Buscar

Psicologia Aplicada ao Direito - 2007.1

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 32 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 32 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 32 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

EXPEDIENTE
CURSO DE DIREITO – COLETÂNEA DE EXERCÍCIOS
Coordenação Geral do Curso de Direito da Universidade Estácio de Sá
Prof. André Cleófas Uchôa Cavalcanti
Coordenação Adjunta: Márcia Sleiman
COORDENAÇÃO DO PROJETO
Comissão de Qualificação e Apoio Didático-Pedagógico
Presidência: Prof. Ricardo Aziz Cretton
Coordenação Prof.ª Tereza Moura
ORGANIZAÇÃO DA COLETÂNEA
Prof. ª Stella Luiza Moura Aranha Carneiro
APRESENTAÇÃO
A metodologia de ensino no Curso de Direito é centrada na articulação entre a teoria e a prática, com vistas a desenvolver o raciocínio jurídico do aluno. Essa metodologia abarca o estudo interdisciplinar dos vários ramos do Direito, permitindo o exercício constante da pesquisa, bem como a análise de conceitos e a discussão de suas aplicações. 
Para facilitar sua aplicação, apresentamos a Coletânea de Exercícios, que contempla uma série de questões objetivas e discursivas, casos práticos e interdisciplinares para serem desenvolvidos em aula, simulando situações prováveis de ocorrer na vida profissional. O objetivo principal dessa coleção é possibilitar aos alunos o acesso ao material didático que propicie um aprender-fazendo. 
Os pontos relevantes para o estudo dos casos devem ser objeto de pesquisa prévia pelos alunos, envolvendo a legislação pertinente, a doutrina e a jurisprudência, de forma a preparálos para as discussões realizadas em aula. 
Esperamos, com essas coletâneas, criar condições para a realização de aulas mais interativas e propiciar a melhoria constante
da qualidade do ensino do nosso Curso de Direito.
Coordenação Geral do Curso de Direito
SUMÁRIO
Aula 1
Introdução ao estudo da Psicologia
Ciência. Características do conhecimento científico . Objetos de estudo da Psicologia.
AULA 2
O Indivíduo. 
Personalidade: formação e desenvolvimento. Desenvolvimento psicossocial.
AULA 3
A Família
Representações sociais de gênero. Relações afetivas. Tipos de famílias.
AULA 4
A Sociedade. 
Grupos. Conceito de grupo. Processo grupal. Tipos de grupo. Organizações. Instituições.
AULA 5
Exclusão social
Noção de exclusão social. Pressupostos psicossociais de exclusão social.
AULA 6
Aspectos psicológicos das relações humanas 
Atitudes. Preconceitos. Estereótipos. Discriminação.
AULA 7
Aspectos psicológicos das relações humanas 
Influências sociais. Comportamento: pró-social e anti-social. Justiça e relações sociais
AULA 8
A Psicologia enquanto ciência e suas interfaces com o Direito.
A Psicologia , o Judiciário e a busca do ideal de Justiça.
AULA 9
Lei Jurídica X Lei Simbólica.
Análise do poder nas Instituições.
AULA 10
As práticas Psi e suas aplicações no contexto jurídico.
AULA 11
O processo de avaliação psicológica no Judiciário.
AULA 12
O processo de avaliação psicológica no Judiciário.
Aula 1
Introdução ao estudo da Psicologia
Ciência. Características do conhecimento científico . Objetos de estudo da Psicologia.
Texto 1 
A Psicologia dos psicólogos
(...) somos obrigados a renunciar à pretensão de determinar para as múltiplas investigações psicológicas um objeto (um campo de fatos) unitário e coerente. Consequentemente , e por sólidas razões, não somente históricas mas doutrinárias, torna-se impossível à Psicologia assegurar-se uma unidade metodológica (...)
Por isso, talvez fosse preferível falarmos, ao invés de “Psicologia”, em “Ciências psicológicas”. Porque os adjetivos que acompanham o termo “Psicologia” podem especificar, ao mesmo tempo, tanto um domínio de pesquisa (Psicologia diferencial), um estilo metodológico (Psicologia clínica), um campo de práticas sociais (orientação , reeducação, terapia de distúrbios comportamentais etc...), quanto determinada escola de pensamento que chega a definir , para seu próprio uso, tanto sua problemática quanto seus conceitos e instrumentos de pesquisa. (...) não devemos estranha que a unidade da Psicologia , hoje, nada mais seja do que uma expressão acomodada, a expressão de um pacifismo ao mesmo tempo prático e enganador. Donde não haver nenhum inconveniente em falarmos de “Psicologias” no plural. Numa época de mutação acelerada como a nossa , a Psicologia se situa no imenso domínio das ciências “exatas”, biológicas , naturais e humanas. Há diversidade de domínio e diversidade de métodos. Uma coisa porém precisa ficar clara: os problemas psicológicos não são feitos para os métodos; os métodos é que são feitos para os problemas. (...)
