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Hanseníase 1. Doença infectocontagiosa crônica, polimorfa, potencialmente incapacitante e curável, é causada pelo Mycobacterium leprae, agente de alta infectividade, baixa patogenicidade e alto poder imunogênico. Há maior predominância no sexo masculino. A hanseníase pode ser classificada pelo tipo e número de áreas da pele comprometidas: Paucibacilar: ≤ 5 lesões na pele sem detecção de bactéria nas amostras destas áreas Multibacilar: ≥ 6 lesões na pele, detecção de bactéria nas amostras das lesões da pele, ou ambos A hanseníase também pode ser classificada pela resposta celular e pelos achados clínicos: Tuberculoide: as pessoas tipicamente apresentam uma forte resposta mediada por células, que limita a doença a algumas lesões de pele (paucibacilar), sendo uma doença mais leve, menos comum e menos contagiosa. Lepromatosa: Pessoas com hanseníase lepromatosa ou indeterminada tipicamente são deficientes em imunidade mediada por células a M. leprae, apresentando infecção mais grave e sistêmica com infiltração bacteriana difusa na pele, nos nervos e em outros órgãos (p. ex., nariz, testículos, rins). Têm mais lesões na pele (multibacilar) e a infecção é mais contagiosa. Borderline 2. Manifestações clínicas: A hanseníase afeta principalmente a pele e os nervos periféricos. O comprometimento dos nervos provoca dormência e fraqueza nas áreas controladas pelos nervos afetados. Hanseníase tuberculoide (doença de Hansen paucibacilar): lesões cutâneas consistem em uma ou algumas máculas hipoestésicas, centralmente hipopigmentadas, com bordas nítidas e elevadas. O exantema, como em todas as formas de hanseníase, não é pruriginoso. As áreas afetadas por esse exantema ficam dormentes por causa das lesões nos nervos periféricos subjacentes e podem estar muito aumentadas. Hanseníase lepromatosa (doença de Hansen multibacilar): grande parte da pele e muitas áreas do corpo, como os rins, o nariz e os testículos, podem ser afetadas. Os pacientes apresentam máculas, pápulas, nódulos, ou placas cutâneos, que frequentemente são simétricos. A neuropatia periférica é mais grave do que na hanseníase tuberculoide com mais áreas dormentes; certos grupos musculares podem estar fracos. Os pacientes podem apresentar ginecomastia, perder cílios e sobrancelhas. Hanseníase indeterminada (também denominada multibacilar): há características tanto da hanseníase tuberculoide quanto da lepromatosa. Sem tratamento, a hanseníase indeterminada pode se tornar menos grave e mais parecida com a forma tuberculoide ou pode piorar e parecer mais com a forma lepromatosa. As manifestações neurológicas são comuns a todas as formas clinicas. Na forma indeterminada, o comprometimento dos troncos nervosos não e ́ perceptível ao exame clínico. A forma tuberculóide apresenta comprometimento dos nervos precoce e intensamente. A forma virchowiana apresenta lesões cutaneomucosas e viscerais. As complicações mais graves são decorrentes de neurite periférica, que provoca deterioração do sentido do tato e uma incapacidade correspondente de sentir dor e temperatura. Pacientes podem, sem saber, se queimar, se cortar, ou se machucar. As lesões repetidas podem levar à perda de dígitos. A fraqueza muscular pode resultar em deformidades (p. ex., 4º e 5º dedos em garra, provocado pelo comprometimento do nervo ulnar; queda do pé causada por comprometimento do nervo fibular). Pápulas e nódulos podem ser particularmente desfigurantes na face. Outras áreas do corpo podem ser afetadas: Pés: úlceras plantares com infecção secundária são as causas principais de morbidade, tornando o andar doloroso. Nariz: os danos à mucosa nasal podem resultar em congestão nasal crônica e sangramentos e, se não forem tratados, perfuração e colapso da cartilagem nasal. Olhos: a ocorrência de irites podem provocar glaucoma; a insensibilidade da córnea pode causar cicatrizes e cegueira. Função sexual: homens com hanseníase lepromatosa podem ter disfunção erétil e infertilidade. A infecção pode reduzir os níveis de testosterona e de produção de esperma pelos testículos. Rins: amiloidose e consequente insuficiência renal ocorrem ocasionalmente na hanseníase lepromatosa. Hanseníase reacional Durante o curso da hanseníase, tratada ou não tratada, o sistema imunitário pode produzir manifestações inflamatórias. Existem 2 tipos: Reações do tipo 1 resultam de melhora espontânea da imunidade celular. Essas reações podem causar febre e inflamação de lesões preexistentes e lesões dos nervos periféricos, resultando em edema cutâneo, eritema e neurite dolorosa e sensível. Essas reações contribuem significativamente para lesão do nervo, em particular se não forem tratadas precocemente. Como a resposta imunitária está aumentada, são chamadas de reações de reversão, apesar do agravamento clínico aparente. Reações do tipo 2 (eritema nodoso por hanseníase) são reações inflamatórias sistêmicas que se parecem com vasculite ou paniculite polimorfonuclear e provavelmente envolvem imunocomplexos circulantes ou função aumentada de células de T auxiliares. Tornaram-se menos comuns com o acréscimo de clofazimina no esquema de tratamento. Os pacientes podem apresentar pápulas ou nódulos eritematosos e dolorosos que podem formar pústulas e ulcerar, produzindo febre, neurite, linfadenite, orquite, artrite (particularmente em grandes articulações, com frequência nos joelhos) e glomerulonefrite. A hemólise ou supressão de medula óssea pode produzir anemia e a inflamação hepática pode produzir anormalidades leves nos testes de função hepática. 3. Acredita-se que a hanseníase seja disseminada pela transmissão de uma pessoa para outra via gotículas e secreções nasais. A transmissão do M. leprae se faz por contato íntimo e prolongado de pessoas suscetíveis com indivíduos multibacilares que ainda não foram submetidos ao tratamento específico. Como regra, admite-se que o período de incubação da hanseníase seja de dois a sete anos.
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