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Problema 1 UC 14 | Isador� Silvestr� .abdom� agud� inflamatóri� . Definição: Dor abdominal súbita e inesperada, intensidade variável e uma condição não traumática → originado de um processo inflamatório e/ou infeccioso localizado na cavidade abdominal **Em algumas situações, o quadro apresenta-se com peritonite, sendo mandatório o manejo cirúrgico nesses caso EPIDEMIOLOGIA 1. Apendicite Aguda ● Causa mais comum ● Pode cursar com peritonite secundária ● Seu pico de incidência ocorre em pacientes entre 10 e 20 anos de idade, sendo mais incidente no sexo masculino 2. Colecistite Aguda ● Acomete mais no sexo feminino ● Adultos, jovens e idosos ● Sendo comumente manifestação inicial da colelitíase 3. Pancreatite Aguda ● Em 80% dos casos, correlaciona-se com colelitíase e uso de álcool 4. Diverticulite Aguda ● Comumente encontrada em 4% dos indivíduos portadores de doença diverticular dos cólons, sendo mais comum naqueles maiores de 50 anos ● 85% dos casos trata-se de quadros não complicados por abscesso, obstrução intestinal etc FISIOPATOLOGIA Origem: Somática ou visceral, referida ou irradiada, ou originada a partir de mediadores inflamatórios que estimulam as terminações nervosas resultando em dor localizada Como é a fisiopatologia? ● Quando o processo inflamatório e/ou infeccioso atinge o peritônio visceral, ocorre paralisia da musculatura lisa envolvida, gerando Íleo paralítico →Inervação pelas fibras autonômicas → Distensão e contração viscerais → Dor difusa e mal localizada Problema 1 UC 14 | Isador� Silvestr� ● Quando a inflamação se estende ao peritônio parietal ocorre contratura muscular abdominal localizada ou difusa → Inervação ocorre pelas fibras somáticas cerebroespinhais → Dor localizada, contínua e intensa Ao se instalar o processo de peritonite, a deterioração clínica do indivíduo pode ocorrer rapidamente e constitui-se um sinal de gravidade e mau prognóstico A cavidade peritoneal é revestida pelo peritônio, uma membrana serosa derivada do mesênquima que possui uma extensa rede capilar sanguínea e linfática, com função protetora por meio da exsudação, absorção e formação de aderências. Topograficamente, a membrana peritoneal divide-se em visceral e parietal. O peritônio visceral é inervado pelo sistema nervoso autônomo e o peritônio parietal, pelo sistema nervoso cerebral, o mesmo da musculatura da parede abdominal. Todo agente inflamatório ou infeccioso, ao atingir o peritônio, acarreta irritação do mesmo, cuja intensidade é diretamente proporcional ao estádio do processo etiológico. De fato, podemos concluir que a dor abdominal secundária à irritação do peritônio visceral (autônoma) é mal localizada e origina-se pela distensão e contração das vísceras, enquanto a dor que segue a irritação do peritônio parietal (cerebrospinal) é contínua, progressiva, piorando com a movimentação e sendo também mais localizada Peritonite Classificação ● Fases iniciais → Transudativa e exsudativa: horas de evolução ➔ Pouca atividade inflamatória ➔ Aumento da efusão peritoneal ➔ Quimiotaxia de células inflamatórias ● Fases tardias → Fibrinopurulenta e presença de abscesso: dias de evolução ➔ Exuberante resposta inflamatória com formação de fibrina, aderências, pus, e, por fim, fibrose CLÍNICA Dor abdominal ● Processo recente: apendicite aguda ● Processo crônico agudizado: colecistite aguda por litíase biliar ou diverticulite por doença diverticular do cólon Características ● Dor progressiva → apendicite, colecistite aguda, pancreatite aguda e diverticulite ● Quando a dor evolui com piora progressiva uma conduta cirúrgica é necessária na maioria das vezes ● A dor exacerbada com a movimentação