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Ponto dos Concursos -Economia_Complementar

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CURSOS ON-LINE – ECONOMIA 2 – PROF. MOZART FOSCHETE 
www.pontodosconcursos.com.br 
1
 
“A arte de ensinar Economia de uma maneira simples, 
sem mistérios”. De Maria Eulália, uma ex-aluna. 
 
 
AULA 1: INTRODUÇÃO ÀS TEORIAS DA 
INFLAÇÃO 
 
Um observação importante: Este Curso online de 
Economia II é praticamente uma continuação de nosso curso 
online anterior de Economia I. Seu conteúdo se constituirá 
de tópicos de Macroeconomia não abordados naquele curso 
e que constam do Edital do concurso da AFRF. Por isso, para 
um melhor aproveitamento, é importante que o aluno 
inscrito neste curso tenha feito o Curso online de Economia 
I. 
Esta nossa Aula n° 1 versará sobre inflação, suas 
causas e modelos explicativos do processo inflacionário. Para 
um melhor entendimento deste tópico, principalmente 
quando estivermos tratando dos modelos analíticos da 
inflação, é importante que você dê uma revisada na Aula 10 
de nosso curso online de Economia I – sobre A Oferta e a 
Demanda Agregadas, ok? 
Então, vamos lá, já que o tempo de vocês é curto, 
aliás curtíssimo! 
 
 
 
1 . Introdução: o conceito de inflação 
 
Ocorre inflação quando há um aumento continuado, 
permanente, do nível geral de preços - o que, em conseqüência, 
provoca uma perda do poder aquisitivo da moeda. 
Pela definição acima, vê-se que inflação é um processo de 
aumento contínuo dos preços ao longo de um certo período. 
Tecnicamente, se houver um aumento súbito do nível de preços, – 
que tenha sido provocado, por exemplo, por uma medida 
governamental que objetivasse a correção de alguns preços “que 
estavam atrasados” – mas que não tenha continuidade no tempo, 
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CURSOS ON-LINE – ECONOMIA 2 – PROF. MOZART FOSCHETE 
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2
tal fenômeno não seria considerado inflação e, sim, um fenômeno 
isolado e temporário que se esgota em si mesmo. 
Da mesma forma, há que se distinguir num processo 
inflacionário os aumentos de preços por efeito de, digamos, 
quebras de safras ou de aumento exagerado da demanda, de 
aumentos de preços de um determinado produto, frutos de 
melhoria tecnológica ou de qualidade do produto. É claro que, um 
novo modelo de automóvel, com novas tecnologias (vidro elétrico, 
ar condicionado, etc.) deve ter seu preço elevado em relação a um 
modelo anterior, porém mais simples. Este aumento de preço “por 
melhoria tecnológica ou por melhor qualidade” não pode ser 
considerado inflação. 
 
 
2 Principais Distorções Provocadas pela Inflação 
 
Muito embora a inflação, em qualquer grau e circunstância, seja 
vista, nos países mais desenvolvidos, como um mal a ser evitado 
por todos os meios, muitos economistas são de opinião que, nas 
economias em desenvolvimento, uma inflação moderada, suave, 
digamos de 10% ao ano, pode até ser benéfica à atividade 
econômica na medida em que pode servir de estímulo a aumentos 
da produção e do emprego. 
No entanto, é ponto pacífico que um processo inflacionário 
agudo e crônico provoca distorções e desarranjos de toda ordem 
no sistema econômico, podendo ser citados os seguintes principais 
efeitos perversos: 
 
i) Efeitos sobre a distribuição de renda 
 
Este talvez seja a pior distorção provocada por um processo 
inflacionário acelerado ao reduzir drasticamente o poder aquisitivo 
de todos os indivíduos que vivem de rendas fixas – como ‚ é o caso 
dos assalariados, pensionistas, aposentados, ou daqueles que 
vivem de aluguéis. O mesmo não se pode dizer daqueles que têm 
renda variável, com possibilidades de reajustes periódicos (preços) 
ou de aplicação financeira com proteção contra a corrosão 
inflacionária. 
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3
 
ii) Efeitos sobre pagamentos de débitos e de impostos 
 
Ganham com a inflação todos aqueles que têm dívida de longo 
prazo, mesmo que haja previsão de correção monetária – o que 
dificulta o fornecimento de crédito para investimentos, crédito este 
geralmente de longo prazo. A concessão de empréstimos, limitada 
ao curto prazo, impossibilita os investimentos produtivos que, por 
natureza, são de longo prazo. Da mesma forma, com a inflação 
perde o governo na arrecadação de impostos – dada a defasagem 
temporal entre o momento do fato gerador do imposto e seu 
recolhimento aos cofres do governo. 
 
iii) Efeitos sobre o mercado financeiro e de capitais 
 
A inflação provoca um desestímulo à aplicação de recursos no 
mercado primário de ações, dada a perda acentuada do valor da 
moeda. Também desestimula a poupança, estimulando, isto sim, a 
aplicação em imóveis, fazendas, lotes, etc., de natureza não-
produtiva. 
O instituto da correção monetária, ao mesmo tempo em que 
procurou reduzir estes efeitos desestimulantes sobre a poupança, 
acabou por criar outros problemas, como a chamada “inércia 
inflacionária”, transferindo para hoje a inflação de ontem. Este foi 
um mecanismo utilizado pelo Brasil desde a segunda metade dos 
anos 60 até meados da década passada, mas que, agora, com o 
Plano Real, parece felizmente ter se tornado coisa do passado. 
 
iv) Efeitos sobre o balanço de pagamentos 
 
O aumento continuado dos preços domésticos acaba por 
desestimular as exportações do País – pois compensa mais ao 
exportador vender seus produtos internamente do que no exterior. 
Da mesma forma, o aumento dos preços internos termina por 
estimular um aumento das importações. 
A solução, no caso, é uma correção permanente da taxa de 
câmbio, com desvalorização da moeda doméstica. Tal como no 
caso da correção monetária, a desvalorização cambial, se resolve o 
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problema do balanço de pagamentos, acarreta mais inflação na 
medida em que todos os produtos importados (equipamentos, 
petróleo, produtos farmacêuticos, etc.) se tornam mais caros. 
 
v) Efeitos sobre as expectativas e incertezas 
 
Um processo inflacionário crônico e agudo, como o caso 
brasileiro dos anos 80 e início dos anos 90, acaba por gerar 
expectativas pessimistas dos empresários quanto ao futuro da 
economia e quanto a eventuais medidas drásticas que o governo 
pode vir a adotar. 
O aumento do grau de incertezas daí decorrente passa a 
desestimular os investimentos produtivos e a economia entra num 
processo de stagflação – ou seja, estagnação com inflação. 
 
 
3 Tipos ou Causas Clássicas de Inflação 
 
Um processo inflacionário pode ter diversas origens ou causas. 
Costuma-se classificar os diversos tipos de inflação de acordo com 
suas causas principais. Assim, temos: 
 
3.1 Inflação de demanda 
 
Diz-se que a inflação é de demanda quando a demanda 
agregada excede a oferta agregada de bens e serviços. 
Normalmente, a inflação de demanda é interpretada como sendo o 
resultado de “dinheiro demais em circulação à procura de bens e 
serviços de menos!” 
Tecnicamente, a probabilidade de surgimento de inflação de 
demanda ocorre quando a economia estiver no ou próxima do 
pleno emprego. Isto porque, caso haja desemprego em larga 
escala, a demanda tende a ser relativamente pequena. Se, por um 
motivo qualquer, houver um incremento ou excesso de demanda 
agregada, e estando a economia com capacidade ociosa no setor 
produtivo, o efeito inicial será estimular um aumento da produção, 
sem que os preços se alterem. Caso esteja a economia próxima do 
pleno emprego, e havendo um aumento da demanda agregada, 
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não há como aumentar a oferta de bens para satisfazer estademanda extra. Aí, então, o ajuste ou equilíbrio se dará através de 
aumentos nos preços, caracterizando um típico caso de “inflação 
de demanda”. 
As principais causas de inflação de demanda são: 
i) gastos do governo em excesso à suas receitas tributárias, 
gerando os conhecidos déficits fiscais, tal como ocorreu 
sistematicamente três últimas décadas e que desaguou 
na atual absurdamente elevada dívida interna pública e 
que tanta dor de cabeça têm causado às autoridades 
econômicas; 
ii) emissões monetárias acima da taxa de crescimento do 
produto interno – um fenômeno em grande parte 
associado aos déficits governamentais; e, 
iii) vendas a crédito – que aumentam o consumo presente, 
relativamente à renda dos indivíduos. 
 
