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Arlinda Marques M. Dourado – Medicina 2021 1 SONDA NASOGÁSTRICA E NASOENTERAL 1. Identificar necessidades humanas básicas relacionadas a nutrição e hidratação; 2. Reconhecer indicações, possíveis riscos e complicações da sondagem nasogástrica e nasoenteral; 3. Desenvolver destreza manual, comunicação efetiva e questões éticas; 4. Realizar sondagem nasogástrica e nasoenteral com o uso de técnica adequada; 5. Reconhecer a importância dos registros pertinentes aos procedimentos e suas implicações legais. Sonda Nasogástrica (SNG) A passagem de sonda nasogástrica é a inserção de uma sonda plástica ou de borracha, flexível, podendo ser curta ou longa, pela boca ou nariz. Ela tem a finalidade de: descomprimir o estômago e remover gás e líquidos; diagnosticar a motilidade intestinal; administrar medicamentos e alimentos; tratar uma obstrução ou um local com sangramento; obter conteúdo gástrico para análise. Condições ou necessidades que requerem utilização de sonda: - Preparação pré-operatória com dieta elementar; - Problemas gastrintestinais com dieta elementar; - Terapia para o câncer; - Cuidado na convalescença; Arlinda Marques M. Dourado – Medicina 2021 2 - Coma; - Condições hipermetabólicas; - Cirurgia maxilofacial ou cervical. Tipos de Sonda Nasogástrica A sonda nasogástrica é introduzida através do nariz ou boca até o estômago. As mais comumente usadas são: sonda de Levine, gástrica simples, Nutriflex, a Moss e a Sengstaken-Blakemore (S- B). Sonda de Levine: é uma das mais usadas, existindo no mercado tanto tubos de plástico como de borracha, com orifícios laterais próximos à ponta; são passadas normalmente pelas narinas. Apresenta uma única luz (números 14 a 18). A sonda é usada para remover líquidos e gases do trato gastrintestinal superior em adultos, obter uma amostra do conteúdo gástrico para estudos laboratoriais e administrar alimentos e medicamentos diretamente no trato gastrintestinal. A colocação da sonda pode ser checada depois de colocada aspirando-se o conteúdo gástrico e checando-se o ph do material retirado. O ph do aspirado gástrico é ácido (± 3); o ph do aspirado intestinal (± 6,5), e o ph do aspirado respiratório é mais alcalino (7 ou mais). Uma radiografia é o único meio seguro de se verificar a posição da sonda; Sonda gástrica simples (“Salem-VENTROL”): é uma sonda radiopaca, de plástico claro, dotada de duas luzes. É usada para descomprimir o estômago e mantê-lo vazio; Sonda Nutriflex: é uma sonda usada para nutrição. Possui 76 cm de comprimento e uma ponta pesada de mercúrio para facilitar sua inserção. É protegida por um lubrificante que é ativado quando é umidificado; Sonda de MOSS: é uma sonda de descompressão gástrica de 90 cm de comprimento, três luzes e somente um balão que serve para fixar a sonda ao estômago quando inflado. O cateter de descompressão serve para aspiração gástrica e esofagiana, como também para lavagem. A terceira luz é uma via para alimentação duodenal; Sonda S-B: é usada para tratar sangramento de varizes esofagianas. Tem 3 luzes e 2 balões; duas das luzes são utilizadas para inflar os balões, enquanto a terceira é usada para lavagem gástrica e para monitorizar o sangramento. Técnica de Sondagem com Sonda Levine Material: • Sonda gástrica LEVINE (mulher 14 a 16, homem 16 a 18); • Seringa de 20 ml; • Copo com água; • Gaze, • Benzina; • Toalha de rosto; • Xilocaína gel; • Fita adesiva; • Estetoscópio; • Biombo s/n; • Luvas de procedimento; • Sacos para lixo. Procedimento: 1. Elevar a cabeceira da cama (posição Fowler – 45º) com a cabeceira inclinada para frente ou decúbito dorsal horizontal com cabeça lateralizada; 2. Proteger o tórax com a toalha e limpar as narinas com gaze; Arlinda Marques M. Dourado – Medicina 2021 3 3. Limpar o nariz e a testa com gaze e benzina para retirar a oleosidade da pele; 4. Medir a sonda do lóbulo da orelha até a ponta do nariz e até a base do apêndice; 5. Marcar com adesivo; 6. Calçar luvas; 7. Lubrificar a sonda com xylocaína; 8. Introduzir a sonda em uma das narinas pedindo ao paciente que degluta; 9. Introduzir até a marca do adesivo; 10. Observar sinais de cianose, dispneia e tosse; 11. Para verificar se a sonda está no local: 12. Injetar 20 ml de ar na sonda e auscultar com estetoscópio, na base do apêndice xifoide, para ouvir ruídos hidroaéreos; 13. Ver fluxo de suco gástrico aspirando com a seringa de 20 ml; 14. Colocar a ponta da sonda no copo com água - se tiver borbulhamento está na traqueia. Deve ser retirada; 15. Toda vez que a sonda for aberta, para algum procedimento, dobrá-la para evitar a entrada de ar; 16. Fechá-la ou conectá-la ao coletor; 17. Fixar a sonda não tracionando a narina. Lavagem gástrica É a introdução através da SNG, de líquido na cavidade gástrica, seguida de sua remoção. Tem como objetivo remover do estômago substâncias tóxicas ou irritantes, preparar para cirurgias do aparelho digestivo. Deve-se evitar a lavagem gástrica em casos de envenenamento por substâncias causticas, para não provocar perfuração do esôfago ou estômago, pela