é comumente vista no AAI, e habitualmente indica peritonite ● Náuseas e vômitos podem ocorrer na evolução do AAI, podendo ser resultado do quadro álgico intenso ou até mesmo de estase intestinal secundária à irritação do peritônio visceral ● A febre é um sintoma comumente observado, podendo surgir já nas fases iniciais do processo, com temperaturas mais brandas, piorando com a evolução do quadro, sobretudo quando há processo supurativo instalado ● Obstipação comumente ocorre no AAI secundária à paralisia das alças intestinais ● Diarreia pode estar presente, sobretudo em casos de abscessos pélvicos Problema 1 UC 14 | Isador� Silvestr� ● Disúria pode ocorrer nos casos de apendicite Apendicite Aguda ● Dor referida, em cólica, mal localizada em região periumbilical - Cerca de 12h após o começo dos sintomas, a dor migra em cerca de 50-60% dos pacientes, se localizando em fossa ilíaca direita, no ponto de McBurney ● Anorexia → Sintoma precocemente encontrado; ● Náuseas e vômitos; ● Febre baixa a moderada (38 °C) → Pode estar ausente nas fases iniciais; ● Pode haver sinais de irritação peritoneal, com contratura da musculatura abdominal e/ou defesa voluntária à palpação, além de dor à descompressão brusca (sinal de Blumberg); ● Habitualmente encontra-se o indivíduo em posição antálgica e com um bom estado geral ● Alguns pacientes apresentam sintomas inespecíficos como: indigestão, flatulências, alteração do hábito intestinal, diarreia, mal estar generalizado Colecistite Aguda ● Dor em cólica, sobretudo após ingestão de alimentos que estimulam a secreção de colecistocinina, ocasionando a contração da vesícula biliar; ● Inicialmente a dor manifesta-se em hipocôndrio direito, irradiando posteriormente para epigástrio e dorso. → Pode assumir caráter contínuo na evolução do quadro; ● Náuseas e vômitos frequentemente são observados; ● O estado geral costuma estar preservado, podendo apresentar comprometimento na dependência da intensidade do processo inflamatório; ● Febre superior a 38°C pode estar presente; ● Posição antálgica; ● Hipersensibilidade em hipocôndrio direito com presença do sinal de Murphy – interrupção brusca da inspiração profunda à palpação nessa topografia → Sinais semiológico de grande importância; ● Pode-se palpar a vesícula em 25% dos pacientes, habitualmente dolorosa; ● Irritação peritoneal pode estar presente ● Pode haver icterícia quando há impactação de cálculo no infundíbulo ocasionando edema, obstrução do ducto hepático comum (Síndrome de Mirizzi) e, consequentemente, colestase Pancreatite Aguda ● Dor intensa em região epigástrica com irradiação para dorso (“em faixa”); ● Náuseas e vômitos; ● Íleo paralítico com parada de eliminação de fezes e flatos e redução dos ruídos hidroaéreos; ● Abdome doloroso difusamente à palpação profunda, sobretudo em abdome superior ● Vômitos precoces e volumosos ● 80 a 90% dos casos tratam-se de casos leves com a presença de um estado geral regular e posição antálgica, sinais de desidratação e hipovolemia; ● Nos casos de pancreatite grave (10 a 20%) pode-se encontrar um indivíduo com comprometimento do estado geral, taquicárdico, taquidispneico, hipotenso e com abdome distendido apresentando sinais de peritonite; ● Em casos severos hematomas periumbilical (sinal de Cullen) e/ou em flancos (Grey Turner) podem ser vistos, evidenciando hemorragia retroperitoneal; ● Pode haver icterícia quando associada à litíase biliar Diverticulite Aguda ● Dor abdominal é o sintoma predominante, geralmente localizada em fossa ilíaca esquerda (divertículo do sigmóide) ou região suprapúbica; Problema 1 UC 14 | Isador� Silvestr� ● Habitualmente a dor pode ser em cólica ou contínua, localizada precocemente em fossa