3.2 Os choques de oferta e a inflação de custos 
 
Quando se fala de inflação de custos, está-se falando de 
inflação cuja causa principal se origina do lado da oferta. Neste 
caso, o nível de demanda agregada permanece praticamente o 
mesmo, enquanto os custos de produção dos bens e serviços se 
elevam e são repassados aos preços. 
Estes aumentos de custos, extemporâneos e abruptos, 
decorrem dos chamados choques de oferta e estão geralmente 
associados ao poder de mercado de grupos de empresas, ou de 
sindicatos trabalhistas, de fornecedores de matérias-primas, ou 
não raras vezes estão associados a algum aumento dos impostos 
sobre as firmas. Como se vê, trata-se, na maioria dos casos, de 
distorções de mercado, a chamada “concorrência imperfeita”. 
Os choques de oferta surgem das seguintes situações: 
i) Se as empresas, atuando num mercado monopolista ou 
oligopolista, julgam baixas suas margens de lucro (mark-
up), elas serão capazes de aumentá-las através de uma 
elevação dos preços dos bens e serviços que produzem – 
o que termina por extrapolar para todos os setores 
econômicos. 
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ii) Da mesma forma, se os sindicatos trabalhistas mais 
organizados e com maior poder de barganha são capazes 
de forçar um aumento dos salários acima do aumento da 
produtividade, haverá um aumento dos custos de 
produção – o que, fatalmente, será repassado aos preços 
dos produtos, gerando inflação. 
iii) A partir da observação anterior, surge uma questão que 
está sempre sendo objeto de discussão: Afinal de contas, 
os reajustes de salários são ou não causa de inflação? A 
resposta a esta questão é bastante simples: tecnicamente, 
os reajustes de salários só serão causa de mais inflação se 
eles se situarem acima da taxa de aumento da 
produtividade mais a taxa de inflação corrente. Em outras 
palavras, se o aumento da produtividade foi de 4% e a 
taxa de inflação corrente foi de 10%, os salários deverão 
ser aumentados em, no máximo 14% (numa conta 
aritmética!). Se o reajuste superar esta taxa, então, pode-
se dizer que os salários estão causando um aumento da 
inflação pelo lado dos custos. 
iv) Uma outra fonte de inflação de custos pode ser a chamada 
“inflação importada” – um aumento de preços de origem 
externa e que acaba por se transmitir a toda a economia – 
tal como ocorreu com o aumento dos preços do petróleo 
em 1973/74 e em 1979/80, que elevou não só os preços 
dos derivados deste produto, mas, também, das matérias-
primas e insumos básicos em geral. 
v) Também ocorre inflação de custo quando há uma quebra 
de safra agrícola. Isto porque, dado um custo do plantio, à 
medida que a produção esperada se reduz (devido a 
geadas, secas ou pragas), o custo unitário de produção 
aumenta – o que faz elevar o preço do produto no 
mercado. 
Estas são, em síntese, as principais fontes ou causas de 
surgimento de inflação do lado dos custos, conhecidos na literatura 
econômica como choques de oferta. 
 
3.3 Inflação estrutural 
 
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Apenas para registro histórico, uma explicação ou justificação 
para o surgimento do processo inflacionário crônico por que 
passou a maioria dos países da América Latina nos anos 60/70 do 
século passado, foi a chamada inflação estrutural. 
A verdade é que muitos dos países desta região 
experimentaram, naquelas duas décadas, um processo de rápido 
crescimento econômico, associado relativamente a altas taxas de 
inflação no período. Daí, surgiram inúmeras explicações para o 
fenômeno, que veio a ser denominado de “escola estruturalista” a 
qual raciocinava do seguinte modo: 
– A inflação é uma característica típica dos países que 
experimentam um rápido processo de crescimento econômico 
porque: 
– Primeiro, os países subdesenvolvidos apresentam uma 
estrutura setorial produtiva desbalanceada ou desequilibrada, 
coexistindo, lado a lado, setores bastante dinâmicos e 
modernos (o setor urbano e a indústria, por exemplo) com 
setores ortodoxos, atrasados (como a agricultura, a indústria 
têxtil, etc.). Neste contexto, ao se iniciar um processo de 
rápido crescimento econômico, os setores modernos e 
dinâmicos da economia tendem a pressionar os demais 
setores, com um acentuado aumento de suas demandas por 
mais matérias-primas, mais alimentos, etc. Estes últimos 
setores, no entanto, não têm capacidade de pronta resposta, 
isto é, de satisfazer prontamente este aumento da demanda 
por seus produtos e, em conseqüência, sua resposta é via 
aumento de preços. 
– Outra explicação residia no papel de liderança desempenhado 
pelo Estado neste processo de crescimento econômico. Na 
maioria dos casos, o governo se tornou a verdadeira 
locomotiva da economia, puxando atrás de si o processo de 
crescimento econômico, seja através de grandes projetos de 
eletrificação, de telefonia, de siderurgia, de abertura de 
estradas, portos e hidroelétricas; seja através de concessão 
de subsídios ao setor privado. Ocorre, no entanto, que, sendo 
o país pobre, a arrecadação de impostos era baixa, e a única 
forma de o governo financiar seus elevados gastos era 
através de emissão maciça de moeda e/ou através de 
endividamento – o que só fez gerar inflação. 
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– Uma outra explicação do fenômeno residia na necessidade de 
o país importar matérias-primas e equipamentos para atender 
ao desenvolvimento econômico. Isto exigiu endividamento 
externo e/ou desvalorizações cambiais que estimulassem as 
exportações cujas receitas se destinam ao pagamento das 
importações. Tais desvalorizações só fizeram gerar inflação 
interna. 
 
3.4 Estagflação 
 
Trata-se de um estado da economia em que se tem recessão 
econômica concomitantemente com inflação. 
O fenômeno se deve ao fato de que, com a recessão econômica 
e conseqüente redução da demanda, as empresas com poder de 
mercado (caso típico dos oligopólios) aumentam seus preços para 
compensar as quedas nas vendas, mantendo com isso suas 
margens de lucro sobre seus custos. 
Em síntese, na estagflação os preços sobem enquanto a 
produção e o emprego estão caindo ou, pelo menos, não estão 
crescendo. 
 
4. A função oferta agregada e a determinação dos 
preços 
 
 Conforme foi visto e analisado na nossa Aula 10, do Curso online 
de Economia I, a função oferta agregada indica quais as 
quantidades ofertadas de produto pelo conjunto das empresas do 
país para cada nível de preços. 
Embora intuitivamente pareça que a curva de oferta agregada 
deva ser positivamente inclinada – ou seja, quando os preços 
sobem, a oferta agregada também se eleva e vice-versa, na 
realidade ela pode também ser vertical – isto é, não se altera com 
o aumento dos preços – e pode até mesmo ser horizontal. Neste 
último caso, se, por qualquer motivo, houver um aumento da 
demanda agregada, o produto ofertado se expande sem que os 
preços se elevem. 
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A bem da verdade, o formato da curva de oferta agregada é um 
dos temas mais controversos entre os macroeconomistas.Dependendo deste formato, os efeitos da política econômica sobre 
os preços e o produto de equilíbrio podem ser os mais diferentes 
possíveis. Vejamos isso com um pouco mais de detalhe: 
Já foi visto na nossa Aula 10 do curso online de Economia I que 
a hipótese de uma curva de oferta vertical está diretamente 
associada com a Escola Clássica. Os economistas desta Escola 
argumentam que tanto a oferta como a demanda por mão-de-obra 
é função do salário real. Assim, dado um salário nominal e um 
nível de preço vigentes num certo momento – que determinam o 
nível do salário real – encontra-se o nível de emprego da 
economia e, daí, o nível de produto agregado de equilíbrio. 
Neste contexto, qualquer tentativa do governo para aumentar 
o nível de emprego e daí o nível do produto – via aumentos na 
demanda agregada - terá como única conseqüência um aumento 
dos preços. Este aumento dos preços provocaria, em princípio, um 
aumento no emprego, mas como a mão-de-obra percebe a perda 
real de sua renda, exigirá aumentos nominais de salário 
proporcionais à taxa de inflação, retornando, assim, o salário real 
ao seu nível anterior. Com isso, o emprego não cresce e, em 
conseqüência, o produto ofertado também não cresce. 
 A Figura 1 ilustra este raciocínio, mostrando a curva de oferta 
agregada (OA) na posição vertical e a curva de demanda agregada 
inicial (DA1). Como sabemos, a curva de demanda agregada é 
determinada no mercado de produtos e no mercado monetário 
(Curva IS-LM). Observe que o cruzamento da DA1 com a curva de 
oferta agregada determina simultaneamente o nível do produto de 
equilíbrio (Y) e nível de preços vigente na economia (P1). 
Supondo que o governo resolva, por exemplo, aumentar seus 
gastos na tentativa de criar mais empregos na economia, a curva 
de demanda agregada se desloca para cima – para DA2. Como a 
curva de oferta agregada é vertical (isto é, totalmente inelástica a 
preço) o produto de equilíbrio não se altera, mas os preços se 
elevam para P1. 
 Ou seja, no caso da oferta vertical (dos clássicos) o efeito da 
política fiscal expansionista do governo foi somente sobre o nível 
de preços. 
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P OA P P 
 DA0 DA1 OA DA0 DA1 
P1 P1 
P0 P0 P0 OA 
 DA1 
 DA0 
 Y Y Y0 Y1 Y Y0 Y1 Y 
 Figura 1 Figura 2 Figura 3 
 
 Já na hipótese de uma curva de oferta positivamente 
inclinada – esta associada com a escola keynesiana – onde se 
supõe que os trabalhadores sofrem um pouco de ilusão monetária, 
exigindo aumentos nominais de salário quando há aumento de 
demanda por trabalho, porém sem associá-los com a taxa corrente 
de inflação – uma política fiscal expansionista , ao aumentar a 
demanda agregada, provoca um aumento do nível de preços 
corrente. Este aumento no nível de preços não é repassado 
inteiramente aos salários, gerando daí um aumento do emprego e, 
por conseqüência, o produto de equilíbrio cresce de Y0 para Y1, 
conforme ilustrado na Figura 2, assim como os preços que passam 
de P1 para P2. 
Além dessas duas versões sobre a curva de oferta agregada, 
existe uma terceira versão que argumenta que, em épocas de 
crise econômica com muito desemprego, a curva de oferta 
agregada é horizontal até próximo do pleno emprego. Esta versão 
é conhecida como keynesiano extremo. De acordo com esta 
“escola”, em época de desemprego desenfreado na economia – tal 
como ocorreu na grande depressão de 1929/33, - havendo um 
aumento na demanda agregada por bens e serviços, os 
empresários têm condições de aumentar o emprego sem 
necessidade de conceder aumentos salariais, elevando, assim, o 
produto ofertado sem que haja pressão sobre os preços, tal como 
ilustrado na Figura 3. Feitas estas considerações, vamos analisar, 
agora, a questão da inflação X desemprego. 
 