Interessa-nos indicar uma razão central pela qual a Psicologia se reparta em tantas tendências ou escolas : a tendência organicista, a tendência fisicalista, a tendência psico-sociológica, a tendência psicanalítica etc. Qual o obstáculo supremo impedindo que todas essas tendências continuem a constituir escolas cada vez mais fechadas, a ponto de desagregarem a outrora chamada “ciência psicológica” ? A meu ver, esse obstáculo é devido ao fato de nenhum cientista, conseqüentemente, nenhum psicólogo, poder considerar-se um cientista “puro”. Como qualquer cientista, todo psicólogo está comprometido com uma posição filosófica ou ideológica. Este fato tem uma importância fundamental nos problemas estudados pela Psicologia. Esta não é a mesma em todos os países. Depende dos meios culturais. Suas variações dependem da diversidade das escolas e ideologias. 
Japiassu Hilton . A Psicologia dos psicólogos. 2.ed. Rio de Janeiro: Imago, 1983. p. 24-6
a) De que forma poderia ser explicada a semelhança da Psicologia com o Direito, partindo do texto abaixo:
“...Numa época de mutação acelerada como a nossa , a Psicologia se situa no imenso domínio das ciências “exatas”, biológicas , naturais e humanas.”
“Como qualquer cientista, todo psicólogo está comprometido com uma posição filosófica ou ideológica” .
 
b) Busque na Jurisprudência ou em outros documentos jurídicos, exemplos que confirmem essa afirmativa, em se tratando do Direito.
Aula 2
O Indivíduo. 
Personalidade: formação e desenvolvimento. Desenvolvimento psicossocial.
Texto 1
Conceito de Personalidade
Todos nós já ouvimos falar, provavelmente muitas vezes, em “personalidade”. Ou é um pai que, orgulhoso, diz que seu filho tem uma personalidade “forte”, ou alguém que, ressentido, diz que seu colega “não tem personalidade”.
O que essas pessoas estariam querendo significar com esta palavra ? Pode ser que o pai esteja dizendo que o seu filho exerce uma influência marcante sobre os amiguinhos dele e a outra pessoa, quem sabe, está afirmando que o colega não sustenta suas opiniões em todas as situações.
O que parece comum, nestes exemplos, e também sempre que a palavra personalidade é usada na linguagem informal, é a referência a um atributo ou característica da pessoa, que causa alguma impressão nos outros. Isto também é válido quando se ouve falar em “personalidade tímida” ou “agressiva”, etc.
Este significado implícito é derivado, provavelmente, do sentido etimológico da palavra.
Personalidade se origina da palavra latina “persona”, nome dado à máscara que os atores do teatro antigo usavam para representar seus papéis (“per-sona” significa “soar através”).
O sentido original do termo está , pois, bastante relacionado ao sentido popular porque se refere à aparência externa, à impressão que cada um causa nos outros.
BRAGHIROLLI, E. M.;BISI. G.P. ;RIZZON, L. A.NICOLETTO,U. 22.ed. Psicologia Geral. 
Rio de Janeiro:Vozes, 2002. p. 164-5 
Considerando o ordenamento jurídico pátrio, bem como a aplicação da norma, analise a definição de personalidade exposta no texto. O juiz poderá considerá-la ao declarar o direito em um caso concreto ? 
Fundamente sua resposta nos preceitos legais, na doutrina e na jurisprudência.
Texto 2
Castigo Físico de pais a filhos pode ser proibido.
(CCJ aprova, em caráter conclusivo, projeto que altera o Código Civil e inclui delito no Estatuto da Criança).
Brasília. Palmadas, puxão de orelhas, beliscão. As reprimendas físicasadotadas por muitos pais e aceitas na sociedade podem virar uma conduta proibida por lei. A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara aprovou, em caráter conclusivo, projeto que inclui no Estatuto da Criança e do Adolescente artigo que veda essa prática. 
O projeto, que seguirá para votação no Senado, proíbe o castigo físico a crianças e adolescentes e sujeita os pais infratores a punições. Segunda a proposta apresentada pela deputada Maria do Rosário (PT-RS), a punição corporal poderá levar pais, professores ou responsáveis a serem submetidos a programas oficiais de proteção à família, a tratamento psicológico ou psiquiátrico e a cursos ou programas de orientação.
“A criança e o adolescente têm direito a não serem submetidos a qualquer forma de punição corporal, mediante a adoção de castigos moderados ou imoderados, sob a alegação de quaisquer propósitos, no lar, na escola, em instituição de atendimento público ou privado ou em locais públicos”, diz trecho do projeto.
O projeto altera o Código Civil no artigo que trata da relação de pais e filhos. O texto estabelece que os pais podem cobrar obediência dos filhos , mas sem agressões físicas.
Enquete:83% acham que palmada é necessária.
A relatora do projeto , Sandra Rosado (PSB-RN), afirmou que castigos físicos impostos a crianças e adolescentes não podem ser acobertados pela lei brasileira.
Enquanto a lei tem coibido a violência contra adultos, a violência contra crianças tem sido admitida, disfarçada de recurso pedagógico. O castigo físico imposto a uma criança , ainda que “moderado”, é ato de violência e provoca traumas significativos – disse a relatora. 
A Câmara pôde constatar que vai ser difícil convencer a população de que uma palmada é mais prejudicial e do que benéfica à educação de uma criança. Quando divulgou a aprovação do projeto , o site da Casa fez uma enquete para saber o que os internautas achavam da proposta. Segundo a Câmara, 83% disseram que “palmada às vezes é necessária “ contra 17% que a classificaram como uma forma de violência.
