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• O termo “centrada no cliente” é em referência à terapia de Rogers e a expressão mais inclusiva “centrada na pessoa” é para fazer referência à teoria da personalidade rogeriana. • A teoria humanística da personalidade de Carl Rogers enfatiza a importância da tendência à auto-realização na formação do autoconceito. Segundo Rogers, o potencial do indivíduo humano é único e se desenvolve de maneira única, dependendo da personalidade de cada um. • Segundo Carl Rogers (1959), as pessoas querem sentir, experimentar e se comportar de maneira consistente com a auto-imagem. Quanto mais próxima a auto-imagem estiver e o ideal, mais consistentes e consistentes serão as pessoas e mais valor elas acreditarão ter. • Para Rogers (1951/1992) um dos pressupostos de sua teoria é que as pessoas usam suas experiências para se definirem, e o que se pode perceber em pessoas com dependência afetiva é que a experiência de depender em si, é tão presente que se tornou parte de sua constituição de personalidade. • Rogers sustentava que o organismo humano - assim como todos os outros, incluindo o das plantas - possui uma tendência à atualização, que tem como fim a autonomia. Na teoria rogeriana, essa é a única força motriz dos seres vivos. • Tendência formativa • Tendência atualizante Tendência formativa – Rogers acreditava que havia uma tendência de que toda matéria, tanto orgânica quanto inorgânica, desenvolve- se de formas mais simples para mais complexas. Para o universo inteiro, um processo criativo, em vez de desintegrativo, então em operação. Rogers denominou esse processo de tendência formativa e apontou muitos exemplos na natureza; organismos complexos se desenvolvem a partir de uma única célula; e a consciência humana evolui do inconsciente primitivo até uma consciência (awareness) altamente organizada. Tendência atualizante – Um pressuposto inter-relacionado e mais pertinente é a tendência atualizante, ou a tendência de todos os humanos (e de outros animais e plantas) a se moverem em direção à conclusão ou à realização dos potenciais (Rogers, 1959, 1980). Tal tendência é o único motivo que as pessoas possuem. A necessidade de satisfazer o impulso da fome, de expressar emoções profundas quando elas são sentidas e de aceitar o próprio self são todos exemplos do motivo único da atualização. • As propensões a manter e a melhorar o organismo estão incluídas na tendência atualizante. A necessidade de manutenção é semelhante aos níveis mais baixos da hierarquia de necessidades de Maslow. Personalidade segundo Carl Rogers Teoria centrada na pessoa Pressupostos básicos da teoria: • Ainda que as pessoas tenham um forte desejo de manter o status quo, elas estão dispostas a aprender e a mudar. Essa necessidade de se tornar mais, desenvolver-se e atingir o crescimento é chamada de aperfeiçoamento. A necessidade de aperfeiçoamento do self é vista na disposição para aprender coisas que não são imediatamente gratificantes. Essas necessidades de aperfeiçoamento são expressas de várias formas: curiosidade, alegria, auto exploração, amizade e confiança de que é possível atingir o crescimento psicológico. O Campo da Experiência Há um campo de experiência único para cada indivíduo, que contém tudo o que se passa no organismo e está disponível à consciência a qualquer momento. É um mundo particular e pessoal, que nem sempre corresponde à realidade objetiva. • Self: É a consciência que o indivíduo tem sobre a própria identidade. O self compreende o que somente cada um de nós conhece e, por vezes, escondemos dos outros. Pode ser: - Material: consciência do físico, corpo, pessoas, coisas ao nosso redor; - Espiritual: diz respeito a nós mesmos como seres pensantes, é uma espécie de “testemunha interna” dos acontecimentos; - Social: imagens que criamos na mente alheia. Essa força interna orienta-nos e move- nos em direção às ações positivas para o nosso crescimento, interpretando e avaliando essas ações (tais como pensamentos, sentimentos e comportamentos). Há fatores externos que podem influenciar positiva ou negativamente o self. O preconceito, por exemplo, é uma forma de interferência negativa (pode-se considerar isso uma agressão ao self); a pessoa tende a ser depressiva, alcoólatra, conformista e, por vezes, suicida. Por outro lado, uma história, boa ou ruim, transformada em arte, é uma demonstração da influência positiva do self. Exemplo: o movimento hip- hop. • Rogers preocupa-se com a tomada de consciência e com a experiência, apesar de encarar o self como o foco da experiência. A pessoa de funcionamento integral é aquela que tem consciência de seu self contínuo. “A personalidade que funciona plenamente é uma personalidade em contínuo estado de fluxo, uma personalidade constantemente mutável” (Rogers, 1959, p.212 na ed. brasileira). • Self Ideal: O self ideal é “o conjunto