Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Professora: Vanessa Carla Vidutto Berman Aula 5 Contribuição Sobre o Lucro Direito Previdenciário - Custeio Coordenação: Dr. Wagner Ballera 01 "Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio ou processo, assim como a inclusão em qualquer sistema de processamento de dados. A violação do direito autoral é crime punido com prisão e multa (art. 184 do Código Penal), sem prejuízo da busca e apreensão do material e indenizações patrimoniais e morais cabíveis (arts. 101 a 110 da lei 9.610/98 - Lei dos Direitos Autorais).” www.r2direito.com.br CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO. Trata-se de uma espécie de contribuição para o custeio da seguridade social prevista na Constituição Federal. Breve histórico: Antes de adentrarmos ao tema no sistema vigente, vale a pena fazermos uma breve regressão histórica para situarmos essa espécie de contribuição no contexto da Seguridade Social. No Brasil o imposto sobre a renda das empresas foi introduzido pela Lei 4.625, de 31.12.22. Poucos dias depois, aos 24.1.23, era editada a primeira lei previdenciária brasileira com base no projeto de Eloy Chaves: é o decreto Legislativo 4.682. Assim, a lei do imposto sobre a renda como a Lei Eloy Chaves faziam incidir a tributação sobre o mesmo fato: A RENDA BRUTA DA EMPRESA. Posteriormente, com a promulgação da Lei Orgânica da Previdência Social (Lei 3.807 em 1960), foi instituído o mecanismo jurídico de "quotas de previdência". Em seu art. 74 havia a quota de previdência incidente sobre o imposto sobre a renda das pessoas jurídicas. Acerca das quotas previdenciárias, o Prof. Wagner Balera, em artigo publicado na Revista de Direito Tributário n.º 67 , elogia o sistema de quotas e comenta " as quotas de previdência seriam o caminho pelo qual, progressivamente, transferiríamos ao Estado, ou melhor, à comunidade, através das taxas que o Estado lhe cobra, o custeio total do sistema". Dentro do sistema jurídico atual, encontramos o fundamento da contribuição sobre o lucro na Constituição Federal vigente, que previu em seu art. 195, com redação dada pela EC n.º 20/98, que a seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios e das seguintes contribuições sociais: 02 I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) b) a receita ou o faturamento; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) c) o lucro; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) No tocante a legislação ordinária, a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSLL foi instituída pela Lei nº 7.689, de 1988 e posteriormente alterada pela Lei nº 8.034, de 12 de abril de 1990, Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, Lei nº 8.541, de 23 de dezembro de 1992, Lei nº 8.981, de 20 de janeiro de 1995, Lei nº 9.065, de 20 de junho de 1995, de Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995). A CSLL é destinada ao financiamento da seguridade social ; é devida por todas as pessoas jurídicas domiciliadas no País e as que lhe são equiparadas pela legislação do imposto de renda e tem como base de cálculo o lucro líquido do período de apuração antes da provisão para o imposto de renda, ajustado com as adições determinadas e exclusões admitidas, conforme legislação de regência e alíquota de 9% (NOVE por cento). O lucro foi instituído pela Constituição Federal como base de cálculo tanto da contribuição do empregador destinada ao custeio da seguridade social, como do imposto de renda previsto no art. 153, III., gerando na doutrina, discussão acerca dessa contribuição ser ou não, um mero adicional do imposto de renda. Sobre o assunto, a Dr. Zélia Luiza Pierdoná, em sua obra Contribuições para a Seguridade Social, ao citar o Prof. Wagner Balera, explica "o constituinte não pretendeu impor a incidência simultânea de dois tributos sobre o mesmo fato (o lucro auferido pelo empregador). Chamou, impropriamente, de contribuição social o que será simplesmente, a destinação do produto da arrecadação do imposto de renda para o financiamento da seguridade social. (...) Suponhamos que venha ser apenas uma parcela ...". "Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio ou processo, assim como a inclusão em qualquer sistema de processamento de dados. A violação do direito autoral é crime punido com prisão