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Disciplina: CCJ0001 - FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS
Semana Aula: 9
DESCRIÇÃO DO PLANO DE AULA
Modelos clássicos da análise e compreensão da sociedade e das instituições sociais e políticas
OBJETIVO
Descrever a concepção weberiana de dominação e poder.. Distinguir os três tipos puros de dominação. Demonstrar a 
importância da sociologia weberiana para a análise da sociedade brasileira. 
TEMA
A sociologia de Max Weber (II)
ESTRUTURA DO CONTEÚDO
1- Tipos de dominação legítima em Max Weber A dominação deve ser entendida, segundo Weber, como uma probabilidade de mando e 
de legitimidade deste. A crença é condição fundamental para que a relação entre aquele que manda (domina) e aquele que obedece 
(dominado) se realize. Portanto, não é toda e qualquer relação de poder que é legitimada, é preciso que aquele que obedece acredite 
voluntariamente naquele que tem poder de mando. O poder é sempre uma probabilidade, pois depende de outro para ser exercido. 
Weber fornece o exemplo da relação de poder entre senhor e escravo que é carente de uma relação voluntária, não havendo portanto 
legitimidade e sim obrigação; a conseqüência é que na primeira oportunidade os indivíduos fogem desta relação, abandonam seus 
senhores.
1.1- Os tipos puros de dominação: Weber define os três tipos puros de dominação como: racional-legal ou burocrática, dominação 
tradicional e a carismática. A dominação racional-legal é exercida dentro de um quadro administrativo composto de regras e leis escritas 
que devem ser seguidas por todos, não havendo privilégios pessoais. Ela é apoiada na crença de uma ?legitimidade de ordens estatuídas 
e nos direitos de mando dos chamados a exercer autoridade legal?. Esta é baseada em relações impessoais e os funcionários são 
incorporados ao quadro administrativo, através de um contrato, não por suas características pessoais mas por sua competência técnica. 
Eles são livres, sendo que suas obrigações se limitam aos deveres e objetivos de seus cargos que estão dispostos dentro de uma 
hierarquia administrativa e suas competências são rigorosamente fixadas. Realizam seu trabalho e em troca recebem um salário fixo e 
regular que varia conforme a responsabilidade do cargo, que é exercido em forma exclusiva ou como principal ocupação. Há 
possibilidade de fazer carreira, podendo subir na hierarquia da profissão, através do tempo de serviço ou por competência ou ambos. 
Importante ressaltar que os funcionários trabalham em seus cargos sem a apropriação dos mesmos. A dominação burocrática é 
puramente técnica, com o objetivo de atingir o mais alto grau de eficiência e nesse sentido é, formalmente, o mais racional conhecido 
meio de exercer a dominação sobre os seres humanos. A dominação tradicional repousa na crença das tradições, costumes que existem 
desde de outros tempos. É a legitimidade na crença dos indivíduos nas ordens e poderes senhoriais tradicionais. A autoridade é exercida 
e legitimada pela tradição e por normas escritas. O quadro administrativo, neste caso, pode ser recrutado não pela competência técnica 
mas por vínculos pessoais e laços de fidelidade. As tarefas não estão claramente definidas, como na dominação racional, e os privilégios 
e deveres encontram-se sujeitos a modificações de acordo com a vontade do governante. Há outros tipos de dominação tradicional que 
são o: patriarcalismo onde o poder é exercido segundo regras fixas de sucessão; e o patrimonialismo ou gerontocracia que é autoridade 
exercida pelos mais velhos, em idade, sendo os melhores conhecedores da tradição sagrada. Em um corpo administrativo encontramos o 
patrimonialismo quando os funcionários ligam-se ao chefe por laços de fidelidade pessoais. A dominação carsimática pode ser 
caracterizada pelo seu caráter de tipo extraordinário e irracional. Weber define carisma como uma qualidade pessoal considerada 
extraordinária, atribuída a um indivíduo que possui poderes ou qualidades sobrenaturais. Esses indivíduos são enviados por Deus para o 
cumprimento de uma ?missão?. Portanto, este indivíduo é reconhecido como um líder por seus seguidores e assim a autoridade 
carismática é legitimada. O Os carismáticos, geralmente são profetas religiosos, políticos, demagogos, apresentam, na maioria das vezes, 
provas de seu poder, fazendo milagres ou revelações divinas. Entretanto Weber aponta para possibilidade de uma existência 
permanente de um líder carismático, tal fenômeno foi chamado de rotinização do carisma. Para que isso ocorra são necessárias 
mudanças profundas, pois implicam a transformação da autoridade carismática em tradicional ou legal. Sendo assim as atividades do 
corpo administrativo passam a ser exercidas de forma regular seja através da constituição de normas tradicionais seja por promulgação 
de regras legais. Haverá um problema a ser resolvido que é o da sucessão que não será eleito, geralmente o líder carismático escolhe 
entre aqueles de sua confiança ou então por hereditariedade. 
