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Alterações qualitativas da Sensopercepção

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Alterações qualitativas da Sensopercepção
A ilusão, a pareidolia, a alucinação e a sinestesia representam as alterações qualitativas da sensopercepção (Figura 7.1).
Figura 7.1 Alterações qualitativas da sensopercepção.
Ilusão
O termo ilusão vem do latim, illusionem, que significa engano, fantasia, miragem, logro, ludíbrio.
Trata-se de uma percepção falseada, deformada, de um objeto real e presente. No lugar deste, um outro objeto é percebido. A deturpação da imagem perceptiva se dá em função da mescla desta com uma imagem representativa.
A imagem ilusória possui corporeidade, projeta-se no espaço exterior, é aceita (pelo menos num primeiro momento) como realidade e não é influenciada pela vontade (Cabaleiro Goas, 1966). Pode ocorrer não só em doentes mentais, mas também em pessoas normais. As ilusões são assim classificadas: por desatenção, catatímicas e oníricas.
Na ilusão por desatenção, elementos representativos são introduzidos para completar ou corrigir estímulos externos escassos ou incorretos, respectivamente. É o que ocorre quando, sem nos darmos conta, completamos uma frase ouvida apenas de forma fragmentária, ou corrigimos as falhas de impressão na leitura de um livro. Quando se presta mais atenção, num segundo momento, a ilusão desaparece.
Na ilusão catatímica, a deformação do objeto tem origem em um afeto intenso, relacionado a desejo ou a temor. Um exemplo seria o de um indivíduo apaixonado falsamente reconhecer a pessoa amada nos diversos estranhos com os quais cruza rapidamente andando pela rua. Um outro seria o de, à noite, passando por um lugar sabidamente perigoso, confundir-se uma árvore com a figura de um assaltante. Essa forma de ilusão também desaparece com a atenção.
A ilusão onírica está relacionada a um quadro de rebaixamento do nível de consciência. No delirium, as ilusões são predominantemente visuais e se associam, com frequência, a fenômenos alucinatórios. Pode acontecer, por exemplo, de um paciente obnubilado, internado em uma unidade de tratamento intensivo, ao olhar para um médico que se aproxima, veja no pescoço deste uma cobra, quando na verdade trata-se de um estetoscópio.
Pareidolia
O termo pareidolia, criado por Jaspers, vem do grego para (ao lado) 1 eidos (figura).
Esse fenômeno consiste numa imagem (fantástica e extrojetada) criada intencionalmente a partir de percepções reais de elementos sensoriais incompletos ou imprecisos. Por exemplo: ver figuras humanas, cenas, animais, objetos etc., em nuvens, em manchas ou relevos de paredes, no fogo, na Lua etc.; ou “ouvir” sons musicais com base em ruídos monótonos. Nesses casos, o objeto real passa para um segundo plano.
A pareidolia não é patológica; ocorre em pessoas normais. Trata-se de um fenômeno bastante relacionado à atividade imaginativa.
Apesar de a pareidolia ser incluída por diversos autores, como Jaspers (1987), entre as formas de ilusão, diferencia-se desta pelo fato de o indivíduo estar todo o tempo consciente da irrealidade da imagem e de sua influência sobre esta. Exceto por ser projetada para o espaço objetivo externo, a pareidolia possui as características da imagem representativa, como a possibilidade de influenciamento voluntário.
Alucinação
O termo alucinação tem origem no latim, alucinare, que significa dementado, enlouquecido, privado da razão.
A alucinação, descrita pela primeira vez por Esquirol, é classicamente definida como “percepção sem objeto” (Ball), ou como uma percepção na ausência dos estímulos externos correspondentes. Para Cabaleiro Goas (1966), essa definição é bastante incompleta e contraditória em si mesma. Há outras definições, como “interpretar-se como estando no campo perceptual um objeto que de fato não está” (Del Nero, 1997).
As alucinações não se originam de transformações de percepções reais, o que as distinguem das ilusões. Todavia a distinção teórica entre alucinações e ilusões não é tão simples, já que, em condições naturais, os órgãos sensoriais recebem o tempo todo estímulos externos. A atenção não remove as alucinações, ao contrário do que acontece com as ilusões por desatenção e catatímicas. As alucinações ocorrem simultânea e paralelamente às percepções reais, diferentemente das imagens do sonho.
As alucinações podem levar secundariamente ao desenvolvimento de ideias deliroides, criadas como uma explicação para aquelas. Existem três espécies de vivências alucinatórias: as alucinações verdadeiras, as pseudoalucinações e as alucinoses.