e multa (art. 184 do Código Penal), sem prejuízo da busca e apreensão do material e indenizações patrimoniais e morais cabíveis (arts. 101 a 110 da lei 9.610/98 - Lei dos Direitos Autorais).” www.r2direito.com.br 03 "Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio ou processo, assim como a inclusão em qualquer sistema de processamento de dados. A violação do direito autoral é crime punido com prisão e multa (art. 184 do Código Penal), sem prejuízo da busca e apreensão do material e indenizações patrimoniais e morais cabíveis (arts. 101 a 110 da lei 9.610/98 - Lei dos Direitos Autorais).” www.r2direito.com.br Continua a referida Professora, "pelo regime constitucional adotado, a instituição do imposto de renda, destinado à seguridade social, não encontraria fundamento de validade, haja vista que o art. 167, IV, da Constituição veda a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou despesa, ressalvadas apenas, as hipóteses que o próprio preceito constitucional estabeleceu. Ademais, se fosse um adicional ao imposto de renda, deveria ser adotado regime próprio do imposto de renda e não das contribuições para a seguridade social". A Suprema Corte, enfrentou essa questão ao julgar o Recurso Extraordinário n.º 146.733-9/SP. Entendeu que deveria ser aplicado à contribuição sobre o lucro o regime jurídico das contribuições para a seguridade social. Com isso, a Corte Constitucional afastou qualquer discussão quanto à natureza da contribuição social sobre o lucro, concluindo que a anterioridade a ser aplicada é a de nonagesimal (90 dias) prevista para as contribuições sociais, conhecida como vacatio constitucuional ou anterioridade especial, segundo Professor Roque Antonio Carraza. Muitos contribuintes recorreram ao Poder Judiciário alegando a ocorrência da bitributação, vedada. Constitucionalmente. Ainda no referido julgamento, o STF reconheceu a inconstitucionalidade de um dos artigos da lei instituidora da CSSL. Foi declara a inconstitucionalidade do art. 8º, para afastar a incidência da CSSL em relação ao período-base que se encerrou em 31 de dezembro de 1988, pois o dispositivo em questão, violava o princípio da irretroatividade previsto no art. 150, III e da anterioridade nonagesimal. Como a Lei 7.689 foi publicada em meados de dezembro de 1988, apenas em março de 1989 entrou em vigor, portanto, restou afastado a aplicação do seu art. 8. º que determinava que a contribuição seria devida a partir do lucro apurado no período-base a ser encerrado em 31-12-88 Visto que a CSSL foi declarada constitucional e está em pleno vigor em nosso ordenamento jurídico, cabe tecer algumas considerações acerca dos PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS aplicáveis. 04 Dos princípios insculpidos no art. 194 da CF que traçam as diretrizes GERAIS a serem seguidas na Seguridade Social, destacam-se dois que dizem respeito diretamente ao custeio : EQUIDADE NA FORMA DE PARTICIPAÇÃO DO CUSTEIO (V) E A DIVERSIDADE DA BASE DE FINACIAMENTO (VI) A equidade no custeio tal como o princípio da capacidade contributiva atribuem aos tributos uma função política e, para bem cumprir essa função, a legislação fiscal deverá impor ao empregador uma tributação eqüitativa, igualitária.Assim, segue lecionando o Mestre Balera "Será compatível com a equidade a tributação que não iniba o desenvolvimento natural das atividades enpresariais e que, no interesse social, imponha ao empregador ônus compatível com o respectivo status no cenário das relações econômicas." O constituinte de 1988 prestigiando essa equidade na forma de participação, previu diretriz ao legislador, para que sempre que possível faça prevalecer a relação sinistro/prêmio (o sinistro nós podemos equiparar ao risco coberto e o prêmio a contribuição vertida). No tocante a DIVERSIDADE DA BASE DE FINANCIAMENTO, funciona como premissa para que seja mensurada a carga tributária que cada categoria social deve suportar. O princípio pretendeu ampliar, de imediato, as bases de financiamento da seguridade social. Como membro integrante da coletividade a empresa contribui de maneira específica por ter especial vantagem. Quanto maior proteção o Poder Público oferece aos obreiros e aos seus dependentes, tanto mais os mesmos se dedicam, com traquilidade, às atividades produtivas. Há um nexo entre produção e proteção. Eis o motivo pelo qual parcela do lucro da empresa será destinada ao Fundo de Seguridade Social. Vale mencionarmos importante princípio relacionado ao custeio e a contribuição ora estudada, que é o princípio da contrapartida, estauído no § 5.