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Material de Apoio Disciplina: Direito Processual Civil III Tema: Liquidação de Sentença Introdução A doutrina tem o costume de indicar que o procedimento de liquidação de sentença encontra-se no limbo procedimental entre a fase de conhecimento e a fase de cumprimento de sentença. Isto acontece porque, em se tratando de obrigação de pagar quantia - obrigação em dinheiro - não é possível iniciar o procedimento de cumprimento de sentença (CS)sem estabelecer o quantum debeatur, já que é condição para a realização do CS. Assim, se eu não tenho o valor da obrigação, ainda que a decisão indique que exista uma obrigação (an debeatur), tenho que, antes de iniciar o procedimento de cumprimento, avançar para a fase de liquidação e, através dela, estabelecer o valor correto da obrigação. Conceito de Liquidez A iliquidez é um estado de indeterminação do valor da obrigação que depende de elementos externos a serem objeto de cognição judicial, ou seja, se não é possível definir de imediato o valor da obrigação, isto quer dizer que o título é ilíquido e, caso o título seja ilíquido, não pode ser executado enquanto permanecer nesse estado de incerteza quanto ao valor. Portanto, liquidar uma sentença significa determinar o objeto da condenação, permitindo-se, assim, que a demanda executiva tenha início com o executado sabendo exatamente o que o exequente pretende obter para satisfazer seu direito. Art. 509 CPC: Quando a sentença condenar ao pagamento de quantia ilíquida, proceder-se-á à sua liquidação, a requerimento do credor ou do devedor: § 2º Quando a apuração do valor depender apenas de cálculo aritmético, o credor poderá promover, desde logo, o cumprimento da sentença. Natureza da Liquidação de Sentença Via de regra, a liquidação de sentença é um incidente processual, isto é, uma fase que é iniciada através de uma petição intermediária - requerimento - e termina com uma decisão interlocutória recorrida por agravo de instrumento. EXCEÇÃO: Art. 515. São títulos executivos judiciais, cujo cumprimento dar-se-á de acordo com os artigos previstos neste Título: VI - a sentença penal condenatória transitada em julgado; VII - a sentença arbitral; VIII - a sentença estrangeira homologada pelo Superior Tribunal de Justiça; IX - a decisão interlocutória estrangeira, após a concessão do exequatur à carta rogatória pelo Superior Tribunal de Justiça; § 1º Nos casos dos incisos VI a IX, o devedor será citado no juízo cível para o cumprimento da sentença ou para a liquidação no prazo de 15 (quinze) dias. - Hipóteses de títulos paraestatais - concebidos fora do âmbito da jurisdição estatal, nacional e cível. - Tirando os casos citados no artigo 515 não há liquidação autônoma, mas sim uma fase dentro do processo. Portanto, especificamente neste caso há liquidação autônoma de sentença. Momento da Liquidação de Sentença Em regra, a liquidação é realizada antes do cumprimento de sentença, já que para fazê-lo (realizar o CS) exige-se que a decisão seja líquida e a liquidez é alcançada - quando necessário - pelo procedimento de liquidação de sentença. Por isso que, quando iniciamos este material, afirmamos que a liquidação de sentença fica estrategicamente localizada entre a fase de conhecimento (sentença) e a fase satisfativa (cumprimento de sentença). Trata-se, portanto, de um procedimento antecedente ao cumprimento de sentença. Contudo, há casos em que a liquidação de sentença será incidental ao cumprimento de sentença, especialmente nas hipóteses de obrigações de fazer, não fazer ou entregar convertidas em perdas e danos. Conforme os artigos 499 e 500 do Código de Processo Civil, busca-se a tutela específica nas obrigações de fazer, não fazer ou dar – é o que interessa para o credor. No entanto, por opção do credor ou pelo esgotamento das tentativas de execução específica, pode ser necessária a conversão da obrigação em perdas e danos. Art. 499. A obrigação somente será convertida em perdas e danos se o autor o requerer ou se impossível a tutela específica ou a obtenção de tutela pelo resultado prático equivalente. Art. 500. A indenização por perdas e danos dar-se-á sem prejuízo da multa