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Ao lado dessas classes principais, surge um pessoal numericamente
insignificante que se ocupa com o controle do conjunto da maquinaria
e com sua constante reparação, como engenheiros, mecânicos, marce-
neiros etc. É uma classe mais elevada de trabalhadores, em parte com
formação científica, em parte artesanal, externa ao círculo de operários
de fábrica e só agregada a eles.127 Essa divisão de trabalho é puramente
técnica.
Todo trabalho na máquina exige aprendizado precoce do traba-
lhador para que ele aprenda a adaptar seu próprio movimento ao mo-
vimento uniforme e contínuo de um autômato. À medida que a própria
maquinaria coletiva constitui um sistema de máquinas variadas, atuan-
do ao mesmo tempo e de modo combinado, a cooperação nela baseada
exige também uma divisão de diferentes grupos de trabalhadores entre
as diferentes máquinas. Mas a produção mecanizada supera a neces-
sidade de fixar à moda da manufatura essa divisão por meio da apro-
priação permanente do mesmo trabalhador à mesma função.128 Como
o movimento global da fábrica não parte do trabalhador, mas da má-
quina, pode ocorrer contínua mudança de pessoal sem haver interrup-
ção do processo de trabalho. A prova mais contundente disso é dada
pelo sistema de turnos múltiplos (relays system), posto em prática na
Inglaterra durante a revolta dos fabricantes ingleses, de 1848 a 1850.129
Finalmente, a velocidade com que o trabalho na máquina é aprendido
na juventude elimina igualmente a necessidade de preparar uma classe
especial de trabalhadores exclusivamente para o trabalho em máqui-
nas.130 Mas os serviços dos meros ajudantes são substituíveis na fábrica
OS ECONOMISTAS
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127 É característico da intenção de engodo estatístico, que, aliás, poderia ser ainda detalha-
damente comprovada em outros casos, quando a legislação fabril inglesa exclui expressa-
mente de seu âmbito de aplicação os trabalhadores aventados por último no texto como
não-operários fabris, enquanto, por outro lado, os Returns publicados pelo Parlamento in-
cluem tão expressamente não só engenheiros, mecânicos etc., mas também dirigentes de
fábrica, vendedores, mensageiros, supervisores de estoques, empacotadores etc., em suma,
todas as pessoas exceto o próprio proprietário da fábrica, na categoria de operários fabris.
128 Ure reconhece isso. Ele diz que “em caso de necessidade, os trabalhadores podem ser
deslocados de uma máquina para outra conforme a vontade do administrador”, e exclama
triunfante: “Tal mudança está em aberta contradição com a velha rotina, que divide o
trabalho e que atribui a um trabalhador a tarefa de acabar a cabeça de um alfinete e a
outro a de afiar a ponta”. Ele deveria antes ter-se perguntado por que essa “velha rotina”
na fábrica automática só é abandonada “em caso de necessidade”.
129 Ver MEW. v. 23, pp. 305-309. Na presente edição, v. I, t. 1, pp. 228-231.
130 Em períodos de grande necessidade, como durante a guerra civil americana, o operário de
fábrica é, excepcionalmente, usado pelo burguês para os trabalhos mais rudes, como cons-
trução de estradas etc. Os ateliers nationaux ingleses de 1862 e anos seguintes, destinados
aos trabalhadores algodoeiros desempregados, diferenciavam-se dos franceses de 1848 por-
que nestes o trabalhador tinha de executar, à custa do Estado, tarefas improdutivas, ao
passo que naqueles tinha de fazer trabalhos produtivos urbanos para o benefício da bur-
guesia, a salários menores do que os dos trabalhadores regulares, com os quais ele foi,
assim, colocado em competição. “A aparência física dos operários algodoeiros melhorou
indubitavelmente. Atribuo isso (...) quanto aos homens, ao trabalho, ao ar livre em obras
públicas”. (Trata-se aqui dos operários das fábricas de Preston, que foram empregados no
“Preston Moor”.) (Rep. of Insp. of Fact. Oct. 1863. p. 59.)

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