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Anafilaxia, ou choque anafilático, se refere a manifestações clínicas sistêmicas potencialmente graves, desencadeadas por reações mediadas pela imunoglobulina-E (IgE), após exposição a um determinado antígeno quando um indivíduo é previamente sensibilizado (alérgico), ou seja, é uma reação desencadeada pelo próprio organismo quando existe reação a algum tipo de alérgeno, que pode ser um alimento, medicamento, veneno de inseto, substância ou um material. É uma reação alérgica grave, que pode ser fatal se não for tratada rapidamente. Figura 1 – Reação alérgica / (fonte: Google imagens) � Clinicamente indistinguíveis da anafilaxia; � Sem comprovação de participação da IgE; � As reações podem ser simples, e em alguns casos, comprometedoras. A anafilaxia, inicialmente, afeta pelo menos dois sistemas a incluir a pele e mucosas com cerca de 80 a 90% dos casos e o sistema respiratório com cerca de 70%. Quando há acometimento do trato gastrintestinal e do sistema cardiovascular, tornando-se um maior grau de emergência clínica, em que se faz necessária a administração de terapia farmacológica imediata como a adrenalina por via intramuscular (IM), sendo a primeira linha de tratamento para tentativa de reversão dos sintomas. Causas mais frequentes que desencadeiam alergia em humanos: Quadro 1 O termo Atopia (presença de outras manifestações alérgicas, como rinite, asma, dermatite atópica), nem sempre é fator de risco para a ocorrência de anafilaxia, a não ser em casos de anafilaxia gerada por alimentos, látex, anafilaxia por exercício, anafilaxia idiopática e reação a contraste iodado. • Alimentos • Medicamentos • Veneno de insetos • Hemoderivados • Óxido de etileno • Látex • Progesterona • Líquido seminal • Exercício • Contrastes (iodados, fluoresceína) • Idiopática • Entre outros Anafilaxia Reações pseudoalérgicas ou anafilactoides Matéria: Primeiros Socorros / Tópico 1: Anafilaxia Aguda / Aluna: Serena IMPORTANTE Além da reversão do quadro emergencial, é preciso prevenir a presença de novos episódios, bem como orientar pacientes/vítimas e familiares quanto às ações de primeiro momento que devem ser adotadas para que seja possível evitar um desfecho fatal. A anafilaxia é um processo alérgico e, portanto, mediado por imunoglobulinas de classe E (IgE). Características: � Mecanismos de hipersensibilidade do tipo I. � Ligadas a receptores específicos de alta afinidade: células circulantes (basófilos) e células tipicamente teciduais (mastócitos) � Essas células são produzidas a partir de um contato prévio e um antígeno (alérgeno – desencadeador da alergia) Figura 2 - imunoglobulinas de classe E (IgE) / (fonte: google imagens) Numa exposição subsequente, havendo uma ligação entre os mesmos determinante antigênico e duas IgEs próximas, seria desencadeada uma série de cadeias (reações e ações celulares) culminando com a liberação de mediadores pré-formados (estocados nos grânulos daquelas células), tais como: histamina, triptase, quimase, heparina, fator liberador de histamina, citocinas e mediadores derivados de fosfolipídios da membrana celular. A fase efetora da resposta imune depende basicamente da imunoglobulina IgE, ocorrendo em três padrões ou reações que se diferem quanto ao tipo do alérgeno, ao intervalo de tempo entre a exposição e o aparecimento da reação e aos tipos celulares envolvidos. Reação aguda: surge de segundos a minutos após a exposição, e é decorrente especialmente da ação de mediadores pré-formados. Reação tardia: aparecem horas depois ao contato e em resposta ao alérgeno. Nesta fase, leucócitos circulantes, tais como eosinófilos, basófilos, neutrófilos, macrófagos e linfócitos T, são recrutados por substâncias miotáticos liberadas na fase aguda e passam a influenciar as reações locais, pela participação adicional de citocinas e substâncias pró- inflamatórias. Fase crônica: ocorre em tecidos ou órgãos expostos de forma prolongada e repetida ao alérgeno. É responsável por mudanças estruturais e funcionais no local envolvido, bem como pode envolver estruturas secundárias. Figura 3 - Reação