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cialmente amadurecida apenas no sistema de fábrica, torna-se ao mesmo tempo, na mão do capital, roubo sistemático das condições de vida do operário durante o trabalho, roubo de espaço, de ar, de luz e de meios de proteção de sua pessoa física contra condições que oferecem perigo de vida ou são nocivas à saúde no processo de produção, isso sem sequer falar de instalações para a comodidade do trabalhador.139 Será que Fourier era injusto ao chamar as fábricas de “bagnos mitigados”?140 5. Luta entre trabalhador e máquina A luta entre capitalista e assalariado começa com a própria re- lação — capital. Ela se agita por todo o período manufatureiro.141 Mas só a partir da introdução da maquinaria é que o trabalhador combate MARX 59 minuto de parada não é apenas uma perda de força motriz, mas de produção. Os traba- lhadores são urgidos pelos supervisores, que estão interessados na quantidade da produção, para manterem a maquinaria em movimento; e isso não é menos importante para os ope- rários, que são pagos por peso ou por peça. Em conseqüência, embora seja formalmente proibido, na maioria das fábricas, que a maquinaria seja limpa enquanto em movimento, essa prática é geral. Só essa causa produziu durante os 6 últimos meses 906 acidentes. (...) Embora a tarefa de limpeza esteja sendo feita dia a dia, sábado é geralmente o dia reservado para a limpeza completa da maquinaria, e a maior parte é feita enquanto ela está em movimento. (...) É uma operação não paga e os operários procuram, portanto, acabá-la o mais rápido possível. Por isso, o número de acidentes que ocorrem às sextas-feiras e especialmente aos sábados é muito maior do que nos demais dias da semana. Às sextas o excedente é cerca de 12% acima do número médio dos 4 primeiros dias da semana, sábado o excedente de acidentes é de 25% acima do número médio dos 5 dias anteriores; caso se leve em conta que o número de horas de trabalho aos sábados é de somente 7 1/2 horas e de 10 1/2 horas nos outros dias da semana, o excedente sobe a mais de 65%.” (Reports of Insp. of Factories for etc. 31st Oct. 1866. Londres, 1867. p. 9, 15, 16 e 17.) 139 Na seção I do Livro Terceiro tratarei de uma recente campanha dos fabricantes ingleses contra as cláusuras da lei fabril destinada à proteção dos membros dos “braços” contra maquinaria que ofereça perigo de vida. Aqui basta uma citação de um relatório oficial do inspetor de fábrica Leonard Horner: “Ouvi fabricantes falando com inescusável frivolidade de alguns dos acidentes, por exemplo que a perda de um dedo seria uma coisa de nada. A vida e as perspectivas de um operário dependem tanto de seus dedos que tal perda é algo extremamente sério para ele. Quando ouço tal palavrório irrefletido, coloco a questão: su- ponhamos que o senhor precise de mais um operário e dois se candidatassem, ambos igual- mente bem qualificados em outros aspectos, mas um tendo perdido um polegar ou indicador, qual dos dois o senhor escolheria? Eles nunca hesitavam um instante em se decidir pelo que tivesse todos os dedos. (...) Esses senhores fabricantes têm preconceitos errôneos contra o que chamam de legislação pseudofilantrópica”. (Reports of Insp. of Fact. for 31st Oct. 1855. [pp. 6-7].) Esses senhores são “gente sagaz” e não estiveram gratuitamente entusias- mados com a rebelião dos escravocratas. 140 Prisões brandas (les bagnes mitigés) — é assim que Fourier denomina as fábricas no livro A Falsa Indústria, Dividida, Repugnante, Enganadora e seu Antídoto, a Indústria Natural, Combinada, Atraente, Verídica, com Produção Quadruplicada. (N. da Ed. Alemã.) 141 Ver, entre outros, HOUGHTON, John. Husbandry and Trade Improved. Londres, 1727. The Advantage of the East Indian Trade. 1720. BELLERS, John. Proposals for Raising a Colledge of Industry. Londres 1696. “Os patrões e os trabalhadores estão, infelizmente, em perpétua guerra entre si. Aqueles têm o invariável objetivo de obter seu trabalho feito tão barato quanto possível; e eles não hesitam em usar de qualquer artifício para esse propósito, enquanto os últimos estão igualmente atentos para forçar em qualquer ocasião seus patrões a atender às suas reivindicações mais elevadas.” An Inquiry into the Causes of the Present High Prices of Provisions. 1767. pp. 61-62. (Autor, Rev. Nathaniel Forster, totalmente do lado dos trabalhadores.)
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