Buscar

Enterobactérias: Características e Patógenos

Prévia do material em texto

MICROBIOLOGIA - PROVA 2
Enterobactérias 
As bactérias pertencentes à família Enterobacteriaceae são Gram-negativos que 
fermentam a glicose, com produção de gás, e ampla variedade de outros açúcares. 
Contém em sua parede celular lipopolissa-cárides (LPS), que funciona como endotoxina e 
causa diversos efeitos fisiopatológicos, como pirogenicidade, tolerância, choque letal, lesão em 
tumores, aborto e prematuridade. Essa endotoxina é liberada para o meio externo após a lise 
das bactérias. 
As enterobactérias são oxidase-negativo, catalase-positivos, anaeróbios 
facultativos que não formam esporos e que crescem bem em meio seletivo como o ágar 
MacConkey porque não são inibidos pelos sais biliares do meio, e também em meios 
básicos (caldo peptona) e meios ricos (ágar sangue, ágar BHI). 
Esses microorganismos entéricos reduzem nitrato a nitrito, e algumas espécies, 
notadamente a Escherichia coli, fermentam a lacotse. As enterobactérias são móveis, com 
exceção da S. Gallinarum e S. Pullorum. 

A família contém mais de 28 gêneros e de 80 espécies. As enterobactérias podem ser 
agrupadas em três categorias: patógenos principais, patógenos oportunistas e não-patógenos. 
Enteropatógenos clássicos (diarréias): 
  • Salmonella 
  • Shigella 
  • E.coli diarreiogênica                 
  • Yersinia enterocolitica 
!1
MICROBIOLOGIA - PROVA 2
As bactérias pertencentes à família Enterobacteriaceae têm distribuição mundial, habitam o 
trato intestinal de animais e de humanos e contaminam a vegetação, o solo e a água. 
As estruturas antigênicas são: 
	 (1) O (somático): refere-se ao lipopolissacarídeo (LPS) presente na membrana 
	 (2) H (flagelar) H: possui estrutura de natureza protéica dos flagelos 
	 (3) K (capsular): refere-se aos carboidratos capsulares que envolvem a parede celular 
	 O diagnóstico laboratorial é feito a partir do isolamento bacteriano (materiais 
clínicos), identificação (série bioquímica) e da sorologia da cepa. A identificação ou 
confirmação sorológica é feita apenas com germes comprovadamente patogênicos e de 
importância epidemiológica como Salmonella spp., Shigella spp., Escherichia coli , Yersina 
enterocolitica. 
	 Fatores para infecção 
	 	 (1) Inóculo: quantidade do microrganismo ingerido 
	 	 (2) Virulência da amostra 
	 	 (3) Idade do indivíduo: sistema imune 
	 	 (4) pH gástrico 
	 	 (5) Adesão e multiplicação: Invasão e Liberação toxinas 
1. Gênero Salmonella 
	 As salmonelas são geralmente móveis e não fermentam a lactose, não produzem 
urease e descarboxilam aminoácidos. O gênero Salmonella contém mais de 2400 sorotipos e 
todos devem ser considerados patogênicos. 
	 Os sorotipos de Salmonella infectam mamíferos, aves e répteis, são principalmente 
excretado pelas fezes. A ingestão é a principal rota da infecção na salmonelose, embora 
também possa ocorrer por meio das mucosas do trato respiratório superior e da conjuntiva. 
	 Com relação a estrutura antigênica temos: 
	 (1) Antígeno O (somático): constituem a parte mais externa do lipopolissacarídeo da 
parede celular. São resistentes ao calor e ao álcool. Podem ser detectados através da soro 
aglutinação bacteriana. Os anticorpos predominantes contra Ag O são da classe IgM. 
	 (2) Antígeno H (flagelar): localizam-se nos flagelos. São de natureza proteica. São 
desnaturados ou removidos pelo calor ou álcool. Os anticorpos predominantes contra o Ag H 
são da classe IgG. 