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5. Um modelo simples de inflação de demanda 
 
Os modelos de inflação de demanda atribuem a elevação de 
preços a um excesso de demanda no mercado de produtos. Os 
preços se elevam porque a demanda agregada de consumo 
privado, de investimentos e de gastos governamentais excedem a 
oferta agregada potencial da economia, definido essa ao nível do 
pleno emprego. 
Tomando-se por hipótese um modelo simples tipicamente 
keynesiano – onde os salários e preços são rígidos no sentido 
descendente e a oferta de mão-de-obra é função do salário 
nominal vigente no mercado – a curva do produto ofertado 
agregado é perfeitamente elástica ao nível de preços vigentes (P0) 
até próximo ao nível de pleno emprego (Yf), quando se torna 
perfeitamente inelástica às variações nos preços, como mostra a 
Figura 4, onde OA representa a curva de oferta agregada e DA 
representa a curva de demanda agregada. 
 
 
 P OA 
 
 P2 
 
 P1 
 DA3 
 P0 DA2 
 DA1 
 DA0 
 
 Y0 Yf Y 
 
 Figura 4 
 
Sob essa hipótese, e supondo que a economia encontre-se 
numa situação de desemprego, ao nível de Y0, um aumento da 
demanda agregada de DA0 até DA1– seja por elevação dos gastos 
do governo, seja por um aumento autônomo dos investimentos – 
não deverá provocar uma elevação do nível de preços. Quando, no 
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entanto, a economia atingir o nível de pleno emprego (Yf), 
qualquer aumento da demanda agregada, de forma a deslocar a 
curva DA para DA2, DA3, etc., provocará aumentos no nível de 
preços para P2, P3, etc. 
Em termos dinâmicos, a proposição é de que a taxa de 
inflação (dP/P) é uma função do excesso de demanda sobre a 
oferta agregada, tratando-se de uma função descontínua, não se 
verificando qualquer mudança no nível de preços até que o pleno 
emprego seja alcançado. 
Ocorre que, na prática, é difícil se medir com exatidão o 
excesso (percentual) de demanda agregada sobre a oferta 
agregada. O procedimento comum, nesse caso, é tomar-se o 
mercado de trabalho como “proxy” do grau de excesso de 
demanda, verificando-se particularmente a taxa de desemprego 
existente naquele momento. 
Assim, um nível baixo de desemprego indicaria um nível alto 
de demanda, e vice-versa. No entanto, a verdade é que não existe 
uma simetria precisa entre o “estado” da demanda agregada por 
bens e serviços e o nível de desemprego na economia. Essa 
questão se torna mais problemática ainda quando se tenta aplicar 
esse critério a uma economia em desenvolvimento, como a 
brasileira, com elevado desemprego “estrutural” 1 que, de forma 
alguma, é devido a uma deficiente ou fraca demanda agregada. 
Nesses países, muito do desemprego aberto, observado nas áreas 
urbanas, é explicado claramente pelos desequilíbrios estruturais 
dessas economias. 
De toda forma, o teste clássico para se verificar a existência 
de excesso de demanda agregada seria dado pela Teoria 
Quantitativa da Moeda – que mostra o elo de ligação entre 
variações na quantidade de moeda existente num dado momento 
na economia e o nível de preços. Se, ao nível de renda de pleno 
emprego, os preços variam proporcionalmente às variações na 
quantidade de moeda, obtém-se um razoável indicador da 
presença de inflação de demanda2. 
 
1 Tecnicamente, desemprego estrutural ocorre quando as pessoas desempregadas não dispõem da 
qualificação necessária para ocupar as vagas oferecidas (há, por exemplo, vagas de professor universitário, 
mas o desempregado é pedreiro ou enfermeiro). Nos países em desenvolvimento, o desemprego estrutural 
também surge do simples fato de que a economia é incapaz de absorver toda a mão-de-obra existente. 
2 Veja no anexo a esta Aula 1 uma versão detalhada da Teoria Quantitativa da Moeda. 
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13
Antes, porém, de passarmos adiante, vale a pena observar o 
seguinte: até aqui, consideramos um modelo simples keynesiano 
em que a função oferta agregada da economia se apresentava em 
forma de L invertido, com uma porção horizontal até atingir o 
pleno emprego. Sob tal hipótese, qualquer aumento da demanda 
agregada causaria um aumento no produto real (pelo 
deslocamento da curva de demanda agregada ao longo da porção 
horizontal da curva de oferta agregada), sem afetar o nível de 
preços. Os preços só começariam a subir a partir do nível de pleno 
emprego. 
Essa função foi derivada da chamada versão keynesiana 
extrema que argumenta que, em época de grave crise 
econômica, com amplo desemprego, os trabalhadores estão 
preocupados com seus salários nominais e resistem firmemente a 
qualquer redução desses salários (um posição, diga-se, totalmente 
contrária à opinião dos clássicos até então predominante). Desse 
modo, uma redução na demanda por trabalho não deve resultar 
numa queda dos salários nominais dada a sua inflexibilidade no 
sentido descendente. Havendo desemprego em larga escala e 
sendo a oferta de trabalho horizontal ao nível do salário nominal 
vigente, mais e mais trabalhadores poderão ser contratados sem 
que aquele salário se altere. 
Essa interpretação, no entanto, foi posteriormente retificada, 
levando a uma versão um pouco mais complexa da função oferta 
agregada keynesiana3. Isso ocorreu por uma razão bastante 
simples: dizer-se que a taxa salarial será constante (até o pleno 
emprego), em face de variações na demanda por trabalho, não 
implica necessariamente que o nível geral de preços será estável 
diante de variações na demanda agregada. 
Em outras palavras, é preciso deixar claro que o fato de a 
curva de oferta de trabalho apresentar uma seção horizontal não 
significa que a função oferta agregada da economia também 
apresentará esta porção horizontal. Isso se explica pelo simples 
fato de que, quanto mais se empregar mão-de-obra, menor é o 
produto marginal de trabalho – o que, associado a um salário 
nominal constante, W, exigirá um aumento dos preços para que a 
receita marginal (=PxPMgL) se iguale ao custo marginal (W). Em 
 
3 Confira: Wonnacott, P., Macroeconomics, R.D. Irwin Inc., Illinois, 1988, cap. 13. 
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conseqüência, a curva de oferta agregada mostrará, no gráfico Y-
P, uma inclinação positiva antes de se atingir o pleno emprego. 
Feitas essas considerações, vejamos, agora, um modelo de 
inflação de demanda mais completo e analítico utilizando o 
instrumental desenvolvido na Aula 10 de nosso curso online de 
Economia I, relativo à derivação das curvas de oferta e de 
demanda agregadas. 
 
6. Inflação de demanda: um modelo mais analítico 
 
Para desenvolver um modelo de inflação de demanda de 
forma mais exaustiva, vamos recuperar as equações do sistema 
IS-LM, isto é, que definem o equilíbrio no mercado de produtos e 
no mercado monetário, conforme visto na Aula 10 do curso de 
Economia I, ou seja: 
 i) Mercado de produtos (Curva IS): Y = C + I + ir + G (1) 
 ii) Mercado monetário (Curva LM): Ms/P = kY + hr (2)
 
Como já foi visto, a combinação desses dois mercados 
determina os valores de equilíbrio do nível de produto demandado 
(Y) e da taxa de juros (r), a um dado nível de preços. Se fizermos 
variar os preços, obtemos a curva de demanda agregada (DA) da 
economia, no gráfico Y-P. 
De outra parte, vimos também que a oferta agregada da 
economia, no curto prazo, era função do nível de emprego da 
mão-de-obra, tendo, para tanto, derivado uma função de produção 
da forma: 
 Y = f(K, L) (3) 
onde, K = estoque de capital, considerado constante; e, 
 L = quantidade de mão-de-obra (variável). 
 
O nível de emprego era determinado no mercado de 
trabalho, através da interação da oferta de trabalho (SL) e da 
demanda por trabalho. Na ocasião, ficou claro que a demanda por 
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trabalho, da parte das firmas, era sempre função do salário real (w 
= W/P), enquanto a oferta de mão-de-obra podia ser função ou do 
salário real (hipótese dos clássicos) ou do salário nominal (W) – 
que é a hipótese associada à escola keynesiana. 
Para desenvolver nosso modelo de inflação de demanda, 
vamos adotar a hipótese keynesiana4, ou seja, a quantidade de 
trabalho que os trabalhadores estão dispostos a oferecer é função 
do nível do salário nominal (W). Em outras palavras, caso haja um 
aumento na demanda por trabalho, os trabalhadores só oferecerão 
mais horas de trabalho caso o salário nominal (W) aumente. 
 A diferença entre esta hipótese e a dos clássicos está em 
que, na hipótese clássica, variações de preços provocam, num 
gráfico de salário nominal, deslocamentos da curva de oferta de 
trabalho para a esquerda em idêntica proporção. Ou seja, havendo 
uma elevação de preços, exige-se uma idêntica elevação do salário 
nominal para que a quantidade ofertada de trabalho permaneça no 
mesmo nível anterior. Com essa correção salarial, o salário real 
retorna ao seu valor original e, com isso, não se altera a 
quantidade de trabalho demandado pelas firmas. 
Já na hipótese que adotamos, os trabalhadores têm uma 
certa ilusão monetária, não exigindo, a curto prazo, aumentos de 
salários devido a aumentos de preços. Dessa forma, pode-se 
definir a função oferta agregada de trabalho como: 
 SL = f(W) (4) 
 
Enquanto a função demanda agregada de trabalho é 
expressa por: 
 
 DL = f (W/P) (5) 
 
Pela forma como aparecem, as equações (4) e (5) dizem 
coisas bem diferentes. A equação (4) quer significar que P não 
influi na oferta de trabalho, enquanto na equação (5) a influência 
de P sobre a demanda por trabalho é tão importante quanto o 
nível do salário nominal. 
 