ilíaca esquerda (FIE), podendo irradiar para o dorso ipsilateral; ● Anorexia e náuseas podem estar presentes; ● Há alteração do ritmo intestinal culminando com obstipação ou diarreia; ● Disúria e polaciúria podem ser relatadas quando houver acometimento das vias urinárias (bexiga e ureter); ● Febre baixa pode ocorrer, assim como taquicardia discreta; ● Distensão abdominal com redução dos ruídos hidroaéreos; ● Sinais de peritonite como dor à descompressão brusca e à percussão; ● Massas em FIE podem ser palpáveis, habitualmente dolorosas; ● Toque retal costuma ser doloroso DIAGNÓSTICO O diagnóstico do AAI é fundamentalmenteclínico, devendo a anamnese e o exame físico ser realizados de forma minuciosa Anamnese: Início da dor, tempo de evolução, características, fatores agravantes e atenuantes, sintomas associados, medicações usadas, cirurgias prévia Problema 1 UC 14 | Isador� Silvestr� Exame físico completo A avaliação inicial deve conter: ● Hemograma ● Sumário de urina ● Proteína C reativa ● Amilase ● Teste de gravidez (para mulheres em idade fértil) Exame de imagem ● Raio x de abdome em decúbito dorsal e ortostase ● Ultrassonografia de abdome ● Tomografia computadorizada Ainda, quando não houver elucidação diagnóstica após essas etapas, laparoscopia ou laparotomia diagnóstica podem ser necessárias, muitas vezes, sendo também terapêutica Apendicite aguda ● Anamnese e exame físico ● Hemograma: Leucocitose discreta nas fases iniciais (em torno de 16 mil), com predomínio de neutrófilos. Pode haver desvio à esquerda nos quadros mais avançados, além de granulações tóxicas ou leucopenia Ultrassonografia ● Sensibilidade de 75 a 90% ● Em casos de dúvida diagnóstica, sobretudo em mulheres no diagnóstico diferencial com patologias ginecológicas, e em crianças, na possibilidade de tratar-se de adenite mesentérica Tomografia computadorizada de abdome ● Sensibilidade de 90 a 100% e especificidade de 91 a 99% ● Pode ser utilizada quando a dúvida diagnóstica persistir a despeito da USG e em pacientes obesos Problema 1 UC 14 | Isador� Silvestr� **Considerada de escolha na suspeita de apendicite perfurada ou complicada O diagnóstico pode ser difícil em crianças, mulheres e idosos e/ou quando houver posição atípica do apêndice, sobretudo pélvica e retrocecal Colecistite aguda ● Anamnese e exame físico; Ultrassonografia de abdome ● Exame de escolha inicial ● 99% de sensibilidade para visualização de dilatação ductal nos casos de coledocolitíase associada Tomografia de abdome ● Dúvidas diagnósticas após realização da USG ou para investigar acometimento de órgãos adjacentes, como pâncreas e duodeno, caso o quadro sugira ● Possui baixa sensibilidade para colelitíase, sendo mais útil no diagnóstico diferencial com colangiocarcinoma, coledocolitíase e para avaliação de complicações Raio x de abdome ● Em 10 a 20% dos casos pode-se identificar a presença de cálculos radiopacos no hipocôndrio direito ● Podem ser identificada dilatação de alças adjacentes à vesícula devido ao íleo paralítico secundário Problema 1 UC 14 | Isador� Silvestr� Pancreatite aguda O diagnóstico de pancreatite aguda requer pelo menos dois dos três seguintes achados: 1. Dor abdominal consistente com pancreatite aguda 2. Lipase sérica ou níveis de amilase maiores ou iguais a 3 vezes o limite superior de referência 3. Achados de pancreatite aguda na tomografia ou ressonância magnética de abdome A amilase sérica eleva-se precocemente, apresentando normalização dos seus níveis após 48 horas, enquanto que a lipase eleva-se mais tardiamente que a amilase, porém seus níveis permanecem altos por mais tempo. Tomografia computadorizada de abdome contrastada ● Exame de escolha ● Permite boa visualização