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01 Parte geral (Prof ª Maitê Damé)

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Meus Amores!!!!!
Hoje vocês iniciam a caminhada da preparação no Direito Civil.
A parte geral será usada em todas as demais áreas. Procurei
elaborar um material completo, para, junto com as aulas virtuais
deixar o estudo de vocês mais tranquilo e mais sereno.
Além disto, utilizo meu Instagram para postar dicas e elas
podem auxiliar nesta intensa preparação. 
Ao final deste curso, vocês estarão preparados para encarar a
prova da OAB de frente. Que tenham um estudo tranquilo e
sereno! Abração.
 
1 
 
DIREITO CIVIL – PARTE GERAL 
01. Constitucionalização do Direito Privado. Pessoa natural: aquisição da personalidade, 
direitos do nascituro, diferença entre capacidade de fato e capacidade de direito, 
incapacidade absoluta e incapacidade relativa ............................................................................................ 1 
02. Cessação da incapacidade em razão da idade. Maioridade e emancipação. Tutela e 
curatela ................................................................................................................................................................................ 15 
03. Tomada de decisão apoiada e da capacidade plena da pessoa com deficiência. 
Extinção da personalidade e direitos de personalidade ....................................................................... 33 
04. Pessoa jurídica e domicílio ............................................................................................................................. 67 
05. Bens jurídicos e bem de família ................................................................................................................... 91 
06. Fato jurídico. Planos de existência, validade e eficácia do negócio jurídico ................. 109 
07. Aspectos gerais do negócio jurídico ........................................................................................................ 138 
08. Defeitos do negócio jurídico: erro, dolo, coação, lesão, estado de perigo, fraude 
contra credores e simulação ............................................................................................................................... 147 
09. Invalidade do negócio jurídico. Prescrição e decadência ......................................................... 169 
 
01. Constitucionalização do Direito Privado. Pessoa natural: 
aquisição da personalidade, direitos do nascituro, diferença entre 
capacidade de fato e capacidade de direito, incapacidade 
absoluta e incapacidade relativa 
1.1 Direito Civil e Constituição 
Apesar de o Direito Civil ser ramo do direito privado, em razão de ter 
utilidade particular, deve ser interpretado a luz das normas constitucionais. Os 
ramos do Direito não podem ser interpretados de forma isolada e estanque. Há, 
nesse sentido, a chamada constitucionalização do direito privado ou do direito 
civil. Este processo refere-se a aplicação das normas constitucionais na 
interpretação do direito privado. 
 
2 
 
Então, se houver a interpretação das leis civis de acordo com a Constituição 
e os direitos fundamentais haverá a possibilidade da permanente evolução do 
Direito Civil, adaptando-se, dessa maneira, à evolução da sociedade. 
No direito brasileiro, este processo ocorreu, especialmente, a partir da 
Constituição Federal de 1988, quando as normas garantidoras de direitos e 
garantias fundamentais passaram a ser aplicados e respeitados no âmbito civil. 
Com isto, o direito civil está, permanentemente sob a tutela constitucional e os 
direitos fundamentais, que já eram respeitados por parte do Estado, passam a 
ser, também, no âmbito privado, nas relações entre particulares. Exemplo disto 
são os direitos fundamentais da igualdade, liberdade, dignidade, devido 
processo legal, etc. 
 
1.2 Divisão da Parte Geral 
O Código Civil divide a parte geral em três partes. A teoria das pessoas, 
que trabalha com os sujeitos de direitos (pessoas naturais e jurídicas); a teoria 
dos bens, que se destina a estudar os objetos de direitos; e a teoria dos fatos, 
que são os eventos que criam, modificam, conservam, transferem ou 
extinguem direitos (negócios jurídicos, atos jurídicos – lícitos e ilícitos, prescrição 
e decadência, prova). 
Existe, portanto, uma lógica de estudo. 1) estudam-se as pessoas; 2) 
estudam-se os bens, que são os objetos dos direitos; 3) estuda-se os fatos 
jurídicos, ou seja, o meio pelo qual nascem, modificam-se e extinguem-se os 
direitos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
 
* Para todos verem: esquema 
 
 
 
 
1.3 Pessoas Naturais 
A função do Direito é regular a sociedade e esta última é formada de 
pessoas. A todo direito, corresponde um sujeito, que é, então, o titular. 
É nesse sentido o art. 1.º, CC: “Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na 
ordem civil”. 
Somente as pessoas podem ser sujeitos de Direito, sejam elas naturais ou 
jurídicas. Animais e coisas são objetos do Direito, mas não podem ser sujeitos 
dele. 
A questão, agora, é saber a partir de quando a pessoa pode ser considerada 
sujeito de Direito, ou seja, basta que uma pessoa nasça para que seja assim 
considerada e, dessa forma, adquira personalidade. 
 
1.3.1 Personalidade/ Aquisição da personalidade jurídica 
 
4 
 
Personalidade jurídica é a “aptidão genérica para titularizar direitos e 
contrair obrigações, ou, em outras palavras, é o atributo necessário para ser 
sujeito de direito”1. A partir do momento em que o sujeito tem personalidade, 
que ele se torna sujeito de direito, podendo praticar atos e negócios jurídicos. 
O art. 2.º, CC afirma que a personalidade civil começa com o nascimento 
com vida, mas traz a ressalva de que a lei protege os direitos do nascituro desde 
a concepção: 
Art. 2.º A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; 
mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro. 
 
Dessa maneira, o marco inicial da personalidade é o nascimento com vida. 
O nascimento ocorre quando a criança é separada do ventre materno, seja por 
parto natural, seja por cesárea. O importante é que a unidade biológica seja 
desfeita, de forma que mãe e filho sejam dois corpos, cada um com uma vida 
biológica e orgânica própria. 
Mas como saber se houve nascimento com vida? Basta que a criança 
tenha respirado. Se respirou, viveu, mesmo que tenha morrido em seguida. 
Neste caso, lavra-se o assento de nascimento e o de óbito (art. 53, § 2.º, LRP). 
Qual o motivo de toda essa importância dada ao nascimento com vida, a 
saber se a criança respirou ou não? Traga-se um exemplo para clarificar. 
Ex.: casal João e Maria, casados pelo regime da separação de bens. João 
falece e Maria está grávida. Se o filho de Maria e João nascer com vida, respirar, 
tornar-se-á herdeiro do patrimônio junto com Maria. Assim, se ele falecer em 
seguida, Maria receberá todo o patrimônio, pois é herdeira do filho. Contudo, se 
a criança não tiver respirado, o patrimônio de João será transmitido a Maria e 
aos pais de João. 
Como é feita a constatação do nascimento com vida? Através de um 
exame chamado docimasia hidrostática de Galeno, que se baseia no princípio 
de que se o feto respirou, inflou de ar seus pulmões. Assim, retirando-se os 
pulmões do feto que veio a falecer, colocando-se em um recipiente com água, 
 
1 GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo Curso de Direito Civil: parte geral. 
18.ed. v.1. São Paulo: Saraiva, 2016, p. 132. 
 
5 
 
se tiver havido respiração, o pulmão flutuará. Caso não tenha havido respiração, 
o pulmão, não tendo recebido ar, estando com as paredes alveolares unidas, 
afundará. Atualmente já existem outras formas de verificar a respiração, pois é 
possível, através de exame microscópio de fragmentos do pulmão verificar se 
possui bolhas de ar ou não. 
 
1.3.1.1 Nascituro 
Nascituro é aquele que está por nascer, ou seja, aquele que está se 
desenvolvendo no ventre materno, que foi concebido, mas não nasceu ainda.O art. 2.º, CC protege os direitos do nascituro desde sua concepção. 
Ao nascituro são reconhecidos certos direitos, desde que reconhecida sua 
personalidade e, posteriormente, sua capacidade. Sendo assim, possui 
capacidade reduzida. 
Mas o art. 2.º, CC também protege os direitos do natimorto, ou seja, aquele 
que não chegou a nascer com vida (não chegou a respirar). Nesse aspecto, o 
enunciado 1 das Jornadas de Direito Civil prevê que há a proteção do nome, da 
imagem e da sepultura: 
A proteção que o Código defere ao nascituro alcança o natimorto no que 
concerne aos direitos da personalidade, tais como: nome, imagem e 
sepultura. 
 
1.3.1 Capacidade de fato e Capacidade de direito 
As pessoas naturais possuem dois tipos de capacidade: capacidade de 
direito e capacidade de fato. 
Adquirida a personalidade jurídica, toda pessoa passa a ser capaz de 
direitos e obrigações. Dessa forma, passa a ter a capacidade de direito, ou seja, 
a aptidão que as pessoas têm, conferida pelo ordenamento jurídico, para serem 
titulares de uma situação jurídica. 
Assim, toda pessoa tem capacidade de direito. Contudo, nem todos podem 
exercer seus direitos pessoalmente, pois pode faltar a consciência para o 
exercício de atos de natureza privada, em razão de determinadas limitações 
 
6 
 
(orgânicas – idade, p.ex. – ou psicológicas – viciados em tóxicos). Estes detêm 
apenas a capacidade de direito. 
Aqueles que puderem atuar pessoalmente no exercício de seus direitos 
terão, além da capacidade de direito, a capacidade de fato. 
Assim, aqueles que tiverem as duas capacidades – de fato e de direito – 
terão a capacidade civil plena. 
* Para todos verem: esquema 
 
 
Contudo, capacidade é diferente de legitimidade/legitimação. Muitas 
vezes, uma pessoa capaz não é legitimada a praticar determinados atos. 
Ex.: art. 1521, IV, CC – dois irmãos, ainda que capazes, não poderão casar 
entre si, pois não há legitimação. Se não for respeitado esse impedimento, 
haverá nulidade do matrimônio. 
Ex.: art. 1.647, I – atos de alienação, praticados por pessoa casada. Há a 
necessidade de autorização do cônjuge. Se não for respeitada essa legitimação 
e a alienação for feita sem a autorização do cônjuge, o negócio será anulável, 
dentro do prazo de 2 anos, a contar do fim da sociedade conjugal (art. 1.649, CC). 
 