(Jornal O Globo, 21 de janeiro de 2006, p. 9.)
Partindo dos fatos enunciados na matéria descrita acima, analise sob o pálio da teoria do desenvolvimento psicossocial a decisão da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara. 
Questão Objetiva
A Teoria do desenvolvimento psicossocial atribui importância não apenas às influências decisivas do período infantil, mas também afirma que o desenvolvimento humano ocorre ao longo do processo vital.
A partir do exposto acima, marque a alternativa incorreta. Justifique sua resposta.
a) Não há um tempo cronológico rígido para cada estágio de vida na Teoria do Desenvolvimento Psicossocial
b) A cada novo momento do processo evolutivo surgem novas exigências do ser em desenvolvimento e do meio.
c) Momentos críticos são crises que se referem à iminência de catástrofes sociais.
d) Estímulos e necessidades, nessa teoria do desenvolvimento, assumem características distintas em cada estágio 
e) A personalidade vai se estruturando, se adaptando e se reformulando, tendo como fundamento as experiências vividas.
Aula 3
A Família
Representações sociais de gênero. Relações afetivas. Tipos de famílias.
Texto 1 
Viva a diferença !
Homens e mulheres pensam e agem de forma diferente, demonstram capacidades, habilidades , interesses e perspectivas de mundo distintos. Este é um fato que ninguém pode negar, nem o machismo ,que por séculos impôs e ainda impõe uma ampla dominação sobre o feminino, nem o feminismo , que equivocadamente atrelou ao masculino as características do machismo, nem a resultante guerra dos sexos, a síndrome de transformar diferença em superioridade.
Nos círculos civilizados, não se pode negar a importância, a justiça e a necessidade de igualdade de direitos e oportunidades, a qual buscamos , mas ainda lutamos para conquistar.
A diferença existe , viva a diferença ! Mas para homens e mulheres viverem-na inteiramente sem preconceitos, precisamos investigá-la de forma aprofundada. Já se vem tateando nisso, mas muito mais no pólo biológico do que no cultural.
É possível construir uma nova diferença. Mas, para tanto, é preciso apropriar-se dela, abandonando tanto a antiga proposta de dominação quanto a moderna proposta de competição.
Maurício de Araújo Zomignani. (Trecho extraído do artigo publicado na Revista Viver Psicologia. n. 121, fev. 2003, p. 34.)
		
a) No texto acima , Zomignani descreve três situações que marcam a questão de gênero, em todos os estudos já realizados . Quais são elas ? Para complementar sua resposta, crie exemplos, fundamentados no cotidiano , para cada uma das situações. Associe seus exemplos a artigos do ordenamento jurídico.
b) Para o autor ,os estudos sobre as diferenças entre homens e mulheres está muito mais desenvolvido no pólo biológico do que no cultural . Você concorda com essa afirmação ? Justifique sua resposta, fundamentando-a na Constituição Federal .
c) Sob a ótica do autor é possível construir uma nova diferença . Comente essa afirmativa, criando uma solução para essa questão. Analise-a sob a ótica jurídica, fundamentando a partir do ordenamento.
Texto 2
 
Casamento aberto
(...) É sabido que a instituição casamento tem caído em descrédito com o passar do tempo. Hoje uma relação que dura 15 anos já é candidata a entrar para o “Guiness”. (...) Os pombinhos estão no altar e os amigos, na igreja, já estão fazendo suas apostas para a duração do enlace. Todo mundo quer se casar, adora a idéia, mas poucos ainda acreditam no felizes para sempre, e não porque sejam cínicos, mas porque conhecem bem o contrato que estão assinando: com exigência de exclusividade vitalícia, ou seja, ninguém entra, ninguém sai. Difícil achar que isso possa dar certo nos dias atuais. 
O casamento vai acabar ? Nunca , mas vai continuar a fazer muita gente sofrer se não entrarem cláusulas novas neste contrato e se as cabeças não arejarem. Danielle Miterrand diz o seguinte: “ Achar que somos feitos para um único e fiel amo é hipocrisia, conformismo. É preciso admitir docemente que um ser humano é capaz de amar apaixonadamente alguém e depois, com o passar dos anos, amar de forma diferente”. E termina citando sua conterrânea Simone de Beauvoir: “ temos amores necessários e amores contingentes ao longo da vida”.
Estamos falando de casamento aberto, sim, mas não deste casamento escancarado e vulgar , em que todos se expõem, se machucam e acabam ainda mais frustrados. Casamento aberto é outra coisa, e pode inclusive ser monogâmico e muito feliz. A abertura é mental, não precisa ser sexual. É entender que com possessão não se chegará muito longe. É amar o outro nas suas fragilidades e incertezas. É aceitar que uma união é para trazer alegria e cumplicidade , e não sufocamento e repressão. É ter noção de que a cada idade estamos um pouquinho transformados, com novos anseios e expectativas diferentes das que tínhamos quando nos casamos, e quem nos ama de verdade vai procurar entender isso, e não lutar contra. Sendo aberto neste sentido, o casal construirá uma relação que seja plena e feliz para os dois, e não para a torcida. E o que eles sofrerem, aceitarem, negociarem ou rejeitarem terá como único intento o crescimento de ambos como seres individuais que são.