do pâncreas e de complicações ● Útil para diagnóstico e estratificação da gravidade do quadro ● Estadiamento precoce através da classificação de Balthazar Problema 1 UC 14 | Isador� Silvestr� Ressonância nuclear magnética do abdome contrastada ● Excelente alternativa diagnóstica e de estadiamento; ● Útil em pacientes com contraindicação ao contraste iodado ● Imagens ponderadas em T2 são úteis para avaliar com precisão coleções líquidas, pseudocistos e hemorragias Diverticulite aguda ● Anamnese e exame físico Raio x de abdome ● Pode demonstrar pneumoperitônio e/ou quadros obstrutivos Enema opaco (baritado ou meio iodado hidrossolúvel) ● Identificação de fístulas, abscessos ou extravasamento do meio de contraste e estreitamento colônico persistente, podendo indiciar neoplasia colônica Tomografia computadorizada de abdome ● Exame de escolha, substituindo o enema opaco na maioria das vezes ● Exame com maior acurácia: sensibilidade de 93% e especificidade de 100% ● Confirmação diagnóstica e detecção de complicações ● Contraste venoso e endorretal; Colonoscopia deve ser feita após resolução do quadro de diverticulite aguda para afastar neoplasias colorretais, sendo contraindicada nos casos de diverticulite perfurada TRATAMENTO O tratamento do AAI baseia-se em tratamento de suporte e específico: 1. Analgesia 2. Reposição volêmica 3. Correção de distúrbios eletrolíticos 4. Tratamento do íleo adinâmico → jejum, sonda nasogástrica nos casos de distensão gástrica e intestino delgado considerável ou vômitos incoercíveis 5. Antibioticoterapia ou antibioticoprofilaxia Problema 1 UC 14 | Isador� Silvestr� 6. Tratamento de falência orgânica se houver → internamento em UTI (mais comumente observado na pancreatite aguda grave) Apendicite aguda ● A apendicectomia é o tratamento padrão da apendicite complicada e não complicada; ● Para a apendicite não complicada → apendicectomia dentro de 12 horas após o diagnóstico ● Antibioticoprofilaxia 1 hora antes da cirurgia para aqueles que serão abordados imediatamente e antibioticoterapia venosa para os que esperaram por tempo maior a cirurgia ● Pacientes instáveis com apendicite perfurada devem ser submetidos à cirurgia imediatamente; para os estáveis, antibioticoterapia inicial e drenagem percutânea de coleções localizadas com apendicectomia 6 a 8 semanas após pode ser uma alternativa; ● Pode ser por vídeo laparoscopia ou laparotomia; Estudos recentes analisaram o manejo com antibioticoterapia isolada em indivíduos com apendicite aguda não complicada, sugerindo que essa pode ser uma estratégia viável na possibilidade de seguimento dos pacientes, entretanto não existem evidências suficientes que indiquem seu uso rotineiro, uma vez que muitos desses pacientes necessitarão de abordagem cirúrgica na evolução do quadro Colecistite aguda ● Antibioticoterapia empírica: cefazolina, cefuroxima ou ceftriaxona nos casos leves a moderado → nos casos mais graves podem ser usados carbapenêmicos, beta lactâmicos com inibidores de betalactamase, fluoroquinolonas com metronidazol ● Colecistectomia de emergência em pacientes com instabilidade hemodinâmica ou dor intratável e para aqueles com complicações; ● Para os indivíduos estáveis, a colecistectomia deve ser realizada no mesmo internamento, dentro de três dias após o início dos sintomas – pacientes ASA I ou II. ● Pacientes ASA III, IV ou V, sem indicação de colecistectomia de emergência, pode ser feito tratamento não cirúrgico inicialmente → antibioticoterapia e drenagem da vesícula biliar. Caso não respondam, tratamento cirúrgico deve ser instituído. Prefere-se cirurgia laparoscópica à laparotomia Pancreatite aguda ● Ressuscitação volêmica agressiva nas primeiras 24 