Buscar

34_marx-karl-o-capital-2

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Prévia do material em texto

desse modo, a criança é, por assim dizer, chutada (buffeted) da
escola para a fábrica, da fábrica para a escola, até que a soma de
150 horas tenha sido completada”.75
Com a adição preponderante de crianças e mulheres ao pessoal
de trabalho combinado, a maquinaria quebra finalmente a resistência
que o trabalhador masculino ainda opunha na manufatura ao despo-
tismo do capital.76
b) Prolongamento da jornada de trabalho
Se a maquinaria é o meio mais poderoso de elevar a produti-
vidade do trabalho, isto é, de encurtar o tempo de trabalho necessário
à produção de uma mercadoria, ela se torna, como portadora do
capital, inicialmente nas indústrias de que se apodera de imediato,
o mais poderoso meio de prolongar a jornada de trabalho para além
de qualquer limite natural. Ela cria, por um lado, novas condições
que capacitam o capital a dar livre vazão a essa sua tendência cons-
tante e, por outro lado, novos motivos para aguçar seu apetite voraz
por trabalho alheio.
Antes de tudo, na maquinaria se autonomizam o movimento e
a atividade operativa do meio de trabalho em face do operário. Torna-se
em si e para si um perpetuum mobile industrial, que iria produzir
ininterruptamente caso não se chocasse com certas limitações naturais
em seus auxiliares humanos: sua fraqueza corpórea e sua vontade
própria. Enquanto capital — e enquanto tal o autômato tem no capi-
talista consciência e vontade — está animada pelo impulso de reduzir
a opositiva mas elástica limitação natural do ser humano à resistência
mínima.77 Esta é, de qualquer modo, diminuída pela aparente facilidade
OS ECONOMISTAS
36
75 REDGRAVE, A. In: Reports of insp. of Fact. for 31 st Oct. 1857. pp. 41-43. Nos ramos
industriais ingleses em que vigora há mais tempo a lei fabril propriamente dita (não o
Prints Work’s Act referido por último no texto), os obstáculos contra as cláusulas educacionais
foram um tanto superados nos últimos anos. Nas indústrias não sujeitas à lei fabril pre-
ponderam ainda muito as opiniões do fabricante de vidros J. Geddes, que elucida ao co-
missário de investigação White: “Pelo que percebo, o maior montante de educação que
parte da classe trabalhadora usufruiu nos últimos anos é um mal. É perigoso porque os
torna independentes demais”. (Chidren’s Employment Commission, IV Report Londres, 1865.
p. 253.)
76 "O Sr. E., um fabricante, informou-me de que emprega exclusivamente mulheres em seus
teares mecânicos; ele dá preferência às mulheres casadas, especialmente àquelas com família
em casa, que depende delas para se sustentar; são muito mais atentas e dóceis, e são
compelidas a aplicar o máximo de seus esforços para obterem os meios de subsistência de
que necessitam. Assim as virtudes, as virtudes peculiares do caráter feminino, são perver-
tidas para seu próprio prejuízo — assim, tudo o que há de mais honesto e terno em sua
natureza é transformado num meio de sua escravização e sofrimento." (Ten Hours’ Factory
Bill. The Speech of Lord Ashley 15th March. Londres. 1844. p. 20.)
77 Desde a introdução geral de máquinas caras, a natureza humana tem sido solicitada muito
além de sua força média. (OWEN, Robert. Observations on the Effects of the Manufacturing
System, 2ª ed.; Londres, 1817. [p. 16.])

Outros materiais