1.2 - A construção dos tipos ideais de autoridade ? essa construção é importante para a compreensão do desenvolvimento das 
instituições, nas quais a burocracia é a mais importante por ser mais característica da sociedade moderna ocidental a qual tem em seu 
cerne o pensamento racional. Esses três tipos de dominação não são encontrados isoladamente na realidade, eles coexistem. A 
sociedade brasileira é um bom exemplo dessa coexistência, pois as relações de trabalho nas organizações (lugar, em princípio, exemplar 
da relação impessoal) são, ao contrário, pessoais e permeadas de privilégios. A seleção nem sempre atende aos critérios meritocráticos, 
competência comprovada para o cargo. Em muitos casos as relações pessoais valem muito mais do que um diploma.
2- Patrimonialismo e nepotismo na sociedade brasileira: a permanência do arcaico Segundo Roberto da Matta, em O que faz o Brasil, 
Brasil? (Rio de Janeiro, Ed. Sala, 1984), ?o dilema brasileiro residiria na oscilação, ou seja, no que existe de liminar, entre ?um esqueleto 
nacional feito de leis universais cujo sujeito era o indivíduo e situações onde cada qual se salvava e se despachava como podia, utilizando 
para isso seu sistema de relações pessoais?. Nesse sentido, o brasileiro oscilava entre uma série de leis que, teoricamente, todos os 
Relatório - Plano de Aula 10/08/2012 10:57
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indivíduos da sociedade deveriam cumprir, e uma série de expedientes passiveis de serem utilizados para burlas estas normas com bases 
em uma rede de contatos pessoais facilitados pelo nosso próprio sistema burocrático e hierárquico. Deste conflito nasceriam situações 
que todos nós estamos acostumados a vivenciar, como o jeitinho, que sempre está ao nosso alcance (pra tudo tem um jeito), e o famoso 
?você sabe com quem está falando??. De acordo com Sérgio Buarque de Holanda, em Raízes do Brasil, no Brasil onde imperou, desde 
tempos remotos, o tipo primitivo de família patriarcal ( o pai é o chefe supremo, o homem possui um status de soberano, senhor total de 
todos e todas as coisas), o desenvolvimento da urbanização que não resulta unicamente do crescimento das cidades mas também do 
crescimento dos meios de comunicação, atraindo vastas áreas rurais para a esfera de influência das cidades - ia acarretar um 
desequilíbrio social, cujos efeitos permanecem vivos ainda hoje. Não era fácil aos detentores das posições públicas de responsabilidade, 
formados por tal ambiente, compreenderem a distinção fundamental entre os domínios do privado e público. Assim, eles se 
caracterizam justamente pelo que separa o funcionário "patrimonial" do puro burocrata conforme a definição de Max Weber. Para o 
funcionário "patrimonial", a própria gestão política, apresenta-se como assunto de seu interesse particular; as funções, os empregos e os 
benefícios que deles aufere, relacionam-se a direitos pessoais do funcionário e não a interesses objetivos, como sucede no verdadeiro 
Estado burocrático, em que prevalecem a especialização das funções e o esforço para se assegurarem garantiasjurídicas aos cidadãos. 
Como se sabe, a prática do patrimonialismo ainda é bastante arraigada na sociedade brasileira. Apesar de o ordenamento jurídico 
brasileiro consagrar o princípio da igualdade entre os cidadãos, verifica-se a permanência de relações hierarquizada que permitem que 
alguns indivíduos sejam ?mais iguais que outros?, como irônica e argutamente demonstra Roberto da Matta, na obra supracitada. É o 
caso de homens públicos que se utilizam de recursos públicos para fins privados, seja utilizando-se de funcionários públicos para serviços 
domésticos, seja pleiteando vistos diplomáticos a parentes sem alegadas razões de Estado. 