4 Para os nossos propósitos aqui, é indiferente adotarmos a hipótese clássica ou keynesiana. 
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A visualização gráfica dessas duas funções exige uma certa 
“concessão” do estudioso. A rigor, tecnicamente, seria difícil 
justificar a inclusão dessas duas funções num gráfico de duas 
variáveis, de vez que elas estão medindo coisas diferentes. Mas, 
para fins de análise, a verificação do efeito combinado de uma 
alteração no nível de preços sobre a curva de demanda e de oferta 
de trabalho torna-se mais evidente quando colocadas as duas 
funções num mesmo gráfico. 
A Figura 5 retrata as duas funções, de demanda e de oferta 
de mão-de-obra, de acordo com as hipóteses descritas acima, 
estando o mercado de trabalho em equilíbrio ao nível do salário 
nominal W0, havendo L0 homens empregados. Se, por qualquer 
razão, houver um aumento de preços para P1, as firmas verão 
suas receitas aumentarem e aumentarão sua demanda por mão-
de-obra para qualquer nível de salário nominal – o que implica um 
deslocamento da curva de demanda para a direita. 
 
 W 
 
 SL 
 
 
 W2 
 W1 
 W0 
 DL(P2) 
 DL(P1) 
 DL(P0) 
 L0 L1 L2 L 
 Figura 5 
 
Para atender a este aumento na demanda por trabalho, os 
trabalhadores, conforme nossa hipótese, exigirão um aumento de 
salário de W0 para W1 e o emprego cresce para L1. Note-se que, se 
os trabalhadores não exigissem aumentos de seus salários 
nominais o novo nível de emprego, ao nível do salário W0, 
chegaria a L2. 
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17
Caso o nível de preços se eleve a P2, o mesmo processo se 
repete, e o salário nominal sobe para W2, e o nível de emprego 
aumenta até L2. 
 Observe-se que embora tenha havido umaumento do 
salário nominal em W1 e W2, estes dois salários representam um 
salário real menor que o inicial, já que houve um aumento no nível 
de emprego. Esse aumento do nível de emprego provocará um 
aumento no nível do produto ofertado da economia. 
Temos, agora, todo o instrumental à mão necessário para 
analisarmos o processo inflacionário com origem do lado da 
demanda. Assim, vamos considerar que a economia se encontra 
em equilíbrio – no sentido de que a oferta agregada é igual à 
demanda agregada – aos níveis de P0, W0, L0, r0, Y0, conforme 
aparece na Figura 6. 
 Suponha, agora, que o produto corrente de equilíbrio (Y0) 
situa-se abaixo do nível do produto de pleno emprego e que o 
governo decida adotar uma política fiscal expansionista – 
aumentando seus gastos, digamos, em ∆G – no intuito de reduzir 
a taxa de desemprego da economia. Como resultado, a curva IS se 
desloca para a direita até, digamos, IS1. Conseqüentemente, a 
curva de demanda agregada se desloca para DA1 e, agora, ao nível 
de P0, há um excesso de demanda agregada sobre o produto 
ofertado igual a Y1 – Y0 – o que faz com que os preços comecem a 
subir. Já vimos, na Aula 10 do curso online de Economia I, os 
desdobramentos desse processo: o aumento de preços reduz a 
oferta real de moeda, deslocando a curva LM para LM1, elevando a 
taxa de juros e daí reduzindo o nível dos investimentos e, 
conseqüentemente, o novo nível da demanda agregada até Y2 
(Figura 6a). No mercado de trabalho, o aumento dos preços reduz 
o salário real, provocando um aumento da demanda por trabalho 
(deslocamento da DL para a direita). Esse deslocamento da curva 
DL provoca uma aumento do salário nominal, e o emprego 
aumenta até L1 a um salário nominal (mas não o real) mais alto 
Figura 6b). Esse aumento do emprego elevará, por sua vez, o nível 
do produto ofertado, implicando um deslocamento ao longo da 
curva de oferta agregada, OA, no gráfico Y-P, conforme se pode 
ver na Figura 6c. 
 r IS1 
 LM1 
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18
 IS0 
 LM0 
 r2 
 r1 
 r0 
 
 
 
 
 (a) Y0 Y1 Y2 Y 
 
 W 
 
 SL 
 
 W2 
 W0 
 DL2 (P2) 
 
DL1 (P0) 
 
 (b) L0 L2 L 
 
 P 
 OA 
 
 
 
 P2 
 P0 
 
 DA1 
 DA0 
 (c) Y0 Y2 Y1 Y 
 
 Figura 6 
Vale observar que o nível de preços continua se elevando 
enquanto houver excesso de demanda, ou seja, até que os preços 
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atinjam P1. Ao final desse processo de ajustamento, o aumento 
exógeno inicial da demanda agregada terá provocado um aumento 
no nível de preços, o nível de emprego se elevou (como queria o 
governo, aliás), o salário nominal (mas não o real) estará mais 
alto, a taxa de juros estará, também, mais alta e o produto de 
equilíbrio ter-se-á elevado para Y2. 
Esses, em síntese, os efeitos de um processo inflacionário 
originário do lado da demanda agregada. Vejamos, agora, uma 
inflação originária do lado da oferta, também, chamada inflação de 
custos. 
 
7. Inflação de custos 
 
Diz-se que uma economia enfrenta uma inflação de custos 
quando os preços se elevam independentemente de pressões da 
demanda por bens e serviços. Esse fenômeno decorre, 
geralmente, como já foi visto, dos chamados choques de oferta, 
traduzidos na “inflação importada”, ou em quebras de safras 
agrícolas, sendo também um fenômeno bastante comum numa 
economia onde existem grupos monopolísticos ou oligopolísticos 
com razoável poder barganha, como é o caso da indústria 
automobilística, do cimento, etc e de sindicatos trabalhistas 
fortemente organizados. 
Nessas situações, a inflação é debitada às atividades desses 
grupos que são capazes de obter, conforme o caso, aumentos de 
salários ou de lucros, sem que se verifiquem pressões de demanda 
no mercado de trabalho e no mercado de produtos. No caso dos 
salários, os aumentos obtidos são transmitidos aos preços através 
de um mark-up de preços sobre os custos salariais por unidade de 
produto; no caso dos lucros, a inflação é provocada pelo aumento 
do próprio valor do mark-up5. 
 
A hipótese mais simples do mark-up pode ser algebricamente 
definida por: 
 
5 Mark-up corresponde, na prática, a um percentual de lucros calculado sobre os custos diretos de produção 
(basicamente mão-de-obra e matérias-primas). 
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20
P = W/m (1 + π) (6) 
onde, P é o preço por unidade de produto 
W é o nível do salário 
m é a produtividade média do trabalho (= Q/L) 
w é o custo salarial por unidade de produto (= W/m) 
π é o percentual de mark-up sobre os custos salariais. 
Da equação acima, tem-se que6: 
dP/P = dW/W – dm/m + dπ/1+ π) (7) 
A expressão (7) diz simplesmente que a taxa de variação dos 
preços é igual à taxa de variação dos salários menos a taxa de 
variação da produtividade do trabalho mais a taxa de variação de 
(1 + π). Se o percentual do mark-up é fixo, então a taxa de 
inflação será simplesmente a diferença entre a taxa de variação 
salarial e a taxa de crescimento da produtividade do trabalho. 
Para se descrever o processo de uma inflação de custos, 
imagine-se que os trabalhadores, por uma razão qualquer, exijam 
um reajuste salarial – o que se traduz num deslocamento da curva 
de oferta de trabalho para a esquerda, até, digamos, SL1 (Figura 
7b). Ao nível de preços P0, o nível de emprego ser reduz de L0 para 
L1 – provocando, em conseqüência, uma queda no produto 
ofertado para Y1, traduzido no deslocamento da curva de oferta 
agregada para SL1, conforme ilustrado na Figura 7c. 
Agora, ao nível de preços P0, verifica-se um excesso de 
demanda agregada sobre o produto ofertado igual a Y0 – Y1, o que 
causa uma elevação dos preços. Esse aumento dos preços, por sua 
vez, reduz a oferta real de moeda (Ms/P), deslocando a curva LM 
para LM1 e elevando a taxa de juros para r1 (Figura 7a). Daí, a 
demanda por investimento se reduz, diminuindo a demanda 
agregada ao longo da curva D0 (Figura 7c). 
 
 
 
 r LM1 
 
 
6 Sabendo que a maioria de nossos alunos não têm boa formação matemática, temos evitado ao máximo o uso 
de cálculos em nossas Aulas. Mas, vez por outra, isso se torna inevitável... 
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21
 LM0 
 ro 
 r2 
 r1 
 
 IS 
 
 (a) Y1 Y0 Y 
 
 W SL1 
 SL0 
 W1 
 W0 
 
 DL1 
DL(P0) 
 
 (b) L1 L2 L0 L 
 
 
 
 P 
 OA1 
 OA0 
 
 P1 
 
 P0 
 
 DA0 
 
 (c) Y1 Y2 Y0 Y 
 
Figura 7 
Do lado da oferta, a elevação dos preços provoca um 
aumento na demanda das firmas por mão-de-obra, deslocando a 
curva DL para a direita. Haverá, assim, um acréscimo no nível de 
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emprego, de L1 para L2, implicando um aumento na oferta 
agregada de bens e serviços de Y1 para Y2. 
Desse modo, a elevação de preços reduz o excesso de 
demanda ao longo da curva DA, ao mesmo tempo em que 
aumenta a oferta agregada ao longo da curva OA1. Ao nível de 
preços P1, o excesso de demanda foi eliminado, os produtos 
ofertado e demandado estão novamente em equilíbrio ao nível Y2, 
enquanto o nível de emprego situa-se, agora, em L2. 
 
