Buscar

42_marx-karl-o-capital-2

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Prévia do material em texto

“seria, portanto, absurdo esperar, em fábricas bem administradas,
qualquer resultado apreciável de uma atenção acrescida etc., por
parte dos trabalhadores”.95
Essa assertiva foi refutada por experimentos. O Sr. R. Gardner, em
suas duas grandes fábricas, em Preston, fez com que, a partir de 20 de
abril de 1844, se trabalhasse, em vez de 12 horas, somente 11 horas por
dia. Depois do prazo de mais ou menos 1 ano, verificou-se que
“se obteve o mesmo quantum de produto com os mesmos custos
e vários trabalhadores ganharam conjuntamente em 11 horas
tanto salário quanto antes em 12".96
Passo aqui por alto os experimentos nas seções de fiação e car-
dagem por estarem associados ao aumento de velocidade da maquinaria
(de cerca de 2%). No setor de tecelagem, pelo contrário, onde eram,
ademais, tecidos artigos de fantasia com mais figuras, de espécies muito
diferentes, não ocorreu nenhuma modificação nas condições objetivas
de produção. O resultado foi que:
“De 6 de janeiro até 20 de abril de 1844, com a jornada de
trabalho de 12 horas, salário semanal médio de cada operário:
10 xelins e 1 1/2 pêni; de 20 de abril até 29 de junho de 1844,
com a jornada de trabalho de 11 horas, salário semanal médio:
10 xelins e 3 1/2 pence”.97
Produziu-se aqui mais em 11 horas do que antes em 12, exclu-
sivamente devido a um esforço maior e mais constante dos trabalha-
dores e maior economia de seu tempo. Enquanto estes percebiam o
mesmo salário e ganhavam 1 hora de tempo livre, o capitalista recebia
a mesma massa de produtos e poupava gastos de carvão, gás etc. por
1 hora. Experiências semelhantes foram feitas, com igual êxito, nas
fábricas dos Srs. Horrock e Jackson.98
Assim que a redução da jornada de trabalho, que cria de início
a condição subjetiva para a condensação do trabalho, ou seja, a capa-
cidade do trabalhador em liberar mais força num tempo dado, se torna
obrigatória por lei, a máquina, na mão do capitalista, transforma-se
no meio objetivo e sistematicamente aplicado de espremer mais tra-
balho no mesmo espaço de tempo. Isso ocorre de duas maneiras: me-
OS ECONOMISTAS
44
95 Reports of Insp. of Fact. for 1844 and the quarter ending 30th April 1845. pp. 20-21.
96 Loc. cit., p. 19. Como a remuneração por peça permaneceu a mesma, o montante do salário
semanal dependia do quantum de produto.
97 Loc. cit., p. 20.
98 O elemento moral desempenhou papel importante nos experimentos acima. Os trabalhadores
contaram ao inspetor de fábrica: “Trabalhamos mais animados, temos sempre ante nós a
recompensa de sairmos mais cedo à noite, e um espírito ativo e alegre pervade toda a
fábrica, do mais jovem auxiliar até o mais velho trabalhador, e podemos nos ajudar mu-
tuamente muito no trabalho” (loc. cit.).

Outros materiais