fixada periodicamente para compelir o réu ao cumprimento específico da obrigação. Neste caso, o cumprimento de sentença já começou: Era um cumprimento de sentença de dar, fazer ou não fazer, porém, como não dá mais para receber a obrigação em espécie, converte em perdas e danos. Assim, de maneira incidental ao cumprimento de sentença farei a liquidação das perdas e danos. Sentenças determináveis/quantificáveis São expressões sinônimas e, conforme artigos 491 e 509, §2º do CPC, não se fará liquidação de sentença quando a própria sentença tiver elementos não dependentes de cognição judicial e que permitam, através de cálculos aritméticos, encontrar o valor devido. Art. 491. Na ação relativa à obrigação de pagar quantia, ainda que formulado pedido genérico, a decisão definirá desde logo a extensão da obrigação, o índice de correção monetária, a taxa de juros, o termo inicial de ambos e a periodicidade da capitalização dos juros, se for o caso, salvo quando: Art. 509. Quando a sentença condenar ao pagamento de quantia ilíquida, proceder-se-á à sua liquidação, a requerimento do credor ou do devedor: § 2º Quando a apuração do valor depender apenas de cálculo aritmético, o credor poderá promover, desde logo, o cumprimento da sentença. Hipóteses de Não Cabimento Apesar de parecer necessário a todo procedimento que indique iliquidez na decisão, há hipóteses previstas na legislação que não permitem a realização da liquidação de sentença, vez que exige-se uma decisão líquida. Portanto, o sistema veda a formação de um título executivo ilíquido, proibindo, assim, o juiz de pronunciar através de uma sentença ilíquida. 1) Vedação para formação de título executivo ilíquido 1.1) JEC (Lei n. 9.099/95, art. 14, § 2º) Lei n. 9.099/95, art. 14, § 2º: “É lícito formular pedido genérico quando não for possível determinar, desde logo, a extensão da obrigação”. Lei n. 9.099/95, art. 38: “A sentença mencionará os elementos de convicção do Juiz, com breve resumo dos fatos relevantes ocorridos em audiência, dispensado o relatório. Parágrafo único. Não se admitirá sentença condenatória por quantia ilíquida, ainda que genérico o pedido”. Apesar de possibilitar realização de pedido genérico, a sentença não poderá ter elementos ilíquidos. Além disso, se o juiz verificar que não dá para proferir sentença líquida. Se houver esta percepção, deverá haver a extinção do feito sem análise do mérito, nos termos do art. 51 da lei 9.099/95. Este artigo indica a extinção do feito que não comporta prosseguimento de acordo com a ritualística adotada naquele procedimento. Lei n. 9.099/95, art. 51: “Extingue-se o processo, além dos casos previstos em lei: (...) II - quando inadmissível o procedimento instituído por esta Lei ou seu prosseguimento, após a conciliação; (...)”. ATENÇÃO: Para a maioria da doutrina - não é pacífico - essas regras também são aplicados aos Juizados Especiais Federais (10.259/01) e Juizado Especiais Fazenda Pública (12.153/09) 1.2) Rito Sumário (CPC/73, art. 475-A, § 3º e CPC, art. 1.046) No novo Código de Processo Civil não mais subsiste o rito sumário. No entanto, há uma regra de direito intertemporal estabelecendo que, nas hipóteses de procedimentos sumários ajuizados na data de entrada em vigor do Código de 2015, eles continuarão sendo regidos pelo Código de 1973. Aquelas ações sumárias - em que pese não mais existir no CPC atual - que foram ajuizadas antes do 18 de março de 2016, continuam sendo regidas pelo CPC de 1973, no tocante ao rito sumário. Havia uma regra no art. 475-A, §3º CPC /73 que proibia sentença ilíquida no rito sumário nas hipóteses de seguro e de acidente de veículo. Para outros casos, seria possível ao juiz proferir sentença ilíquida. OBSERVAÇÃO: Regra de ultratividade da lei revogada, porque o procedimento sumário continua a valer para aquelas ações ajuizadas e não sentenciadas até 18 de marçode 2016. 