	 (3) Antígeno Vi (superfície):•são de natureza polissacarídica. Somente são encontrados 
!2
MICROBIOLOGIA - PROVA 2
nos sorovares Typhi, Paratyphi C e Dublin. São resistentes ao calor e ao álcool. São próprios 
de cepas virulentas, isto é, de isolamentos recentes. 
	 O principal método de isolamento é a homocultura; porém além desse método 
existem coproculura e urocultura. Os meios de cultura são meios líquidos de enriquecimento 
(selenito), meios sólidos seletivos (Mac Conkey), meios sólidos seletivos (EMB, SS), meio sólido 
seletivo verde brilhante (BG): inibe S. Typhi. 
	 Características da doença: 
	 (1) Febre tifóide: bactérias ingeridas com alimentos e água contaminados.•Alcançam o 
intestino e se alojam no fígado, baço e medula óssea. Voltam ao intestino e são excretadas 
pelas fezes. Período de incubação de 7 a 20 dias. 
	 (2) Septicemia: comumente associado a S. Choleraesuis ou outro sorovar. Após a 
infecção oral ocorre invasão precoce da corrente sanguínea.•Lesões focais nos pulmões, ossos 
e meninges. Comumente não há manifestações intestinais. 
2. Escherichia Coli 
	 Escherichia Coli é geralmente móvel, com flagelos peritríquios e frequentemente 
fimbriada. Esses fermentadores de lactose produzem colônias de cor rosa em ágar 
MacConkey. A diarréia por E. coli enterotoxigênica é a mais importante causa de 
mortalidade neonatal em leitões e bezerros. 
	 Antígenos somático (O), flagelar (H) e, por vezes, capsular (K) são usados para 
sorotipagem de E. Coli. Os antígenos somáticos determinam o sorogrupo, são de natureza 
lipopolissacarídica localizando-se na superfície da parede celular. Os antígenos flagelares são 
de natureza proteíca e conferem motilidade. Antígenos proteináceos fimbriais (F) agem como 
adesinas, facilitando a aderência a superfícies mucosas. E por fim, os antígenos capsulares (K) 
conferem resistência à fagocitose. 
	 Os antígenos O e K são termo-resistentes por uma hora a 100ºC. As fímbrias são 
termo-sensíveis e podem atuar como fatores de virulência. 
	 A colonização do trato intestinal de mamíferos por E. coli de fontes ambientais ocorre 
logo após o nascimento. Esses microorganismos persistem como membros importantes da 
microbiota normal do intestino por toda a vida. Muitas linhagens de E. coli são de baixa 
virulência, mas podem causar infecções oportunísticas em localização extra-intestinal, como 
glândula mamária e trato urinário. 
!3
MICROBIOLOGIA - PROVA 2
	 Os fatores de virulência de linhagens patogênicas de E. coli incluem cápsula, 
endotoxina, estruturas responsáveis por colonização, enterotoxinas e outras substâncias 
secretadas. 
• Polissacarídeos capsulares, produzidos por algumas linhagens de E. coli, interferem na 
fagocitose desses microorganismos. 
• Adesinas fimbriais presentes em muitas linhagens de de E. coli enterotoxigêicas permitem a 
ligação a superfícies mucosas do intestino delgado e do trato urinário inferior. A adesina 
mais comum presente em linhagens de E. coli que infecta suínos é a K88. A adesina K99 e 
a F41 ocorrem em bezerros, e a K99, em cordeiros. 
• As enterotoxinas se subdividem em dois tipos, termolábil (LT) e termestável (ST). As ST são 
moléculas pequenas, peptídeos, possuem estabilidade ao calor de 80º C por 30 min. Além 
disso, são resistentes a pH e a enzimas, e apresentam pouca antigenicidade. Ela se divide 
genotipicamente em dois sub-tipos: STs e STb. Em contrapartida, as enterotoxinas LT são 
proteínas imunogênicas que possuem cinco sub-unidades periféricas (sub-unidadesB), que 
fixam a toxina à superfície da célula epitelial, e uma central (sub-unidade A). Essa 
enterotoxina ativa a adenil-ciclase o que provoca aumento de AMPc, consequentemente 
determina um bloqueio da absorção de cloreto de sódio pelas células da mucosa, 
estimulando ainda a saída deste sal pelas células das vilosidades. Em consequência, ocorre o 
aumento da quantidade de líquido na luz intestinal e consequente diarréia. 
	 A diarréia é uma infecção intestinal causada pela E. coli enterotoxigênica, é mais 
frequente em bezerros e leitões neonato e em leitões após a desmama. O desenvolvimento de 
diarréia depende de dois fatores: a colonização do intestino e a produção de enterotoxina. A 
desidratação causada pela perda de líquido e eletrólitos geralmente é fatal para o leitão e 
bezerro. Observa-se diarréia amarelada, febre e, à necrópsia, congestão e inflamação do 
intestino e na luz grande quantidade de líquido. A diarréia pode se apresentar sobre três 
formas clínicas: diarréianeonatal, pós-desmama e doença do edema. 
 
!4

Outros materiais