 
 
7 
 
1.3.2 Incapacidades 
As pessoas que não possuem a capacidade de fato têm capacidade 
limitada e são chamadas de incapazes. Não existe incapacidade de direito, já 
que, conforme o art. 2.º, CC todos que nascem com vida adquirem a capacidade 
de direito (mas não a de fato). Dessa maneira, as incapacidades são restrições 
impostas às pessoas, em condições peculiares, que necessitam, em razão dessa 
condição, de proteção especial. 
Deve-se destacar que o Estatuto da pessoa com deficiência, lei 13.246/2015, 
alterou significativamente a teoria das incapacidades. 
 
1.3.2.1 Pessoas Absolutamente Incapazes 
Art. 3º São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da 
vida civil os menores de 16 (dezesseis) anos. 
 
A incapacidade absoluta impede que a pessoa exerça por si só o direito. 
Dessa forma, o ato só poderá ser praticado pelo representante legal do 
absolutamente incapaz. 
O absolutamente incapaz possui direito. Porém, não pode exercê-lo por si 
próprio. São as pessoas que não tem aptidão para praticarem, sozinhas ou por si 
próprias, os atos da vida civil. Significa dizer que possuem capacidade de direito, 
mas não possuem a capacidade de fato ou exercício. 
Nestes casos, o ato jurídico é praticado por outra pessoa (o representante 
legal), em nome do incapaz. Trata-se da REPRESENTAÇÃO. Dessa maneira, o 
ato é praticado pelo incapaz, representado pelo pai ou responsável legal. 
Ex.: Fulano de tal, menor absolutamente incapaz, representado por seus 
pais, Beltrano e Beltrana de Tal. 
A inobservância dessa regra gera a nulidade do ato, nos termos do art. 166, 
I, CC. 
Como já mencionado, o Estatuto da pessoa com deficiência alterou a teoria 
das incapacidades. Atualmente, não há outra hipótese de incapacidade 
absoluta que não seja em razão da idade (menor de 16 anos). Antes dessa 
 
8 
 
alteração, as pessoas com deficiência eram absolutamente incapazes. Agora, 
não são. As pessoas com deficiência são, via de regra, plenamente capazes de 
exercer atos da vida civil. Não há mais, portanto, interdição absoluta. Poderá 
ocorrer alguma situação de incapacidade relativa (art. 4.º, CC). 
 
1.3.3.2 Pessoas Relativamente Incapazes 
Art. 4º São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os 
exercer: 
I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos; 
II - os ébrios habituais e os viciados em tóxico; 
III - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem 
exprimir sua vontade; 
IV - os pródigos. 
Parágrafo único. A capacidade dos indígenas será regulada por 
legislação especial. 
 
A incapacidade relativa permite que o incapaz realize o ato, desde que 
esteja assistido pelo representante legal. Nesses casos, o próprio indivíduo, 
relativamente incapaz, pratica o ato, sendo assistido pelo representante legal. 
Trata-se da ASSISTÊNCIA. 
 
Maiores de 16 anos e menores de 18 anos. 
Aqueles indivíduos que estejam entre os 16 e os 18 anos de vida podem 
praticar atos da vida civil, mas assistidos pelos representantes legais, sob pena 
de ser anulado o ato. 
Caso seja praticado o ato, poderá ser anulado (art. 171, I, CC), desde que a 
ação seja proposta no prazo de 4 anos a contar do momento em que cessar a 
incapacidade (art. 178, CC). 
Contudo, existem atos que podem ser praticados pelo relativamente 
incapaz, mesmo sem a assistência do seu representante legal, como p. ex., ser 
testemunha (art. 228, I), aceitar mandato (art. 666), fazer testamento (art. 1.860, § 
único), casar (art. 1.517, CC – necessita de autorização dos genitores). 
Havendo conflito de interesses entre o pai/representante legal e o 
relativamente incapaz, o juiz deverá nomear curador especial (art. 1.692, CC). 
 
9 
 
Deve-se observar que o objetivo do Código Civil é estabelecer uma 
proteção diferenciada para os maiores de 16 e menores de 18 anos. 
Dessa forma, caso o relativamente incapaz pratique um ato ocultando sua 
idade, não poderá invocar a idade para eximir-se de obrigação, pois o Código 
não protege a má-fé. Nesse sentido é a disposição do art. 180, CC: 
Art. 180. O menor, entre dezesseis e dezoito anos, não pode, para eximir-
se de uma obrigação, invocar a sua idade se dolosamente a ocultou 
quando inquirido pela outra parte, ou se, no ato de obrigar-se, declarou-
se maior. 
 
Se, contudo, não houver malícia por parte do relativamente incapaz, o ato 
será anulável, nos termos do art. 171, I, CC: 
Art. 171. Além dos casos expressamente declarados na lei, é anulável o 
negócio jurídico: 
I - por incapacidade relativa do agente; 
 
Mas essa incapacidade, por se tratar de exceção pessoal, só pode ser 
arguida pelo próprio incapaz ou pelo representante legal. Nesses termos, o art. 
105, CC: 
Art. 105. A incapacidade relativa de uma das partes não pode ser 
invocada pela outra em benefício próprio, nem aproveita aos co-
interessados capazes, salvo se, neste caso, for indivisível o objeto do 
direito ou da obrigação comum. 
 
Deve-se observar que esse ato pode ser convalidado: 
Art. 172. O negócio anulável pode ser confirmado pelas partes, salvo 
direito de terceiro. 
 
Ébrios habituais e viciados em tóxicos 
Aqueles que sejam viciados em álcool ou tóxicos serão considerados 
relativamente incapazes. Situações de uso de tóxicos ou álcool que seja habitual 
e reduza a capacidade de discernimento. Os que forem usuários eventuais e 
que, temporariamente não puderem exprimir sua vontade, serão enquadrados 
o inciso III, do mesmo dispositivo. 
 
10 
 
Deverá haver um processo de interdição relativa, com a instituiçãoda 
curatela, analisando se é caso de incapacidade ou não. Neste caso, o processo 
de interdição e curatela está disposto no CPC/2015, no art. 747 e seguintes. 
Especificamente, o art. 753, § 2.º, CPC/2015 dispõe que a perícia a ser 
realizada no processo de interdição, definirá a extensão da mesma, ou seja, para 
quais atos o interditado estará impedido. 
 
Aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem 
exprimir a vontade 
Aqui enquadram-se todas as pessoas que não possam exprimir sua 
vontade, seja por situação permanente ou transitória. Nesse quadro estão os 
surdos-mudos, desde que não tenham recebido educação adequada e 
permaneçam isolados. Se tiverem recebido educação e puderem, por qualquer 
forma, exprimir sua vontade, serão capazes. 
Também se encaixam os portadores de mal de Alzheimer. 
Em todos os casos, necessária a interdição, conforme já mencionado. 
Alguns, mais desavisados, podem questionar: e os portadores de síndrome 
de down, são enquadrados como? Em razão do Estatuto da pessoa com 
deficiência que, sabiamente, alterou a teoria das incapacidades, estes indivíduos 
– até por questões de desenvolvimento e estímulo – são, via de regra, 
plenamente capazes. Eventualmente, pode ser caso de tomada de decisão 
apoiada ou, então, enquadrados como relativamente incapazes por força do 
inciso III, do art. 4.º, CC. Contudo, é situação excepcional. A regra é a capacidade 
plena. 
 
Pródigos. 
Pródigo é aquele que dissipa seu patrimônio desvairadamente, aquele que 
gasta imoderadamente, colocando seu patrimônio em risco. Contudo, o 
pródigo só passará a ser considerado relativamente incapaz com a sentença de 
interdição que lhe qualifique como tal. 
 
11 
 
A justificativa da interdição do pródigo é o fato de que está 
permanentemente em risco de se submeter a miséria, colocando todo seu 
patrimônio fora. Sua interdição refere-se tão somente quanto a atos de 
disposição e oneração do patrimônio. Pode administrar seu patrimônio, mas 
não poderá praticar atos que venham a desfalca-lo. Os demais atos (votar, ser 
jurado, testemunha, etc) poderá praticar. 
 
Situação dos índios 
O art. 4.º, no seu § único traz a normatização com relação aos índios, 
deixando para lei especial a apreciação. O Estatuto do Índio (lei 6.001/73), deixa a 
responsabilidade, quanto a sua proteção, a cargo da FUNAI (Fundação Nacional 
do Índio). A Lei 6.001/73 (Estatuto do Índio) considera que o índio que não 
estiver integrado ficará sob tutela, reputando-se nulos todos os atos praticados 
por eles sem a devida assistência do órgão responsável (art. 8.º). Contudo, se o 
índio demonstrar discernimento, aliado à inexistência de prejuízo pelo ato 
praticado, será considerado plenamente capaz para os atos da vida civil. 
Sabe-se que os índios estão constantemente sendo integrados na 
sociedade brasileira, de forma que não há mais justificativa para que sejam 
considerados incapazes. Assim, os índios somente poderão ser considerados 
incapazes quando restar comprovado que não são civilizados e que não 
possuam discernimento sobre os atos a serem praticados. 
 
1.3.4 Modos de suprimento das incapacidades (representação e assistência) 
A incapacidade absoluta é suprida através da representação pelos pais ou 
representantes legais. Se o absolutamente incapaz praticar atos sem a devida 
representação o ato será nulo. Dessa forma, no caso da representação, é o 
representante quem pratica o ato, no interesse do incapaz. 
A representação (legal ou voluntária) está disciplinada nos arts. 115 a 120 do 
CC. Contudo, deve-se ter em mente que existem dois tipos de representação 
diferentes: a representação legal e a representação voluntária (aquela que 
 
12 
 
ocorre através de mandato – procuração) – art. 115, CC. A representação 
voluntária – mandato – será tratada nos negócios jurídicos. 
O suprimento da incapacidade relativa, por sua vez, se dá pela assistência, 
ou seja, o relativamente incapaz pratica o ato jurídico em conjunto com o 
assistente, sob pena de nulidade. 
 