8. Algumas observações finais 
 
 Este aumento de preços provocado por um deslocamento 
para a esquerda da curva de oferta agregada da economia é 
comumente associado à inflação de custos. Como se pode 
verificar,ao contrário da inflação de demanda, a inflação de custos 
reduz o nível de emprego e o nível de produto de equilíbrio. 
Um ponto importante a observar é que, tanto do lado da 
demanda como do lado dos custos, a inflação possui uma natureza 
auto-eliminadora, se deixada por conta das forças de mercado. Em 
ambos os processos, a elevação de preços ocorreu, a rigor, devido 
ao excesso de demanda sobre a oferta. Ora, a análise aqui descrita 
mostrou que a própria elevação de preços desencadeia uma série 
de mudanças nas variáveis que afetam tanto os componentes da 
demanda agregada (r, Ms/P), como a oferta agregada (W, P, etc.) 
de tal modo que um novo equilíbrio é alcançado com a eliminação 
do excesso de demanda. 
Se isso é fato, resta a pergunta: por que, em geral, uma vez 
desencadeado o processo inflacionário, a inflação tende a se 
perpetuar, às vezes até se agravando? 
A resposta residiria no que se tem denominado política de 
validação, adotada quase sempre pelos governos. Essa política se 
materializa em adoção pelo governo de políticas fiscal e monetária 
expansionista, na tentativa de elevar o nível de emprego da 
economia. Tais políticas, como já sabemos, deslocam as curvas IS 
e LM para a direita, provocando aumentos contínuos dos preços. 
Esses aumentos de preços deslocam a curva de oferta de trabalho 
para a esquerda, causando desemprego, o que exigirá novas 
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23
medidas fiscais e monetárias expansionistas por parte do governo, 
entrando-se no círculo vicioso de preços e salários em permanente 
elevação. 
Ao adotar tal política, o governo estará sancionando a 
elevação dos preços e criando obstáculos cada vez maiores ao 
controle da inflação. 
* * * 
 Com essas considerações, encerramos esta nossa Aula 1, sobre inflação. Os 
pontos mais importantes analisados aqui foram: as principais causas de inflação de 
demanda, os choques de oferta e a inflação de custos, um modelo simples de 
inflação de demanda e dois modelos mais analíticos de inflação de demanda e de 
custos. 
Na próxima Aula, a de n° 2, o tema será, de certa forma, uma continuação 
deste, quando abordaremos o tópico “Inflação e desemprego: a Curva de Phillips” 
– que mostra um modelo de inflação híbrida que incorpora elementos causais tanto 
do lado da demanda como do lado dos custos. 
A seguir, no Anexo 1, e como complemento, apresentamos uma abordagem 
da inflação de demanda vista analisada através da Teoria Quantitativa da Moeda. 
_________________________ 
 
A N E X O 1: 
A Teoria Quantitativa da Moeda e a Inflação de Demanda 
 
O teste clássico para se verificar a existência de excesso de demanda agregada seria 
dado pela Teoria Quantitativa da Moeda – que mostra o elo de ligação entre variações na 
quantidade de moeda existente num dado momento na economia e o nível de preços. Se, ao 
nível de renda de pleno emprego, os preços variam proporcionalmente às variações na 
quantidade de moeda, obtém-se um razoável indicador da presença de inflação de demanda. 
 Essa relação entre quantidade de moeda ou de meios de pagamento e o nível de 
preços é derivada da conhecida “equação das trocas” clássica, que pode ser assim expressa: 
 MV = PY (1) 
onde, M = quantidade de moeda ou de meios de pagamento existente na economia; 
 V = velocidade-renda de circulação da moeda; 
 P = nível médio dos preços; e 
 Y = renda real ou produto físico. 
 
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24
Como está expressa, a equação (1) nos diz meramente que o valor das compras é 
igual ao valor das vendas. Nesses termos, dir-se-ia que a equação das trocas é uma 
tautologia, isto é, está afirmando o óbvio. Para transformar essa equação numa teoria de 
determinação dos preços em geral, os clássicos foram adiante e supuseram que V e Y são 
constantes no curto prazo, sob o argumento de que a velocidade da moeda reflete os hábitos 
de compra da população e a tecnologia de compensação bancária – fatores estes que não 
não mudam no curto prazo, digamos, em seis meses – enquanto Y reflete a capacidade 
instalada da economia – o que também não muda no curto prazo – estando a economia, na 
suposição, no pleno emprego. 
Assim, com essas duas restrições a respeito dos valores de V e de Y, a teoria 
quantitativa clássica torna-se a melhor representação de um modelo puro de inflação de 
demanda, predizendo que o nível de preços subirá proporcionalmente a um aumento da 
oferta monetária. A expansão monetária torna-se, então, o fator causal do processo 
inflacionário. 
Observe-se que a hipótese de V constante implica supor que a demanda por moeda é 
uma função constante ou pelo menos estável do nível de renda, isto é, 
 Md = kPY (2) 
onde, 
 k = 1/V 
No entanto, uma corrente de economistas, geralmente associados à teoria 
keynesiana, costuma fazer restrições à essa associação direta entre expansão monetária e 
aumentos automáticos dos preços, argumentando que a hipótese de uma demanda por 
moeda estável tinha uma certa lógica numa época em que a única função da moeda era a de 
servir como meio de pagamento. No entanto, com o desenvolvimento do mercado de títulos 
e o posterior reconhecimento de que parte da demanda por moeda é explicada por motivos 
especulativos (à feição keynesiana), dificilmente se poderia sustentar a tese de uma função 
demanda por moeda estável e conseqüentemente de V estável. Isso porque, sendo a 
demanda por moeda para especulação uma função da taxa de juros, a demanda agregada 
por moeda oscilaria toda vez que a taxa de juros se alterasse. Assim, para se manter a 
igualdade expressa na equação (1), a velocidade , V, da moeda teria que se alterar. 
Esse ponto pode ser facilmente verificando que o equilíbrio do setor monetário 
ocorre quando 
 
 Ms = Md = M (3) 
 onde, 
 Ms é a oferta monetária e, 
 Md é a demanda total por moeda. 
Substituindo Md (dado pela equação (3)) na equação (1), temos: 
 
 MdV = PY 
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25
 ou, 
 V =PY/Md (4) 
 
Assim, sendo Md variável em função das alterações na taxa de juros, V torna-se 
altamente adaptável. Nesse sentido, concluem aqueles críticos, a relação direta entre 
aumentos na oferta monetária e conseqüentes aumentos no nível geral de preços deixa de 
ser tão automática como previsto pela teoria clássica. 
De toda forma, essa é apenas uma questão preliminar neste modelo introdutório de 
inflação de demanda. Na realidade, um processo inflacionário, seja qual for sua origem, 
exige um tratamento mais abrangente e mais analítico, enfocando não só suas causas mas, 
também, seus principais efeitos nos vários setores da economia. Os modelos analíticos de 
inflação de demanda e de custos apresentados anteriormente mostraram justamente isso. 
_________________________ 
 
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1
 
“A arte de ensinar Economia de uma maneira simples, 
sem mistérios”. De Maria Eulália, uma ex-aluna. 
 
AULA 2: INFLAÇÃO E EMPREGO: -A CURVA DE 
PHILLIPS 
 
Esta nossa Aula 2 – do curso de Economia II – junta 
dois tópicos do programa de Economia do AFRFB: Inflação e 
emprego e a Curva de Phillips. Na realidade, são dois tópicos 
sobre o mesmo tema. A Curva de Phillips, como veremos 
aqui, nada mais é que uma relação entre taxas de inflação e 
taxas de desemprego. Trata-se de um tema interessante e 
de fácil assimilação, com o qual você não deverá ter 
nenhuma dificuldade em aprender. Vamos lá, então! 
 
 
1. Introdução 
 
A partir do final da década de 50, o enfoque analítico do 
processo inflacionário tem-se deslocado de modelos puros de 
inflação de demanda e/ou de custos para os chamados “modelos 
híbridos” ou mistos, que incorporam elementos explicativos tanto 
do lado da oferta como do lado da demanda. 
Nesses modelos,a inflação geralmente é debitada às exigências 
dos sindicatos trabalhistas, mas, no mais das vezes, tais 
exigências são influenciadas pela pressão de demanda no mercado 
de trabalho. 
Se a economia está “aquecida”, o mercado de trabalho se torna 
“apertado” e, assim, os trabalhadores batalharão por aumentos 
salariais mais elevados. Mas, caso o mercado de trabalho esteja 
“frouxo”, devido a uma crise econômica ou recessão, por exemplo, 
as exigências dos sindicatos se tornam mais brandas, reduzindo 
seu poder de pressão. 
 
O mais familiar modelo de inflação híbrida é caracterizado pela 
Curva de Phillips – que, em sua versão original, relaciona a taxa 
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2
percentual de variação de salários nominais ∆W/W com a taxa 
percentual de desemprego (U%), taxa esta que reflete o nível de 
pressão de demanda no mercado de trabalho. A Figura 1 mostra a 
Curva de Phillips na sua versão original. 
 
 ∆%W 
 
 8% 
 
 
 
 
 
 2% µn% µ% 
 
 Figura 1 
 
O eixo vertical da Figura 1 mostra a taxa de variação 
percentual de salários (∆%W) e, o eixo horizontal, a taxa de 
desemprego (µ%). Já µn% representa a chamada taxa natural de 
desemprego da economia – um conceito que será visto um pouco 
mais à frente. 
A Figura 1 ilustra o fato de que, estando o mercado de trabalho 
“apertado” – isto é, com baixa taxa de desemprego, como é o caso 
da taxa de 2% - os trabalhadores têm condições de obter maiores 
reajustes de salários (8%, neste caso). 
A curva de Phillips - assim chamada em homenagem ao 
economista inglês Arthur W. Phillips que, pioneiramente, publicou 
em 1958 o resultado de uma pesquisa sobre inflação e taxas de 
desemprego na Grã-Bretanha - ilustra o fato de que níveis 
relativamente baixos de desemprego – coincidentes com níveis 
relativamente altos de demanda agregada por bens e serviços - 
fazem com que os trabalhadores exijam (e consigam) maiores 
reajustes do salário nominal, surgindo, assim, elementos de 
inflação de custo. Deste modo, o componente “alta demanda 
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3
agregada por bens e serviços” junto com esses aumentos de 
custos (aumentos salariais) pressionam os preços para cima – e 
por isso, a curva de Phillips caracteriza um modelo híbrido de 
inflação. 
Do mesmo modo, esta curva mostra que durante períodos de 
altas taxas de desemprego, os reajustes salariais são baixos, 
quando não nulos, já que demanda por bens e serviços está 
“fraca” e os sindicatos trabalhistas não têm condições de 
reivindicar reajustes salariais. 
Em termos dinâmicos, diz-se que existe um “trade-off” (troca) 
entre a taxa de aumento do salário nominal e o nível de pressão 
de demanda. O argumento subjacente é que um excesso de 
demanda por bens e serviços, principalmente se for acompanhado 
de elevações de preços, conduzirá a um excesso na demanda por 
trabalho, fazendo com que os sindicatos obtenham aumentos dos 
salários nominais. Este aumento salarial será tanto maior quanto 
maior for o excesso de demanda no mercado de produtos. 
 