1.3) Regra geral títulos extrajudiciais Como regra, o título extrajudicial sem valor tem desnaturada a sua natureza de título executivo. Assim, em princípio, o título executivo extrajudicial não pode ser objeto de liquidação de sentença, salvo nos casos de conversão da obrigação de fazer, não fazer ou dar (entregar), constante de título extrajudicial, em perdas e danos. EXEMPLO: Execução para entrega de coisa na qual o objeto da execução perece. Diante disso, tem o exequente, a possibilidade de requerer a conversão da tutela específica (obrigação de entregar coisa) em perdas e danos (valor da coisa mais perdas e danos). Nesse caso, como se chegará: ao valor da coisa, se não previsto no título executivo; ao valor das perdas e danos, se não estipulado previamente pelas partes. Art. 809. O exequente tem direito a receber, além de perdas e danos, o valor da coisa, quando essa se deteriorar, não lhe for entregue, não for encontrada ou não for reclamada do poder de terceiro adquirente. § 1º Não constando do título o valor da coisa e sendo impossível sua avaliação, o exequente apresentará estimativa, sujeitando-a ao arbitramento judicial. § 2º Serão apurados em liquidação o valor da coisa e os prejuízos. A partir do deferimento da conversão em perdas e danos, fará uma liquidação incidental na execução do título extrajudicial para apurar o valor do carro e o réu entregar o valor correspondente, por exemplo. Limites à Liquidação de Sentença Conforme estabelecido no art. 509, § 4º do CPC, é proibido qualquer tipo de inovação no âmbito da liquidação de sentença, privilegiando a regra da fidelidade ou regra da adstrição. Art. 509, § 4º: “Na liquidação é vedado discutir de novo a lide ou modificar a sentença que a julgou”. Apesar da necessidade de manter-se fiel à decisão, é possível excepcionar a regra da fidelidade ou adstrição: ● Correção monetária e juros legais de mora (CC, arts. 404 e 406 e CPC, art. 302, § 1º) ○ Mesmo que a sentença não tenha acrescentado correção monetária e juros legais de mora, por conta dos artigos 404 e 406 do Código Civil. Ainda que o juiz não expresse na decisão, a liquidação poderá ser acrescida. ATENÇÃO: Só pode acrescer juros legais de mora. Juros contratuais, compensatórios não poderão ser acrescidos na fase de liquidação. ● Prestações vencidas no curso da ação (CPC, art. 323) ○ Ainda que não constem na sentença, podem ser acrescidas na fase de liquidação de sentença. ○ Art. 323. Na ação que tiver por objeto cumprimento de obrigação em prestações sucessivas, essas serão consideradas incluídas no pedido, independentemente de declaração expressa do autor, e serão incluídas na condenação, enquanto durar a obrigação, se o devedor, no curso do processo, deixar de pagá-las ou de consigná-las. ● Honorários omitidos na sentença ○ Ainda que o juiz não tenha fixado, quando o juiz estiver apurando na fase de liquidação, ele fixa os honorários advocatícios. ○ Para o juiz da liquidação é “até mais tranquilo” fixar os honorários. Art. 85. A sentença condenará o vencido a pagar honorários ao advogado do vencedor. § 18. Caso a decisão transitada em julgado seja omissa quanto ao direito aos honorários ou ao seu valor, é cabível ação autônoma para sua definição e cobrança. - Interpreta-se que em razão da possibilidade de ajuizamento de ação autônoma para definição e cobrança, não há nenhum impedimento que impeça o estabelecimento dos honorários em sede de liquidação de sentença. OBSERVAÇÃO: Inserir quando for omitido. Não dá para rediscutir o que foi anteriormente estabelecido. - Fala-se apenas em acréscimo se tiverem sido omitidos na sentença. Liquidação por prejuízo posterior. Exemplo: Imagine que exista uma sentença genérica que condene a indenizar todos os danos causados em razão de um atropelamento, em razão do tratamento ainda estar em curso (ainda tem que fazer fisioterapia, cirurgia, médico, remédio, etc). Em seguida, é realizada a liquidação de sentença, fixando-se o valor devido. No entanto, após o trânsito em julgado da sentença, da liquidação e do pagamento, revela-se uma nova lesão em decorrência do acidente sofrido. - Imagine que depois de 02 anos, achando que estava tranquilo, acabo por descobrir uma nova lesão decorrente do acidente de trânsito. - Questão: é possível utilizar-se do mesmo título executivo judicial para liquidar prejuízos posteriores à liquidação inicial? A resposta dos Tribunais tem sido positiva, apurando-se na nova liquidação se há vínculo entre o novo prejuízo e o evento