desconsideração também será efetivada quando houver falência, estado de insolvência, encerramento ou inatividade da pessoa jurídica provocados por má administração. 2. Teoria Menor (art. 28, §5º do CDC): Muito menos elaborada que a teoria maior, pois sua aplicação pressupõe o simples inadimplemento para com os credores, sem ao menos analisar os reais motivos que levaram a sociedade a deixar de se obrigar perante terceiros. Poderá ser desconsiderada a personalidade quando ela for, de alguma forma, obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados ao consumidor – não é aplicável ao gestor que não integra o quadro societário da empresa. Também é aplicada a teoria menor nos casos de insolvência ou falência da pessoa jurídica, pouco importando se o sócio utilizou fraudulentamente o instituto, se houve abuso de direito, tampouco se foi configurada a confusão patrimonial; a preocupação maior é não frustrar o credor da sociedade. § 5° Também poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua personalidade for, de alguma forma, obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados aos consumidores.
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