2. A Curva de Phillips transformada 
 
Observe-se que a versão original da curva de Phillips 
relacionava a taxa de variação de salários nominais no eixo 
vertical com a taxa de desemprego no eixo horizontal. Ocorre que, 
de uma forma geral, a taxa de variação salarial corresponde à 
soma da taxa de inflação mais a taxa média de crescimento da 
produtividade - situando-se esta última geralmente em torno de 
2% ao ano, o que, a bem da verdade, em períodos de altas taxas 
de inflação, pouco representam nos aumentos salários. Em outras 
palavras, os reajustes dos salários nominais seguem, grosso 
modo, a taxa de inflação. 
Se assim é, podemos substituir no eixo vertical a taxa de 
variação dos salários nominais pela taxa de inflação, resultando 
daí a chamada “versão transformada” da curva de Phillips. É esta 
versão que tem sido objeto de estudos e debates. 
 
 
 
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4
 ∆%P 
 
 
 
 7% 
 
 
 2% µn% µ% 
 Figura 2 
 
Na realidade, esta versão modificada da curva de Phillips 
mostra o nível de inflação que prevaleceria na economia para 
diferentes níveis de desemprego. Como mostra a Figura 2, esta 
curva é negativamente inclinada, refletindo o fato de que a níveis 
baixos de desemprego (ou, visto de outra forma, elevada 
demanda agregada por bens e serviços), os fatores que 
pressionam a demanda fazem com que aumentem, também, os 
fatores que pressionam os custos (reivindicações trabalhistas por 
maiores salários), elevando a inflação. De outro lado, a altos 
níveis de desemprego, os fatores que pressionam os custos são 
arrefecidos, reduzindo-se as pressões inflacionárias. 
Observe-se que o ponto em que a curva intercepta o eixo 
horizontal representa a taxa de desemprego existente quando o 
mercado de trabalho está em equilíbrio – conhecida na literatura 
econômica como a taxa natural de desemprego (Un%) - sendo 
este nível de desemprego constituído de indivíduos que estão 
desempregados por condições estruturais1 e friccionais do 
mercado de trabalho. De outra parte, a curva nunca intercepta o 
 
1 -Diz-se que há desemprego estrutural quando, mesmo havendo vagas nas empresas, seu 
preenchimento é impossibilitado pelo fato de a mão-de-obra ofertada não possuir os requisitos ou 
qualificações exigidas. No caso dos países em desenvolvimento, esse conceito pode ser ampliado de 
forma a incluir, também, aqueles indivíduos que sempre estiveram desempregados pelo simples fato 
de que a economia é incapaz de gerar empregos suficientes para absorvê-los todos, decorrendo daí a 
economia informal (biscateiros, camelôs, etc.). 
Já o desemprego friccional é caracterizado pelos indivíduos que estão em processo de 
transferência de um para outro emprego, isto é, momentaneamente desempregados, incluindo 
também aí aqueles que estão chegando, agora, no mercado de trabalho e começando a procurar seu 
primeiro emprego. 
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eixo vertical, devido à existência permanente do desemprego 
friccional. 
Vista nessa sua versão transformada, com variações de 
preços no eixo vertical, a Curva de Phillips parece oferecer à 
autoridade econômica um “menu de escolhas” entre dois demônios 
que ela gostaria de evitar a todo custo: a inflação e o desemprego. 
De fato, observando-se a Figura 2, a curva mostra que existe um 
“trade-off” entre os dois demônios, e movendo-se ao longo da 
mesma pode-se ter ou mais inflação com menos desemprego ou 
(quase) nenhuma inflação porém com uma taxa mais alta de 
desemprego. 
 Matematicamente, a Curva de Phillips pode ser expressa 
assim: 
Л = -ß(µ - µn) (1) 
onde, Л é a taxa de inflação; 
ß é a elasticidade da inflação em relação aos desvios da taxa 
de desemprego vigente em relação à taxa natural de desemprego; 
 µ é a taxa de desemprego prevalecente na economia;e, 
 µn é a chamada taxa natural de desemprego (isto é, a taxa 
de desemprego compatível com o pleno emprego). 
 Note-se que, quando a taxa de desemprego vigente for igual 
à taxa natural, a inflação é zero. A inflação será positiva se o 
desemprego estiver abaixo da taxa natural, como no caso de U1% 
que leva a inflação para 7%, e será negativa (deflação), se o 
desemprego estiver acima daquela taxa. 
Considerando que as condições de troca entre desemprego e 
inflação não parecem política e economicamente atraentes, a 
“melhor” solução de política econômica estaria na tentativa de 
deslocar a Curva de Phillips para a esquerda através de políticas 
de formação e de aperfeiçoamento de mão-de-obra - o que 
reduzirá o desemprego estrutural - além de políticas que facilitem 
uma maior mobilidade setorial ou mesmo regionalda mão-de-obra 
desempregada. 
Essas deduções retiradas da Curva de Phillips orientaram a 
política econômica – notadamente na Inglaterra e nos Estados 
Unidos – por mais de uma década. Nesse período, caso se julgasse 
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que a taxa de desemprego estava em um nível relativamente alto, 
o governo adotava uma política econômica expansionista que 
reduzia a taxa de desemprego, mas à custa de uma maior taxa 
(porém aceitável) de inflação. 
No entanto, já na segunda metade da década de 60, notava-se 
que algumas economias desenvolvidas enfrentavam o fenômeno 
da “estagflação”, isto é, pouco ou nenhum crescimento da 
produção nacional acompanhada, porém, de taxas de inflação 
acima da média histórica. 
Tal fato, em si, reduziu a importância da Curva de Phillips - e 
seu trade-off implícito, dando margem ao surgimento de críticas e 
contestações acadêmicas quanto à sua eficácia como orientadora 
de política econômica. A crítica mais contundente e mais 
comumente conhecida nos meios acadêmicos partiu dos eméritos 
professores Milton Friedman e Edmund S. Phelps que 
desenvolveram o chamado “modelo de expectativas inflacionárias”, 
cujas linhas básicas são a seguir desenvolvidas. 
 
 
3. O modelo de expectativas inflacionárias e a tese 
aceleracionista. 
 
Como foi dito acima, ao final da década de 60, alguns 
economistas começaram a questionar conclusões tiradas da Curva 
de Phillips, duvidando de que a autoridade econômica, de fato, se 
defronte com as alternativas de inflação ou desemprego, ou seja, 
se, de fato, uma taxa menor de desemprego pode ser “comprada” 
ou “trocada” por uma taxa mais elevada de inflação. O expoente 
maior desses críticos foi o Professor Friedman, da Universidade de 
Chicago, e é dele que tomamos o argumento contrário às 
prescrições derivadas da curva de Phillips. 
Assim, a crítica do Professor Friedman começa por afirmar que 
existe um erro crasso na Curva de Phillips original, uma vez que 
seu autor analisou a variação dos salários nominais quando 
deveria ter considerado a variação dos salários reais. Apoiando-se 
na escola clássico-monetarista, Friedman argumenta que os 
ajustamentos no mercado de trabalho se dão em função do salário 
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real e não do salário nominal. A falha de Phillips, ao tomar salários 
nominais, diz ele, reflete a influência keynesiana então em voga. 
 
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1
4. A equação da Curva de Phillips e a tese 
aceleracionista 
 
 Vejamos o que, de fato, está por trás do argumento desses 
críticos: Já sabemos que os preços se alteram em decorrência de 
deslocamentos das curvas de demanda e de oferta agregadas. No 
caso da curva de demanda agregada, seus deslocamentos são 
fruto de medidas de política econômica – expansão dos gastos do 
governo, redução de impostos e expansões da oferta monetária. 
Quanto à curva de oferta agregada, seus deslocamentos 
geralmente decorrem dos chamados “choques de oferta”, 
traduzindo estes em aumentos de custos de produção, tais como 
os choques do petróleo dos anos 70, as quebras agrícolas, 
aumentos de “margens de lucro” (mark-up), aumentos dos preços 
das matérias-primas e, notadamente, aumentos de salários acima 
da taxa de aumento da produtividade. Vamos tomar os aumentos 
de salários como a principal causa do deslocamento da curva de 
oferta agregada (OA) - no caso para a esquerda1. 
 Esse deslocamento da curva (OA) para a esquerda significa 
que, com um aumento de salários, os mesmos níveis de produção 
só serão oferecidos a um preço mais alto, ou seja, a um preço 
que compense o aumento do custo em que se incorre para cada 
nível de produção. Este deslocamento da curva de oferta agregada 
para cima e para a esquerda está ilustrado na Figura 3, a seguir: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1 Atente-se que pode ocorrer, também, choques de oferta positivos, de redução de custos – o que 
deslocaria a curva de oferta para a direita. 
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2
 