das características que o indivíduo mais gostaria de poder reclamar como descritivas de si mesmo” (Rogers, 1959, p. 165 na ed. brasileira). É tão variável quanto o self e a diferença entre os dois é um indicador de desconforto, insatisfação e dificuldades neuróticas. O self ideal torna-se um obstáculo ao crescimento da pessoa quando diverge claramente dos comportamentos e dos valores reais da mesma. Podemos exemplificar com a seguinte situação: um estudante que tira excelentes notas e depara-se com uma nota um pouco abaixo de seu padrão tende a buscar, de uma outra maneira, uma forma de voltar a ter excelentes notas e, com isso, demonstrar seu empenho. Principais conceitos desenvolvidos por Rogers Diferença entre self e self ideal • Self – Para Rogers, o Self é uma porção de nosso campo perceptual que se diferencia. É uma parte que sabe que existe, que é um organismo; é o que é específico de cada um, o que individualiza. Ao longo da vida ele passa por um processo de autoatualização, no qual vai atualizando a maneira como é percebido na consciência. • Self ideal – É como desejamos ser, envolve os atributos que queremos possuir. Uma grande diferença entre o sel ideal e o autoconceito leva a uma má condição de saúde. • Auto-Imagem: Pode-se explicar a influência da auto-imagem no comportamento humano através do exemplo: “Eu me amo e por isso todos me amam. Se você não se ama, ninguém vai te amar”. Ela pode ser: Boa: o indivíduo se empenha em melhorar o seu padrão, conseguindo, desse modo, atingir o sucesso. Ruim: o indivíduo nivela-se abaixo dos outros, sentindo-se inferior. • Auto-Eficiência: É uma auto-avaliação das próprias capacidades. Encontram-se também dois grupos: um dos indivíduos que tendem a aceitar desafios e outro dos que têm dúvidas de si mesmos, pois acreditam que os desafios vão além de sua capacidade. A auto-eficiência pode afetar a carreira profissional. Uma frase exemplifica essa definição: “Não é o que você tem, mas como você usa o que você tem”. • Auto-Justificativa: O indivíduo põe culpa em tudo, menos na própria falta de capacidade, quando encontra-se numa situação ameaçadora. É a famosa “desculpa”. A insuficiência de capacidade é demonstrada através da premeditação da auto-justificativa, que é uma ameaça ao self. • Congruência e Incongruência: “Congruência é definida como o grau de exatidão entre a experiência da comunicação e a tomada de consciência” (FADIMAN & FRAGER. Teorias de Personalidade, 1980, p.226 na ed. brasileira). Pessoas que apresentam alto grau de congruência são aquelas cuja comunicação está em sintonia com a tomada de consciência, ou seja, conseguem demonstrar por meio de atos exatamente o que têm em mente. As criançaspequenas são altamente congruentes, pois expressam seus sentimentos conscientemente tão logo estejam prontas. Uma pessoa incongruente é aquela que não demonstra o que está realmente sentindo ou pensando. Pode ser considerada, muitas vezes, como mentirosa ou desonesta. • Auto-Atualização: Cada ser humano possui uma força inerente em direção à competência e à capacidade, isto é, tende a se atualizar, desenvolver e tornar-se autônomo. Essa força não supera todos os obstáculos que surgem; pode ser reprimida ou distorcida pela própria pessoa. Essa tendência atualizante é o postulado fundamental da teoria rogeriana. • O Corpo: O trabalho clínico e acadêmico de Rogers não promoveu relações entre seu objeto de estudo – o “eu” – com o corpo. Ele mesmo afirma: “A minha formação não é das que me tornem especialmente liberto a esse respeito” (ROGERS, 1970b, p.65). • Relacionamento Social: Ao relacionamento entre as pessoas é dada grande importância. O autor crê que essa relação ajuda e capacita o indivíduo a desenvolver e encontrar seu self real de forma direta. Através do relacionamento com outras pessoas cada um de nós é capaz de identificar a própria personalidade. Rogers também acredita que as pessoas investem muito em relacionamentos, ainda que estes não sejam considerados saudáveis ou satisfatórios. • O Casamento: Para ser estável, o casamento deve ocorrer entre casais que sejam congruentes consigo mesmos, capazes de verdadeira aceitação recíproca e que tenham poucas condições de valor como obstáculo. Esta estabilidade baseia-se na dedicação e compromisso, na comunicação e expressão de sentimentos, na não-aceitação dos papéis e ter claro que cada um tem seu próprio self. • Emoções: As pessoas em equilíbrio têm consciência de suas emoções, sejam ou não expressas. Quando uma pessoa nega seu sentimento à própria consciência sua percepção será, de alguma maneira, distorcida. • Intelecto: Rogers não separa o intelecto das outras funções. Ele afirma que o intelecto pode ser utilizado integrado com experiências, de modo permanente. Também critica os cursos de graduação de sua época, acusando-os de “exigentes”, “pouco significativos” e “desanimadores”. O