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Semana 2. Material de apoio.

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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
CURSO DE DIREITO
SOCIOLOGIA JURÍDICA E JUDICIÁRIA
	
Semana 2
FUNÇÃO SOCIAL DO DIREITO
1 Formas de interação Social
Atividade de cooperação
Atividade de concorrência ou competição
Função preventiva do direito (função principal)
prevenir conflitos – normas de conduta
prevenção geral e específica
Função compositiva (o conflito)
3.1 formas de composição
voluntária (autocomposição)
autoritária
jurídica
meios alternativos de composição de conflitos
mediação/conciliação/arbitragem
1 Função Social do Direito 
Direito, do ponto de vista sociológico, é um fato social, cuja origem encontra-se na própria sociedade, nas inter-relações sociais. Logo, trata-se de uma ciência essencialmente social, peculiaridade esta da sociedade humana.
A sociologia jurídica estuda o fato social na sua estrutura e funcionalidade objetivando saber como os grupos humanos se organizam, se relacionam e se desenvolvem, em razão dos inúmeros fatores que atuam sobre as formas de convivências. Não traça normas: apenas investiga sobre esses fatores, porém no sentido de causar e/ou efeitos que possam provocar no campo jurídico e, em especial, sobre a efetividade ou eficácia da norma jurídica como fato social.
Hoje, a preocupação precípua da Sociologia Jurídica é determinar condições objetivas que favoreçam ou impeçam a disciplina dos comportamentos em face do direito, ou seja, saber até que ponto as normas jurídicas se tornam realmente válidas, saber se na prática elas correspondem aos objetivos dos legisladores e dos seus destinatários.
Fala-se freqüentemente sobre o instinto gregário do homem, sobre sua necessidade de vier em companhia dos semelhantes. O indivíduo é introduzido pelo processo de socialização no grupo, consistente em adaptá-lo ao seu grupo, e nessa introdução está sujeito às normas do grupo como membro que é. Até mesmo a sua linguagem está ligada ao seu meio cultural, refletindo e limitando o comportamento respectivo. Viver em grupo significa submeter-se à maneira de viver em grupo.
É na socialização que a cultura é apreendida e é ainda na socialização que se aprendem os papéis que temos em sociedade. Para nossa perspectiva sociojurídica, a interiorização de papéis sociais é de suma importância porque na aquisição do papel social está todo um complexo de normas. Cada papel social implica o desempenho de uma série de obrigações e essas obrigações implicam claramente o controle social.
O direito é o modo mais formal do controle social formal. Sua função é a de socializador em última instância, pois, sua presença e sua atuação só se fazem necessária quando já as anteriores barreiras que a sociedade ergue contra a conduta anti-social foram ultrapassadas, quando a conduta social já se apartou da tradição cultural, aprendida pela educação para, superando as condições de mera descortesia, simples imoralidade ou mesmo pecado, alcançar o nível mais grave do ilícito ou, tanto pior, do crime.
Salvo se uma sociedade está em franca dissolução ou crise, concordam entre si os vários caminhos da socialização, e, se assim é, o indivíduo que adapta sua conduta aos princípios da tradição cultural herdados da convivência ou às normas do trato ou às normas morais e religiosas, em rigor não precisa conhecer o código penal, porquanto o que neste se exige é um mínimo daquilo que os sistemas normativos acima referidos impõem. Apenas, como o modo de impor as normas de trato e as normas morais é mais brando, é que existe o código penal: para punir de maneira inexorável a transgressão ao mínimo de normas éticas e imposições sociais proibitivas, aquelas de que, sob hipótese alguma pode a sociedade abrir mão.
Assim, como instrumento de socialização em última instância, o direito cumpre um papel conservador do status quo, também, servindo a legitimar o poder político e a favorecer o seu domínio sobre a opinião pública.
O direito invade e domina a vida social das mais simples às mais complexas manifestações, quer se trate de relações entre indivíduos, que entre o indivíduo e o grupo social, como a família e o Estado, quer se trate ainda de relações entre os próprios grupos.
Contudo, para bem compreendermos a função social do direito, faz-se necessário analisarmos as atividades que o indivíduo desenvolve na sociedade as suas características e o que podem gerar.
As atividades humanas segundo ensina o ilustre jurista San Tiago Dantas, podem ser reduzidas a dois tipos: atividades de cooperação e atividades de concorrência.
Atividade de Cooperação e Concorrência
As atividades de cooperação caracterizam-se pela convergência de interesses. Vale dizer, um indivíduo desenvolve uma atividade qualquer de que o outro diretamente se aproveita, e à medida que se empenha na realização dos seus interesses coopera na realização dos interesses dos outros. É o que se verifica, por exemplo: em uma compra e venda, o vendedor tem a mercadoria para vender e o comprador tem interesse em adquiri-la. Os interesses dos dois convergem para um ponto comum, cooperando assim cada qual na realização do mesmo interesse do outro. O mesmo acontece no contrato de locação, em que há reciprocidade de interesses entre as partes ( locador e locatário), assim na medida em que cada qual desenvolve sua atividade coopera na realização do interesse do outro. �
Nas atividades de concorrência há paralelismo de interesses. Nelas, dois indivíduos, conquanto tenham objetivos idênticos, desenvolvem atividades paralelas, que os colocam, um em relação ao outro, em posição de competidor ou concorrentes. Podemos exemplificar a atividade de concorrência apontando dois comerciantes atuando no mesmo ramo de atividade comercial, segundo explana o autor supra.
