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Semana 5. Material de apoio.

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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
CURSO DE DIREITO
SOCIOLOGIA JURÍDICA E JUDICIÁRIA
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SEMANA 5 - PAPEL SOCIAL E POLÍTICO DO PODER JUDICIÁRIO. SISTEMA DE ESCOLHA DOS MAGISTRADOS E GARANTIAS CONSTITUCIONAIS DOS MAGISTRADOS 
FONTES DE PESQUISA SUGERIDAS. Para a resolução dos casos desta aula, faça, inicialmente, a leitura dos capítulos 11, 12 e 13 do livro de CAVALIERI FILHO, Sérgio. Programa de sociologia jurídica. Rio de Janeiro: Forense, 2004 e da Lição 10 do livro de SABADELL, Ana Lúcia. Manual de sociologia jurídica: introdução a uma leitura externa do Direito. São Paulo: RT, 2003. REFERÊNCIAS COMPLEMENTARES: SANTOS, Boaventura de Souza. Para uma revolução democrática da justiça. São Paulo: Cortez, 2007. Visite os sites do STF, STJ, TJs, OAB, AMB (Associação dos magistrados brasileiros), ANAMATRA, Ministério Público e Defensoria Pública.
ANTOTAÇÕES DE AULA
O PODER JUDICIÁRIO
O Poder Judiciário brasileiro tem hoje uma função primordial: a de implementar materialmente o Estado Democrático de Direito delineado no art. 1º da Constituição da República Federativa do Brasil de 5 de outubro de 1988. Essa implementação material do Estado Democrático de Direito brasileiro pela via jurisdicional é fundamental e ocorrerá se o Poder Judiciário, consciente e lúcido de seu dever, desenvolver atividade interpretativa: de um lado, de proteção dos direitos e garantias constitucionais já consagrados formalmente; de outro, de efetivação, no plano material, desses direitos e garantias constitucionais, sejam eles de natureza individual, sejam eles de natureza coletiva.
Um dos comandos constitucionais que conferem essa tarefa fundamental ao Poder Judiciário brasileiro está consagrado, com dignidade constitucional de cláusula petrificada, no capítulo dos direitos e garantias constitucionais fundamentais, mais precisamente no artigo 5º, inciso XXXV, que estabelece: “a lei não excluirá da apreciação do poder judiciário lesão ou ameaça a direito”. Em artigo substancioso sobre o direito constitucional à jurisdição.
Estabelece a CF, em art. 1º, que “A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito (...)” e, em seu art. 2º, também consagra que “São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário”. O texto constitucional, portanto, é cristalino ao estabelecer que o Poder Judiciário, como um dos poderes independentes da União, é parte integrante e fundamental do Estado Democrático de Direito brasileiro. Ora, se o Poder Judiciário é parte integrante do Estado Democrático de Direito, a ele é inerente o compromisso com a transformação positiva da realidade social, no sentido da igualdade substancial. Não há como estender esse compromisso somente aos Poderes Executivo e Legislativo.
Com efeito, em suas atividades interpretativas, o Poder Judiciário está vinculado aos fundamentos do Estado Democrático de Direito arrolados no art. 1º da CF (I — a soberania; II — a cidadania; III — a dignidade da pessoa humana; IV — os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; V — o pluralismo político). E mais: está o Poder Judiciário também atrelado ao objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil estipulados no art. 3º da Carta Magna (I — construir uma sociedade livre, justa e solidária; II — garantir o desenvolvimento nacional; II — erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; IV — promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação).
A ênfase aos dispositivos constitucionais mencionados não decorre da pretensão simplesmente de apontar o óbvio, nem tampouco pretende que o Poder Judiciário saia de sua postura constitucional de espera e passe a agir ilegitimamente de ofício, antes de ser provocado. O que se pretende é justamente demonstrar que o Poder Judiciário tem a legitimidade e o compromisso constitucional com a transformação positiva da realidade social, por ser Poder Fundamental do Estado Democrático de Direito brasileiro. Assim, sempre que o Poder Judiciário for provocado, deverá extrair suas interpretações dos fundamentos e dos objetivos do Estado Democrático brasileiro, os quais estão arrolados expressamente nos arts. 1º e 3º, respectivamente, da CF.
O SISTEMA DE ESCOLHA DOS MAGISTRADOS E GARANTIAS CONSTITUCIONAIS DOS MAGISTRADOS
O ingresso na magistratura de primeira instância, por força de dispositivos constitucionais, no Brasil, faz-se através de concurso pública de provas e títulos, o que revela termos adotados o melhor sistema seletivo. A escolha dos magistrados integrantes dos tribunais superiores, MINISTROS DOS SUPRERMO TRIBUNAL FEDERAL, SUPERIOR TRIBUNAL MILITAR, TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO e do SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA, são nomeados pelo Presidente da República, depois de aprovada a escolha pelo Senado Federal.
Temos assim, um sistema misto, integrado por concurso público de provas e títulos para a seleção de primeira instância, e por nomeação pelo Chefe do Executivo para os ministros dos tribunais superiores.
Nos tribunais de Justiça dos Estados, um quinto dos membros são também escolhidos por nomeação do Chefe do Executivo Estadual, mediante lista tríplice organizada pelo respectivo Tribunal de Justiça; metade das vagas decorrentes do quinto é para candidatos oriundos da OAB e a outra metade para membros do MP, cujos órgãos superiores encaminham ao Tribunal de Justiça uma lista sêxtupla para a elaboração da lista tríplice.
Exemplo, abaixo, o Edital da OAB/RJ
Ordem divulga edital para preenchimento de vaga do Quinto Constitucional no TJ-RJ
Da Tribuna do Advogado
11/02/2008 - A OAB/RJ acaba de abrir inscrições para o processo de composição da lista sêxtupla visando ao preenchimento da vaga do Quinto Constitucional no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, decorrente da criação da Lei Estadual n° 5.165, de 17.12.2007. 