horas ● Nutrição enteral após o quinto dia caso não tolere dieta oral ● Antibioticoterapia em caso de infecção documentada a partir da segunda semana de suporte clínico ● Estão indicadas terapias minimamente invasivas nos casos de complicações a partir da quarta semana, como a ultrassonografia endoscópica em vigência de pseudocisto pancreático ● CPRE nos casos de pancreatite secundária a colelitíase com evidência de colangite sobreposta Diverticulite aguda Tratamento hospitalar da diverticulite não complicada: ● Antibioticoterapia venosa contra gram-negativos e anaeróbios; ● Analgesia; ● Reposição volêmica; ● Dieta zero para repouso intestinal, com retorno em 2 a 3 dias; Problema 1 UC 14 | Isador� Silvestr� ● Nos casos leves → continuação ou início do tratamento em caráter ambulatorial com antibioticoterapia oral por 7 a 10 dias, evolução gradual da dieta, com reavaliações a cada 2 a 3 dias inicialmente e semanalmente até resolução completa do quadro ● Pacientes estáveis hemodinamicamente devem ser submetidos à ressecção definitiva do segmento colônico acometido → Em pacientes classificados como Hinchey I ou II pode-se proceder à anastomose primária com ou sem ostomiaprotetora ● Pacientes instáveis necessitam de abordagem menos invasiva, como ressecção limitada ou drenagem percutânea de coleções → procedimento à Hartmann é preferido à anastomose primária em pacientes com apresentações mais graves (Hinchey III ou IV) ➔ Orientar dieta rica em fibra; **Nos casos de primeiro episódio de diverticulite aguda, com apresentação leve, não é mandatória a indicação de colectomia apendicit� FISIOPATOLOGIA Fecalitos (massas fecais duras), cálculos, hiperplasia linfóide, processos infecciosos e tumores benignos ou malignos → causam obstrução no apêndice → favorece o crescimento bacteriano e começa a ter secreção da mucosa que favorece pressão sobre a luz → aumento da pressão luminal e intramural → trombose e oclusão dos pequenos vasos na parede apendicular e estase do fluxo linfático → isquemia e necrose pode evoluir para perfuração caso não ocorra intervenção cirúrgica nas primeiras 48h. O omento e o intestino delgado podem bloquear a perfuração e, nessa situação, é formado um abscesso localizado. De forma menos comum, a perfuração pode ser livre na cavidade peritoneal e sua consequência é a formação de diversos abscessos intraperitoneais, e posterior choque séptico **Inclusive é a distensão da luz que promove a dor visceral que o paciente refere como dor periumbilical ou visceral mal definida Somente quando a inflamação ultrapassa a serosa e entra em com o peritônio parietal que ocorre estimulação da inervação aferente parietal. É nesse momento que o padrão da dor é mudado, algo característico da apendicite aguda, para uma dor localizada na fossa ilíaca direita de forte intensidade, podendo se correlacionar dor à descompressão brusca (sinal de Blumberg), indicando assim uma peritonite associada Problema 1 UC 14 | Isador� Silvestr� QUADRO CLÍNICO ● Dor abdominal inespecífica (dor referida), de intensidade moderada, localizada em região periumbilical. Cerca de 12h após o começo dos sintomas, a dor migra em cerca de 50-60% dos pacientes, se localizando em fossa ilíaca direita, no ponto de McBurney, ● Náuseas e anorexia, vômitos ● Alguns pacientes apresentam sintomas inespecíficos como: indigestão, flatulências, alteração do hábito intestinal, diarreia, mal estar generalizado ● Outros sintomas possuem relação com a posição da ponta do apêndice inflamado. Se for próximo a bexiga, por exemplo, pode ser achado hematúria microscópica e manifestações urinárias Perfuração O paciente pode apresentar duas apresentações clínicas: ● Perfuração bloqueada: é quando