Na atividade de cooperação, surge o conflito de interesse. Por exemplo: quando o comprador, após pagar o preço e receber a mercadoria verifica que há algum defeito que impede ou prejudica seu uso, procura o vendedor para solucionar o problema e ele se recusa a atendê-lo. Nesse momento, rompe-se o equilíbrio que deveria haver na atividade de cooperação e surge o conflito.
Na atividade de concorrência, conflitos também podem surgir, quando as partes, por exemplo: vão além daquilo que lhes é lícito fazer no campo do seu próprio interesse.
Assim, todos os conflitos que podem surgir na vida social são redutíveis a um desses tipos de conflitos de cooperação, que ocorrem na atividade de cooperação, e conflitos de concorrências, que se verificam na atividade de concorrência. O que determina a natureza do conflito é a natureza da atividade.
Prevenção e Composição de Conflitos
A primeira e principal função social do direito é a de prevenir conflitos, posto que o conflito afeta o equilíbrio e a paz social.
O direito previne conflitos valendo-se de um conveniente disciplinamento social, estabelecendo regras de conduta na sociedade, estabelecendo direitos e deveres. O direito é uma ciência social e como tal suas normas são regras de conduta destinadas a disciplinar o comportamento do indivíduo na sociedade, visando atender uma necessidade social.
Quanto maior o relacionamento, quanto mais complexas as relações sociais, maior será a possibilidade de conflito, e, portanto, maior também a necessidade de disciplina e organização.
A observância das normas previne muitas ocorrências, mas o conflito, por vezes é inevitável, tendo em vista que não obstante o esforço socializador da sociedade, nem todos os indivíduos se socializam inteira ou suficientemente e, não raro, não se submetem à disciplina imposta pelo direito.
Uma vez instaurado o conflito, é necessário solucioná-lo. E aí está a Segunda grande função social do direito: compor conflitos. A maneira de solucionar conflitos é colocá-los na balança e determinar qual o que deve prevalecer e qual deve ser reprimido. Esse é o sentido de toda composição. 
Critério de Composição
Critério da Composição Voluntária – é aquele que se estabelece pelo mútuo acordo das partes. Surgindo o conflito, as partes discutem entre si eo resolvem da melhor maneira possível, via de regra observando os seus deveres e obrigações estabelecidas pelas normas de direito.
-Meios alternativos de composição de conflitos: mediação, conciliação e arbitragem.
Critério Autoritário – por esse critério, cabe ao chefe do grupo o poder de compor os conflitos de interesses que ocorrem ente os indivíduos que se encontram sob sua autoridade. Tal critério foi muito usado nas sociedades antigas, nas modernas é ainda utilizado no meio familiar.
Critério da Composição Jurídica - é sempre realizada mediante um critério previamente elaborado e enunciado, sendo aplicável a todos os casos que ocorrem a partir de então.
Tem como características: a anterioridade, a publicidade e a universalidade.
No que diz respeito à anterioridade, traço fundamental desse tipo de composição significa dizer que o critério aplicado preexiste ao conflito. Vale dizer, deve Ter sido elaborado antes para poder ser aplicado ao conflito que ocorrer depois.
Em relação à publicidade significa que o critério de composição jurídica além da anterioridade exige também que tenha sido anunciado, revelado, declarado pela autoridade que o elaborou antes de sua aplicação.
Por universalidade entende-se que o critério jurídico nunca pode ser destinado apenas para um determinado caso concreto, mas sim para todos os casos que se apresentarem com o mesmo tipo.
Portanto, a composição jurídica tem que ser realizada mediante um critério anteriormente estabelecido e perfeitamente enunciado para conhecimento de todos, que atenda à universalidade dos casos que se apresentarem dentro do mesmo tipo.
Sendo assim, as duas funções que o direito realiza na sociedade é a de prevenir conflitos que podem ocorrer tanto nas atividades de cooperação como nas atividades de concorrência. Isto ele faz através do adequado disciplinamento das relações sociais. A Segunda é a de compor conflitos, que acabam por ocorrer não obstante toda prevenção exercida pelo direito, e isto ela faz através do critério jurídico.
Bibliografia:
- CAVALIERI FILHO, Sérgio. Programa de Sociologia Jurídica: . Rio de Janeiro: Forense, 2005.
Obs.: O material de apoio não esgota a matéria.
� - CAVALIERI FILHO, Sérgio. Programa de Sociologia Jurídica: . Rio de Janeiro: Forense, 2004.
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