alérgica / (fonte: google imagens) As primeiras fases ou reações representadas por suas manifestações, ocorrem em decorrência da ação de diversos mediadores químicos que são liberados como estratégia de defesa no organismo humano. Dentre os mediadores que participam dessa ação, são os mastócitos, basófilos os quais realizam recrutamento de células inflamatórias, sendo a histamina a que mais se destaca através dos seus respectivos receptores (H1 e H2), estando presente na musculatura lisa, no endotélio, nas glândulas e terminações nervosas, determinando respectivamente a existência de vasodilatação e broncoconstrição, gerando aumento da permeabilidade vascular, hipersecreção mucosa e ativação do sistema nervoso autônomo. O quadro clínico pode seguir um curso unifásico, em que os sintomas aparecem e não mais retornam, ou curso bifásico, quando somem ou diminuem, reaparecendo em cerca de 1 a 8 horas após (aproximadamente) ou mais tarde. A depender do status de sensibilidade e grau de exposição ao agente alérgeno, a pessoa acometida pode apresentar as seguintes manifestações: � Pele: o envolvimento cutâneo é a apresentação mais comum representando por urticária e angioedema, que podem ser precedidos por eritema e prurido. As lesões da pele podem ser chamadas tecnicamente de erupções cutâneas ou lesões urticariformes (figura 4). Figura 4 - Erupções cutâneas / (fonte: google imagens) � Tonturas (vertigens) ou síncope: podem estar presentes na presença ou não de hipotensão ou choque anafilático. � Gastrintestinal: náusea, vômitos, diarreia e cólicas. � Vias aéreas: tanto superiores como inferiores podem ser acometidas. Manifestações como estridor, disfonia, rouquidão ou dificuldade para deglutir indicam o envolvimento alto e servem de alerta quanto à gravidade do caso em decorrência da possibilidade de edema de glote. Rinoconjuntivite (figura 5) também pode ocorrer. Já a presença de sibilância e sensação de aperto no peito indicam envolvimento de acometimento das vias aéreas baixas. O termo sibilância também pode ser nominado de broncoespasmo (figura 6), quando há estreitamento das vias aéreas inferiores (brônquios, bronquíolos e alvéolos). Figura 5 - Rinoconjuntivite / (fonte: google imagens) Figura 6 – Broncoespasmo / (fonte: google imagens) Quadro Clínico � Outros: em alguns casos, a anafilaxia pode se manifestar apenas como perda de consciência, morte súbita ou convulsões. A anafilaxia normalmente decorre de exposição sistêmica ao agente, e é altamente provável quando, pelo menos um dos três critérios a seguir se faz presente, conforme apresentação clínica aguda (após minutos a horas): � Acometimento de pele e/ou mucosas (exemplo: urticária localizada (figura 7). ou generalizada). Figura 7 – Uticária localizada / (fonte: google imagens) � Prurido ou flushing (figura 8). Figura 8 – Flushing / (fonte: google imagens) � Angioedema palpeobral, na língua, lábios (Protusão) e/ou úvula (figura 9). Figura 9 – Angiodema / (fonte: google imagens) Pelo menos, uma das condições a seguir, pode estarmuito evidente ou imperceptível, servindo como sinal de alerta: � Sintomas respiratórios (exemplo: dispneia – falta de ar leve, moderado ou intensa), broncoespasmo, estridor (estreitamento da traqueia), redução do fluxo expiratório (exalação), hipoxemia (diminuição na concentração de oxigênio no corpo humano). � Redução da pressão arterial ou sintomas relacionados à disfunção de órgãos-alvo (exemplo: hipotonia, síncope, incontinência). É possível que no momento do primeiro contato com o paciente/vítima, não tenhamos acesso a equipamentos para aferir a pressão arterial, para tanto, é possível identificarmos se este sustenta uma pressão arterial compatível com a necessidade fisiológica, devemos avaliar a qualidade do pulso arterial distal (radial, braquial) e, sequencialmente, o pulso carotídeo ou femoral. Diagnóstico Começamos da periferia para a avaliação central. A segunda avaliação que nos dará um parâmetro importante acerca da pressão arterial do paciente/vítima, é o seu nível de consciência. Se apresentar- se sonolento, confuso e/ou desorientado, é um sinal de que