Enquanto não renovarmos nossa idéia de romantismo, continuaremos a bagunçar aquilo que foi feito apenas para dar prazer: duas pessoas vivendo juntas. Eu não conheço nada mais difícil, mas também nada mais bonito. E a beleza nunca está nas mesquinharias e nas infantilidades. A beleza está sempre um degrau acima.
Martha Medeiros. (Revista O Globo, 16 de outubro de 2005)
a) Selecione no texto, uma afirmação da autora que não corresponde à realidade do nosso ordenamento jurídico. Pesquise esta posição na nossa doutrina .
b) O que é casamento aberto , para a autora ? O ordenamento jurídico contempla esse tipo de união ? Há alguma restrição nessa norma ?
c) Pesquise nanossa jurisprudência, se alguma das restrições citadas acima foram objeto de alguns Acórdãos.
Aula 4
A Sociedade. 
Grupos. Conceito de grupo. Processo grupal. Tipos de grupo. Organizações. Instituições.
Texto 1
O que leva tantos a falar do “fim da história”, da pós-modernidade, da “segunda modernidade” e da “sobremodernidade”, ou a articular a intuição de uma mudança radical no arranjo do convívio humano e nas condições sociais sob as quais a política-vida é hoje levada, é o fato de que o longo esforço para acelerar a velocidade do movimento chegou a seu “limite natural”. O poder pode se mover com a velocidade do sinal eletrônico – e assim o tempo requerido para o movimento de seus ingredientes essenciais se reduziu à instantaneidade. Em termos práticos, o poder se tornou verdadeiramente extraterritorial, não mais limitado, nem mesmo desacelerado, pela resistência do espaço (oadvento do telefone celular serve bem como “golpe de misericórdia” simbólico na dependência em relação ao espaço: o próprio acesso a um ponto telefônico não é mais necessário para que uma ordem seja dada e cumprida. Não importa mais onde está quem dá a ordem - a diferença entre “próximo” e “distante”, ou entre o espaço selvagem e o civilizado e ordenado, está a ponto de desaparecer)
BAUMAN, Z. Prefácio. In. BAUMAN, Z . Modernidade Líquida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar editores, 2001. p.17 
Ao analisar a posição do autor, compare-a com a forma como o ordenamento jurídico acompanha essas transformações.
Questões objetivas
a) Uma definição bastante conhecida é a de Ohnsted (1970, citado por PISANI, et al. , 1996) que entende grupo como “ uma pluralidade de indivíduos que estão em contato uns com os outros, que se consideram mutuamente e que estão conscientes de que têm algo significativamente importante em comum” (p.122)
Considere as seguintes afirmações em relação à definição acima:
I- A expressão pluralidade indica dois ou mais indivíduos
II- A exigência de contato uns com os outros ajuda a entender a semelhança entre grupo e classe
III- O interesse comum determina a existência de um grupo
IV- Apenas a vizinhança física não determina a existência de um grupo
Somente é correto o que se afirma em:
( ) I e IV
( ) II e IV
( ) I e III
( ) III e IV
( ) II e III
b) George Lapassade afirma que todo sistema institucional já existe entre nós, aqui e agora. Ele existe na disposição material dos lugares e dos instrumentos de trabalho: nos horários, nos programas, nos sistemas de autoridade. (BOCK, A . M. et al. Psicologias. Uma introdução ao estudo da Psicologia. 5.ed. Sâo Paulo: Saraiva, 1993. p.204)
Esse autor consagra o processo de institucionalização da sociedade como :
uma forma de não garantir sua reprodução. 
não responsável pela reprodução da realidade objetiva.
b) uma forma de representar as regras para as pessoas definirem suas condutas.
c) uma realidade independente da forma como foi construída.
d) uma realidade não reproduzida pelos sujeitos da história daquela sociedade.
Aula 5
Exclusão social
Noção de exclusão social. Pressupostos psicossociais de exclusão social.
Texto 1
(...) A sociedade exclui para incluir e esta transmutação é condição da ordem social desigual, o que implica o caráter ilusório da inclusão. Todos estamos inseridos de algum modo, nem sempre decente e digno, no circuito reprodutivo das atividades econômicas, sendo a grande maioria da humanidade inserida através da insuficiência e das privações , que se desdobram para fora do econômico.
Portanto, em lugar da exclusão, o que se tem é a “dialética exclusão/inclusão”.
Esta concepção introduz a ética e a subjetividade na análise sociológica da desigualdade, ampliando as interpretações legalistas e minimalistas de inclusão como as baseadas em justiça social e restritas à crise do Estado e do sistema de empregabilidade. Dessa forma, exclusão passa a ser entendida como descompromisso político com o sofrimento do outro.
A dialética inclusão/exclusão gera subjetividades específicas que vão desde o sentir-se incluído até o sentir-se discriminado ou revoltado. Essas subjetividades não podem ser explicadas unicamente pela determinação econômica, elas determinam e são determinadas por formas diferenciadas de legitimação social e individual, e manifestam-se no cotidiano como identidade, sociabilidade, afetividade, consciência e inconsciência.
Em síntese, a exclusão é processo complexo e multifacetado, uma configuração de dimensões materiais, políticas, relacionais e subjetivas. É processo sutil e dialético, pois só existe em relação à inclusão como parte constitutiva dela. Não é uma coisa ou um estado, é processo que envolve o homem por inteiro e suas relações com os outros. Não tem uma única forma e não é uma falha no sistema, devendo ser combatida como algo que perturba a ordem social, ao contrário, ele é produto do funcionamento do sistema.
