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CARCINOMA HEPÁTICO Os tumores malignos que ocorrem no fígado podem ser primários ou metastáticos. A maioria dos cânceres primários do fígado é originada nos hepatócitos e recebe o nome de carcinoma hepatocelular (CHC). Muito menos comuns são os carcinomas originados no ducto biliar, os colangiocarcinomas. Carcinoma hepatocelular As maiores incidências de CHC são encontradas em países da Ásia (sudeste da China, Coreia, Taiwan) e países da África subsaariana. Nessas localidades, o HBV é transmitido verticalmente e, como discutido, o estado de portador começa na infância. Fatores de risco: doença hepática prévia, cirrose, hepatites, massa abdominal, fadiga e ascite. Sinais e sintomas – mascarado por cirrose: dor abdominal, perda de peso, mal-estar, massa abdominal, fadiga e ascite. Patogênese: Alterações genéticas principais no carcinoma hepatocelular: Doenças hepáticas crônicas são o cenário mais comum para o aparecimento do CHC. Embora geralmente identificado em um fundo de cirrose, esta por si só não é uma lesão pré-maligna. Com efeito, a cirrose não é necessária para que ocorra a hepatocarcinogênese. Em vez disso, a progressão para a cirrose e hepatocarcinogênese ocorrerá paralelamente ao longo de anos a décadas. Macroscopia: no geral, o CHC pode aparecer macroscopicamente como (1) massa unifocal (geralmente grande); (2) nódulos multifocais de tamanho variável, amplamente distribuídos; ou (3) um câncer difusamente infiltrativo, permeando extensamente e, às vezes, envolvendo todo o fígado. Todos os três padrões podem causar aumento do fígado. O tumor difusamente infiltrativo pode se misturar de forma imperceptível em um fundo de cirrose e pode não ser aparente por imagem, apesar de a maior parte do fígado ser substituída. Os CHCs podem ser pálidos, em comparação com o fígado circundante, ou podem ter uma aparência variegada, refletindo distintos estados de diferenciação (branco quando há estroma abundante, amarelo quando a alteração gordurosa for predominante e verde quando hepatócitos malignos, bem diferenciados, produzem abundante bile). Microscopia: • disposição das células neoplásicas em fileiras, imitando hepatócitos normais; • TUMOR BEM DELIMITADO E BEM DIFERENCIADO originado em fígado cirrótico. Este pequeno tumor (1,5 cm. de diâmetro) foi detectado por ultrasonografia e extirpado cirurgicamente. Trata-se de um carcinoma precoce (< 2 cm.), cujo prognóstico pós ressecção é bom. A cirrose é um importante fator de risco para o hepatocarcinoma devido à contínua necrose e regeneração de hepatócitos. Infecção crônica pelo virus B da hepatite aumenta muito a incidência do tumor porque este DNA vírus tem capacidade de incorporar seu genoma ao da célula hepática; • atipias nucleares, mitoses. Algoritmo para tratamento: TNM - Classificação Clínica: T - Tumor Primário TX O tumor primário não pode ser avaliado T0 Não há evidência de tumor primário T1 Tumor único sem invasão vascular T2 Tumor único com invasão vascular ou tumores múltiplos, nenhum deles com mais de 5 cm em sua maior dimensão T3 Tumores múltiplos, com mais de 5 cm em sua maior dimensão ou tumor que envolve o ramo principal da veia porta ou veia hepática T4 Tumor(es) com invasão direta de outros órgãos adjacentes, que não a vesícula biliar ou com perfuração do peritônio visceral N - Linfonodos Regionais NX Os linfonodos regionais não podem ser avaliados N0 Ausência de metástase em linfonodos regionais N1 Metástase em linfonodos regionais M - Metástase à Distância MX A presença de metástase à distância não pode ser avaliada M0 Ausência de metástase à distância M1 Metástase à distância Colangiocarcinoma (CCA) O colangiocarcinoma (CCA), o segundo tumor maligno primário mais comum do fígado depois do CHC, é uma neoplasia maligna da árvore biliar, ocorrendo nos ductos biliares dentro e fora do fígado. Cinquenta por cento a 60% de todos os colangiocarcinomas são tumores peri-hilares (de Klatskin) e 20% a 30% são tumores distais, originários do ducto biliar comum que se encontra posterior ao duodeno. Os 10% restantes são intra-hepáticos. Fatores de risco: todos os fatores de risco para os colangiocarcinomas causam inflamação crônica e colestase, que presumivelmente promovem a ocorrência de mutações somáticas ou de alterações epigenéticas em colangiócitos → infestação por vermes do fígado, doença inflamatória crônica dos grandes ductos biliares, HBV e HCV, doenças hepáticas gordurosas não alcoólicas. Outros possíveis fatores de risco são uso de esteroides anabolizantes e thorotrast (composto radioativo dióxido de tório). Lesões pré-malignas do colangiocarcinoma também são conhecidas, sendo as mais importantes as neoplasias intraepiteliais biliares (de baixo a alto grau, BilIN-1, -2, ou -3). Macroscopia e microscopia: • independentemente do local, são adenocarcinomas típicos; muitas vezes produzem mucina; • maioria é moderadamente diferenciada, com estruturas glandulares/tubulares claramente definidas, revestidas por células epiteliais malignas; • normalmente incitam desmoplasia acentuada; • invasão linfática e invasão perineural são comuns, propiciando metástases intra- e extra-hepáticas extensas. • extra-hepáticos: geralmente são pequenas lesões no momento do diagnóstico, já que eles rapidamente causam características obstrutivas; a maioria aparece na forma de nódulos cinza, firmes, no interior da parede do ducto biliar; alguns podem constituir lesões difusamente infiltrativas; outros são lesões papilares, polipoides. • intra-hepáticos: podem ser massas ao redor ou a partir dos ductos; podem também se projetar para dentro dos ductos → tumor arborizado dentro de uma porção do fígado; • origina-se tanto nos grandes ductos biliares quanto nos ductos biliares interlobulares, com grandes ductos (central) → a principal manifestação é icterícia obstrutiva; apresentam pior prognostico devido a alta vascularização da região (metástase); • ductos menores (periféricos) → demoram a provocar sintomas e têm apresentação semelhante à do CHC. Células potenciais de origem para colangiocarcinoma: Tumores que envolvem a região peri-hilar são classificados de acordo com o padrão de envolvimento dos ductos hepáticos (classificação de Bismuth-Corlette): Tipo I: Tumores abaixo da confluência dos ductos hepáticos Tipo II: Tumores acometendo a confluência dos ductos hepáticos Tipo IIIa: Tumores envolvendo o ducto hepático comum e o ducto hepático direito Razumilava N, Gores GJ. Cholangiocarcinoma. Lancet. 2014;383(9935):2168-2179. doi:10.1016/S0140-6736(13)61903-0 Tipo IIIb: Tumores envolvendo o ducto hepático comum e o ducto hepático esquerdo. Tipo IV: Tumores que envolvem a confluência e se estendem para o ducto hepático direito e esquerdo e secundários. Referências ANATPAT, Unicamp. Hepatocarcinoma Lam. A. 302. Disponível em: http://anatpat.unicamp.br/lamfig12.html V Kumar. Robbins & Cotran Patologia - Bases Patológicas das Doenças, 9ed. Capítulo 18 – Fígado e Vesícula Biliar
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