o sistema nervoso central não está sendo perfundindo adequadamente, ou por ventilação inadequada ou por falha no suprimento de oxigênio que é carreado pela corrente sanguínea. Avaliação durante o processo diagnóstico: Presença de sintomas semelhantes no passado: aponta para uma recorrência de uma manifestação alérgica localizada (embora haja a possibilidade de repetição de quadros anafiláticos). Esta informação, somente será possível coletá-la se o paciente/vítima estiver consciente. Definir o agente casual: interrogar minuciosamente os agentes que mais causam a anafilaxia (alimentos, medicamentos, esforço, picada de abelhas, vespas, formigas e/ou látex), a relação de tempo entre o contato e o início dos sintomas são muito importantes. Se o paciente/vítima estiver inconsciente, avalie o local que ele se encontra. Através dessa conduta, você poderá obter detalhes importantes do ambiente que a circunda. O paciente/vítima, usa algum medicamento? Todos os medicamentos usados pelo paciente devem ser ou estar listados, e todo o esforço deve ser dirigido para tentar estabelecer uma relação temporal entre a medicação suspeita e o início dos sintomas. Diagnosticar se o quadro trata de anafilaxia ou relação anafilactoide é menos importante e vincula-se essencialmente a questões de nomenclatura. Se o agente suspeito é sabidamente causador de relações pseudoalérgicas(contraste iodado, por exemplo), se a reação aconteceu num primeiro e único contato ou não houve intervalo compatível com fase de sensibilização(normalmente em torno de duas semanas), o diagnóstico mais provável será de reação anafilactoide. O mais importante é estabelecer medidas de suporte básico, até que o serviço avançado chegue na cena, caso seja necessário acionar apoio. As condutas podem variar na dependência da gravidade dos sintomas. O tratamento da anafilaxia objetiva diminuir os riscos de mortalidade imediata e prevenir a recorrência. Para isto, é preciso avaliar os riscos, tratar as comorbidades de forma eficiente, identificar e evitar os fatores desencadeantes do processo. A conduta inicial visa realizar rápida avaliação e intervenção do A B C do suporte básico: permeabilizar vias aéreas e garantir respiração e circulação sanguínea efetivas, além de observar as condições neurológicas, aspecto da pele e estimar o peso corpóreo (mais comumente em pediatria). Tão logo seja possível, providenciar monitorização cardiorrespiratória e aferição de dados vitais. Identificar e Algumas formas de tratamento afastar causas que eventualmente perpetuem o estímulo antigênico (medicamentos infundidos na veia, luvas de látex, ferrão ou picadas de insetos, roupas contaminadas, dentre outros). � Suporte inicial: oxigênio nos casos com envolvimento respiratório, acesso venoso, fluídos isotônicos por via endovenosa e elevação de membros inferiores para controle inicial da pressão arterial. � Adrenalina: principal tratamento deve ser prescrita o mais precocemente possível após o reconhecimento do quadro. Alguns trabalhos apontam as seguintes diretrizes para o uso da adrenalina são: • Intervalos de aplicação da adrenalina (empírico): cada 5, 10 ou 15 minutos, norteados genericamente pela gravidade do quadro clínico, nível de resposta à aplicação anterior e pelo aparecimento de efeitos colaterais desse medicamento. • Aplicação da adrenalina próxima ao local de injeção de substâncias implicadas na anafilaxia, o uso de torniquetes não é recomendado. • Doses recomendadas e as concentrações de adrenalina . PAPEL DA ADRENALINA NA ANAFILAXIA A adrenalina é a principal medicação. A via de administração principal é a intramuscular em vasto lateral da coxa. Deve ser fornecido o mais precocemente possível. � Anti-histamínicos: bloqueadores H1 e H2 são recomendados . � Corticosteroides: são indicados empiricamente, em especial com o objetivo de atenuar possíveis reações tardias (o que nem sempre parece ser bem-sucedido) e no tratamento do broncoespasmo. Santos, Dionei Alves dos Primeiros socorros. / Dionei Alves dos Santos. – Indaial: UNIASSELVI, 2020. Referências:
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