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Índice Introdução ....................................................................................................................................... 2 Conceptualização Sector Informal .................................................................................................. 3 Diferenças entre o Sector Formal e Sector Informal .................................................................. 3 IRPS ................................................................................................................................................ 4 Principais isenções ou deduções ..................................................................................................... 5 Primeira categoria ........................................................................................................................... 6 Como avaliar os rendimentos em espécie? ................................................................................... 10 Quais os rendimentos não sujeitos e isentos desta categoria? ...................................................... 11 Como apurar o rendimento líquido da 1ª categoria? ..................................................................... 12 Conclusão ...................................................................................................................................... 13 Referências bibliográficas ............................................................................................................. 14 Introdução O sector informal abrange uma vasta gama de atividades no mercado de trabalho que combinam dois grupos de natureza diferente. Por um lado, este sector é formado por famílias que desenvolvem atividades económicas de sobrevivência, e, por outro, o sector informal é um produto do comportamento racional de empresários que desejam escapar das suas obrigações fiscais. Em Moçambique, registam-se altos níveis de pobreza aliados às altas taxas de analfabetismo. Grande parte da população é jovem e desempregada, razão pela qual se verifica uma tendência de propagação da atividade informal. As regras aplicadas pelos operadores destes mercados baseiam- se no princípio da oferta e da procura que se assume como uma regulamentação do mercado, com operações de pequena escala e de propriedade familiar. Sabe –se que o Estado tem como função e fim a satisfação das necessidades coletivas, tais como segurança e ordem pública, acesso à educação e saúde, e construção de infraestruturas económicas e sociais, bem como a garantia da estabilidade macroeconómica para que o Estado alcance os objetivos tendentes a criação do bem-estar social, este necessita de arrecadar receitas e estas podem ser fiscais, patrimoniais donativos e empréstimos públicos. Apesar da coleta destas receitas, o Estado ainda está muito aquém de reunir os fundos suficientes para fazer face as despesas públicas, pelo que a contribuição dos operadores económicos informais com o pagamento dos impostos seria de grande utilidade, podendo alargar de forma significativa a base tributária, fator que ajudaria no melhoramento do desempenho do Orçamento do Estado. Contudo, há que analisar as formas e os efeitos deste imposto no sector informal tendo em conta os princípios e as regras fiscais. De referir que, sendo este um imposto direto que se aplica às pessoas singulares ou coletivas que exercem, no território nacional, atividades agrícolas, industriais ou comerciais de pequena dimensão, incluindo a prestação de serviços, então a sua aplicação no sector informal implica, necessariamente a avaliação técnica e prática da sua aplicabilidade. É, pois, neste contexto, e tendo em atenção a problemática, que despoletou o interesse da abordagem do presente tema, que, de forma singela, pretende ser um contributo para a academia, e para a fiscalidade moçambicana. Conceptualização Sector Informal De acordo com Chichava (1998) na definição do sector informal “ não se pode afirmar que o tipo de atividade constitui algum critério para sua delimitação, embora se possam observar certas atividades que por natureza são características do sector familiar. Porém, nas outras, a agricultura, pescas, têxteis, podem coexistir os dois sectores, o que leva a concluir que a observação estatística deverá incidir sobre as unidades económicas de produção, indivíduos e atividades. A análise estatística deve basear-se nas unidades económicas de produção, tendo como principal quadro de referência as características destas e a sua função principal”. A definição de Vito Tanzi, citada por Abreu (1996, p.3) o sector informal é o produto nacional bruto que por causa da sua não