P 
 OA1 
 P1 OA0 
 
 P0 
 DA 
 
 Y1 Y0 Y 
 Figura 3 
 
 Vamos, agora, estabelecer um padrão de comportamento 
para a evolução dos salários ao longo do tempo. Por hipótese, 
podemos imaginar uma situação em que os salários do período t 
são negociados no período t-1 e esta negociação está 
condicionada a duas variáveis: o nível do desemprego e a taxa 
esperada de inflação para o tempo t, já que os assalariados têm 
duas preocupações básicas: a manutenção do emprego e a defesa 
do poder de compra dos seus salários. 
 Neste contexto, quanto maior for a taxa de desemprego no 
período t-1, menor será o reajuste dos salários no período t; e 
quanto maior a expectativa de aumento de preço entre t-1 e t, 
maior deve ser o reajuste de salários em t. Matematicamente, esta 
conclusão pode ser facilmente representada pela seguinte 
equação: 
Л = Лe -ß(µ - µn) (2) 
onde, Лe é a taxa de inflação esperada. 
Pela equação (2), a taxa de inflação em dado período depende 
de quanto os agentes econômicos esperam de inflação e do nível 
da atividade econômica. Em outras palavras, pode ocorrer inflação 
simplesmente porque os agentes acreditam que haverá inflação. 
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3
Mas, como os indivíduos formam suas expectativas? Existem 
duas correntes explicativas: as chamadas expectativas adaptadas 
e as expectativas racionais. 
 De acordo com a versão das expectativas adaptadas ou 
adaptativas, a inflação esperada para o período t é o resultado 
de uma média ponderada da inflação observada nos últimos anos. 
 Já a corrente das expectativas racionais considera que os 
agentes econômicos não olham o passado, mas as informações 
disponíveis no presente. Para formar suas expectativas sobre a 
inflação futura, o indivíduo não incorre em erros sistemáticos, e 
aprende com os erros passados, incorporando essa informação às 
suas expectativas. 
 Feitas estas considerações, voltemos às críticas e 
argumentos do Professor Friedman: 
 
5. A Curva de Phillips de longo prazo 
 
 
 Friedman argumenta que a curva de Phillips que nós 
observamos é uma curva traçada historicamente quando os 
indivíduos nunca sabiam que taxa de inflação esperar. A 
possibilidade de escolha entre inflação e desemprego só existiria 
no curto prazo e na medida em que exista um ajustamento 
defasado dos salários em relação aos preços. Porém, quando os 
trabalhadores começam a perceber e a esperar uma elevação de 
preços, eles passam a lutar por reajustes salariais em montante 
equivalente à taxa esperada de inflação. 
 A visão de Friedman, como se pode deduzir facilmente, é 
inteiramente dentro da análise da escola clássica que afirma que o 
mercado de trabalho funciona em termos de salários reais – tanto 
do lado da demanda por trabalho (da parte das empresas), como 
da parte da oferta de trabalho (da parte dos trabalhadores). 
Seguindo esse raciocínio, qualquer tentativa governamental de 
reduzir o nível de desemprego através de ativação da demanda 
agregada que conduza a mais inflação resultará fatalmente numa 
inflação em permanente aceleração, pois uma vez que se criam 
expectativas inflacionárias no sistema econômico, os trabalhadores 
exigirão novos reajustes salariais, retornando o salário real aos 
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4
níveis anteriores e, portanto, não propiciando o aumento do nível 
de emprego. 
O desenvolvimento deste processo de ajustamento desloca a 
Curva de Phillips para a direita anulando o trade-off supostamente 
existente no curto prazo. A repetição deste processo por algum 
período de tempovai mostrar que a Curva de Phillips de longo 
prazo é vertical. 
Negando a possibilidade (no longo prazo) do trade-off implícito 
na Curva de Phillips tradicional, este modelo de expectativas 
inflacionárias afirma que é impossível conduzir a atividade 
econômica a níveis mais altos de emprego do que a assim 
chamada taxa natural de desemprego sem gerar uma inflação 
em aceleração. Esta taxa é determinada no ponto em que a curva 
de Phillips é vertical. 
Analiticamente, a taxa natural de desemprego é aquela taxa 
de desemprego que poderia ser chamada de nível de desemprego 
de equilíbrio a longo prazo quando a economia se desenvolve 
normalmente ao longo de seu curso de expansão de longo prazo. 
Esta taxa – como já foi visto - é composta pelo desemprego 
friccional - existente em qualquer momento na economia, - e pelo 
desemprego estrutural, concorrendo para estes tipos de 
desemprego as condições estruturais do mercado de trabalho e de 
produtos. 
O desenvolvimento do processo que conduz, no longo prazo, a 
uma curva de Phillips vertical pode ser assim descrito: 
DDaaddaa aa ““ttaaxxaa nnaattuurraall”” ddee ddeesseemmpprreeggoo,, aappaarreenntteemmeennttee ssóó éé 
ppoossssíívveell rreedduuzziirr oo ddeesseemmpprreeggoo ddee ffaattoo tteemmppoorraarriiaammeennttee,, ccoomm 
ppoollííttiiccaass eexxppaannssiioonniissttaass qquuee eelleevvaamm aa ddeemmaannddaa aaggrreeggaaddaa –– oo qquuee 
pprroovvooccaa uummaa eelleevvaaççããoo ddooss pprreeççooss ee ccoonnsseeqqüüeenntteemmeennttee rreedduuççããoo 
ddooss ssaalláárriiooss rreeaaiiss.. EEssttee aauummeennttoo nnaa ddeemmaannddaa ppoorr pprroodduuttooss ee aa 
qquueeddaa ddoo ssaalláárriioo rreeaall lleevvaamm aass ffiirrmmaass aa ddeemmaannddaarreemm mmaaiiss mmããoo--
ddee--oobbrraa,, rreedduuzziinnddoo--ssee tteemmppoorraarriiaammeennttee oo ddeesseemmpprreeggoo ppaarraa uumm 
nníívveell mmeennoorr qquuee aa ““ttaaxxaa nnaattuurraall””.. 
Do lado dos trabalhadores, no entanto, sua oferta de trabalho 
será afetada não só pela maior demanda das firmas, mas, 
principalmente, pela elevação dos preços, levando-os a exigirem 
aumentos salariais compensatórios. 
 
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 FFiigguurraa 44 
 
O aumento obtido dos salários nominais faz com que os 
salários reais retornem a seus níveis anteriores, provocando 
conseqüentemente um retorno do desemprego ao nível da “taxa 
natural”, porém, agora, com uma inflação mais alta. Novas 
tentativas de redução do desemprego através do mesmo 
mecanismo já descrito provocará contínuas elevações de preços, 
deslocando a curva de Phillips de curto prazo para a direita, 
sucessivamente, conforme ilustrado na Figura 4. 
 
6. Conclusões 
 
De tudo o que foi dito, tira-se uma única conclusão: o preço 
de se reduzir o nível de desemprego abaixo da “taxa natural” é 
uma inflação em permanente aceleração, dado que, a cada 
“rodada”, os trabalhadores, na expectativa de mais e mais 
inflação, revisarão para cima suas exigências salariais, 
prosseguindo-se o processo indefinidamente. 
A rigor, concluiriam os defensores da tese aceleracionista, a 
escolha não é entre inflação e desemprego, mas entre desemprego 
 U%
P
P2 
P1 
µ1 µn µ% 
Curva de Phillips 
de longo prazo 
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abaixo da “taxa natural” e uma inflação em permanente 
aceleração. A conclusão que se tira da análise da Figura 4 é que a 
curva de Phillips de longo prazo é vertical, não existindo o 
suposto “trade-off” entre taxas de inflação e desemprego. 
A título de conclusão, no entanto, vale registrar que ainda há 
os que defendem a tese espelhada na curva de Phillips. Para esses 
economistas, políticas de demanda expansionistas, que elevam os 
preços e reduzem o desemprego no curto prazo, acabam por ter 
efeito positivo no longo prazo na medida em que os indivíduos que 
obtêm emprego se tornam mais qualificados, provocando uma 
redução do nível de desemprego estrutural e, portanto, deslocando 
a curva de Phillips para a esquerda. 
* * * 
Com isso, encerramos nossa Aula 2 de Economia II. Nesta Aula nós 
abordamos a questão da inflação e do desemprego, cujo modelo mais 
expressivo é a Curva de Phillips. 
Nossa próxima Aula – a de n° 3 – versará sobre a Economia 
Intertemporal.Até lá, então! 
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4. A equação da Curva de Phillips e a tese 
aceleracionista 
 
 Vejamos o que, de fato, está por trás do argumento desses 
críticos: Já sabemos que os preços se alteram em decorrência de 
deslocamentos das curvas de demanda e de oferta agregadas. No 
caso da curva de demanda agregada, seus deslocamentos são 
fruto de medidas de política econômica – expansão dos gastos do 
governo, redução de impostos e expansões da oferta monetária. 
Quanto à curva de oferta agregada, seus deslocamentos 
geralmente decorrem dos chamados “choques de oferta”, 
traduzindo estes em aumentos de custos de produção, tais como 
os choques do petróleo dos anos 70, as quebras agrícolas, 
aumentos de “margens de lucro” (mark-up), aumentos dos preços 
das matérias-primas e, notadamente, aumentos de salários acima 
da taxa de aumento da produtividade. Vamos tomar os aumentos 
de salários como a principal causa do deslocamento da curva de 
oferta agregada (OA) - no caso para a esquerda1. 
 Esse deslocamento da curva (OA) para a esquerda significa 
que, com um aumento de salários, os mesmos níveis de produção 
só serão oferecidos a um preço mais alto, ou seja, a um preço 
que compense o aumento do custo em que se incorre para cada 
nível de produção. Este deslocamento da curva de oferta agregada 
para cima e para a esquerda está ilustrado na Figura 3, a seguir: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1 Atente-se que pode ocorrer, também, choques de oferta positivos, de redução de custos – o que 
deslocaria a curva de oferta para a direita. 
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2
 
