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Mariana Alves – 6º período Reumatologia Artrite Reumatoide Definição Doença autoimune caracterizada pelo ataque do próprio corpo às articulações. É uma doença sistêmica, pode não se restringir a articulação. Ela se caracteriza pela inflamação sinovial com hiperplasia e aumento da vascularidade e forma tecido de granulação (PANNUS) que recobre a cartilagem e o osso subcondral, fazendo erosões. Na sinóvia vai ter fluxo de células inflamatórias, gerando inflamação crônica, isso faz com que os linfócitos B secretem autoantígenos. Fisiopatologia Etiologia ainda é desconhecida. Patogênese multifatorial Desde a fase pré-articular (quando não há manifestação articular) há perda da autotolerância e consequente autoimunidade (quando o próprio sistema começa a reconhecer antígenos próprios como se fossem corpos estranhos - ativação linfocitária e formação de autoanticorpos) Hiperplasia da membrana sinovial Recrutamento de células inflamatórias (macrófagos, neutrófilos, células T, B e NK) Isso gera uma inflamação da sinóvia de forma crônica. Sequelas: deterioração óssea e até cartilaginosa Predisposição genética explica cerca de 15% da suscetibilidade à artrite reumatoide Alguns genes que são ligados ao HLA como o DRB1, outros não são (PTPN22 e CTLA4) Dentro do DRB1 os alelos podem conter uma sequencia chamada de epítopo compartilhado (pequena parte que é capaz de gerar uma resposta imune). Quem tem no traço genético essa porção é mais susceptível a ter artrite reumatoide. Tabagismo - aumenta em 20x a chance de artrite reumatoide *citrulinização – quando trocamos a arginina por citrulina Diagnóstico Manifestações clínicas Mariana Alves – 6º período Reumatologia - Sintomas gerais: febre, fadiga, mialgia e perda ponderal - Articulares Poliartrite simétrica – se está acometendo um punho vai começar a acometer o outro punho. Poliartrite porque está pegando mais do que 4 articulações, normalmente Rigidez após o repouso acima de 60min Muito comum de acometer pequenas articulações: mão, pé, punho Acometimento tardio: ATM (articulação têmporo-mandibular) e coluna cervical Geralmente ocorre em: interfalangeana proximal, metacarpofalangeana, ossos do carpo. Quando começa a doer paciente para de usar a mão e pode gerar uma atrofia da musculatura subsequente. Boutonniere e Dedo em pescoço de cisne Sequela fixa. Não consegue colocar o dedo de volta para o lugar. Pescoço de cisne - flexão da interfalangeana distal e hiperextensão da interfalangeana proximal Boutonniere – flexão da interfalangeana proximal e hiperextensão da interfalangeana distal Polegar em Z Desvio ulnar dos dedos Subluxação atlanto-axial Ligamento transverso do atlas impede que ocorra deslizamento de C1 sobre C2. Quando há subluxação dessa região coloca colar cervical nesse paciente. - Extra-articulares Mariana Alves – 6º período Reumatologia Acometimento pode ser: cutâneo, ocular, pleuro-pulmonar, cardíaco, hematológico, neurológico e osteometabólico. Quando elas ocorrem a tendência é mostrar que existe uma doença mais grave, que tem um prognóstico pior. Presença de nódulos reumatoides – nodulações subcutâneas nas faces extensoras. Mais frequente nos pacientes de maior gravidade. Olho – ceratoconjuntivite seca, episclerite, esclerite, escleromalácia, xeroftalmia Pulmão – vai ser responsável por até 20% de mortalidade do paciente com artrite reumatoide. Espessamento pleural assintomático, pneumonite intersticial, nódulo pulmonar, pleurite (derrame pleural exsudativo), BOOP (bronquiolite obliterante com pneumonia, fibrose intersticial (faveolamento – parecido com favos de mel), vidro fosco 1-nódulos 2- BOOP 3-vidro fosco 4- faveolamento Coração – derrame pericárdico, pericardite, miocardite, defeito de condução. O risco cardiovascular de doença arterial coronariana para esse paciente é mais alto do que na população geral. Ele é um paciente inflamado cronicamente. SNC – mononeurite múltipla, neuropatia periférica, nódulos em SNC, mielopatia (pós subluxação atlanto-axial) Pele – nódulo reumatoide, fenômeno de Raynaud, vasculite Hematológico – Síndrome de Felty, leucopenia, linfonodomegalia, esplenomegalia Rim – amiloidose (pode ocorrer após muitos anos de artrite reumatoide, deposição de substâncias amiloides no rim pode fazer com que haja perda da função renal) Mariana Alves – 6º período Reumatologia Laboratório VHS e PCR - são marcadores inflamatórios de fase aguda. Vão estar aumentados na artrite reumatoide. Anticorpos: Fator reumatoide – está presente também em outras doenças mas quando em altos títulos tem maior especificidade para que seja uma artrite reumatoide Anti-CCP – anticorpo antipeptideo citrulinado cíclico. Aparece de forma precoce e é mais específico para artrite reumatoide. Raio-x Paciente de artrite reumatoide de longa data *osteopenia justa-articular (processo inflamatório, fica mais pretinho perto da articulação) USG com Doppler Avalia presença de novos vasos na sinóvia. Sinóvia aumentada com aumento do power doppler. 1-ultrassom de punho 2- ultrassom de interfalangeana Para fazer diagnóstico e pensar se esse paciente tem artrite reumatoide precisa passar pelo critério de classificação. ACR 2010 - qual tipo de articulação - quantas articulações estão acometidas - se tem fator reumatoide e anti-CCP positivo ou negativo - se tem prova de atividade inflamatória elevadas (PCR) - duração dos sintomas Pontua mais quando são pequenas articulações em grande número – poliartrite de pequenas articulações Se tem fator reumatoide positivo e anti- CCP positivo ganha mais pontos Se tem inflamação ganha mais pontos Se está crônica ganha mais pontos Atividade de doença – índices Realizado para saber se o paciente está com a doença bem controlada Mariana Alves – 6º período Reumatologia Diagnósticos diferenciais Sjogren, lúpus, tuberculose, hanseníase, neoplasia. Fatores de pior prognóstico Tabagista, paciente que tem várias articulações acometidas, anti-CCP e fator reumatoide muito alto, desde cedo tem erosão no osso, presença do epítopo compartilhado. Tratamento Começar com metotrexato, e ele a gente vai chegar até uma dose boa (maior do que 15 mg por semana), associado ou não ao corticoide, durante 3 meses. Se observarmos que falhou ou não foi bem aceito (hepatotoxicidade) ou troca por outro ou associa com outro. (metotrexato com leflunomida) utilizar por 3 meses. Se não der certo, se o paciente continua com dor conseguimos indicação para terapia biológica. Terapia biológica – drogas novas Não inicia com terapia biológica, seguir o passo a passo. Metotrexato – antimetabólico antifólico. Vai competir com a enzima dihidrofolatoredutase (DHFR) causando inibição da síntese de DNA. Então as células que estão em replicação vão ter a síntese inibida. Posologia: semanal!! Seguido de um ácido fólico. Efeitos colaterais: os mais esperados são de trato gastrointestinal, mas temos que ficar atentos ao fígado. Ele pode gerar hepatotoxicidade. Pedir sempre exame pra avaliar as funções do fígado. Não usar em grávidas - teratogenicidade
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