 
 
 
A teoria da incapacidade e a situação 
da pessoa com deficiência. 
Ouça o podcast sobre o tema. 
 
 
Acesse o QR CODE ou clique aqui. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
https://soundcloud.com/user-204974449/oab-anual-direito-civil-8/s-C0JgGod6NQz?in=user-204974449/sets/oab-anual-direito-civil-parte-geral-prof-maite-dame/s-kfyYwA34Xo4
 
13 
 
 
* Para todos verem: mapa mental sobre Pessoa Natural 
 
 
QUESTÕES 
 
 
 
14 
 
QUESTÕES 
 
01. EXAME XXX Alberto, adolescente, obteve autorização de seus pais para casar-se aos 
dezesseis anos de idade com sua namorada Gabriela. O casal viveu feliz nos primeiros 
meses de casamento, mas, após certo tempo de convivência, começaram a ter 
constantes desavenças. Assim, a despeito dos esforços de ambos para que o 
relacionamento progredisse, os dois se divorciaram pouco mais de um ano após o 
casamento. Muito frustrado, Alberto decidiu reunir algumas economias e adquiriu um 
pacote turístico para viajar pelo mundo e tentar esquecer o ocorrido. Considerando 
que Alberto tinha dezessete anos quando celebrou o contrato com a agência de 
turismo e que o fez sem qualquer participação de seus pais, o contrato é 
a) válido, pois Alberto é plenamente capaz. 
b) nulo, pois Alberto é absolutamente incapaz. 
c) anulável, pois Alberto é relativamente incapaz. 
d) ineficaz, pois Alberto não pediu a anuência de Gabriela. 
 
 
Veja como tem sido abordado o tema em 
vídeo com questões comentadas. 
Explicação detalhada para você saber 
como resolver questões na prova. 
Só clicar e ver! 
 
 
 
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GABARITO DAS QUESTÕES 
01 
A 
 
https://youtu.be/rqWCONF_iZM
 
15 
 
02. Cessação da incapacidade em razão da idade. Maioridade e 
emancipação. Tutela e curatela 
 
2.1 Cessação da incapacidade 
A incapacidade cessa quando desaparecem os motivos que a determinam. 
Quando a causa da incapacidade é a idade, desaparece pela maioridade ou pela 
emancipação. 
 
2.1.1 Maioridade 
Nos termos do art. 5.º, CC, a incapacidade cessa aos 18 anos, quando a 
pessoa passa a estar habilitada para praticar todos os atos da vida civil. A 
menoridade cessa, dessa forma, no primeiro momento do dia em que o 
indivíduo perfaz os 18 anos, ou seja, se o nascimento ocorreu em 29 de fevereiro 
de ano bissexto, completa a maioridade no dia 1.º de março. Ex.: nasceu em 
05/10. Completa a maioridade em 05/10. 
O critério é etário e não há diferença entre o homem e a mulher. Contudo, 
essa capacidade civil não pode ser confundida com a capacidade eleitoral ou a 
capacidade para o casamento, previstas em dispositivos especiais, nem mesmo 
com a maioridade penal. 
Com a maioridade, os jovens passam a responder civilmente pelos danos 
causados a terceiros, ficando autorizados a praticar todos os atos da vida civil, 
sem a necessidade de assistência de seu representante legal. 
 
2.1.2 Emancipação 
Mas a capacidade plena também pode ser antecipada, em razão da 
autorização dos representantes legais do menor ou do juiz ou, ainda, pela 
ocorrência de fato que a lei atribui força para tanto. Trata-se dos casos de 
emancipação. 
A emancipação é, portanto, uma forma de aquisição da capacidade civil 
antes da idade legal. É a antecipação da aquisição da capacidade de fato 
(exercício da capacidade civil por si próprio). 
 
16 
 
Nos termos do art. 5.º, § único, a incapacidade cessará: 
I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante 
instrumento público, independentemente de homologação judicial, ou 
por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos 
completos; 
II - pelo casamento; 
III - pelo exercício de emprego público efetivo; 
IV - pela colação de grau em curso de ensino superior; 
V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação 
de emprego, desde que, em funçãodeles, o menor com dezesseis anos 
completos tenha economia própria. 
 
Deve-se observar que se trata de aquisição de capacidade para fins civis. 
Mas o indivíduo não deixa de ser menor, ou seja, segue sendo aplicado o 
Estatuto da Criança e do Adolescente. Nesse sentido, o enunciado 530 da 
Jornada de Direito Civil: 
A emancipação, por si só, não elide a incidência do Estatuto da Criança e 
do Adolescente. 
 
Sendo assim, mesmo emancipado, não pode retirar carteira de motorista, 
ou entrar em locais proibidos ou, então, ingerir bebida alcóolica. 
A emancipação, uma vez realizada, é definitiva, irretratável e irrevogável, 
salvo por ocorrência de vício de vontade (todos os negócios jurídicos ou atos 
praticados podem ser anulados em razão de vício de vontade). Neste sentido, o 
enunciado 397 das Jornadas de Direito Civil: 
A emancipação por concessão dos pais ou por sentença do juiz está 
sujeita à desconstituição por vício de vontade. 
 
Pela redação do § único do art. 5.º, CC, a emancipação, conforme a causa ou 
origem, pode ser de três espécies: voluntária, judicial e legal. 
a) Emancipação voluntária: Ocorre pela concessão dos pais, quando estes, em 
conjunto (ou, um deles, na falta do outro), concedem, mediante escritura 
pública, independentemente de homologação judicial, a emancipação para o 
filho que tenha completado 16 anos. A emancipação é ato irrevogável, de forma 
que os pais não podem, a posteriori, arrependerem-se de ter emancipado o 
filho. Contudo, respondem pelos danos causados pelo filho que emanciparam. 
 
17 
 
Deve ser registrada no Cartório do Registro Civil, nos termos do art. 107, § 1.º, Lei 
6.015/73. 
b) Emancipação judicial: A emancipação judicial é aquela concedida pelo juiz, 
nos casos em que o menor está sob tutela, sendo ouvido o tutor, se o menor 
contar com 16 anos completos. Pode ser, também, nos casos em que um dos 
genitores concordar e o outro não com a emancipação. Deve ser registrada no 
Cartório do Registro Civil, nos termos do art. 107, § 1.º, Lei 6.015/73. No caso de 
incapacidade relativa declarada por decisão judicial (aplicável aos ébrios 
habituais, pródigos, etc.), bem como nos casos de incapacidade superveniente 
(ou não afastada) pela maioridade, a retomada da capacidade dar-se-á apenas 
mediante nova decisão judicial. Até tal reconhecimento, será realizada 
nomeação de responsável (curador, para maiores; tutor, para menores) pela 
assistência ou representação do incapaz (relativo ou absoluto). 
c) Emancipação legal: A emancipação legal é aquela que advém da disposição 
legal. Trata-se dos casos previstos nos incisos II, III, IV e V, CC, ou seja, em razão 
de casamento, emprego público, constituição de empresa ou colação de grau 
em curso superior. Dispensa o registro no Cartório de Registro Civil, produzindo 
efeitos independentemente desse registro. 
 
CASAMENTO: O homem e a mulher podem casar a partir dos 16 anos 
de idade, desde que autorizados pelos pais ou representantes legais, nos 
termos do art. 1.517, CC. Dessa forma, caso haja o casamento de menor de 
18 anos, adquire, este indivíduo, a capacidade civil plena, pois não faria 
sentido que, após casados, os cônjuges permanecessem sob o poder 
familiar, já que constituíram um novo núcleo familiar. Também deve-se 
considerar que há uma situação excepcional em que é permitido o 
casamento de menores de 16 anos, que é a hipótese do art. 1.520, CC, desde 
que autorizado judicialmente. Dessa maneira, não se deve desconsiderar 
que há, uma situação excepcionalíssima de aquisição da maioridade, via 
emancipação legal, em razão de casamento em caso de gravidez. Nesses 
 
18 
 
casos, mesmo que haja a dissolução do casamento pelo divórcio, o 
emancipado não retorna a situação anterior de incapacidade civil. No caso 
de anulação ou nulidade do casamento, caso tenha sido contraído de boa-
fé (casamento putativo), persiste a maioridade. Se tiver sido contraído de 
má-fé, retorna a situação de incapacidade (anulação retroage a data da 
celebração e é como se o casamento jamais tivesse existido). 
 
EXERCÍCIO DE EMPREGO PÚBLICO EFETIVO: Havendo a nomeação 
de caráter efetivo em cargo ou emprego público efetivo 
(independentemente se celetista ou estatutário, desde que não seja cargo 
em comissão), o agente adquire plena capacidade civil, emancipando-se. 
Contudo, essa disposição está esvaziada de conteúdo, já que é difícil algum 
cargo ou emprego público efetivo antes dos 18 anos de idade. 
 
COLAÇÃO DE GRAU EM CURSO SUPERIOR: Essa hipótese também é 
bastante rara de ocorrer, pois o próprio período de estudo anterior (1.º e 2.º 
grau) é extenso. Normalmente, quando o estudante cola grau, já é maior 
de idade. 
 
ESTABELECIMENTO CIVIL OU COMERCIAL, OU EMPREGO QUE O 
MENOR TENHA ECONOMIA PRÓPRIA: Trata-se, também, de uma hipótese 
remota, pois é difícil que alguém com 16 anos estabelecer-se 
comercialmente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
19 
 
 
* Para todos verem: esquema 
 
 
2. 2. TUTELA E CURATELA 
A tutela, assim como a curatela, faz parte do chamado “direito 
assistencial”, no estudo das relações familiares. A base de sustentação destes 
dois institutos é a solidariedade familiar. 
 