SAWAIA, B. Introdução: exclusão ou inclusão perversa ? In. SAWAIA, B.(Org). As artimanhas da exclusão. Análise psicossocial e ética da desigualdade social. Rio de Janeiro: Vozes, 999. p. 8-9.
Partindo do texto apresentado, pesquise no ordenamento jurídico normas que estão fundamentadas no processo de excluir para incluir.
Texto 2 
Todos completamente “loucos”. São esses loucos que estão envolvidos no Pai PJ. Um projeto inédito no mundo que em vez de prender, dar choque, ameaçar, desqualificar, trata os pacientes judiciários – doentes mentais que cometeram crimes – com ciência , tolerância e arte. Tira-os de cadeias, de manicômios, de sua própria inconsciência e oferece tratamento lá onde mão alguma tinha sido estendida. Eles apenas sabiam o sentido da violência , do abandono e da segregação. Despidos de preconceitos, o Pai PJ ampara-os no momento de desespero sem , indevidamente, passar as mãos sobre as suas cabeças. Fundamentalmente escuta o que dizem, colhendo da escuta de suas histórias, de suas demandas, o seu sentido para a sua vida.
O Programa de atenção Integral ao Paciente Judiciário, o Pai PJ, é simplesmente exemplar. Em cinco anos de funcionamento, acompanhou mais de mil pacientes. Aqueles que , tomados por uma crise psicótica, tinham assassinado alguém, nunca mais repetiram o gesto,
Os pacientes, historicamente ,tinham como sentença o cumprimento de uma medida de segurança num manicômio judiciário. Isso significava , na realidade, uma pena perpétua, só se extinguindo com a morte.
PAI-PJ. Os loucos fazem a diferença. Psicologia:Ciência e Profissão. Diálogos. Ano 2, n.2., março de 2005. p. 24-9.
A partir da leitura sobre o PAI-PJ responda fundamentando suas respostas nos preceitos legais:
a) Quais artigos do Código Penal e da Lei de Execuções Penais são abordados pelo Programa?
b) Analise à luz do ordenamento jurídico a afirmativa do Juiz Herbert José Almeida Carneiro , em entrevista publicada no artigo sobre o PAI-PJ: “ O doente mental só deve ser problema penal até o momento em que o juiz criminal o declara inimputável” (p.27)
Questão discursiva
“A perspectiva de trabalho de combate à exclusão tem, ainda, que prover níveis de proteção que garantam o exercício da cidadania, possibilitando a autonomia da vida dos cidadãos. Neste sentido, romper a relação entre a subordinação, a discriminação e a subalternidade, brutais em nosso país, é um dos muitos desafios colocados”(Wanderley, 1999.p.26)
a) Analise o ponto de vista da autora , no texto, e esclareça sobre a pertinência ou não do desafio colocado pela mesma. A aplicação do ordenamento jurídico pátrio auxiliaria nessa tarefa ? Responda fundamentando sua resposta em preceitos legais. 
Aula 6
Aspectos psicológicos das relações humanas 
Atitudes. Preconceitos. Estereótipos. Discriminação
Texto 1 
Para Rodrigues; Assmar; Jablonski (2000) a forma de apresentação da comunicação influencia no fenômeno de mudança de atitude. Uma comunicação persuasiva, para estes autores, pode ser apresentada de várias formas.Eis algumas:
argumentos mais importantes em primeiro lugar e os menos importantes em segundo;
Para alguns autores, citados por Rodrigues; Assmar; Jablonski (2000), é mais eficaz apresentar a argumentação principal antes da argumentação secundária quando a audiência está pouco motivada. Se, porém, a audiência está sintonizada com o comunicador, a ordem dos argumentos em direção ao clímax é mais eficiente.
argumentação seguida de conclusão e argumentação deixando a conclusão implícita;
Para alguns autores , citados por Rodrigues; Assmar; Jablonski (2000), a apresentação da conclusão é mais eficiente quando a audiência é pouco sofisticada intelectual e educacionalmente; com uma audiência sofisticada, entretanto, a apresentação da conclusão é, na melhor das hipóteses, tão eficaz quanto a não apresentação da mesma.
apresentação de argumentos exclusivamente a favor do que se pretende ou inclusão também dos argumentos contrários ao que se pretende com a comunicação persuasiva;
Comunicação unilateral é aquela que apresenta apenas os argumentos pró ou contra um determinado tema; a comunicação bilateral é a que apresenta ambos os lados da controvérsia.Estudos experimentais citados por Rodrigues; Assmar; Jablonski (2000),indicaram que a maior ou menor eficácia de cada tipo dependerá do tipo de audiência a que a comunicação se destina. Com uma audiência sofisticada intelectualmente, a comunicação bilateral é mais eficaz, o oposto se verificando com uma audiência de nível intelectual abaixo da média.
apresentação de uma posição muito distante da originariamente mantida pelo recebedor da comunicação e apresentação de uma posição apenas um pouco diferente da sustentada pelo recebedor;
As tentativas de comunicação persuasiva com pessoas cujo nível de rejeição é muito grande devem ser moderadas e não extremas. Com as pessoas com atitudes de não envolvimento grande, pode-se tentar modificações mais arrojadas, pois seus graus de aceitação e rejeição são pequenos.