declaração ou declaração abaixo da realidade, não é medido pelas estatísticas oficiais. Os dois importantes grupos de fatores que criam uma economia subterrânea são os impostos (carga fiscal e contribuições para segurança social) e as restrições (leis, regulamentações, licenças e barreiras). Por um lado, os operadores deste sector incorrem com custos altos para aquisição das mercadorias e por ausência de informação sentem que pagando os impostos são mais custos a incorrer, e por outro lado a falta de honestidade dos operadores ao declarar os seus rendimentos para serem tributados concorre para uma medição nas estatísticas oficiais incorreta a realidade. Diferenças entre o Sector Formal e Sector Informal O Sector Informal difere do Sector Formal em alguns aspectos, alguns dos quais são citados por 2 autores abaixo mencionados. Segundo Navalha (2000, p.17), uma atividade que não é proibida por lei, a entidade que pratica pode estar no Sector Formal se: Tiver procedido ao seu registo; Tiver obtido o devido licenciamento; Produzir e prestar informação contabilística; Prestar informação estatística segundo a norma; Pagar imposto. Enquanto uma atividade não proibida por lei a entidade que a pratica pode estar no Sector Informal se: Não tiver procedido ao seu registo; Não tiver obtido licenciamento; Não prestar informação contabilística; Não prestar informação estatística; Não pagar impostos. Na base das características acima descritas e as diferenças encontradas entre os dois sectores, o formal e o informal, constata-se que as práticas na economia moçambicana quanto ao sector informal estão muito distintas do sector formal que é mais complexo e mais exigente nas suas atividades em relação ao sector informal. Considera-se que as diferenças encontradas entre os dois sectores são significativas e, tornar o sector informal no formal será uma tarefa que requer muito esforço por parte da Autoridade Tributária, pois muita das vezes a falta de honestidade ao declarar os seus rendimentos e de cumprimento de obrigações fiscais por parte dos operadores informais dificulta o processo para a arrecadação de receitas. O contributo que estes autores dão ao diferenciar estes dois sectores, serve de análise no comportamento as economias dos países e como estas manifestam-se, ajudando assim as instâncias competentes na avaliação do contributo destes sectores, criando impostos para este sector melhorando as suas contas nacionais. De salientar que quando se refere ao sector informal, algumas das diferenças que este apresenta ao sector formal é o facto de não ter uma regulamentação, ser uma empresa familiar o que torna o volume de capitais reduzido, a inexistência de uma contabilidade organizada, número de trabalhadores reduzido e não cumprimento das obrigações fiscais. IRPS O Código do IRPS (CIRPS) foi aprovado pelo Decreto 20/2002 de 30 de julho e, no seu art., define o IRPS como um imposto direto que incide sobre o valor global anual dos rendimentos, mesmo quando provenientes de atos ilícitos (Chichava, 1998). De acordo com o art. 17 do CIRPS, consideram-se sujeitos passivos do IRPS, os seguintes: As pessoas singulares que residam em território moçambicano e as que, nele não residindo, aqui tenham rendimentos. Portanto, a extensão da obrigação fiscal depende da residência ou não em território nacional; Os residentes, são tributados por todos os rendimentos obtidos em Moçambique ou no estrangeiro; Os não residentes, são tributados apenas pelos rendimentos obtidos em Moçambique; Consideram-se residentes, para este efeito, as pessoas que, no ano a que respeitem os rendimentos obtidos: - Hajam permanecido no país mais de 180 dias; - Tendo permanecido menos tempo, aqui tenham habitação; - Desempenhem no estrangeiro funções ou comissões de carácter público; - Sejam tripulantes de navios ou aeronaves, desde que estejam ao serviço de entidades com residência; - As pessoas que constituem agregado familiar e aqui resida um dos cônjuges. Principais isenções ou deduções Não concorrem para a formação do rendimento tributável em IRPS, entre outros: (i) Os pagamentos efetuados pelas entidades empregadoras para regimes de segurança social obrigatórios para cobertura de eventualidades de reforma, invalidez ou sobrevivência; (ii) As realizações de utilidade social no seio das empresas; e (iii) As despesas com formação dos empregados, dentro de certas condições. Estão isentos de IRPS: (i) O subsídio de morte; (ii) Subvenções; e (iii) Pensões, nomeadamente de aposentação ou de reforma, velhice, invalidez, sobrevivência ou de alimentos, incluindo as de índole privada; (iv) Bem como rendas temporárias ou vitalícias. Os rendimentos da primeira categoria (rendimentos de trabalho dependente) são integralmente pagos ao seu titular, não sendo efetuadas quaisquer deduções. Já os rendimentos da segunda categoria (rendimentos do trabalho independente) e da quarta categoria (rendimentos prediais) podem sofrer abatimentos por via de deduções específicas que, no segundo caso,se cingem às despesas de manutenção e outros encargos com os imóveis geradores de rendimentos. Ainda quanto à segunda categoria, somente os custos relacionados com os activos e passivos conexionados com a atividade do sujeito passivo são dedutíveis, com certas limitações. Relativamente à terceira e à quinta categorias (outros rendimentos como ganhos provenientes de jogos de fortuna e azar e incrementos patrimoniais não justificados), não estão previstas quaisquer deduções específicas. Não é tributado o rendimento coletável anual inferior ou igual a 225 000 MZN, ficando o excedente sujeito a imposto. Ficam ainda dispensados de apresentar a declaração de rendimentos os sujeitos passivos que, no ano a que o imposto respeita, apenas tenham auferido rendimentos tributados por taxas liberatórias. Primeira categoria A primeira categoria de rendimentos compreende: Rendimentos de trabalho dependente, ou Rendimentos de natureza equiparável, e Pensões ou rendas vitalícias Consideram-se rendimentos de trabalho dependente: Consideram-se remunerações acessórias: Consideram-se rendimentos de natureza equiparável ao do trabalho dependente: Exemplo: O Roberto trabalha como contabilista numa agência de viagens em Maputo e ganha um salário de 30.000 MT. Como a empresa tem uma filial na Beira, Roberto mensalmente desloca-se até lá e fica um dia no local, ou seja, vai num dia de manhã e regressa no outro de manhã. A título de ajudas de custo, Roberto recebeu 2.500 MT, sendo que a ajuda de custo destina-se a cobrir o alojamento e alimentação. Para determinar se a ajuda de custo recebida constitui rendimento tributável, deve-se consultar o Despacho do MF de 1 de Novembro de 2006 que fixa os quantitativos de ajudas de custo, o Decreto n.º 54/2009, de 3 de Dezembro, que estabelece as carreiras e grupos salariais dos funcionários públicos e ainda o Decreto nº14/2011, de 25 de Maio que actualiza os vencimentos para cada grupo salarial. Comparando o salário auferido pelo Roberto com os salários dos funcionários públicos, sem ter em conta a função dos mesmos, conclui-se que o salário auferido pelo contabilista é mais próximo dos salários dos funcionários públicos aos quais lhes é atribuído uma ajuda de custo diária de 2.000 MT. Tendo presente que a empresa atribuiu uma ajuda de custo de 2.500 MT, constitui rendimento tributável a diferença de 500 MT. Consideram-se pensões, as importâncias pagas ou colocadas à disposição dos respectivos titulares a título de: Prestações devidas a título de pensões de aposentação ou de reforma, velhice, invalidez ou sobrevivência, bem como outras de idêntica natureza e ainda as pensões de alimentos; Prestações a cargo de companhias de seguros, fundos de pensões, ou quaisquer outras entidades, devidas no âmbito de regimes complementares de segurança social em razão de contribuições da entidade patronal; Pensões e subvenções não compreendidas nas alíneas anteriores; Rendas temporárias ou vitalícias. Como avaliar os rendimentos em espécie? Os rendimentos em espécie devem ser quantificados em Meticais de acordo com as seguintes regras, de aplicação sucessiva: Pelo preço tabelado oficialmente; Pela cotação oficial de compra; Pelo valor de mercado, em condições de concorrência. No caso de utilização de habitação: Sendo que: O valor do uso é igual à renda suportada em substituição do beneficiário; Não havendo renda, o valor do uso é igual ao valor da renda determinada segundo o valor do mercado, em condições de concorrência, com o limite máximo de 1/6 do total das remunerações auferidas pelo beneficiário; No caso de empréstimos sem juros ou a taxa de juro reduzida: Sendo que a taxa de juro de referência é a que corresponde para o tipo de operação em causa, devendo ser considerada a taxa de redesconto do Banco de Moçambique, divulgada por Aviso daquela Instituição e em vigor no início de cada ano civil. Rendimento em espécie = Valor do uso - Importância paga a esse título pelo beneficiário Rendimento em espécie = Capital x (Taxa de juro de referência - Taxa de juro eventualmente suportada pelo beneficiário) No caso de atribuição do uso de viatura automóvel pela entidade patronal: No caso de aquisição de viatura automóvel pelo trabalhador ou membro de órgão social da empresa em que já tenha havido atribuição do uso da mesma: Quais os rendimentos não sujeitos e isentos desta categoria? Tanto os rendimentos