2.2.1 Conceito: TUTELA X CURATELA 
Apesar de as vezes serem tratados como sinônimos, tutela e curatela são 
institutos jurídicos diferentes e autônomos, mas que possuem uma finalidade 
comum: proporcionar a representação legal e a administração de sujeitos 
incapazes de praticar atos jurídicos. 
A diferença fundamental entre ambas é a de que, enquanto a TUTELA 
refere-se à menoridade legal (indivíduos menores de 18 anos não emancipados, 
não sujeitos ao poder familiar), a CURATELA destina-se àquelas pessoas que são 
incapazes de gerir sua vida, pessoas estas, devidamente interditadas. Conceitos 
baseados nas alterações trazidas pelo CPC/2015 e pelo Estatuto da Pessoa 
Portadora de Deficiência, Lei 13.146/2015. 
 
2.2.2 Tutela – art. 1.728 e ss., CC e art. 759 e ss. CPC/2015 
 
20 
 
A tutela é a representação legal de indivíduo menor de idade, seja 
absolutamente ou relativamente incapaz, em razão da falta de seus pais 
(falecimento, ausência ou perda do poder familiar). Art. 1.728, CC. 
Seu grande objetivo é a administração dos bens patrimoniais do menor. 
 
2.2.2.1 Tutores 
O art. 1.729, CC estabelece que os pais têm o direito de nomear tutor, 
através de testamento ou outro documento público. Isto porque, o tutor será a 
pessoa responsável pela formação e pela administração do patrimônio dos 
infantes cujos pais não mais existem. 
Se o testamento contiver a nomeação de mais de um tutor, entende-se 
haver uma ordem de preferência, de forma que a tutela será deferida àquela 
pessoa primeiro nomeada, sendo que os demais serão substitutos. Art. 1.733, §1.º, 
CC. 
Se, contudo, os pais não tiverem feito a nomeação, o art. 1.731 estabelece a 
ordem de preferência na indicação dos tutores: 
Art. 1.731. Em falta de tutor nomeado pelos pais incumbe a tutela aos 
parentes consanguíneos do menor, por esta ordem: 
I - aos ascendentes, preferindo o de grau mais próximo ao mais remoto; 
II - aos colaterais até o terceiro grau, preferindo os mais próximos aos 
mais remotos, e, no mesmo grau, os mais velhos aos mais moços; em 
qualquer dos casos, o juiz escolherá entre eles o mais apto a exercer a 
tutela em benefício do menor. 
 
Este rol não é absoluto, cabendo ao juiz analisar a situação que maior 
benefício trará para a criança ou adolescente. 
Além disto, aos irmãos, será nomeado um só tutor e, no caso de não haver 
tutor indicado pelos pais e, ainda, não sendo possível nomear tutor que seja 
parente consanguíneo da criança ou adolescente, o tutor nomeado deve residir 
no mesmo local em que os tutelados. 
 
 
 
21 
 
2.2.2.2 Espécies 
São três as formas de tutela: 
a) Testamentária: regulada pelos arts. 1.729 e 1.730, CC, quando o tutor 
será nomeado pelos pais, emconjunto. Enquanto vivos os pais podem – no 
exercício do poder familiar – deixarem testamento nomeando tutor aos filhos 
menores de idade. Esta nomeação pode ser feita através de testamento ou de 
qualquer outro documento público ou particular – qualquer documento, desde 
que as assinaturas dos pais estejam com firma reconhecida pelo Tabelionato. 
b) Legítima: é a tutela que se estabelece quando não há a nomeação de 
tutor por parte dos pais. Está indicada no art. 1.731, CC, sendo estabelecida a 
ordem de preferência – esta ordem não é absoluta, devendo ser observado o 
melhor interesse da criança e do adolescente. 
c) Dativa: esta é a tutela que ocorre quando não há a nomeação de tutor 
pelos pais e não há a possibilidade de ser nomeado nenhum dos parentes do 
menor de idade indicados pelo art. 1.731 (ou porque não existem ou porque são 
inidôneos). Está prevista no art. 1.732, CC. 
 
2.2.2.3 Incapacidade para o exercício da tutela 
Não é qualquer pessoa que pode exercer a tutela. Assim, em razão da 
grande responsabilidade a ser assumida, além da capacidade civil (maioridade), 
também é exigida capacidade especial, de forma que o art. 1.735, CC estabelece 
os casos daqueles que não poderão ser tutores, sendo, portanto, excluídos da 
tutela: 
Art. 1.735. Não podem ser tutores e serão exonerados da tutela, caso a 
exerçam: 
I - aqueles que não tiverem a livre administração de seus bens; 
II - aqueles que, no momento de lhes ser deferida a tutela, se acharem 
constituídos em obrigação para com o menor, ou tiverem que fazer valer 
direitos contra este, e aqueles cujos pais, filhos ou cônjuges tiverem 
demanda contra o menor; 
III - os inimigos do menor, ou de seus pais, ou que tiverem sido por estes 
expressamente excluídos da tutela; 
IV - os condenados por crime de furto, roubo, estelionato, falsidade, 
contra a família ou os costumes, tenham ou não cumprido pena; 
 
22 
 
V - as pessoas de mau procedimento, ou falhas em probidade, e as 
culpadas de abuso em tutorias anteriores; 
VI - aqueles que exercerem função pública incompatível com a boa 
administração da tutela. 
 
2.2.2.4 Escusa da tutela 
Em se tratando de um múnus público, via de regra, a tutela não pode ser 
recusada, especialmente nos casos do art. 1.731, quando há parentesco com o 
tutelado. Contudo, toda regra admite exceções e, neste caso, o art. 1.736 traz 
elencadas sete situações que podem, em razão da natureza, atrapalhar o 
exercício da tutela. 
Art. 1.736. Podem escusar-se da tutela: 
I - mulheres casadas; 
II - maiores de sessenta anos; 
III - aqueles que tiverem sob sua autoridade mais de três filhos; 
IV - os impossibilitados por enfermidade; 
V - aqueles que habitarem longe do lugar onde se haja de exercer a 
tutela; 
VI - aqueles que já exercerem tutela ou curatela; 
VII - militares em serviço. 
 
Em regra, quem é parente do menor não pode se escusar, exceto se 
preencher alguma dessas situações elencadas. 
Se, porém, não houver parentesco com o menor, há a possibilidade de 
recusa, se houver algum parente em condições de exercê-la, nos termos do art. 
1.737,CC. 
O procedimento para a escusa é através de simples petição ao 
magistrado que o nomeou, no prazo de 5 dias, nos termos do art. 760, CPC/2015. 
O prazo inicia antes de aceitar o encargo, da data da intimação para prestar 
compromisso e, depois de entrar no exercício do encargo, da data em que 
sobrevier o motivo da escusa. 
 
2.2.2.5 Exercício da tutela 
O exercício da tutela importa em uma responsabilidade grande por parte 
do tutor, que ultrapassa os atos de mera administração de bens. O tutor assume 
 
23 
 
toda a responsabilidade com relação a educação, alimentação e criação do 
tutelado. Nesse sentido, os arts. 1.740 e 1.747 do Código Civil estabelecem os 
atos que o tutor pode praticar, com relação ao tutelado, independentemente de 
autorização judicial: 
Art. 1.740. Incumbe ao tutor, quanto à pessoa do menor: 
I - dirigir-lhe a educação, defendê-lo e prestar-lhe alimentos, conforme os 
seus haveres e condição; 
II - reclamar do juiz que providencie, como houver por bem, quando o 
menor haja mister correção; 
III - adimplir os demais deveres que normalmente cabem aos pais, 
ouvida a opinião do menor, se este já contar doze anos de idade. 
 
Art. 1.747. Compete mais ao tutor: 
I - representar o menor, até os dezesseis anos, nos atos da vida civil, e 
assisti-lo, após essa idade, nos atos em que for parte; 
II - receber as rendas e pensões do menor, e as quantias a ele devidas; 
III - fazer-lhe as despesas de subsistência e educação, bem como as de 
administração, conservação e melhoramentos de seus bens; 
IV - alienar os bens do menor destinados a venda; 
V - promover-lhe, mediante preço conveniente, o arrendamento de bens 
de raiz. 
 
Deve-se atentar, contudo, para o fato de que o tutor não é pai. É certo que 
o tutelado deve obediência ao tutor, mas este último não tem a possibilidade 
de disciplinar o menor de idade. Neste caso, há a necessidade de atuação 
judicial, pois o tutor não exerce o poder familiar. 
O tutor também não tem a obrigação de sustentar o menor. Seu sustento 
sairá de parte de seus bens, devendo o juiz fixar as quantias que lhe pareçam 
suficientes e necessárias. Art. 1.746, CC. 
Existem outros atos que exigem para sua concretização, a 
atuação/interferência do juiz. São aqueles que, normalmente, envolvem o 
patrimônio do tutelado: 
Art. 1.748. Compete também ao tutor, com autorização do juiz: 
I - pagar as dívidas do menor; 
II - aceitar por ele heranças, legados ou doações, ainda que com 
encargos; 
III - transigir; 
IV - vender-lhe os bens móveis, cuja conservação não convier, e os 
imóveis nos casos em que for permitido; 
V - propor em juízo as ações, ou nelas assistir o menor, e promover todas 
as diligências a bem deste, assim como defendê-lo nos pleitos contra ele 
movidos. 
 
24 
 
Parágrafo único. No caso de falta de autorização, a eficácia de ato do 
tutor depende da aprovação ulterior do juiz. 
 
2.2.2.6 Responsabilidade e prestação de contas 
O tutor assume uma grande responsabilidade no exercício da tutela. Em 
razão disso, há um rigor na fiscalização de suas atividades, nos termos do art. 
1.752 e, mais do que isto, há a exigência de prestação de contas do exercício da 
tutela. Esta prestação de contas não poderá ser dispensada sequer pelos pais 
que eventualmente tenham instituído a tutela. 
Art. 1.755. Os tutores, embora o contrário tivessem disposto os pais dos 
tutelados, são obrigados a prestar contas da sua administração. 
Art. 1.756. No fim de cada ano de administração, os tutores submeterão 
ao juiz o balanço respectivo, que, depois de aprovado, se anexará aos 
autos do inventário. 
Art. 1.757. Os tutores prestarão contas de dois em dois anos, e também 
quando, por qualquer motivo, deixarem o exercício da tutela ou toda vez 
que o juiz achar conveniente. 
Parágrafo único. As contas serão prestadas em juízo, e julgadas depois da 
audiência dos interessados, recolhendo o tutor imediatamente a 
estabelecimento bancário oficial os saldos, ou adquirindo bens imóveis, 
ou títulos, obrigações ou letras, na forma do § 1o do art. 1.753. 
 