· Alucinações verdadeiras
As alucinações verdadeiras apresentam todas as características de uma imagem perceptiva real,
incluindo a corporeidade e a localização no espaço objetivo externo. Possuem uma irresistível força de convencimento, ou seja, são aceitas pelo juízo de realidade, por mais que pareçam para o próprio paciente estranhas ou especiais. Para Jaspers (1987), só ocorrem sob lucidez de consciência, o que as torna pouco comuns.
· Pseudoalucinações
As pseudoalucinações foram descritas primeiramente pelo psiquiatra russo Kandinski, em
1885. São também chamadas de alucinações psíquicas (Baillarger) e de alucinações aperceptivas (Kahlbaum).
Diferenciam-se das alucinações verdadeiras pela ausência de corporeidade e localização no espaço subjetivo interno. Quanto aos demais aspectos (nitidez/imprecisão, presença ou ausência de frescor sensorial, constância/instabilidade e possibilidade ou impossibilidade de influenciamento pela vontade), podem se parecer tanto com a imagem perceptiva quanto com a imagem representativa. Assim como nas alucinações verdadeiras, há plena convicção quanto à realidade do fenômeno.
Só foram descritas pseudoalucinações nas modalidades visual e auditiva. Os pacientes percebem com os “olhos (ou ouvidos) internos”, com o termo interno referindo-se a dentro da mente (e não dentro do corpo ou da cabeça).
As pseudoalucinações parecem ser especialmente frequentes na esquizofrenia, mas podem ocorrer também nos quadros em que há alteração do estado da consciência, como no delirium (rebaixamento) e nos estados crepusculares histéricos e epilépticos (estreitamento).
O conceito de pseudoalucinações, no entanto, é pouco usado pelos psiquiatras. Além disso, não é consensual entre os psicopatologistas, sendo empregado com outros significados: referindo-se a alucinações factícias em simuladores, a falsas alucinações na antiga histeria ou a alucinações em que há crítica por parte do paciente. E, como todo conceito definido negativamente (“pseudo”), é fraco, pois depende da validade e fidedignidade de outro conceito (no caso, do conceito de alucinação).
· Alucinoses
Assim como nas alucinações verdadeiras, nas alucinoses o objeto percebido é localizado no espaço objetivo externo. Mas, segundo Claude e Ey, diferenciam-se das alucinações verdadeiras por serem adequada e imediatamente criticadas pelo indivíduo, que reconhece o fenômeno como algo patológico.
As alucinoses ocorrem sob lucidez de consciência. São também chamadas alucinações neurológicas, já que estão relacionadas a distúrbios de origem orgânica: são observadas em lesões do pedúnculo cerebral, assim como em áreas específicas do tronco cerebral e nos lobos occipital e temporal; em intoxicações por alucinógenos (LSD, mescalina); na estimulação elétrica cortical em neurocirurgias; em focos epilépticos; na enxaqueca (os escotomas cintilantes); e no fenômeno do membro fantasma em amputados.
O mesmo termo alucinose é usado com significado bem diverso. Foi introduzido por Wernicke para designar transtornos alucinatórios agudos e crônicos. Um exemplo desse tipo de condição é a categoria nosológica alucinose alcoólica, na qual, em geral, não há crítica em relação às vivências alucinatórias.
· Vivências alucinatórias nas diversas modalidades sensoriais
As alucinações visuais podem ser elementares (ou simples), quando contêm elementos de uma
única forma de sensação, sendo então denominadas fotopsias: clarões, chamas, pontos brilhantes. Podem ser também complexas (ou elaboradas): figuras, objetos, pessoas, cenas estáticas ou em movimento. As alucinações visuaissão típicas dos quadros de delirium e na intoxicação por alucinógenos (LSD, mescalina etc.), sendo incomuns na esquizofrenia e nas psicoses afetivas.
As alucinações auditivas são consideradas as mais comuns. Elas podem ser elementares, sendo chamadas de acoasmas: zumbidos, estalidos, silvos, sinos, campainhas. Podem ser ainda complexas, chamadas de fonemas: palavras, frases (alucinações auditivo-verbais). As alucinações musicais também deveriam ser incluídas entre as complexas.
Entre as alucinações auditivas, as auditivo-verbais são as mais comuns. As vozes podem ser bem claras ou ininteligíveis para o paciente; podem dirigir-se diretamente ao paciente, ou dialogar entre si, referindo-se a ele na terceira pessoa. Algumas vozes ofendem, criticam, ameaçam o paciente ou lhe dão ordens. Estas últimas são chamadas de alucinações imperativas.
Alucinações auditivas são especialmente comuns na esquizofrenia e na alucinose alcoólica, podendo ser encontradas também em psicoses afetivas e em outros quadros psicóticos.