intelecto propicia ao organismo uma tomada de consciência mais congruente, se operar de forma livre, ou seja, sem ser forçado. A pessoa que decide o que fazer com o apoio de outras pessoas sai-se melhor do que aquela que deixa os outros decidirem por ela, defende Rogers. O Campo do Conhecimento Rogers escreveu sobre três formas de conhecimento: • Conhecimento subjetivo: o conhecimento que, muitas vezes, rege nossas ações. É um tipo de intuição, um conhecimento sem base científica. Rogers enfatiza a importância desse conhecimento, apesar de sofrer críticas (“… foi considerado quase uma obscenidade admitir que os psicólogos • sentem, têm pressentimentos ou perseguem apaixonadamente direções incertas” – Rogers, 1964). • • Conhecimento objetivo: na área da Psicologia usam-se referências que podem incluir questionários, resultados de testes, julgamento de outros psicólogos, etc. Rogers questiona a tentativa de entender a experiência de outra pessoa através do conhecimento objetivo. • Conhecimento fenomenológico: é a essência da ACP (Abordagem Centrada na Pessoa) e consiste em penetrar no mundo subjetivo (e particular) de uma pessoa com a intenção de entender a experiência dela da maneira que ela a experiencia. A Abordagem Centrada na Pessoa (ACP) • Rogers desenvolveu inúmeros conceitos no decorrer de sua carreira terapêutica; o principal e mais importante entre eles foi a ACP. Dizia que o envolvimento com o cliente fazia com que este se sentisse especial, utilizando essa liberdade como forma de promover o desenvolvimento. • É importante dizer que ele utilizava o termo “cliente”, pois entendia que paciente é aquele que está à procura de ajuda de um profissional formado, acima dele. Já o cliente é aquele que deseja um serviço, mas não pode, por algum motivo, executá-lo sozinho; procura então a ajuda de alguém que está apto a ajudá-lo. O terapeuta serve como um espelho dos sentimentos, fazendo com que o cliente se conscientize do conceito que tem de si mesmo para reavaliar seus planos de vida e sua visão de mundo. No fundo, o principal agente de todo o processo de melhora é o próprio cliente, pois todas as pessoas podem tomar decisões quando estão conscientes dos fatos que as cercam; ambos saem-se beneficiados. • A ACP mostra uma visão positiva da vida, pois o terapeuta tem intenção de ajudar o outro ser humano que deseja realizar mudanças construtivas na personalidade; mostra o respeito ao indivíduo e à sua autonomia, dignidade, humildade e curiosidade. Essa terapia enfatiza mais as situações presentes do que as do passado, ao aspecto afetivo do que o intelectual. Relação com outros autores Rogers x Freud: Freud tinha a visão de que o homem age por impulsos (sexuais e agressivos) oriundos do inconsciente enquanto Rogers discorda de que o homem seja destrutivo. • Freud diz (seguindo um modelo utilizado pela biologia) que o homem procura reduzir suas tensões e restabelecer um estado de equilíbrio, já Rogers alega que o homem está sempre numa busca constante pelo desenvolvimento. • Apesar de pontos em desacordo com Freud, Rogers reconheceu que influências negativas do inconsciente podem causar distúrbios comportamentais (incongruência do eu), mas acredita que podem ser analisados pelo terapeuta se este adentrar no campo fenomenal em que se encontra o cliente, para este compreender o que está acontecendo e refazer seus planos de vida buscando o progresso. Rogers X Skinner: Ambos são colocados em polos opostos quando comparados, mesmo tendo alguns pontos em comum (o que muda são os métodos adotados e as principais características dos movimentos da Psicologia que cada um deles pertence): “Concordamos em nossos objetivos; ambos queremos que as pessoas sejam livres do controle exercido por outras sobre elas – livres de educação que têm tido, para que possam lucrar com ela mas não lhe fiquem escravizadas” (SKINNER, 1968). • Pode-se traduzir a frase rogeriana “o terapeuta está experimentando um sentimento positivo e incondicional de respeito pelo cliente” em: “um organismo que está manifestando um déficit de comportamento pode ser encorajado a comportar-se se um reforço livre se seguir q todo e qualquer comportamento identificável que for emitido” , como diria Skinner. Rogers & Maslow: São os dois líderes da Psicologia Humanista. • Surge essa nova escola devido aos conceitos que desenvolveram (separadamente) em meio às críticas ao modelo psicanalítico (que tinha seus resultados baseados observações clínicas de seres emocionalmente perturbados) e ao modelo skinneriano (que identifica o homem como “robô” submetido ao condicionamento ambiental; as pesquisas de Skinner eram feitas com animais em laboratórios). • Os psicólogos humanistas preferem o estudo do homem em seu potencial mais positivo e a estudar a Psicologia partindo do seu crescimento.
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