2.2.2.7 Cessação 
A tutela terminará com o término da incapacidade. Nestes termos, o art. 
1.763: 
Art. 1.763. Cessa a condição de tutelado: 
I - com a maioridade ou a emancipação do menor; 
II - ao cair o menor sob o poder familiar, no caso de reconhecimento ou 
adoção. 
Art. 1.764. Cessam as funções do tutor: 
I - ao expirar o termo, em que era obrigado a servir; 
II - ao sobrevir escusa legítima; 
III - ao ser removido. 
 
2.2.3 Curatela – art. 1.767 e ss., CC e art. 747 e ss. CPC/2015 
A curatela visa a proteção de uma pessoa maior, mas que padeça de 
alguma incapacidade ou de alguma circunstância que impeça a sua livre e 
consciente manifestação de vontade. 
 
25 
 
Em razão do Estatuto da Pessoa com Deficiência – lei 13.146/2015 –, a 
curatela só incide para os maioresrelativamente incapazes, que são os ébrios 
habituais (alcoólatras), viciados em tóxicos, pessoas que por causa transitória ou 
definitiva não puderem exprimir sua vontade e os pródigos. 
 
2.2.3.1 Curador 
Para ser curador de alguém é necessário que a pessoa tenha capacidade 
para os atos da vida civil. Assim, em tese, qualquer cidadão pode ser curador de 
outrem. Contudo, não é admissível que qualquer indivíduo, aleatoriamente, seja 
nomeado curador. Há uma previsão de ordem legal no art. 1.775, CC: 
Art. 1.775. O cônjuge ou companheiro, não separado judicialmente ou de 
fato, é, de direito, curador do outro, quando interdito. 
§1º Na falta do cônjuge ou companheiro, é curador legítimo o pai ou a 
mãe; na falta destes, o descendente que se demonstrar mais apto. 
§ 2º Entre os descendentes, os mais próximos precedem aos mais 
remotos. 
§ 3º Na falta das pessoas mencionadas neste artigo, compete ao juiz a 
escolha do curador. 
 
Esse rol, contudo, não é vinculativo do juiz, ou seja, ele poderá escolher o 
curador atentando para o melhor interesse do curatelado. 
Pode, ainda, haver a nomeação de dois curadores, nos termos do art. 
1.775-A, CC, nos casos de pessoa com deficiência. 
 
2.2.3.2 Pessoas sujeitas à curatela 
Estão sujeitas a curatela as pessoas que não possuem capacidade civil, 
com exceção dos menores de idade, que estão sujeitos à tutela. Nestes termos, 
o art. 1.767, CC, dispõe: 
Art. 1.767. Estão sujeitos a curatela: 
I - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem 
exprimir sua vontade; 
II - (Revogado); 
III - os ébrios habituais e os viciados em tóxico; 
IV - (Revogado); 
V - os pródigos. 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm#art123
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm#art123
 
26 
 
A curatela será deferida durante o curso do processo de interdição (arts. 
747 e ss., CPC/2015), que terá natureza declaratória, com eficácia ex tunc, de 
forma que o magistrado apenas declarará uma situação já existente. 
 
2.2.3.3 Prestação de contas 
O art. 1.783, CC estabelece que quando o curador for o cônjuge e o regime 
de bens do casamento for o da comunhão universal de bens não haverá a 
obrigatoriedade de prestação de contas, salvo por determinação judicial. 
Dessa forma, o curador deve periodicamente prestar contas ou todas as 
vezes em que for instado a tal mister, assim como o tutor. 
 
2.2.3.4 Cessação da curatela 
Ao contrário da tutela que é temporária, a curatela tem um ânimo 
definitivo. Todavia, ocorrerá o término da curatela por impossibilidade material 
da continuidade por parte do curador (por exemplo, se estiver doente) ou na 
hipótese de negligência, prevaricação ou incapacidade superveniente 
(aplicação analógica do art. 1.766, CC). 
Também cessa a curatela pelo falecimento do curador ou do curatelado. 
 
2.2.4 Processo de interdição 
Para que alguém seja posto sob curatela, precisa passar por um processo 
de interdição, cujo procedimento está previsto no art. 747 e ss. do CPC/2015. 
A interdição pode ser promovida por: 
Art. 747. A interdição pode ser promovida: 
I - pelo cônjuge ou companheiro; 
II - pelos parentes ou tutores; 
III - pelo representante da entidade em que se encontra abrigado o 
interditando; 
IV - pelo Ministério Público. 
Parágrafo único. A legitimidade deverá ser comprovada por 
documentação que acompanhe a petição inicial. 
 
Na inicial deve estar especificado o motivo e os fatos que demonstrem a 
incapacidade do interditando para administrar seus bens (art. 749, CPC/2015). 
 
27 
 
Havendo necessidade, o juiz pode nomear curador provisório (art. 749, § único, 
CPC/2015), contudo, deverá haver laudo médico para provar as alegações do 
autor (art. 750, CPC/2015). 
O juiz ouvirá o interditando em audiência ou, na impossibilidade de 
deslocamento, no local onde se encontrar (art. 751, § 1.º, CPC/2015), utilizando-se 
dos meios tecnológicos necessários para a entrevista. 
O interditando pode (e deve) defender-se, no prazo de 15 dias (art. 752, 
CPC/2015). 
Haverá intervenção do MP como fiscal da lei (art. 752, § 1.º, CPC/2015). 
Após este prazo de defesa, haverá a produção de prova, com perícia no 
interditando (art. 753, CPC/2015). O laudo deve indicar os atos para os quais há 
incapacidade. Trata-se, portanto, de uma interdição relativa, já que os 
interditandos são sempre relativamente incapazes. 
Uma vez que se tenha o laudo e todas as provas, o juiz sentenciará. Na 
sentença, o juiz obedecerá alguns requisitos: 
Art. 755. Na sentença que decretar a interdição, o juiz: 
I - nomeará curador, que poderá ser o requerente da interdição, e fixará 
os limites da curatela, segundo o estado e o desenvolvimento mental do 
interdito; 
II - considerará as características pessoais do interdito, observando suas 
potencialidades, habilidades, vontades e preferências. 
§ 1o A curatela deve ser atribuída a quem melhor possa atender aos 
interesses do curatelado. 
§ 2o Havendo, ao tempo da interdição, pessoa incapaz sob a guarda e a 
responsabilidade do interdito, o juiz atribuirá a curatela a quem melhor 
puder atender aos interesses do interdito e do incapaz. 
§ 3o A sentença de interdição será inscrita no registro de pessoas 
naturais e imediatamente publicada na rede mundial de computadores, 
no sítio do tribunal a que estiver vinculado o juízo e na plataforma de 
editais do Conselho Nacional de Justiça, onde permanecerá por 6 (seis) 
meses, na imprensa local, 1 (uma) vez, e no órgão oficial, por 3 (três) vezes, 
com intervalo de 10 (dez) dias, constando do edital os nomes do interdito 
e do curador, a causa da interdição, os limites da curatela e, não sendo 
total a interdição, os atos que o interdito poderá praticar 
autonomamente. 
 
Se o interdito se recuperar, poderá levantar a interdição e a curatela, nos 
termos do art. 756, CPC/2015. 
 
 
28 
 
 
 
 
A irrevogabilidade da emancipação. 
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* Para todos verem: mapas mentais sobre pessoa natural e tutela e curatela 
 
 
 
https://soundcloud.com/user-204974449/oab-anual-direito-civil-7/s-NolOHvT8Opi?in=user-204974449/sets/oab-anual-direito-civil-parte-geral-prof-maite-dame/s-kfyYwA34Xo4
 
29 
 
TUTELA CURATELA 
Representação legal de menores de idade (art. 
3º, art. 4º, I, CC) 
Representação legal de maiores de idade, 
mas incapazes (Art. 4º, II, III e IV, CC) 
Hipóteses (Art. 1728, CC) - Pais falecidos 
ausentes ou destituídos do Poder Familiar 
Necessária ação de interdição, pois são 
situações de indivíduos maiores de idade, 
mas que tornam-se incapazes. 
Direito de nomear tutor aos filhos é dos pais, 
por testamento ou outro documento autêntico 
(tutela testamentária – art. 1729, CC) 
Legitimidade para requerer a interdição = 
Art. 747 CC. 
Se os pais não nomearem tutor, caberá aos 
parentes consanguíneos (tutela legítima – 1731, 
CC) 
A perícia determinará os atos que podem e 
os que não podem ser praticados pelos 
interditandos. 
Não havendo nomeação, nem parentes, cabe 
ao juiz indicar o tutor (Tutela dativa – Art. 1732) 
Sentença de interdição estabelece a 
incapacidade e nomeia curador. 
Nomeação e compromisso via ação de tutela 
(Art. 759 e ss, CC) 
Legitimidade par ao exercício da curatela 
(Art. 1775, CC) 
 
Cônjuge ou companheiro 
Pai ou mãe 
Descendentes 
Juiz escolhe 
Devem prestar contas de 2 em 2 anos 
Sentença de interdição e nomeação de 
curador deve ser inscrita no CRCPN 
Exercem a representação legal do menor de 
idade e administram o patrimônio 
 
Sentença de nomeação do tutor deve ser 
inscrita no CRCPN 
 
 
30 
 
01. EXAME XXXI Márcia, adolescente com 17 anos de idade, sempre demonstrou uma 
maturidade muito superior à sua faixa etária. Seu maior objetivo profissional é o de 
tornar-se professora de História e, por isso, decidiu criar um canalem uma plataforma 
on-line, na qual publica vídeos com aulas por ela própria elaboradas sobre conteúdos 
históricos. O canal tornou-se um sucesso, atraindo multidões de jovens seguidores e 
despertando o interesse de vários patrocinadores, que começaram a procurar a jovem, 
propondo contratos de publicidade. Embora ainda não tenha obtido nenhum lucro 
com o canal, Márcia está animada com a perspectiva de conseguir custear seus 
estudos na Faculdade de História se conseguir firmar alguns desses contratos. Para 
facilitar as atividades da jovem, seus pais decidiram emancipá-la, o que permitirá que 
celebre negócios com futuros patrocinadores com mais agilidade. Sobre o ato de 
emancipação de Márcia por seus pais, assinale a afirmativa correta. 
a) Depende de homologação judicial, tendo em vista o alto grau de exposição que 
a adolescente tem na internet. 
b) Não tem requisitos formais específicos, podendo ser concedida por instrumento 
particular. 
c) Deve, necessariamente, ser levado a registro no cartório competente do Registro 
Civil de Pessoas Naturais. 
d) É nulo, pois ela apenas poderia ser emancipada caso já contasse com economia 
própria, o que ainda não aconteceu. 
 