não sujeitos como os isentos não constituem rendimento tributável, não sendo assim englobados para efeitos de determinação do rendimento colectável do IRPS. Contudo, ainda que não englobados para efeitos de tributação, os rendimentos isentos são incluídos para efeitos de determinação da taxa a aplicar aos restantes rendimentos. Consideram-se não sujeitos a IRPS, os seguintes rendimentos: Prestações efectuadas pelas entidades patronais para regimes obrigatórios ou complementares de segurança social que garantam exclusivamente benefícios em caso de reforma, invalidez ou sobrevivência; Utilização e fruição de realizações de utilidade social e de lazer mantidas pela entidade patronal, tais como: - Creches, infantários jardins-de-infância, cantinas, bibliotecas, escolas, prevenção e assistência médica e medicamentosa aos doentes infectados com SIDA, desde que seja em benefício do pessoal da empresa e seus familiares e de fruição geral e não individualizada; - Seguros de doença, acidentes pessoais ou seguros de vida que garantam exclusivamente os riscos de morte ou invalidez, desde que atribuídos de acordo com um critério objetivo e idêntico a todos os trabalhadores permanentes da empresa e sejam celebrados contratos de seguros com empresas de seguros residentes em Moçambique; Prestações relacionadas exclusivamente com ações de formação profissional dos trabalhadores, ministradas quer pela entidade patronal, quer por organismos de direito público ou outraentidade reconhecida para tal pelos Ministérios competentes; Rendimento em espécie (anual) = Custo de aquisição x 0,25% x n.º de meses de utilização Rendimento em espécie = Valor médio de mercado - (Total dos rendimentos tributados anteriormente pela atribuição de uso de viatura + Preço de aquisição) Indemnizações por despedimento com justa causa recebidas pelo trabalhador, decorrentes da rescisão do contrato de trabalho por iniciativa do empregador ou do trabalhador. Como apurar o rendimento líquido da 1ª categoria? Para determinação do rendimento líquido da 1ª categoria, são deduzidos aos rendimentos brutos por cada titular que os tenha auferido, os seguintes montantes: As quotizações sindicais; As indemnizações pagas pelo trabalhador à sua entidade patronal por rescisão unilateral do contrato individual de trabalho sem aviso prévio em resultado de sentença judicial ou de acordo judicialmente homologado. Exemplo: Em 2020, os rendimentos e encargos do casal Emanuel e Luísa foram: (Fonte própria) O Rendimento líquido total do agregado familiar será: = (Rendimento bruto de Alfredo – Deduções) + (Rendimento bruto da Carolina – Deduções) = (150.000 – 1.500) + (60.000 – 10.000) = 198.500 MT Note-se que as contribuições para o INSS suportadas pelo trabalhador dependente (em 3%) deixaram de ser dedutíveis com a entrada em vigor do atual Código do IRPS, ou seja, apartir de 1 de janeiro de 2020. Conclusão O sector informal tem contribuindo de forma significativa em Moçambique para criação de emprego, aliviando deste modo as famílias mais vulneráveis, porém é importante que o Governo regule esta atividade. O Imposto Simplificado para Pequenos Contribuintes vem para tornar o sector informal pagante de um imposto contribuindo de forma significativa para as Receitas Fiscais. A aplicação deste imposto tem tido algumas dificuldades, particularmente na insuficiência recursos humanos por parte da autoridade tributaria para o registo dos contribuintes em diversas regiões ainda não abrangidas, o que torna moroso o processo de arrecadação de contribuintes. Referências bibliográficas Chichava, J. (1998). O Sector Informal e as Economias Locais, Ministério de Administração Estatal. Maputo. Abreu, S. E. Abreu A. (1996). O Sector informal em Mocambique: Uma abordagem Monetária. Staff Paper (5). Banco Moçambique. Maputo. Ibraimo, Ibraimo. (2002). O Direito e a Fiscalidade: Um Contributo para o Direito Fiscal Moçambicano. ART C Navalha, Felisberto. (2000). Captação de Poupanças no Sector Financeiro Informal Urbano. Tese de Licenciatura em Economia. Faculdade de Economia. Maputo. REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE. Decreto-Lei que Aprova o Código do Imposto sobre Rendimento de Pessoas Singulares. Boletim da República: 33/2007 de 31 de dezembro de 2007. REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE. Decreto-Lei que Aprova a Criação da Universidade Católica de Moçambique. Boletim da República: 43/95. de 14 de Setembro de 1995. REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE. Diploma Ministerial que Aprova o Regulamento do Reembolso do IRPS e IRPC. Boletim da República: 82/2005 de 20 de Abril de 2005.
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