apelo a argumentos de natureza emocional ou apresentação de argumentos racionais;
Uma comunicação de natureza emocional pode despertar mais atenção ao conteúdo da comunicação, pode motivar mais o recebedor a entender a essência da comunicação e pode facilitar a aceitação das conclusões sugeridas. Isso não ocorrerá com todas as pessoas. Estudos experimentais, citados por Rodrigues; Assmar; Jablonski (2000), afirmam que os argumentos emocionais parecem surtir melhores resultados quando a audiência é pouco sofisticada educacional e intelectualmente.
apelo a argumentos suscitadores de medo ou exclusão deste tipo de argumentação;
Embora esta situação do efeito resultante de comunicações com argumentos suscitadores de medo e outras emoções não esteja esclarecida, há razões para aceitar a hipótese de que a estimulação de um estado emocional por uma comunicação e a recomendação de algo que venha satisfazer a necessidade despertada pela comunicação redunda em maior eficácia da comunicação persuasiva.
RODRIGUES, A . ; ASSMAR, E.M. L. ; JABOLNSKI, B. 18.ed. Psicologia Social. Rio de Janeiro: Vozes, 2000. p. 135-141.
Partindo da teoria exposta acima, escolha uma forma de comunicação persuasiva e crie um caso concreto em que ela poderia ser utilizada por um advogado defendendo seu cliente.
Mais um pouco sobre atitudes
As definições de atitudes tendem a caracterizar as atitudes sociais como sendo integradas por componentes, claramente, discerníveis: cognitivo; afetivo e comportamental.
Construa um caso concreto em que deverão ser evidenciados estes componentes (cognitivo, afetivo e comportamental)
Texto 2
Novos valores, novas crenças, exigem novas práticas, isto é, mudanças na cultura de atendimento. Este é um dos desafios. E mudar cultura de atendimento não significa mudar apenas o discurso. É mais que isto. É transmudar o agir. E transmudá-lo significa ampliar a permissividade pessoal para rever crenças e valores, significa adotar postura coerente e mais, abandonar definitivamente o caráter moralista, preconceituoso, preconcebido e discriminativo de velhas práticas. Abrir-se para o entendimento de que a sociedade vai construindo os seus delitos ao longo do tempo e que a cultura potencializa determinadas predisposições do ser individual, dando uma dimensão social para a conduta delitiva. O indivíduo não é sozinho, é parte do grupo social em que se inclui.
A adolescência como fase do convívio grupal por excelência, relativiza mais ainda os comportamentos individuais. Assim , os aspectos que influenciaram o cometimento do ato infracional, tenham eles a natureza que tiverem, serão, apenas, parte de um todo multifacetado. Devem ,portanto, ser dimensionados adequadamente, para ocupar o espaço exato, nem mais , nem menos. Mudar cultura é também ter a percepção das transformações que se devem operar em sua própria pessoa para acompanhar a dinâmica do processo de humanização, que impõe diariamente novos valores , e colocar-se em movimento.
Do lado do corpo técnico não é rara a crença de que os adolescentes que chegam ao sistema são desviados pela “própria natureza”, são de índole má, ou seja , eles “não têm jeito” e, por isto, não são confiáveis. Esta crença é “corroborada” pelas vivências diárias das atitudes de revolta, indisciplina, má educação etc. destes adolescentes, o que justifica uma intervenção apenas superficial e muitas vezes sem compromisso. Envoltos na crença do “ não têm jeito”, que impede de ultrapassar o perigoso limite das aparências, deixa-se de contextualizar tanto o adolescente, quanto o delito por ele cometido. É importante lembrar que está ali não um infrator adolescente e sim um adolescente, que por diferentes motivações cometeu um ato infracional. E são precisamente as motivações para o cometimento do ato delitivo a razão da intervenção técnica.
XAUD, G. M. B. Os desafios da intervenção psicológica na promoção de uma nova cultura de atendimento do adolescente em conflito com a lei. In BRITO, L.M. T. de (Org.) . Temas de 
Psicologia Jurídica. Rio de Janeiro:Relume Dumará, 1999. p. 93-95
Partindo do texto acima, identifique, pelo menos duas situações de preconceito do corpo técnico em relação ao adolescente que comete ato infracional. 
Em relação ao nosso ordenamento jurídico, que normas poderiam ser citadas que levariam a minimizar as atitudes discriminatórias e os estereótipos ?
Aula 7
Aspectos psicológicos das relações humanas 
Influências sociais. Comportamento: pró-social e anti-social. Justiça e relações sociais
Texto 1
	Segundo Tyler e cols. (1997), os julgamentos de justiça são de interesse especial para os psicólogos sociais porque os padrões de justiça são uma realidade socialmente criada e mantida por grupos, organizações e sociedades. A justiça é fundamental para as pessoas dentro dos grupos sociais, não só porque seus pensamentos, sentimentos e atos são bastante afetados pelos julgamentos que fazem acerca da justiça ou injustiça de suas próprias experiências, como também porque eles constituem uma fonte importante de suas reações aos outros.Nesse sentido, são esses julgamentos que permitem aos grupos interagirem, ou não, produtivamente, sem conflito ou desintegração social.