º do art. 195 da CF/88. Prescreve o referido artigo que nenhum benefício ou serviço da seguridade social será criado, majorado ou estendido sem a correspondente fonte de custeio total. "Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio ou processo, assim como a inclusão em qualquer sistema de processamento de dados. A violação do direito autoral é crime punido com prisão e multa (art. 184 do Código Penal), sem prejuízo da busca e apreensão do material e indenizações patrimoniais e morais cabíveis (arts. 101 a 110 da lei 9.610/98 - Lei dos Direitos Autorais).” www.r2direito.com.br 05 "Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio ou processo, assim como a inclusão em qualquer sistema de processamento de dados. A violação do direito autoral é crime punido com prisão e multa (art. 184 do Código Penal), sem prejuízo da busca e apreensão do material e indenizações patrimoniais e morais cabíveis (arts. 101 a 110 da lei 9.610/98 - Lei dos Direitos Autorais).” www.r2direito.com.br A regra da contrapartida elevou à exigência constitucional o equilíbrio entre receita e despesa. Para o funcionamento do sistema de proteção social é necessário que os ingressos sejam maiores que os saques. HIPÓTESE DE INCIDÊNCIA: É certo que o mesmo fato o lucro -, foi escolhido como hipótese de incidência de dois tributos que pela sua natureza jurídica específica, são distintos. O elemento diferenciador nos é revelado pelo art. 195 da CF. Ali, na caput do dispositivo, está dito que toda a sociedade irá financiar a seguridade social. Havendo, como há, universalidade na cobertura e no atendimento, também há repartição universal dos encargos financeiros do sistema. O imposto sobre a renda, por sua vez, arrecadado pela União integraria a massa heterogênea de receitas do Estado Federal brasileiro, só que sem nenhuma vinculação com o agir do Estado nos setores de saúde, previdência e assistência social. O aspecto pessoal também evidencia a distinção entre imposto (que toda a sociedade paga) de contribuição social sobre o lucro, que, como manda o Estatuto Supremo, somente será cobrada de certa pessoa jurídica : o empregador. Portanto, o aspecto pessoal da hipótese de incidência na contribuição social que incide sobre o lucro, consiste no fato de alguém ser EMPREGADOR. O empregador, como já visto, segundo lição do Mestre Geraldo Ataliba, é sujeito passivo da contribuição porque aufere indiretamente, certa vantagem diferencial decorrente da existência e do funcionamento dos serviços públicos da seguridade social. 06 Assim, dois atributos da figura jurídica da contribuição social marcam sua presença : a identificação de bem a restrito círculo de pessoas que provocam especial despesa pública e a atividade estatal que com elas, indiretamente, se relaciona. Vale relembrar que as contribuições sociais são formas diretas pela qual é custeado o sistema de seguridade social. Há, no entanto, outra forma indireta de financiamento, que como prescreve o art. 195 da CF retira recursos orçamentários de cada uma das pessoas políticas. A base imponível da CSSL das pessoas jurídicas, encontra-se definida no art. 2.º da Lei 7.689/88 : A base de cálculo da contribuição é o valor do resultado do exercício, antes da provisão para o imposto de renda. NORMAS DE APURAÇÃO E PAGAMENTO : A) Aplicam-se as mesmas normas estabelecidas para o imposto de renda das pessoas jurídicas, consoante a opção do contribuinte pelo Lucro Real, Presumido ou Arbitrado, observando-se que a opção feita pelo contribuinte vale para todo o período. A norma aplicável é a Lei 9.430/96 (Lei do Ajuste Tributário). Lucro Real : é o resultado contábil ajustado pelas adições e exclusões determinadas pela legislação do imposto de renda e contribuição social. Lucro Arbitrado o é pela autoridade fazendária nos casos em que o contribuinte não possui contabilidade, ou quando está é desconsiderada por apresentar irregularidades. Lucro Presumido é a apuração do imposto de renda nos casos em que o sujeito passivo não pretenda declarar corretamemente e se utilize de uma presunção legal para