Alucinações olfativas e gustativas são raras e, em geral, estão associadas, podendo ser difícil, na prática, a distinção entre elas. Na maioria das vezes, o paciente experimenta um odor ou gosto bastante desagradável, como de fezes, lixo, animais mortos, veneno etc. Essas alucinações podem estar relacionadas a uma recusa sistemática de alimentos (sitiofobia). Parecem ser mais comuns na esquizofrenia e em crises parciais epilépticas.
Entre as alucinações cutâneas estão incluídas, além das sensações táteis (de toque), sensações térmicas, dolorosas e hídricas (de umidade). Os pacientes queixam-se de queimaduras, espetadas, choques, ou de que pequenos animais (em geral insetos) movem-se sobre ou sob a sua pele. As alucinações cutâneas ocorrem com especial frequência no delirium tremens e na intoxicação por cocaína ou anfetamina.
Nas alucinações cenestésicas (ou viscerais), as sensações são localizadas nos órgãos internos. Os pacientes queixam-se de que seus corpos estão sendo atingidos por misteriosas irradiações ou descargas elétricas; de que seus órgãos genitais estão sendo tocados – experimentam o orgasmo ou sentem-se violentados –; de que o cérebro está encolhendo, o fígado está destruído, há um bicho dentro do abdômen. Essas alucinações são comuns na esquizofrenia e, com frequência, estão associadas a delírios de influência e à síndrome de Cotard.
Alucinações cinestésicas são falsas percepções de movimento, ativos ou passivos, de todo o corpo ou só de um segmento. Apesar de estar na verdade imóvel, o paciente tem a sensação de que está afundando no leito, girando, voando, dobrando as pernas, elevando um braço etc. Uma forma especial de alucinações cinestésicas são as alucinações psicomotoras verbais: embora calado, o paciente sente os músculos do aparelho fonador animados de movimento, dando-lhe a impressão de que alguém está falando por ele. As alucinações cinestésicas podem ser encontradas na esquizofrenia catatônica, no delirium tremens e em outros quadros de etiologia orgânica.
· Formas especiais de vivências alucinatórias
A alucinação liliputiana, originalmente descrita por Leroy, em 1921, consiste na visão de
personagens ou animais minúsculos. Está relacionada à intoxicação por cocaína. A alucinação guliveriana representa uma alucinação visual gigantesca. Ocorre em quadros de delirium. Os termos liliputiana e guliveriana têm origem no livro Gulliver no País de Liliput, de autor desconhecido. De acordo com a história, em Liliput tudo era pequeno.
Na alucinação extracampina, o objeto percebido encontra-se fora do campo perceptivo. Por exemplo: ver uma pessoa que está atrás de sua cabeça ou do outro lado da parede; ouvir o que falam a 1 km de distância. Essa forma de alucinação ocorre na esquizofrenia e em algumas psicoses de origem orgânica.
A alucinação funcional, por definição, é desencadeada por estímulos sensoriais reais, que são da mesma modalidade. Por exemplo: o paciente, ao ouvir o som de um jorro de água, apresenta alucinações auditivo-verbais, as quais desaparecem assim que a torneira é fechada. Não se trata de ilusão, já que as vozes e o correr da água são ouvidos simultânea e distintamente.
Na sonorização do pensamento, o paciente ouve o próprio pensamento, reconhecido como tal, no espaço objetivo externo. Esse fenômeno pode se dar antes, no momento ou depois do ato de pensar (só neste último caso caberia o termo eco do pensamento). A sonorização do pensamento ocorre na esquizofrenia.
A autoscopia (ou heautoscopia) consiste na visão da imagem do próprio corpo projetada no espaço externo. Em geral, essa experiência se acompanha de sofrimento ou medo. Ocorre na esquizofrenia, na epilepsia do lobo temporal, no delirium e na intoxicação por alucinógenos (psicodislépticos).
As alucinações hipnagógica e hipnopômpica, estudadas inicialmente por Maury, são em geral visuais, mas também podem ser auditivas ou táteis. Estão relacionadas à transição sono–vigília: a primeira ocorre no momento em que se está adormecendo; a segunda, no despertar. O indivíduo mantém a crítica quanto à irrealidade das imagens, as quais possuem mais características das representações do que das percepções. Esses fenômenos, que a rigor deveriam ser considerados sonhos, e não alucinações, ocorrem em pessoas normais e na narcolepsia.
Na alucinação reflexa, um estímulo sensorial real em uma modalidade desencadeia uma alucinação em outra. Um exemplo fornecido por Kahlbaum é o de um paciente que, ao ouvir o miado de um gato que estava fora do seu campo visual, imediatamente viu a cara do gato.
Sinestesia
Na sinestesia, um estímulo sensorial em uma modalidade é percebido como uma sensação em outra modalidade (Sims, 2001). Por exemplo: ver sons, ouvir cores etc. Isso ocorre na intoxicação por alucinógenos (LSD, mescalina etc.).

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