	
Do ponto de vista da Psicologia Social, prosseguem eles, o caráter social da justiça, ressaltado por sua relevância para os indivíduos em grupos organizados, pressupõe que as deliberações e ações dos atores sociais – líderes e seguidores em diferentes contextos, políticos , legais, religiosos e de negócios – são também moldadas, pelo menos em parte , pela crença de que os ideais morais de direitos e merecimentos são distintos da mera luta por posse de recursos e de poder.
	Em linhas gerais , esse breve panorama permite verificar que o estudo da justiça pelos cientistas sociais pode se processar sob quatro diferentes níveis de análise: o individual, o interpessoal, o grupal e o social. Nos dois primeiros níveis, os pesquisadores investigam o modo pelo qual os indivíduosadquirem o sentido da justiça, os processos cognitivos usados para a apreensão do fenômeno, as comparações interpessoais que fazem para a avaliação da justiça de uma situação e o modo como reagem às violações das normas de justiça por parte dos demais. No nível grupal e intergrupal, a ênfase é direcionada ora para as relações entre situações de cooperação e de competição e o desenvolvimento de regras distributivas de justiça, ora para a influência das relações intergrupais no desenvolvimento de normas de justiça do grupo, ora para a interface entre as reações individuais e grupais à justiça. Já no nível social mais amplo, o interesse se volta para a percepção das pessoas em relação à distribuição global de recompensas do sistema social, como por exemplo a distribuição de renda e de seguridade social (benefícios trabalhistas em geral).
RODRIGUES, A . ; ASSMAR, E.M.L.; JABLONSKI, B . 18.ed. Psicologia Social. Rio de Janeiro: Vozes, 2000. p. 292-5.
Observados os quatro níveis de análise sobre o estudo da justiça pelos cientistas, citados pelos autores acima, exemplifique cada nível com uma norma do nosso ordenamento jurídico.
A partir da afirmativa, contida no texto acima , de que “... os ideais morais de direitos e merecimentos são distintos da mera luta por posse de recursos e de poder” , busque na nossa jurisprudência confirmação sobre tal proposta.
Entrevista
“Não me arrependo. Ele procurou a morte”
Ribeirão Bonito. MCG, 31 anos, pesa 45 quilos e tem menos de 1,60m. Estudou até o segundo ano primário. Mãe de cinco filhos, passa o dia com eles, sempre agarrados em suas calças, contam os vizinhos. Ela recusou o primeiro pedido de entrevista. Mas, no dia seguinte, soube que a reportagem de O Globo esteve no vilarejo onde mora, a 50 km da prisão , em Ribeirão Brilhante, interessada em sua história. Abriu o coração e contou que, se preciso, mataria novamente ou morreria por seus filhos.
O GLOBO: A senhora consegue detalhar o caso ?
MCG: Estava lavando roupa quando meu marido entrou desesperado: “O R. estuprou nosso filho”. Ele escutou os gritos. Quando chegou no quintal, o R. estava com a bermuda até os joelhos e “catando” ele. Estava numa moita com meu filho, que chorava e gritava.
O GLOBO : E seu marido ?
MCG : Meu marido disse que não conseguiu reagir. Se fosse dar um tapa iria matá-lo. Eu disse que a única coisa a fazer era chamar a polícia. O rapaz tinha se escondido na casa. Meu marido foi chamar a polícia. Até aí , eu estava calma. Ainda não tinha visto meu menino estuprado. Quando vi, pensei: “Vou matar esse moleque”. Na Delegacia , achei uma faquinha velha, num cantinho. Coloquei na cintura. 
O GLOBO : Em que você pensou ?
MCG: Não pensei. Minha força era para segurar meu filho. O rapazinho me falou: “Não vai dar nada , sou de menor”. Olhava e dava risada. Perdi o juízo. Quando vi, já tinha feito. Foi bom. Ele estragou a vida do meu filho (chorando).
O GLOBO : Quando a senhora viu que ele morreu, o que sentiu ?
MCG: Pensei o que gritei : “Estuprador tem que morrer”. Se ele nascesse agora, morreria de novo. O ataque atingiu até o intestino do meu filho. Vai ser difícil Deus me perdoar. Não me arrependo. Estou na esperança de Deus e um juiz. Acho que Deus me perdoará. 
O GLOBO: A senhora vai alegar que estava desequilibrada ?
MCG: Não. Não vou aumentar nem diminuir, só dizer a verdade. Ele procurou a morte. Tanta mulher de rua ... Pegar uma criança de três anos ?
O GLOBO : O que a senhora sentiu ? 
MCG: Ódio.
O GLOBO. O País. 12 de fevereiro de 2006. p. 17.
A partir da entrevista apresentada , como poderia ser descrito o comportamento de MCG, em termos sociais ?
Considerando o ordenamento jurídico pátrio, como seria classificado o seu crime ?
Suponha que o advogado de defesa de MCG tenha formação, também, em Psicologia. A partir destes conhecimentos, ele resolveu usar , na defesa de sua cliente, o argumento psicológico do merecimento e responsabilidade da vítima. Como teria sido elaborada essa defesa ?
Aula 8
A Psicologia enquanto ciência e suas interfaces com o Direito.
A Psicologia , o Judiciário e a busca do ideal de Justiça.