da primitiva sentença. Portanto, é possível concluir que uma mesma sentença ilíquida pode dar ensejo a várias liquidações. Ademais, a única condição é que essas liquidações tenham nexo de causalidade com o título executivo primitivo. Assim, esta liquidação por prejuízo posterior acaba por representar uma mitigação ao previsto no art. 509, § 4º do CPC. Espécies de Liquidação de Sentença O que definirá a espécie de liquidação é o grau de indeterminação da obrigação por quantia. Além disso, temos que a súmula 344 do STJ indicou que não há propriamente uma coisa julgada sobre a espécie de liquidação. Isto quer dizer que, caso na sentença genérica o juiz defina uma espécie de liquidação, mas posteriormente verifique que o grau de indeterminação é maior ou menor, não há problema em modificá-la para outra espécie. Súmula 344 STJ: “A liquidação por forma diversa da estabelecida na sentença não ofende a coisa julgada”. a) Arbitramento (CPC, art. 510) A liquidação por arbitramento tem o menor grau de indeterminação da obrigação por quantia. Apesar de o valor ser ilíquido, é possível alcançá-lo periciando-se elementos já existentes no processo, não se exigindo prova de fato novo. Em outras palavras, na fase de conhecimento já foi fixado o objeto da valoração. Exemplo: em virtude de um incêndio, o réu deverá pagar o valor da casa incendiada, assim, o objeto (casa) já está determinado, o que tem que ser feito é uma perícia para determinar o valor desta casa. Exemplo: a sentença manda o réu pagar, em razão do óbito, o valor de 15 vacas do autor. (Imagine que o poste e fios da rede elétrica caiam no pasto e eletrocutam essas vacas, logo, em razão do CDC entende-se que a responsabilidade é da concessionária de energia elétrica). Art. 510: “Na liquidação por arbitramento, o juiz intimará as partes para a apresentação de pareceres ou documentos elucidativos, no prazo que fixar, e, caso não possa decidir de plano, nomeará perito, observando-se, no que couber, o procedimento da prova pericial”. Assim, se os elementos que precisam ser valorados já estão no processo, então será liquidação por arbitramento. b) Procedimento comum (CPC, art. 511) A liquidação por procedimento comum é aquela em que o grau de indeterminação da obrigação é mais profundo, pois é necessário provar fatos novos na fase de liquidação, que sequer foram debatidos na fase de conhecimento. Portanto, não há definição, como no arbitramento, daquilo que deve ser periciado ou valorado. Nesse tipo de liquidação há a necessidade de se provar a ocorrência do dano. Exemplo: Sentença Penal Condenatória. O juízo criminal condena por homicídio, por lesão corporal, por exemplo. Após o trânsito em julgado, a vítima ou seus parentes (herdeiros, sucessores) pegam aquela decisão e vão ao juízo cível liquidar. Aqui os interessados terão que provar os danos, isto é, demonstrar o salário que a vítima que morreu tinha (para determinar o valor da pensão), por exemplo. Perceba que esses fatos não são analisados na sentença criminal, portanto, precisam ser analisados e demonstrados perante o juízo cível. Art. 511: “Na liquidação pelo procedimento comum, o juiz determinará a intimação do requerido, na pessoa de seu advogado ou da sociedade de advogados a que estiver vinculado, para, querendo, apresentar contestação no prazo de 15 (quinze) dias, observando-se, a seguir, no que couber, o disposto no Livro I da Parte Especial deste Código”. IMPORTANTE: O artigo 511 estabelece a intimação do requerido, já que nãoestamos em um novo processo. Contudo, se estivermos diante dos casos previstos no artigo 515 (VI a IX), haverá citação, pois nesses casos estaremos iniciando um NOVO PROCESSO. c) Liquidação da pretensão individual (coletivo) (CDC, arts. 103, parágrafo único e 95 e 97) A liquidação da pretensão individual é exclusiva do processo coletivo. Diferente das outras duas espécies em que se busca a apuração do valor, na liquidação da pretensão individual é necessário, além do “quantum”, o nexo de causalidade. Art. 95. Em caso de procedência do pedido, a condenação será genérica, fixando a responsabilidade do réu pelos danos causados. Exemplo: A sentença genérica fixa que será devido pela