facilitar sua contabilidade. È viável para as pessoas jurídicas desobrigadas de escrituração contábil, dede que mantenha livro Caixa, no qual deverá estar escriturado toda a movimentação financeira, inclusive bancária. "Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio ou processo, assim como a inclusão em qualquer sistema de processamento de dados. A violação do direito autoral é crime punido com prisão e multa (art. 184 do Código Penal), sem prejuízo da busca e apreensão do material e indenizações patrimoniais e morais cabíveis (arts. 101 a 110 da lei 9.610/98 - Lei dos Direitos Autorais).” www.r2direito.com.br 07 "Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio ou processo, assim como a inclusão em qualquer sistema de processamento de dados. A violação do direito autoral é crime punido com prisão e multa (art. 184 do Código Penal), sem prejuízo da busca e apreensão do material e indenizações patrimoniais e morais cabíveis (arts. 101 a 110 da lei 9.610/98 - Lei dos Direitos Autorais).” www.r2direito.com.br EXCLUSÕES DA HIPÓTESE DE INCIDÊNCIA : A LEI 7.988/89 excluiu o lucro decorrente de exportações. Posteriormente, a EC 33/01 retirou da hipótese de incidência das contribuições sociais e de intervenção no domínio econômico as receitas decorrentes de exportação. Com a edição da Lei 10.426/2002, as entidades fechadas de previdência complementar ficam isentas da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, relativamente aos fatos geradores ocorridos a partir de 1.º de janeiro de 2002. Já as associações de poupança e empréstimo, as entidades de previdência privada fechada e as bolsas de mercadorias e de valores estão isentas do imposto de renda, mas são contribuintes da contribuição social sobre o lucro líquido. ALÍQUOTA : O conceito tributário de lucro, para os efeitos do imposto de renda, leva em conta o critério da capacidade econômica e admite certa progressividade. É possível a lei estabelecer alíquotas diferenciadas, de tal sorte que a pessoa jurídica cujo lucro seja maior deverá sujeitar-se a alíquota maior e, consequentemente, a maior carga tributária do que aqueles que auferiram lucros menores ou nem chegaram a ter qualquer lucro. Na contribuição, a progressividade não pode considerar apenas o lucro, pois a medida do lucro não guarda relação com os riscos cobertos pelos planos de seguridade. "ASSIM, aplicando à base de cálculo o regime jurídico das contribuições especais, somos levados a concluir quemesmo nos setores de atividade que propiciam maiores lucros ao empregador não é lícito cobrar maior tributo". É o que se dá com as elevadas alíquotas QUE JÁ INCIDIRAM SOBRE as instituições financeiras. Essa sistemática mostra-se desconforme o regime jurídico das contribuições, pois inexiste regime próprio 08 da seguridade social em favor dos trabalhadores que prestam serviços às entidades financeiras e equiparadas. Assim, trazemos alíquotas previstas : - até 31/12/98 : 8% para as empresas em geral e 18% para as instituições a que se refere o artigo 1.º do Decreto Lei 2.426/88 ; - de 1.º/01/99 até 30/04/99 : 8% para todas as empresas, inclusive para as instituições a que se refere o artigo 1.º do Decreto-Lei 2.426/88 ; - de 1.º/05/99 a 31/01/00 a 31/01/00 : 12% para todas as empresas, inclusive para as instituições a que se refere o artigo 1.º do Decreto-Lei 2.426/88 ; - de 1.º/02/00 a 31/12/02 : 9% para todas as empresas (artigo 37 da Lei 10.637/02). SUJEITO ATIVO : O sujeito ativo é a União, através da Secretaria da Receita Federal art. 33 da Lei 8.212/91 SUJEITO PASSIVO: O sujeito passivo são as pessoas jurídicas empregadoras que auferem lucro. Vale lembrar que com a EC 20/98, o sujeito passou a ser não só a sempresas empregadoras, como também a empresa e a entidade a ela equiparada na forma da lei. Desta forma, não é preciso que se tenha empregados para ser sujeito passivo da Contribuição Social sobre o Lucro. "Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio ou processo, assim como a inclusão em qualquer sistema de processamento de dados. A violação do direito autoral é crime punido com prisão e multa (art. 184 do Código Penal), sem prejuízo da busca e apreensão do material e indenizações patrimoniais e morais cabíveis (arts. 101 a 110 da lei 9.610/98 - Lei dos Direitos Autorais).” www.r2direito.com.br
Compartilhar