O prazo para inscrição é de 20 dias, contados do décimo quinto dia após a publicação do edital, realizada nesta segunda, dia 11, no Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro.
 
Confira o edital na íntegra:
ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL
Seção do Estado do Rio de Janeiro
Secretaria do Gabinete
Edital
ABERTURA DE INSCRIÇÕES PARA O PREENCHIMENTO DE VAGA DO QUINTO CONSTITUCIONAL NO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO.
O PRESIDENTE DA ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL, SEÇÃO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, no uso de suas atribuições legais, nos termos do Provimento 102/2004, do Conselho Federal, e considerando o ofício PRES n° 2, datado de 03.01.2008, do Desembargador Presidente do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, informa aos advogados interessados que está instaurado o processo destinado à composição da lista sêxtupla destinada a preencher a vaga do quinto constitucional, naquele Tribunal, decorrente da criação da Lei Estadual n° 5.165, de 17.12.2007. O prazo para inscrição é de 20 (vinte) dias, contados do décimo quinto dia após a data da publicação do presente edital. O Provimento 102/2004 foi publicado no D.J.U. de 08.04.2004, Seção I, pág. 15, estando disponível também na página do Conselho Federal na internet, http://www.oab.org.br e na sede da Seccional do Rio de Janeiro, na Av. Marechal Câmara n° 150, 5° andar.
Por ordem do Presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Seção do Estado do Rio de Janeiro, foi composta a Coordenação da Comissão de Seleção do Processo de Inscrição da Lista Sêxtupla para o preenchimento de vaga do Quinto Constitucional do Tribunal do Estado do Rio de Janeiro, composta pelo Tesoureiro, Cons. SERGIO EDUARDO FISHER (Coordenador), pelo Cons. MARCOS LUIZ OLIVEIRA DE SOUZA, e, ainda, pelo Cons. CARLOS FERNANDO DE SIQUEIRA CASTRO (Portaria n° 6.515/2008).
A Comissão de Argüição da Lista Sêxtupla para o preenchimento da referida vaga, será integrada pelos Conselheiros RONALDO EDUARDOCRAMER VEIGA, CARLOS ROBERTO FERREIRA BARBOSA MOREIRA, MARCIA CRISTINA DOS SANTOS BRAZ, CLAUDIO FIGUEIREDO COSTA e NICOLA MANNA PIRAINO (Portaria 6.516/2008).
Rio de Janeiro, 15 de janeiro de 2008.
WADIH DAMOUS
PRESIDENTE
AS GARANTIAS CONTITUCIONAIS DOS MAGISTRADOS
Constituição Federal de 1988
Art. 95. Os juízes gozam das seguintes garantias:
- vitaliciedade, que, no primeiro grau, só será adquirida após dois anos de exercício, dependendo a perda do cargo, nesse período, de deliberação do tribunal a que o juiz estiver vinculado, e, nos demais casos, de sentença judicial transitada em julgado;
 - inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público, na forma do art. 93, VIII;
 - irredutibilidade de subsídio, ressalvado o disposto nos arts. 37, X e XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
Parágrafo único. Aos juízes é vedado:
 - exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou função, salvo uma de magistério;
 - receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou participação em processo;
 - dedicar-se à atividade político-partidária.
- receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de pessoas físicas, entidades públicas ou privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
 - exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou, antes de decorridos três anos do afastamento do cargo por aposentadoria ou exoneração. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
A Vitaliciedade: O juiz, em princípio, não pode perder o cargo a não ser por decisão judicial. Isto quer dizer que em hipótese alguma o chefe do Executivo Federal, ou Estadual, pode demitir um magistrado, muito embora possa fazer isso em relação a qualquer funcionário público, ainda que estável, desde que, neste último caso, a demissão seja precedida de inquérito administrativo para apurar falta grave. Tratando-se de juiz, somente o Tribunal a que o mesmo estiver vinculado, ainda assim por decisão de dois terços de seus membros efetivos( artigo 22, § 1º da Lei Complementar 35, com nova redação dada pela Lei Complementar nº 37, de 13.11.1979)poderá decretar a perda do cargo. A razão da vitaliciedade é dar ao magistrado a segurança e tranqüilidade necessária para que possa julgar sem sofrer qualquer pressão quanto ao seu cargo. Seguro está o juiz de que, por julgar com imparcialidade e honestidade, seja a sua decisão contra quem for, jamais virá a perder o cargo. Ninguém poderá ameaçá-lo por ser correto e fiel no exercício da sua função. (Sérgio Cavalieri Filho)
A Inamovibilidade: O Juiz não pode ser removido compulsoriamente de sua sede de atividade, salvo por motivo de interesse público e pelo voto de dois terços dos membros do seu Tribunal. Significa dizer que o magistrado, diferentemente de qualquer outro funcionário público, não pode ser transferido do lugar onde exerce as suas funções. Nem mesmo é obrigado a aceitar uma promoção que implique em sua transferência. A remoção do juiz, salvo na hipótese de interesse público, só pode ocorrer com o seu assentimento expressamente manifestado. (Sergio Cavalieri Filho)
A Irredutibilidade de Vencimentos: os vencimentos dos magistrados não podem ser reduzidos, muito embora estejam sujeitos aos impostos gerais e extraordinários. A partir da Constituição de 1988 os vencimentos do funcionalismo em geral passaram também a ser irredutíveis. Com relação aos magistrados, a irredutibilidade tem por objetivo não sujeitá-los a qualquer tipo de pressão econômica, uma das formas mais eficazes de tirar a segurança e independência de quem quer que seja. (Sérgio Cavalieri Filho)
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