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por meios de trabalho, ovelhas, cavalos etc., atos de violência direta
constituem, aí, em primeira instância, o pressuposto da revolução in-
dustrial. Primeiro os trabalhadores são expulsos das terras e depois
vêm as ovelhas. O latrocínio de terras em larga escala, como na In-
glaterra, começa por oferecer à grande agricultura seu campo de apli-
cação.146 Em seus primórdios, esse revolucionamento da agricultura
assemelha-se mais a uma revolução política.
Como máquina, o meio de trabalho logo se torna um concorrente
do próprio trabalhador.147 A autovalorização do capital por meio da
máquina está na razão direta do número de trabalhadores cujas con-
dições de existência ela destrói. Todo o sistema de produção capitalista
repousa no fato de que o trabalhador vende sua força de trabalho como
mercadoria. A divisão do trabalho unilateraliza essa força de trabalho
em uma habilidade inteiramente particularizada de manejar uma fer-
ramenta parcial. Assim que o manejo da ferramenta passa à máquina,
extingue-se, com o valor de uso, o valor de troca da força de trabalho.
O trabalhador torna-se invendável, como papel-moeda posto fora de
circulação. A parte da classe trabalhadora que a maquinaria transforma
em população supérflua, isto é, não mais imediatamente necessária
para a autovalorização do capital, sucumbe, por um lado, na luta de-
sigual da velha empresa artesanal e manufatureira contra a mecani-
zada, inunda, por outro lado, todos os ramos mais acessíveis da in-
dústria, abarrota o mercado de trabalho e reduz, por isso, o preço da
força de trabalho abaixo de seu valor. Para os trabalhadores pauperi-
zados, deve ser grande consolo acreditar, por um lado, que seu sofri-
mento seja apenas “temporário” (a temporary inconvenience), por outro,
que a maquinaria só se apodere paulatinamente de todo um setor da
produção, ficando reduzida a dimensão e a intensidade de seu efeito
destruidor. Um consolo bate o outro. Onde a máquina se apodera pau-
latinamente de um setor da produção, produz miséria crônica nas ca-
madas de trabalhadores que concorrem com ela. Onde a transição é
rápida, seus efeitos são maciços e agudos. A história mundial não ofe-
rece nenhum espetáculo mais horrendo do que a progressiva extinção
dos tecelões manuais de algodão ingleses, arrastando-se por décadas
e consumando-se finalmente em 1838. Muitos deles morreram de fo-
me, muitos vegetaram com suas famílias a 2 1/2 pence por dia.148 Em
OS ECONOMISTAS
62
146 {Nota da 4ª edição alemã: isso vale também para a Alemanha. Onde entre nós existe a
agricultura extensiva, portanto notadamente no leste, ela só se tornou possível por meio
do Bauemlegen, praticado desde o século XVI, mas particularmente desde 1648. — F. E.}
147 "Maquinaria e trabalho estão em constante competição." (RICARDO. Op. cit., p. 479.)
148 A concorrência entre tecelagem a mão e tecelagem a máquina foi prolongada na Inglaterra
antes da introdução da Lei dos Pobres de 1834 porque se complementavam com subsídios
paroquiais os salários, então muito abaixo do mínimo. “O Reverendo Mr. Turner era, em
1827, pároco de Wilmslow em Cheshire, um distrito industrial. As perguntas do Comitê
de Emigração e as respostas de Mr. Turner mostram como é mantida a competição do
trabalho manual com a maquinaria. Pergunta: ’Será que o uso do tear mecânico não suprimiu

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