um abscesso é formado, o paciente queixa -se de desconforto em fossa ilíaca direita e pode haver presença de plastrão (massa palpável) ● Perfuração livre ocorre dor de grande intensidade e com aspecto difuso. O abdome do paciente se apresenta em tábua com rigidez generalizada e temperatura maior que 39 graus → pode evoluir para sepse Exame físico ● Febril (38°) Exame do abdome ● Hipersensibilidade à palpação, no ponto de McBurney ● Um achado precoce é hipersensibilidade cutânea no quadrante inferior direito ● Sinal de Blumberg, ● Sinal de rovsing ● Sinal de psoas ● Pesquisa de massa em fossa ilíaca direita, que pode indicar um abcesso, o qual após confirmação por exames de imagem, trata-se de maneira diferente APENDICITE EM SITUAÇÕES ESPECIAIS Crianças ● Letargia, febre alta, vômitos intensos e diarreia frequente ● O diagnóstico geralmente é tardio e a progressão do processo inflamatório é mais rápida que o comum, com taxa de perfuração entre 15% e 65%, maior que no adulto → O omento ainda não está formado por completo e não auxilia na contenção da perfuração e a peritonite generalizada é mais frequente ● Possui maior morbimortalidade Idosos ● Temperatura menos elevada e a dor no abdome é mais insidiosa ● A incidência de perfuração é ainda maior que na criança e apresenta, consequentemente, maior mortalidade Problema 1 UC 14 | Isador� Silvestr� Grávidas O útero gravídico descola o apêndice superior e lateralmente, por isso dificulta o diagnóstico. Por isso, uma gestante pode apresentar dor em hipocôndrio direito, por exemplo, se estiver com apendicite aguda ● Náuseas e vômitos ● Leucocitose ● Diagnóstico é tardio e existem maiores chances de complicações ● A intervenção cirúrgica mais indicada no segundo trimestre é a videolaparoscópica. Em outros períodos, utiliza-se a abordagem aberta Pacientes com AIDS, Linfoma não Hodgkin e sarcoma de Kaposi Podem ocasionar apendicite ao gerarem obstrução. Agentes como CMV e Cryptosporidium causam infeção do órgão ● Diagnóstico também é tardio, pelo fato do paciente com AIDS apresentar normalmente queixas abdominais Pacientes com apendicite recorrente Apresentam surtos de dor abdominal na fossa ilíaca direita, sem presença de irritação peritoneal e de forma recorrente. O que causa esse quadro é a obstrução parcial da luz apendicular. O tratamento cirúrgico alivia os sintomas da maioria dos pacientes. Os critérios diagnósticos são: 1. História de mais de 1 mês com ataques recorrentes de dor abdominal em quadrante inferior direito (QID); 2. Sensibilidade à palpação do QID sem irritação peritoneal; 3. Achados Radiológicos no estudo baritado. O não esvaziamento do contraste no apêndice após 72h é um sinal diagnóstico, além do preenchimento incompleto DIAGNÓSTICO E CLASSIFICAÇÃO O diagnóstico é clínico, exames complementares podem ajudar, mas NÃO DEVEM ATRASAR A INTERVENÇÃO CIRÚRGICA Problema 1 UC 14 | Isador� Silvestr� Exames Laboratoriais ● Leucocitose de forma moderada (10 mil a 15 mil células/mm3), com neutrofilia e desvio à esquerda **Quando ocorre gangrena e perfuração, a contagem de células pode ser superior a 20 mil células **Caso a ponta do apêndice estiver próxima a bexiga e ureter, ocorre hematúria e/ou piúria dive�ticulit� Definição: complicação da doença diverticular, resultando em inflamação, necrose local e perfuração Acomete mais pacientes com 50 anos CLÍNICA Os sintomas dependem da gravidade da inflamação local, além da presença ou não de complicações ● Dor abdominal ● Náuseas, vômitos, febre baixa e alterações nos hábitos intestinais (constipação ou diarreia). ● O exame proctológico (toque retal) pode mostrar uma massa ou sensibilidade à palpação, se houver presença de algum abscesso