 
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31 
 
02. EXAME XXVIII Ana, que sofre de grave doença, possui um filho, Davi, com 11 anos de 
idade. Ante o falecimento precoce de seu pai, Davi apenas possui Ana como sua 
representante legal. De forma a prevenir o amparo de Davi em razão de seu eventual 
falecimento, Ana pretende que, na sua ausência, seu irmão, João, seja o tutor da 
criança. Para tanto, Ana, em vida, poderá nomear João por meio de 
a) escritura pública de constituição de tutela. 
b) testamento ou qualquer outro documento autêntico. 
c) ajuizamento de ação de tutela. 
d) diretiva antecipada de vontade. 
 
03. EXAME XX Pedro, em dezembro de 2011, aos 16 anos, se formou no ensino médio. 
Em agosto de 2012, ainda com 16 anos, começou estágio voluntário em uma 
companhia local. Em janeiro de 2013, já com 17 anos, foi morar com sua namorada. Em 
julho de 2013, ainda com 17 anos, após ter sido aprovado e nomeado em um concurso 
público, Pedro entrou em exercício no respectivo emprego público. 
Tendo por base o disposto no Código Civil, assinale a opção que indica a data em 
que cessou a incapacidade de Pedro. 
A) Dezembro de 2011. 
B) Agosto de 2012. 
C) Janeiro de 2013. 
D) Julho de 2013. 
 
04. EXAME XVI Os tutores de José consideram que o rapaz, aos 16 anos, tem 
maturidade e discernimento necessários para praticar os atos da vida civil. Por isso, 
decidem conferir ao rapaz a sua emancipação. 
Consultam, para tanto, um advogado, que lhes aconselha corretamente no seguinte 
sentido: 
A) José poderá ser emancipado em procedimento judicial, com a oitiva do tutor sobre 
as condições do tutelado. 
B) José poderá ser emancipado via instrumento público, sendo desnecessária a 
homologação judicial. 
C) José poderá ser emancipado via instrumento público ou particular, sendo necessário 
procedimento judicial. 
 
32 
 
D) José poderá ser emancipado por instrumento público, com averbação no registro de 
pessoas naturais. 
 
 
 
GABARITO DAS QUESTÕES 
01 02 03 04 
C B D A 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
33 
 
03. Tomada de decisão apoiada e da capacidade plena da pessoa 
com deficiência. Extinção da personalidade e direitos de 
personalidade 
 
3.5 Tomada de decisão apoiada 
O art. 6.º do Estatuto da pessoa com deficiência (lei 13.146/2015) determina 
que a deficiência não afeta a plena capacidade para gestão do plano familiar e 
existencial do indivíduo: 
Art. 6º A deficiência não afeta a plena capacidade civil da pessoa, 
inclusive para: 
I - casar-se e constituir união estável; 
II - exercer direitos sexuais e reprodutivos; 
III - exercer o direito de decidir sobre o número de filhos e de ter acesso a 
informações adequadas sobre reprodução e planejamento familiar; 
IV - conservar sua fertilidade, sendo vedada a esterilização compulsória; 
V - exercer o direito à família e à convivência familiar e comunitária; e 
VI - exercer o direito à guarda, à tutela, à curatela e à adoção, como 
adotante ou adotando, em igualdade de oportunidades com as demais 
pessoas. 
 
Além disto, às pessoas com deficiência é permitida a adoção da tomada 
de decisão apoiada ou o estabelecimento da curatela, conforme art. 84 do 
Estatuto da pessoa com deficiência. 
Art. 84. A pessoa com deficiência tem assegurado o direito ao exercício 
de sua capacidade legal em igualdade de condições com as demais 
pessoas. 
§ 1o Quando necessário, a pessoa com deficiência será submetida à 
curatela, conforme a lei. 
§ 2o É facultado à pessoa com deficiência a adoção de processo de 
tomada de decisão apoiada. 
§ 3o A definição de curatela de pessoa com deficiência constitui medida 
protetiva extraordinária, proporcional às necessidades e às circunstâncias 
de cada caso, e durará o menor tempo possível. 
§ 4o Os curadores são obrigados a prestar, anualmente, contas de sua 
administração ao juiz, apresentando o balanço do respectivo ano. 
 
A tomada de decisão apoiada está prevista, também, no art. 1.783-A, CC. 
Trata-se de um processo pelo qual o deficiente pode escolher duas pessoas 
idôneas e de sua confiança para auxiliar nas decisões de atos da vida civil. 
Art. 1.783-A. A tomada de decisão apoiada é o processo pelo qual a 
pessoa com deficiência elege pelo menos 2 (duas) pessoas idôneas, com 
as quais mantenha vínculos e que gozem de sua confiança, para prestar-
 
34 
 
lhe apoio na tomada de decisão sobre atos da vida civil, fornecendo-lhes 
os elementos e informações necessários para que possa exercer sua 
capacidade. (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência) 
§ 1o Para formular pedido de tomada de decisão apoiada, a pessoa com 
deficiência e os apoiadores devem apresentar termo em que constem os 
limites do apoio a ser oferecido e os compromissos dos apoiadores, 
inclusive o prazo de vigência do acordo e o respeito à vontade, aos 
direitos e aos interesses da pessoa que devem apoiar. (Incluído 
pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência) 
§ 2o O pedido de tomada de decisão apoiada será requerido pela pessoa 
a ser apoiada, com indicação expressa das pessoas aptas a prestarem o 
apoio previsto no caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 13.146, de 
2015) (Vigência) 
§ 3o Antes de se pronunciar sobre o pedido de tomada de decisão 
apoiada, o juiz, assistido por equipe multidisciplinar, após oitiva do 
Ministério Público, ouvirá pessoalmente o requerente e as pessoas que 
lhe prestarão apoio. (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência) 
§ 4o A decisão tomada por pessoa apoiada terá validade e efeitos sobre 
terceiros, sem restrições, desde que esteja inserida nos limites do apoio 
acordado. (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência) 
§ 5o Terceiro com quem a pessoa apoiada mantenha relação negocial 
pode solicitar que os apoiadores contra-assinem o contrato ou acordo, 
especificando, por escrito, sua função em relação ao apoiado. 
(Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência) 
§ 6o Em caso de negócio jurídico que possa trazer risco ou prejuízo 
relevante, havendo divergência de opiniões entre a pessoa apoiada e um 
dos apoiadores, deverá o juiz, ouvido o Ministério Público, decidir sobre a 
questão. (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência) 
§ 7o Se o apoiador agir com negligência, exercer pressão indevida ou não 
adimplir as obrigações assumidas, poderá a pessoa apoiada ou qualquer 
pessoa apresentar denúncia ao Ministério Público ou ao juiz.(Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência) 
§ 8o Se procedente a denúncia, o juiz destituirá o apoiador e nomeará, 
ouvida a pessoa apoiada e se for de seu interesse, outra pessoa para 
prestação de apoio. (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015) 
(Vigência) 
§ 9o A pessoa apoiada pode, a qualquer tempo, solicitar o término de 
acordo firmado em processo de tomada de decisão apoiada. 
(Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência) 
§ 10. O apoiador pode solicitar ao juiz a exclusão de sua participação do 
processo de tomada de decisão apoiada, sendo seu desligamento 
condicionado à manifestação do juiz sobre a matéria. (Incluído pela 
Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência) 
§ 11. Aplicam-se à tomada de decisão apoiada, no que couber, as 
disposições referentes à prestação de contas na curatela. (Incluído 
pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência) 
 
A tomada de decisão apoiada visa o auxílio da pessoa com deficiência 
para a celebração de atos mais complexos – casos dos contratos. Trata-se de um 
processo judicial no qual a pessoa com deficiência elege duas pessoas, de sua 
confiança, para lhe auxiliar nos atos da vida civil. Com a nomeação dos 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm#art116
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm#art127
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm#art116
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm#art116
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm#art127
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm#art116
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm#art116
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http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm#art127
 
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apoiadores, toda decisão tomada por pessoa portadora de deficiência será 
válida e produzirá efeitos, nos limites do apoio acordado (art. 1.783-A, § 4.º, CC). 
Não se trata de interdição! 
 