Bibliografia básica: COSTA, Cristina. Sociologia: introdução à ciência da sociedade. 3ª ed. ampliada e revista. São Paulo, 
Moderna, 2005. Capítulo 6 - Sociologia alemã: a contribuição de Max Weber (pp. 94-109);
PROCEDIMENTO DE ENSINO
Aula teórica: Exposição oral com o auxílio de métodos áudios-visuais. Debate em grupo sobre temas correlatos à aula. Resolução de 
exercícios apresentados, bem como de exemplos, exercícios e estudos de caso escolhidos pelo professor, de forma a privilegiar, sempre 
que possível, as especificidades regionais. Sugestão de atividade extraclasse: Pesquise sobre Súmula Vinculante nº 13, do Supremo 
Tribunal Federal, e reflita sobre suas implicações na sociedade brasileira.
RECURSO FÍSICO
x���Quadro e pincel; 
x���Áudio-visual e/ou artigos de jornal/revista.
APLICAÇÃO PRÁTICA/ TEÓRICA
Questão discursiva: Leia o texto abaixo e responda as perguntas apresentadas: Coronelismo , enxada e voto ?E assim nos parece este 
aspecto importantíssimo do ?coronelismo?, que é o sistema de reciprocidade: de um lado, os chefes municipais e os ? coronéis?, que 
conduzem magotes de eleitores como quem toca tropa de burros; de outro, a situação política dominante no Estado, que dispõe do 
erário, dos empregos, dos favores e da força policial, que possui, em suma, o cofre das graças e o poder da desgraça. É claro, portanto, 
que os dois aspectos ? o prestígio próprio dos ?coronéis? e o prestígio de empréstimo que o poder público lhes outorga ? são 
mutuamente dependentes e funcionam ao mesmo tempo como determinantes e determinados. Sem a licença do ?coronel? ? firmada na 
estrutura agrária do país ?, o governo não se sentiria obrigado a um tratamento de reciprocidade, e sem essa reciprocidade a liderança 
do ?coronel? ficaria sensivelmente diminuída?. Fonte: LEAL, V. N., Coronelismo, enxada e voto. São Paulo: Alfa-Omega, 1986, 5ª ed., p. 
43. 1- Weber, em sua perspectiva teórica sobre dominação, estabelece três tipos puros. Identifique e justifique o tipo de dominação 
presente no texto. 2- Pode-se afirmar, na perspectiva weberiana, que o patrimonialismo é um entrave à modernidade? Justifique. 
Questão de múltipla escolha: O texto abaixo, retirado do livro Carisma e Êxtase, de Charles Lindholm, caracteriza bem um dos tipos de 
dominação legítima de Weber. Marque a opção que melhor o explique: O Servidor Possuído É um grande erro dizer que as populações 
são controladas apenas pelo medo. Ao contrário, tudo indica que no começo de todas as grandes civilizações,incluindo as modernas, 
houve um investimento extraordinário de amor, de servidão voluntária por parte de quem dirige e também de quem segue. Esta imagem 
do líder é portanto distinta da delineada por Maquiavel, com sua famosa frase ?é muito mais seguro ser temido do que ser amado?. A) 
Dominação tradicional, baseada na crença nas tradições vigentes e na legitimidade daqueles que, em virtude dessas tradições, 
representam a autoridade. B) Dominação carismática, baseada na veneração extra cotidiana do heroísmo ou do caráter exemplar de 
uma pessoa. C) Dominação carismática, baseada na crença nas tradições vigentes e na legitimidade daqueles que, em virtude dessas 
tradições, representam a autoridade. D) Dominação racional-legal, baseada na legitimidade das ordens legais e do direito de mando dos 
que, em razão dessas ordens, são nomeados para exercer a dominação. E) Dominação racional-legal, baseada na veneração extra 
cotidiana do heroísmo ou do caráter exemplar de uma pessoa.
CONSIDERAÇÃO ADICIONAL
Relatório - Plano de Aula 10/08/2012 10:57
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