em região distal de sigmóide ● Cerca de 10 a 15% dos pacientes podem queixar-se de urgência urinária ou disúria, devido à irritação da bexiga diante de um sigmóide inflamado ● Podem ocorrer algumas complicações, como os abscessos diverticulares (Este deve ser suspeitado diante de um paciente com diverticulite não complicada que não melhore a dor ou que apresente febre persistente, mesmo em uso de antibiótico por 72 horas) ● Pode ocorrer uma obstrução parcial do cólon, devido ao estreitamento do lúmen secundário à inflamação ao redor da alça ou à compressão de um abscesso diverticular. A obstrução completa é rara em situações agudas. A depender do grau de obstrução, pode haver distensão abdominal, obstipação e timpanismo à percussão ● Devido à inflamação, podem ocorrer fístulas entre o cólon e as vísceras subjacentes, sendo a mais comum envolvendo a bexiga. Neste caso, os pacientes podem evoluir com pneumatúria, fecalúria e disúria ● A perfuração pode ocorrer por ruptura do divertículo inflamado ou de um abscesso diverticular, causando peritonite fecal ou purulenta, respectivamente. Em ambas as situações há grande mortalidade e o paciente irá apresentar distensão abdominal, posição antálgica e sinais de peritonite ao exame físico ● Episódios recorrentes de diverticulite aguda ou constante inflamação podem resultar em fibrose e cicatrização progressivas, formando uma estenose ao longo do tempo AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA A história e exame físico têm grande importância para o diagnóstico, incluindo exame ginecológico em mulheres para afastar patologias pélvicas Exames complementares ● Hemograma Problema 1 UC 14 | Isador� Silvestr� ● Eletrólitos ● Exame de urina, ● Dosagem de beta-HCG (mulheres em idade fértil) ● Exames de imagem**A diverticulite aguda pode causar leucocitose, porém encontra-se normal em quase metade dos casos. A presença de flora intestinal na urocultura sugere a presença de fístula colovesical Aminotransferases, fosfatase alcalina, bilirrubinas, amilase e lipase: Nos casos em que há suspeita de perfuração e peritonite Parasitológico de fezes: Em casos de diarréia para afastar causas infecciosas (se não houver a confirmação por imagem) Tomografia de abdome com contraste: é o exame mais utilizado para o diagnóstico, por possuir alta sensibilidade e especificidade USG, radiografia abdominal DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL Deve-se incluir na investigação algumas outras suspeitas que cursam com dor abdominal inferior: ● Síndrome do intestino irritável e doença inflamatória intestinal (apresentam, no geral, sintomatologia crônica) ● Câncer colorretal (apresenta outros sintomas como perda de peso, hemorragia intestinal, obstrução e pode ser distinguido por uma colonoscopia após resolução do quadro agudo) ● Apendicite aguda (classicamente há dor em fossa ilíaca direita) ● E outras, como colite infecciosa ou isquêmica Doenç� Inflamatóri� Pélvic� (DIP) Definição: É uma síndrome clínica que acontece por causa de uma infecção polimicrobiana do trato genital superior, causada pela ascensão de microrganismos do trato genital inferior, espontânea ou devido à manipulação. ➔ Essa infecção pode comprometer o endométrio, tubas uterinas, anexos uterinos e/ou estruturas contíguas e a virulência dos germes A resposta imune definem a progressão: endometrite, salpingite, miometrite, ooforite, parametrite, pelviperitonite, peri-hepatite (síndrome de Fitz-Hugh-Curtis), abscesso tubo-ovariano ou de fundo de saco de Douglas Problema 1 UC 14 | Isador� Silvestr� Problema 1 UC 14 | Isador� Silvestr� DIAGNÓSTICO Problema 1 UC 14 | Isador� Silvestr�
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