P 
 OA1 
 P1 OA0 
 
 P0 
 DA 
 
 Y1 Y0 Y 
 Figura 3 
 
 Vamos, agora, estabelecer um padrão de comportamento 
para a evolução dos salários ao longo do tempo. Por hipótese, 
podemos imaginar uma situação em que os salários do período t 
são negociados no período t-1 e esta negociação está 
condicionada a duas variáveis: o nível do desemprego e a taxa 
esperada de inflação para o tempo t, já que os assalariados têm 
duas preocupações básicas: a manutenção do emprego e a defesa 
do poder de compra dos seus salários. 
 Neste contexto, quanto maior for a taxa de desemprego no 
período t-1, menor será o reajuste dos salários no período t; e 
quanto maior a expectativa de aumento de preço entre t-1 e t, 
maior deve ser o reajuste de salários em t. Matematicamente, esta 
conclusão pode ser facilmente representada pela seguinte 
equação: 
Л = Лe -ß(µ - µn) (2) 
onde, Лe é a taxa de inflação esperada. 
Pela equação (2), a taxa de inflação em dado período depende 
de quanto os agentes econômicos esperam de inflação e do nível 
da atividade econômica. Em outras palavras, pode ocorrer inflação 
simplesmente porque os agentes acreditam que haverá inflação. 
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Mas, como os indivíduos formam suas expectativas? Existem 
duas correntes explicativas: as chamadas expectativas adaptadas 
e as expectativas racionais. 
 De acordo com a versão das expectativas adaptadas ou 
adaptativas, a inflação esperada para o período t é o resultado 
de uma média ponderada da inflação observada nos últimos anos. 
 Já a corrente das expectativas racionais consideraque os 
agentes econômicos não olham o passado, mas as informações 
disponíveis no presente. Para formar suas expectativas sobre a 
inflação futura, o indivíduo não incorre em erros sistemáticos, e 
aprende com os erros passados, incorporando essa informação às 
suas expectativas. 
 Feitas estas considerações, voltemos às críticas e 
argumentos do Professor Friedman: 
 
5. A Curva de Phillips de longo prazo 
 
 
 Friedman argumenta que a curva de Phillips que nós 
observamos é uma curva traçada historicamente quando os 
indivíduos nunca sabiam que taxa de inflação esperar. A 
possibilidade de escolha entre inflação e desemprego só existiria 
no curto prazo e na medida em que exista um ajustamento 
defasado dos salários em relação aos preços. Porém, quando os 
trabalhadores começam a perceber e a esperar uma elevação de 
preços, eles passam a lutar por reajustes salariais em montante 
equivalente à taxa esperada de inflação. 
 A visão de Friedman, como se pode deduzir facilmente, é 
inteiramente dentro da análise da escola clássica que afirma que o 
mercado de trabalho funciona em termos de salários reais – tanto 
do lado da demanda por trabalho (da parte das empresas), como 
da parte da oferta de trabalho (da parte dos trabalhadores). 
Seguindo esse raciocínio, qualquer tentativa governamental de 
reduzir o nível de desemprego através de ativação da demanda 
agregada que conduza a mais inflação resultará fatalmente numa 
inflação em permanente aceleração, pois uma vez que se criam 
expectativas inflacionárias no sistema econômico, os trabalhadores 
exigirão novos reajustes salariais, retornando o salário real aos 
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níveis anteriores e, portanto, não propiciando o aumento do nível 
de emprego. 
O desenvolvimento deste processo de ajustamento desloca a 
Curva de Phillips para a direita anulando o trade-off supostamente 
existente no curto prazo. A repetição deste processo por algum 
período de tempo vai mostrar que a Curva de Phillips de longo 
prazo é vertical. 
Negando a possibilidade (no longo prazo) do trade-off implícito 
na Curva de Phillips tradicional, este modelo de expectativas 
inflacionárias afirma que é impossível conduzir a atividade 
econômica a níveis mais altos de emprego do que a assim 
chamada taxa natural de desemprego sem gerar uma inflação 
em aceleração. Esta taxa é determinada no ponto em que a curva 
de Phillips é vertical. 
Analiticamente, a taxa natural de desemprego é aquela taxa 
de desemprego que poderia ser chamada de nível de desemprego 
de equilíbrio a longo prazo quando a economia se desenvolve 
normalmente ao longo de seu curso de expansão de longo prazo. 
Esta taxa – como já foi visto - é composta pelo desemprego 
friccional - existente em qualquer momento na economia, - e pelo 
desemprego estrutural, concorrendo para estes tipos de 
desemprego as condições estruturais do mercado de trabalho e de 
produtos. 
O desenvolvimento do processo que conduz, no longo prazo, a 
uma curva de Phillips vertical pode ser assim descrito: 
DDaaddaa aa ““ttaaxxaa nnaattuurraall”” ddee ddeesseemmpprreeggoo,, aappaarreenntteemmeennttee ssóó éé 
ppoossssíívveell rreedduuzziirr oo ddeesseemmpprreeggoo ddee ffaattoo tteemmppoorraarriiaammeennttee,, ccoomm 
ppoollííttiiccaass eexxppaannssiioonniissttaass qquuee eelleevvaamm aa ddeemmaannddaa aaggrreeggaaddaa –– oo qquuee 
pprroovvooccaa uummaa eelleevvaaççããoo ddooss pprreeççooss ee ccoonnsseeqqüüeenntteemmeennttee rreedduuççããoo 
ddooss ssaalláárriiooss rreeaaiiss.. EEssttee aauummeennttoo nnaa ddeemmaannddaa ppoorr pprroodduuttooss ee aa 
qquueeddaa ddoo ssaalláárriioo rreeaall lleevvaamm aass ffiirrmmaass aa ddeemmaannddaarreemm mmaaiiss mmããoo--
ddee--oobbrraa,, rreedduuzziinnddoo--ssee tteemmppoorraarriiaammeennttee oo ddeesseemmpprreeggoo ppaarraa uumm 
nníívveell mmeennoorr qquuee aa ““ttaaxxaa nnaattuurraall””.. 
Do lado dos trabalhadores, no entanto, sua oferta de trabalho 
será afetada não só pela maior demanda das firmas, mas, 
principalmente, pela elevação dos preços, levando-os a exigirem 
aumentos salariais compensatórios. 
 
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O aumento obtido dos salários nominais faz com que os 
salários reais retornem a seus níveis anteriores, provocando 
conseqüentemente um retorno do desemprego ao nível da “taxa 
natural”, porém, agora, com uma inflação mais alta. Novas 
tentativas de redução do desemprego através do mesmo 
mecanismo já descrito provocará contínuas elevações de preços, 
deslocando a curva de Phillips de curto prazo para a direita, 
sucessivamente, conforme ilustrado na Figura 4. 
 
6. Conclusões 
 
De tudo o que foi dito, tira-se uma única conclusão: o preço 
de se reduzir o nível de desemprego abaixo da “taxa natural” é 
uma inflação em permanente aceleração, dado que, a cada 
“rodada”, os trabalhadores, na expectativa de mais e mais 
inflação, revisarão para cima suas exigências salariais, 
prosseguindo-se o processo indefinidamente. 
A rigor, concluiriam os defensores da tese aceleracionista, a 
escolha não é entre inflação e desemprego, mas entre desemprego 
 U%
P
P2 
P1 
µ1 µn µ% 
Curva de Phillips 
de longo prazo 
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abaixo da “taxa natural” e uma inflação em permanente 
aceleração. A conclusão que se tira da análise da Figura 4 é que a 
curva de Phillips de longo prazo é vertical, não existindo o 
suposto “trade-off” entre taxas de inflação e desemprego. 
A título de conclusão, no entanto, vale registrar que ainda há 
os que defendem a tese espelhada na curva de Phillips. Para esses 
economistas, políticas de demanda expansionistas, que elevam os 
preços e reduzem o desemprego no curto prazo, acabam por ter 
efeito positivo no longo prazo na medida em que os indivíduos que 
obtêm emprego se tornam mais qualificados, provocando uma 
redução do nível de desemprego estrutural e, portanto, deslocando 
a curva de Phillips para a esquerda. 
* * * 
Com isso, encerramos nossa Aula 2 de Economia II. Nesta Aula nós 
abordamos a questão da inflação e do desemprego, cujo modelo mais 
expressivo é a Curva de Phillips. 
Nossa próxima Aula – a de n° 3 – versará sobre a Economia 
Intertemporal.Até lá, então! 
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 “A arte de ensinar Economia de uma maneira simples, sem mistérios”. 
 De Maria Eulália, uma ex-aluna. 
 
AULA 3: A ECONOMIA INTERTEMPORAL 
 
PARTE 1: O CONSUMO 
 
 Observação importante: O tópico 6 do programa de Economia do 
concurso de AFRFB – que versa sobre Economia Intertemporal - é muito 
longo e muito analítico. Por isso, resolvemos dividi-lo em quatro partes: Na 
Parte I, objeto desta Aula 3, trataremos do Consumo; na Parte II, 
estudaremos o Investimento; na Parte III, trataremos da restrição 
orçamentária do governo e a equivalência ricardiana; e, na Parte IV, vamos 
enfocar o modelo de crescimento de Solow que tem sido objeto de questões 
em praticamente todas as provas de Economia do AFRF. 
 Apenas um alerta: trata-se de assuntos um tanto “chatos” para um 
aluno, principalmente quando ele não tem uma base sólida de 
conhecimentos de Economia. Mas, como faz parte do programa, não temos 
como evitá-los... 
 
 
 
1. Introdução 
 
As decisões de consumo dos indivíduos afetam a atividade econômica 
como um todo, tanto no longo como no curto prazo. Para a economia, é 
importante saber como as pessoas decidem quanto de seus rendimentos 
eles vão consumir hoje, e quanto pretendem poupar para consumir no 
futuro. 
A curto prazo, decisão de consumir e de poupar é crucial para a 
determinação do nível da demanda agregada,

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