empresa poluidora a reparação dos prejuízos causados aos pescadores daquela comunidade. A partir dessa decisão, cada pescador tem que fazer suas liquidações individuais. - Cada pescador precisará provar a sua condição como tal e demonstrar como e quanto foi afetado pela poluição causada pela empresa condenada. (Aqui o pescador precisa mostrar o nexo de causalidade) - A sentença genérica não estabelece quem são os prejudicados, por isso precisa primeiro demonstrar a condição de prejudicado e o nexo de causalidade com o evento poluidor. Art. 97. A liquidação e a execução de sentença poderão ser promovidas pela vítima e seus sucessores, assim como pelos legitimados de que trata o art. 82. Art. 103. Nas ações coletivas de que trata este código, a sentença fará coisa julgada: ATENÇÃO: Há autores que entendem que essa hipótese não seria propriamente liquidação, mas habilitação ou liquidação imprópria. Natureza da decisão, sucumbência e recurso Regra geral, a decisão que julga a liquidação de sentença é uma decisão interlocutória, pois ela não encaixa seu conceito no artigo 203, § 1º do Código de Processo Civil - não será uma decisão interlocutória caso ocorra a extinção do processo. Embora seja uma decisão interlocutória, a doutrina discute qual seria sua natureza jurídica. Duas posições sobre o tema: ● 1ª posição (minoritária): constitutiva, criando um direito para o credor (o direito de cobrar aquele valor). ○ Teria o condão da constituição de uma nova situação jurídica. ● 2ª posição (majoritária): declaratória, pois o direito já está constituído na condenação, ainda que sem valor. ○ A decisão interlocutória que define o valor tem apenas o caráter de complementaridade à sentença. Simplesmente declarando o valor devido. Com isso, o recurso cabível, em regra, é o agravo de instrumento. Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que versarem sobre: Parágrafo único. Também caberá agravo de instrumento contra decisões interlocutórias proferidas na fase de liquidação de sentença ou de cumprimento de sentença, no processo de execução e no processo de inventário. Por fim, quanto à sucumbência, o entendimento dominante é no sentido de que só há honorários: ● Na liquidação por procedimento comum. ● Se houver resistência ao pedido formulado. Liquidação (procedimento comum) zerada (STJ – REsp. n. 1.280.949/SP) A discussão sobre a liquidação zerada é circunscrita à liquidação por procedimento comum. (exclusivamente cabível na liquidação por procedimento comum). Já tendo sido fixado o “an debeatur” na fase de conhecimento, a liquidação zerada ocorre, quando da apuração do “quantum debeatur”, chega-se à conclusão que o resultado é zero. Essa situação é admitida tanto pela doutrina como pela jurisprudência. Questão: Se eventualmente a liquidação é zerada, teremos coisa julgada ou não? Caso não tenha, a parte poderá requerer nova liquidação posteriormente? O STJ no julgamento do REsp n. 1.280.949/SP entendeu que, nos casos em que a liquidação é zerada, o juiz deve extinguir sem mérito a liquidação, não fazendo coisa julgada. Assim, caso posteriormente a parte comprove os danos por ela sofrido, ela poderá ingressar novamente com a liquidação. ATENÇÃO: A decisão da liquidação, via de regra faz coisa julgada, contudo, em razão do REsp indicado, a liquidação zerada excepcionalmente não produz coisa julgada. Liquidação provisória O artigo 512 do Código de Processo Civil admite que, na pendência de recurso que discute o “an debeatur”, o credor da obrigação ilíquida já inicie em primeiro grau a fase de liquidação de sentença. Art. 512. A liquidação poderá ser realizada na pendência de recurso, processando-se em autos apartados no juízo de origem, cumprindo ao liquidante instruir o pedido com cópias das peças processuais pertinentes. Na liquidação provisória, caso ela chegue ao final antes do julgamento do recurso, teremos a definição do quanto é devido, mas na pendência do estabelecimento da responsabilidade pelo que é devido. O art. 512 mostra-se como um dispositivo importante, já que permite que as partes ganhem tempo enquanto discute-se a responsabilidade do “an debeatur”.
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