3.2 Personalidade/Extinção da personalidade/Morte 
O art. 6.º, CC define que a extinção da personalidade natural se dá com a 
morte, presumindo-se esta quanto aos ausentes, quando autorizada a abertura 
da sucessão definitiva. O art. 7.º, CC, por sua vez, estabelece os casos de 
declaração da morte sem decretação da ausência: 
Art. 6o A existência da pessoa natural termina com a morte; presume-se 
esta, quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de 
sucessão definitiva. 
Art. 7o Pode ser declarada a morte presumida, sem decretação de 
ausência: 
I - se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de 
vida; 
II - se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for 
encontrado até dois anos após o término da guerra. 
Parágrafo único. A declaração da morte presumida, nesses casos, 
somente poderá ser requerida depois de esgotadas as buscas e 
averiguações, devendo a sentença fixar a data provável do falecimento. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
36 
 
A morte divide-se, portanto em (o aprofundamento dessas situações será 
feito no direito sucessório): 
* Para todos verem: esquema 
 
 
3.3 Registro Civil - Pessoa natural: 
Registro Civil é o local onde se encontra a história da vida de uma pessoa. É 
a perpetuação de seus dados pessoais. Trata-se de anotação feita por pessoa 
autorizada (Registrador Civil) de dados pessoais e fatos jurídicos de maior 
relevância na vida de alguém. Sua função é dar autenticidade, segurança, 
eficácia e publicidade a tais dados. 
O Registro Civil está disciplinado no Código Civil e na Lei dos Registros 
Públicos. O art. 9.º, CC determina os atos que serão registrados no Registro 
Público: 
Art. 9o Serão registrados em registro público: 
I - os nascimentos, casamentos e óbitos; 
II - a emancipação por outorga dos pais ou por sentença do juiz; 
III - a interdição por incapacidade absoluta ou relativa; 
IV - a sentença declaratória de ausência e de morte presumida. 
 
 
37 
 
Por sua vez, o art. 10, CC trata das averbações em registros públicos: 
Art. 10. Far-se-á averbação em registro público: 
I - das sentenças que decretarem a nulidade ou anulação do casamento, 
o divórcio, a separação judicial e o restabelecimento da sociedade 
conjugal; 
II - dos atos judiciais ou extrajudiciais que declararem ou reconhecerem a 
filiação; 
 
Averbação é anotação feita à margem do registro para informar sobre 
alguma alteração ocorrida no estado jurídico do registrado. Nesse sentido, o 
casamento é registrado e o divórcio, averbado. 
Todo nascimento deve ser levado a registro no local onde ocorreu o parto 
ou no lugar da residência dos pais, no prazo de 15 dias ou, no prazo de até 3 
meses quando o local do parto ou da residência for distante mais de 30 km da 
sede do cartório. 
Art. 50. Todo nascimento que ocorrer no território nacional deverá ser 
dado a registro, no lugar em que tiver ocorrido o parto ou no lugar da 
residência dos pais, dentro do prazo de quinze dias, que será ampliado 
em até três meses para os lugares distantes mais de trinta quilômetros 
da sede do cartório. 
§ 1º Quando for diverso o lugar da residência dos pais, observar-se-á a 
ordem contida nos itens 1º e 2º do art. 52. 
§ 2º Os índios, enquanto não integrados, não estão obrigados a inscrição 
do nascimento. Este poderá ser feito em livro próprio do órgão federal de 
assistência aos índios. 
§ 3º Os menores de vinte e um (21) anos e maiores de dezoito (18) anos 
poderão, pessoalmente e isentos de multa, requerer o registro de seu 
nascimento. 
§ 4° É facultado aos nascidos anteriormente à obrigatoriedade do 
registro civil requerer, isentos de multa, a inscrição de seu nascimento. 
§ 5º Aos brasileiros nascidos no estrangeiro se aplicará o disposto neste 
artigo, ressalvadas as prescrições legais relativas aos consulados. 
 
O registro de nascimento do indivíduo compete, pela ordem legal (art. 52, 
LRP): 
Art. 52. São obrigados a fazer declaração de nascimento: 
1o) o pai ou a mãe, isoladamente ou em conjunto, observado o disposto 
no § 2o do art. 54; 
2º) no caso de falta ou de impedimento de um dos indicados no item 1o, 
outro indicado, que terá o prazo para declaração prorrogado por 45 
(quarenta e cinco) dias; 
3º) no impedimento de ambos, o parente mais próximo, sendo maiorachando-se presente; 
 
38 
 
4º) em falta ou impedimento do parente referido no número anterior os 
administradores de hospitais ou os médicos e parteiras, que tiverem 
assistido o parto; 
5º) pessoa idônea da casa em que ocorrer, sendo fora da residência da 
mãe; 
6º) finalmente, as pessoas (VETADO) encarregadas da guarda do 
menor. 
§ 1° Quando o oficial tiver motivo para duvidar da declaração, poderá ir à 
casa do recém-nascido verificar a sua existência, ou exigir a atestação do 
médico ou parteira que tiver assistido o parto, ou o testemunho de duas 
pessoas que não forem os pais e tiverem visto o recém-nascido. 
§ 2º Tratando-se de registro fora do prazo legal o oficial, em caso de 
dúvida, poderá requerer ao Juiz as providências que forem cabíveis para 
esclarecimento do fato. 
 
Deve-se observar que a Lei nº 13.484, de 2017 prevê, uma alteração no art. 
54 da lei dos registros públicos, no que diz respeito ao local da naturalidade do 
indivíduo, que será o município do nascimento ou o de residência de sua 
genitora: 
§ 4º A naturalidade poderá ser do Município em que ocorreu o 
nascimento ou do Município de residência da mãe do registrando na 
data do nascimento, desde que localizado em território nacional, e a 
opção caberá ao declarante no ato de registro do nascimento. 
 
3.4 Direitos da personalidade 
Ao lado dos direitos patrimoniais, existem direitos, não menos importantes, 
que estão fora do comércio e encontram-se inseridos na personalidade do 
indivíduo. Os direitos da personalidade, também chamados de liberdades 
públicas têm proteção especial por parte do Estado. São tutelados tanto pelo 
Direito Público, como também, pelo Direito Privado. São direitos inerentes e 
ligados à pessoa humana e a sua dignidade, de forma perpétua e permanente. 
Dentre estes direitos destacam-se a vida, liberdade, nome, próprio corpo, 
imagem e honra. 
O enunciado 274 das Jornadas de Direito Civil prevê que: 
Os direitos da personalidade, regulados de maneira não-exaustiva pelo 
Código Civil, são expressões da cláusula geral de tutela da pessoa 
humana, contida no art. 1º, inc. III, da Constituição (princípio da dignidade 
da pessoa humana). Em caso de colisão entre eles, como nenhum pode 
sobrelevar os demais, deve-se aplicar a técnica da ponderação. 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13484.htm#art1
 
39 
 
Pode-se dizer que são direitos da personalidade: vida e integridade físico-
psíquica, nome da pessoa (natural ou jurídica), imagem (imagem-retrato e 
imagem-atributo), honra (subjetiva e objetiva) e intimidade. Essa proteção dos 
direitos da personalidade encontra-se, tanto no Código Civil, como, também, na 
Constituição Federal de 1988, que prevê, no seu art. 5. º, X: 
“X – são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das 
pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral 
decorrente de sua violação”. 
 
O Código Civil destinou um capítulo especial para a proteção dos direitos 
da personalidade – art. 11 a art. 21, CC. Esse rol, contudo, é exemplificativo, 
conforme dispõe o enunciado 274 das Jornadas de Direito Civil. 
Esses direitos tratam-se, portanto, de direitos que “têm por objeto os 
atributos físicos, psíquicos e morais da pessoa em si e em suas projeções 
sociais” (GAGLIANO e PAMPLONA FILHO, p. 184). 
 
3.4.1 Natureza 
Quanto a natureza jurídica desses direitos, a maior parte da doutrina 
entende que, por se tratarem de direitos inatos ao ser humano, cabe ao Estado 
apenas reconhecê-los e sancioná-los no âmbito do direito positivo, de forma 
que o indivíduo possa proteger tais direitos contra arbítrios do poder público ou 
de particulares. 
No caso do Brasil, esses direitos, além de serem protegidos no âmbito do 
Direito Civil, também tem uma proteção constitucional, conforme visto (art. 5.º, 
X, CF), o que lhes confere um status diferenciado – direito subjetivo 
(possibilidade de exigir respeito) + direito objetivo (vinculação a todos, dever de 
não infringir). 
 
3.4.2 Titularidade 
Os direitos da personalidade são próprios dos seres humanos. Contudo, 
como já discutido, também protege o nascituro que, embora não tenha 
 
40 
 
personalidade jurídica, detém proteção, desde a concepção, dos seus direitos 
da personalidade (art. 2.º, CC). 
Não se pode excluir, contudo, as pessoas jurídicas desta proteção, pois, nos 
termos do art. 52, CC, aplica-se “às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção 
dos direitos da personalidade”. Dessa forma, as pessoas jurídicas também têm a 
faculdade de exigir respeito e proteção quanto à sua imagem (intimidade, vida 
privada e honra, não é possível em razão das particularidades de tais direitos), 
podendo ser requerida indenização pela violação a tal direito. Este 
entendimento consubstancia-se na redação da súmula 227 do STJ, que diz 
que: “A pessoa jurídica pode sofrer dano moral.” Tenham cuidado com o 
enunciado 268 das Jornadas de Direito Civil, que diz que não pode a pessoa 
jurídica ser titular de direitos da personalidade. Este enunciado contraria o que 
determina a súmula 227 do STJ. Esta súmula é que poderá ser cobrada no 
Exame da OAB, por ser a posição majoritária. 
 
3.4.3 Características 
Os direitos da personalidade são ligados à pessoa humana, representando 
seus direitos íntimos e fundamentais. São qualidades que se agregam ao 
homem e, portanto, intransmissíveis e irrenunciáveis. O art. 11, CC traz algumas 
das características dos direitos da personalidade: Contudo, existem outras 
características: 
• Inato: inerente, pertencente desde o nascimento. 
• Absolutos: os autores falam que os direitos da personalidade são 
absolutos, sendo uma forma de materialização da oponibilidade erga 
omnes. 
Apesar dessa característica, deve-se ressaltar que os direitos da 
personalidade podem ser restringidos, dependendo da situação. 
Os enunciados das Jornadas de Direito Civil dispõe sobre essa 
possibilidade de relativização ou limitação voluntária dos direitos da 
personalidade. 
 
