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em parte por máquinas,131 em parte possibilitam, por causa de sua total simplicidade, troca rápida e constante das pessoas submetidas a essa labuta. Embora a maquinaria descarte agora, tecnicamente, o velho sis- tema da divisão do trabalho, este persiste inicialmente como tradição da manufatura, por hábito, na fábrica, para ser, depois, reproduzido e consolidado sistematicamente pelo capital como meio de exploração da força de trabalho de forma ainda mais repugnante. Da especialidade por toda a vida em manejar uma ferramenta parcial surge, agora, a especialidade por toda a vida em servir a uma máquina parcial. Abu- sa-se da maquinaria para transformar o próprio trabalhador, desde a infância, em parte de uma máquina parcial.132 Na manufatura e no artesanato, o trabalhador se serve da fer- ramenta; na fábrica, ele serve a máquina. Lá, é dele que parte o mo- vimento do meio de trabalho; aqui ele precisa acompanhar o movimento. Na manufatura, os trabalhadores constituem membros de um meca- nismo vivo. Na fábrica, há um mecanismo morto, independente deles, ao qual são incorporados como um apêndice vivo. “A lúgubre rotina de uma infindável tortura de trabalho, na qual o mesmo processo mecânico é repetido sempre de novo, se- melha o trabalho de Sísifo; a carga de trabalho, como a rocha, recai sempre de novo sobre o estafado operário.”133 Enquanto o trabalho em máquinas agride o sistema nervoso ao máximo, ele reprime o jogo polivalente dos músculos e confisca toda a livre atividade corpórea e espiritual.134 Mesmo a facilitação do tra- balho torna-se um meio de tortura, já que a máquina não livra o tra- MARX 55 131 Exemplo: os diversos aparelhos mecânicos que foram, desde a Lei de 1844, introduzidos na fabricação de lã como substituto do trabalho infantil. Assim que os próprios filhos dos senhores fabricantes tiverem de fazer a “sua escola” como ajudante de fábrica, esse setor da Mecânica ainda quase inexplorado há de experimentar logo notável impulso. “As selfacting mules talvez sejam máquinas tão perigosas quanto as de qualquer outra espécie. A maioria dos acidentes ocorre com crianças pequenas, por engatinharem por baixo das mules a fim de varrer o assoalho, enquanto as mules estão em movimento. Diversos minders (trabalha- dores nas mules) foram processados judicialmente (pelos inspetores de fábrica) e condenados a penas pecuniárias por causa desse procedimento, mas sem nenhum benefício geral. Se os fabricantes de máquinas ao menos inventassem um varredor automático, cujo uso eli- minasse a necessidade de essas crianças pequenas engatinharem por baixo da maquinaria, essa seria uma feliz adição a nossas medidas preventivas.” (Reports of Insp. of Factories for 31st October 1866. p. 63.) 132 Reconheça-se o mérito da fabulosa idéia de Proudhon que “constrói” a maquinaria não como síntese de meios de trabalho, mas como síntese de trabalhos parciais para os próprios trabalhadores. 133 ENGELS, F. Lage etc. p. 21 et seqs. Mesmo um livre-cambista bem ordinário, otimista, o Sr. Molinari, observa: “Um homem se desgasta mais rapidamente vigiando durante 15 horas por dia a movimentação uniforme de um mecanismo do que exercendo sua própria força física no mesmo espaço de tempo. Esse trabalho de vigilância, que serviria ao mesmo tempo”. (MOLINARI, G. de. Études Économiques. Paris, 1846 [p. 49.]) 134 ENGELS, F. Op. cit., pp. 216.
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