sonda. Material: • Bandeja; • Material para sondagem nasogástrica – sonda calibrosa; • Balde; • Folhas de papel toalha; • Soro fisiológico com equipo; • Biombo; • Luvas de procedimento. Procedimentos: 1. Fazer planejamento; 2. Lavar as mãos; 3. Reunir o material na bandeja, levar a unidade do paciente, colocá-lo sobre a mesa de cabeceira; 4. Colocar o balde sobre a cadeia, forrada com papel toalha; 5. Cercar a cama com biombo; 6. Colocar o soro no suporte; 7. Calçar as luvas de procedimentos; 8. Proceder a técnica de sondagem nasogástrica; 9. Conectar o equipo na sonda e deixar fluir aproximadamente 250 a 500 ml de soro; 10. Fechar o soro, desconectar o equipo, colocar a extremidade aberta da sonda no balde, deixando o líquido refluir por sinfonagem. Aspirar com seringa. Se necessário pode-se também usar frasco de soro com pressão negativa; 11. Repetir o processo até que o retorno seja límpido; 12. Proceder a retirada da sonda, conforme técnica descrita; 13. Retirar luvas; 14. Deixar o paciente confortável; 15. Medir o retorno, desprezar e anotar. Arlinda Marques M. Dourado – Medicina 2021 4 Retirada da sonda nasogástrica Materiais: • Bandeja; • Gazes; • Luvas de procedimento; • Recipiente com algodão embebido na benzina; • Cuba rim; • Papel toalha. Procedimentos: 1. Lavar as mãos; 2. Preparar o material e levá-lo à unidade do paciente; 3. Cercar a cama com biombo, se necessário; 4. Colocar papel toalha sobre o tórax do paciente; 5. Forrar a cuba rim com papel toalha e colocá-la ao lado do paciente; 6. Calçar luvas; 7. Desprender o esparadrapo com algodão embebido na benzina; 8. Pegar a sonda com aze e comprimi-la firmemente; 9. Retirar a sonda com movimentos suaves e colocá-la na cuba rim envolvendo-a com o papel toalha; 10. Anotar no prontuário procedimento realizado. COMPLICAÇÕES: Deslocamento da sonda internamente ou externamente e obstrução da via jejunal destinada à administração da nutrição enteral devido ao menor calibre da sonda. Sonda Nasoenteral (SNE) A sonda nasoenteral tem comprimento variável de 50 a 150 cm, e diâmetro médio interno de 1,6mm e externo de 4 mm, com marcas numéricas ao longo de sua extensão, facilitando posicionamentos, maleáveis, com fio-guia metálico e flexível, radiopaca. A sonda nasoenteral é passada da narina até o intestino. Difere da sonda nasogástrica, por ter o calibre mais fino, causando assim, menos trauma ao esôfago, e por alojar-se diretamente no intestino, necessitando de controle por Raios-X para verificação do local da sonda. Tem como função apenas a alimentação do paciente, sendo de escolha no caso de pacientes que receberam alimentação via sonda por tempo indeterminado e prolongado. Por isso, esta sonda só permanece aberta durante o tempo de infusão da alimentação. A técnicade sondagem se assemelha com a técnica de sondagem nasogástrica. Material: • Sonda enteral com fio guia (mandril); • Seringa de 20 ml; • Copo com água; • Gaze; • Benzina; • Toalha de rosto; • Xylocaína gel; • Fita adesiva; • Estetoscópio; • Biombo s/n; • Luvas de procedimento; • Sacos para lixo. Arlinda Marques M. Dourado – Medicina 2021 5 Procedimento: 1. Elevar a cabeceira da cama (posição Fowler – 45º) com a cabeceira inclinada para frente ou decúbito dorsal horizontal com cabeça lateralizada; 2. Proteger o tórax com a toalha e limpar as narinas com gaze; 3. Limpar o nariz e a testa com gaze e benzina para retirar a oleosidade da pele; 4. Medir a sonda do lóbulo da orelha até a ponta do nariz e até a base do apêndice (acrescentar mais 10 cm); 5. Marcar com adesivo; 6. Calçar luvas; 7. Injetar água dentro da sonda (com mandril); 8. Mergulhar a ponta da sonda em copo com água para lubrificar; 9. Introduzir a sonda em uma das narinas pedindo ao paciente que degluta - introduzir até a marca do adesivo; 10. Aguardar a migração da sonda para duodeno, encaminhar ao Raio-X para confirmação do local da sonda; 11. Retirar o fio-guia após a passagem correta; 12. Observar sinais de cianose, dispnéia e tosse; Para verificar se a sonda está no local: 13. Injetar 20 ml de ar na sonda e auscultar com esteto, na base do apêndice xifóide, para ouvir ruídos hidroaéreos; 14. Colocar a ponta da sonda no copo com água - se tiver borbulhamento está na traquéia. Deve ser retirada; 15. Toda vez que a sonda for aberta, para algum procedimento, dobrá-la para evitar a entrada de ar; 16. Fechá-la ou conectá-la ao coletor; 17. Fixar a sonda não tracionando a narina; 18. Colocar o paciente em decúbito lateral direito para que a passagem da sonda até o duodeno seja facilitada pela peristalce gástrica. LAVAR A SONDA COM 20ML DE ÁGUA ANTES E APÓS A ADMINISTRAÇÃO DE DIETAS E MEDICAÇÕES (EVITA A OBSTRUÇÃO DA SONDA). COMPLICAÇÕES: A contaminação microbiana durante o preparo da dieta enteral pode trazer como consequência uma intoxicação alimentar, considerada uma complicação infecciosa. Além disso, uma pneumonia aspirativa também pode ocorrer quando a sonda não estiver alocada adequadamente, pelo mau posicionamento do paciente ou na presença de alterações gastrointestinais.
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