41 
 
Enunciado n.º 4: “O exercício dos direitos da personalidade pode 
sofrer limitação voluntária, desde que não seja permanente nem 
geral”. 
Significa dizer, portanto, que em cada caso concreto deverá ser feito 
um sopesamento a fim de verificar se é ou não necessária a 
relativização do direito da personalidade. 
Ex.: biografias não autorizadas. Podem ser publicadas, embora sem 
autorização, referente a pessoas públicas. Relativização dos direitos 
da personalidade em nome a vedação da censura. 
Enunciado n.º 139: “Os direitos da personalidade podem sofrer 
limitações, ainda que não especificamente previstas em lei, não 
podendo ser exercidos com abuso de direito de seu titular, 
contrariamente à boa-fé objetiva e aos bons costumes”. 
Ex.: proteção da intimidade e vida privada é relativizada quando há 
uma exposição desse direito. Top less em praia pública – 
relativização da intimidade. 
Ex.: art. 15, CC. Ninguém pode ser constrangido a submeter-se, com 
risco de vida, a tratamento médico ou a intervenção cirúrgica. Um 
paciente, a beira da morte, necessita de cirurgia. A intervenção trará 
alto risco, gerando dúvidas se o médico deve ou não realizar o 
procedimento. Isso gera uma série de discussões, pois há resoluções 
do Conselho Federal de Medicina que autorizam o médico a 
suspender o tratamento de pacientes terminais, de doenças 
incuráveis quando assim for de sua vontade (ortotanásia). Contudo, 
decisões judiciais já foram contrárias a essa prática. 
Há, ainda, o Enunciado 528, das Jornadas de Direito Civil, que 
autoriza o chamado testamento vital ou biológico, que nada mais é 
do que uma autorização para a prática da suspensão do tratamento 
médico: 
 
42 
 
“É válida a declaração de vontade expressa em documento 
autêntico, também chamado "testamento vital", em que a pessoa 
estabelece disposições sobre o tipo de tratamentode saúde, ou não 
tratamento, que deseja no caso de se encontrar sem condições de 
manifestar a sua vontade”. 
De igual modo, há, também a situação de paciente que, em razão de 
sua crença religiosa, não permita submissão a tratamento médico. 
No caso de este paciente estar sob risco real e iminente de morte, 
pode ser dispensada a autorização para a realização de cirurgia. 
Significa dizer, então que, nestes casos, o médico pode salvar a vida, 
mesmo sem a autorização do paciente ou familiar. Trata-se de um 
conflito entre o direito a vida e o direito a liberdade religiosa. Deve-se 
utilizar a técnica da ponderação, neste caso. Há quem diga que, pela 
ponderação, deve prevalecer a vida. Outros dirão que a vontade do 
paciente deve ser respeitada. Neste sentido, o enunciado 403 das 
Jornadas de Direito Civil: 
“O Direito à inviolabilidade de consciência e de crença, previsto no 
art. 5º, VI, da Constituição Federal, aplica-se também à pessoa que se 
nega a tratamento médico, inclusive transfusão de sangue, com ou 
sem risco de morte, em razão do tratamento ou da falta dele, desde 
que observados os seguintes critérios: a) capacidade civil plena, 
excluído o suprimento pelo representante ou assistente; b) 
manifestação de vontade livre, consciente e informada; e c) oposição 
que diga respeito exclusivamente à própria pessoa do declarante.” 
• Generalidade: são outorgados a todas as pessoas, pelo simples fato 
de existirem. 
• Extrapatrimonialidade: ausência de conteúdo patrimonial direto, ou 
seja, os direitos, em si, não possuem valor patrimonial, ainda que, 
havendo lesão, possa haver indenização pecuniária (mas, neste caso, 
em razão do dano causado). 
 
43 
 
• Indisponibilidade: significa que tais direitos não podem, por vontade 
do indivíduo, mudar de titular. Abrange tanto a intransmissibilidade 
(impossibilidade de modificação de titular gratuita ou onerosa, ou 
seja, não é possível ceder tal direito a outrem), como a 
inalienabilidade (não podem ser alienados), a inacessibilidade (não 
podem ser objeto de cessão), e a intransacionabilidade (não podem 
sofrer transação ou compromisso de arbitragem). É permitida, 
contudo, a cessão de uso da imagem, por exemplo, (famoso que 
autoriza a utilização de sua imagem em outdoors). Isso significa que 
há uma parcela dos direitos da personalidade, que se relaciona a 
direitos patrimoniais, que pode ser passível de disposição (direitos de 
imagem, direitos autorais, cessão de partes do corpo para fins 
científicos ou altruísticos – art. 14, CC). 
• Irrenunciabilidade: trata-se da impossibilidade voluntária do 
abandono, de abdicar, de forma que ninguém pode renunciar 
direitos da personalidade. 
Exemplo: contrato de namoro. Este contrato é nulo, pois seria uma 
forma de pessoas que vivem em união estável renunciarem aos 
direitos dela decorrentes. A união estável envolve direitos existenciais 
de personalidade. Ademais, é uma espécie de fraude a lei imperativa, 
o que conduz a nulidade absoluta do documento firmado (art. 166, VI, 
CC). 
Outro exemplo seriam os reality shows (Big Brother Brasil), onde o 
participante renuncia a qualquer direito de buscar indenização por 
danos morais em decorrência da exibição de sua imagem. Tal 
contrato também é nulo, pois não é possível a renúncia a direitos da 
personalidade, a teor dos arts. 11 e 166, VI, CC. Nestes casos é possível, 
inclusive, que se utilize das medidas previstas no art. 12, CC para fazer 
cessar a exibição das imagens que violem a moral do participante. 
 
44 
 
• Imprescritibilidade: não se extinguem pelo não uso, de forma que 
não há prazo para o seu exercício. Salienta-se que esta 
imprescritibilidade é quanto ao direito em si, não quanto ao exercício 
do direito de reparação quanto a dano moral pela violação do direito 
da personalidade (honra, p.ex.). 
O exercício do direito a reparação de danos se sujeita a prazos 
prescricionais – 3 anos, no caso, nos termos do art. 206, § 3.º, V, CC. 
Contudo, existem decisões do STJ que reconhecem a 
imprescritibilidade do pleito de reparação de danos: “É pacífico o 
entendimento no Superior Tribunal de Justiça segundo o qual as 
ações de indenização por danos morais e materiais decorrentes de 
atos de violência ocorridos durante o Regime Militar são 
consideradas imprescritíveis, independentemente dos legitimados 
ad causam.” 
“Como é cediço, a prescritibilidade é a regra, só havendo falar em 
imprescritibilidade em hipóteses excepcionalíssimas, como no 
tocante às ações referentes ao estado das pessoas. Somente alguns 
direitos subjetivos, observada sua envergadura e especial proteção, 
não estão sujeitos a prazos prescricionais, como na hipótese de ações 
declaratórias de nulidades absolutas, pretensões relativas a direitos 
da personalidade e ao patrimônio público”. (EDcl no AgRg no REsp 
1229068/RJ, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, 
julgado em 06/10/2015, DJe 16/10/2015) 
• Impenhorabilidade: em razão de serem inerentes à pessoa e dela 
inseparáveis, não podem ser penhoráveis, pois a função da penhora é 
a venda judicial para satisfação de um crédito. Contudo, esta 
indisponibilidade é quanto ao direito em si (vedação da penhora do 
direito à imagem), mas não se refere a penhora dos direitos 
patrimoniais resultantes do exercício deste direito (a cessão de uso 
da imagem gera um ressarcimento patrimonial e, este, pode ser 
 
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penhorado). O art. 832, CPC/2015 determina que estão a salvo da 
execução os bens que a lei considere impenhoráveis ou inalienáveis. 
Neste caso, enquadram-se os direitos da personalidade. 
• Vitaliciedade: são adquiridos no momento da concepção e 
acompanham a pessoa até sua morte, ainda que alguns desses 
direitos sejam resguardados mesmo após a morte da pessoa (honra, 
memória, direito de autor, p. ex.). Ex.: não é porque o Chico Anísio 
faleceu que sua imagem caiu no domínio público. Há o direito de 
indenização pelo uso indevido da imagem do humorista. Neste 
sentido, o art. 12 define que a legitimação para requerer a 
indenização é do cônjuge sobrevivente ou qualquer parente em 
linha reta (filho, neto, pais, avós) ou colateral até quarto grau (primos). 
 
3.4.4 Classificação 
Apesar de haver um rol de direitos da personalidade previsto no Código 
Civil, este rol não é taxativo (enunciado 274, Jornada de Direito Civil). São 
direitos inatos ao ser humano, qualidades que se agregam ao homem. O texto 
protege a vida, nome integridade físico-psíquica, honra, imagem, intimidade e 
produção intelectual. Contudo, não tutela questões de liberdade sexual, por 
exemplo. A proteção quanto aos direitos da personalidade divide-se em: 
a) CORPO – Vida e integridade física (corpo vivo, cadáver, voz). 
b) MENTE – integridade psíquica e criações intelectuais (liberdade, criações 
intelectuais, privacidade, segredo). 
c) ESPÍRITO – integridade moral (honra, imagem, identidade pessoal). 
 
3.4.5 Proteção dos direitos da personalidade 
A proteção aos direitos da personalidade está prevista tanto na 
Constituição Federal quanto no Código Civil. 
 
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Considerando que visa resguardar a dignidade humana através de 
medidas judiciais, esta proteção pode ser: preventiva ou tutela inibitória; 
repressiva ou tutela reparatória. 
 PREVENTIVA – objetivando suspender atos que ameacem ofender a 
integridade do indivíduo 
REPRESSIVA ou TUTELA REPARATÓRIA – ação indenizatória, que visa uma 
reparação patrimonial pelo dano causado. A reparação pode ser por DANO 
MORAL, quando a agressão for contra um direito da personalidade e não 
houver conteúdo econômico dessa lesão. Poderá ser, também por DANO 
MATERIAL, quando houver perda ou prejuízo por lesão a bem patrimonial. Esses 
danos podem ser danos emergentes (o que a pessoa perdeu) e lucros 
cessantes (o que a pessoa deixou de ganhar). A jurisprudência do STJ vem 
admitindo a possibilidade cumulação de danos materiais,

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