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por outro, perde valor de uso e valor de troca assim que seu contato
com o trabalho vivo é interrompido.
O Sr. Ashworth, um magnata inglês do algodão, ensina ao pro-
fessor Nassau W. Senior:
“Quando um trabalhador agrícola põe de lado sua pá, torna
inútil, por esse período, um capital de 18 pence. Se um de nossa
gente” (isto é, um dos trabalhadores da fábrica) “deixa a fábrica,
ele torna inútil um capital que custou 100 mil libras esterlinas”.85
Veja só! Tornar “inútil”, ainda que apenas por um instante, um
capital que custou 100 mil libras esterlinas! É de clamar, de fato, aos
céus se alguém de nossa gente deixa a fábrica por uma única vez! O
volume crescente da maquinaria, como o reconhece Senior, doutrinado
por Ashworth, torna “desejável” um prolongamento sempre crescente
da jornada de trabalho.86
A máquina produz mais-valia relativa não só ao desvalorizar di-
retamente a força de trabalho e, indiretamente, ao baratear as mer-
cadorias que entram em sua reprodução, mas também em suas pri-
meiras aplicações esporádicas, ao transformar em trabalho potenciado
o trabalho empregado pelo dono de máquinas, ao elevar o valor social
do produto da máquina acima de seu valor individual, possibilitando
ao capitalista assim substituir, com uma parcela menor de valor do
produto diário, o valor diário da força de trabalho. Durante esse período
de transição, em que a produção mecanizada permanece uma espécie
de monopólio, os lucros são, por isso, extraordinários e o capitalista
procura explorar ao máximo essa “lua-de-mel” por meio do maior pro-
longamento possível da jornada de trabalho. A grandeza do ganho es-
timula a voracidade por mais ganho.
Com a generalização da maquinaria num mesmo ramo de pro-
dução, cai o valor social do produto da máquina para seu valor indi-
vidual e se impõe a lei de que a mais-valia não se origina das forças
de trabalho que o capitalista substituir pela máquina, mas, pelo con-
trário, das forças de trabalho que ocupa com ela. A mais-valia só se
MARX
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85 "When a labourer", said Mr. Ashworth, “lays down his spade, he renders useless, for that
period, a capital worth 18 d. When one of our people leaves the mill, he renders useless
a capital that has cost 100 000 pounds.” (SENIOR. Letters on the Factory Act. Londres,
1837. p. 14)
86 "O grande peso do capital fixo em relação ao capital circulante (...) torna desejável a jornada
longa de trabalho." Com o volume crescente da maquinaria etc., “a motivação para prolongar
a jornada de trabalho torna-se mais forte, pois esse é o único meio de tornar lucrativa
grande massa de capital fixo”. (Loc. cit., pp. 11-13.) “Há diversas despesas numa fábrica
que continuam constantes quer a fábrica trabalhe mais ou menos tempo, como aluguel da
construção, impostos gerais e locais, seguro contra fogo, salários de vários trabalhadores
permanentes, deterioração da maquinaria, além de vários outros encargos cuja proporção
para com o lucro diminui à medida que aumenta a produção.” (Reports of the Insp. of Fact.
for 31st Oct. 1862. p. 19.)

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