Texto 1
Do ponto de vista histórico, a primeira grande articulação entre a ciência psicológica e o Direito teve origem na avaliação da fidedignidade de testemunhos, fato que contribuiu para o desenvolvimento da Psicologia Experimental no século XIX. No estudo do tema Mira y Lopez (1967) expõe:
O testemunho de uma pessoa sobre um acontecimento qualquer depende essencialmente de cinco fatores: a) do modo como percebeu esse acontecimento;b) do modo como sua memória o conservou; c) do modo como é capaz de evocá-lo; d) do modo como quer expressá-lo; e) do modo como pode expressá-lo (p.159).
Nesse sentido, estudos sobre memória, sensação e percepção, fundamentais ao exame dos testemunhos, fizeram parte de pesquisas e trabalhos empreendidos nos primeiros laboratórios de Psicologia Experimental.
	
No final do século XIX observa-se, também, que a perícia psiquiátrica, inicialmente voltada para a investigação da responsabilidade penal de adultos, passa a ser utilizada em outras áreas do Direito, visando interferir no processo decisório acerca dos dispositivos de correção a serem aplicados e à aferição de dados que deveriam auxiliar os trâmites jurídicos. Nessa época, solicitava-se a colaboração de outros saberes, reconhecendo-se a validade das perícias das condições psicológicas ou psicopatológicas para fins jurídicos. No cumprimento desta tarefa, elaborava-se psicodiagnósticos, vistos como instrumentos que forneceriam dados matematicamente comprováveis para a orientação dos operadores do Direito.
A Psicologia Jurídica , reconhecida como um saber centrado principalmente na práxis do psicodiagnóstico, derivou exercícios profissionais com ênfase no aprendizado de técnicas psicológicas a serem empregadas neste âmbito – técnicas vistas como neutras, objetivas e de caráter universal. 
No início da década de 90, uma das lutas dos psicólogos de diversos Estados brasileiros e dos Conselhos de Classe era para o reconhecimento, ou criação do cargo junto ao Poder Judiciário. Atualmente, com o cargo instituído em distintas localidades, despontam os psicólogos como funcionários concursados, certamente exercendo funções distintas das executadas por peritos autônomos, que eram convocados para atuar em casos específicos.
BRITO, L..M.T. de . In CRUZ, R.M. ; MACIEL, S.K.; RAMIREZ,D.C. O trabalho do psicólogo no campo jurídico. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2005.p. 10-2. 
De acordo com o texto acima, “ a perícia psiquiátrica, inicialmente voltada para a investigação da responsabilidade penal de adultos, passa a ser utilizada em outras áreas do Direito, visando interferir no processo decisório acerca dos dispositivos de correção a serem aplicados e à aferição de dados que deveriam auxiliar os trâmites jurídicos”. A partir do nosso ordenamento jurídico, identifique as áreas do Direito em que esse instrumento de avaliação do indivíduo é utilizado .
Texto 2 
(...) A instituição judiciária é sempre um lugar de trabalho com o sofrimento. Sofrimento que advém do mal-estar inerente à cultura que encontra ali uma forma particular de se expressar e de demandar alívio. Lugar no qual se propõe a existência do ideal de Justiça. A Justiça é uma das mais legítimas e mais impossíveis demandas do ser falante. Deve-se frisar: dizer que ela é impossível não significa que é totalmente irrealizável. Significa que a Justiça deve permanecer no horizonte ético mas que sua expressão nas decisões judiciais sempre parece subjetivamente incompleta. O dano pelo qual sofremos e do qual nos queixamos nos parece sempre estar além de qualquer reparação. Afinal , o que pode recuperar a nossa perda ? É a Lei: o que foi perdido é irrecuperável,resta construir novas possibilidades e para isto muitas vezes contamos com a lei. Por isso, a relação com a lei é sempre conflitiva. Ela nos parece ao mesmo tempo o que nos cerceia a realização do desejoe o que a possibilita ao regular a relação com o outro. Só o simbólico pode responder por nossas desilusões. O simbólico é este duplo: abre-nos a possibilidade de realização do desejo a custa de lidarmos com a impossibilidade da satisfação. É comum ouvirmos das pessoas que sofreram as perdas mais desoladoras, que vivenciaram a dor mais profunda, como em assassinatos e seqüestros, dizerem à imprensa : “esperamos Justiça”.É o que resta. Visto pelo ângulo psíquico, o trabalho constante da Justiça é resgatar simbolicamente, a crença na possibilidade da convivência humana.
Miranda Jr. H.C. Psicologia e Justiça. A Psicologia e as prática judiciárias na construção do ideal de Justiça. Psicologia : Ciência e Profissão. Ano 18, n. 1, 1998. p. 30
Miranda Júnior (1998) , no texto acima, dispõe sobre a questão da Psicologia, suas práticas no Judiciário e a relação com a construção do ideal de Justiça. Partindo de suas idéias estabeleça pontos de diferença e de semelhança entre a demanda do cliente que procura um psicólogo para tratamento psicoterápico e a demanda do cliente que procura um advogado para dar entrada em um processo de interesse pessoal.
Compare, a partir da exposição sobre dano , no texto acima, a definição de dano estabelecida nos preceitos legais, na doutrina e na jurisprudência pátria. 
Aula 9
Lei Jurídica X Lei Simbólica
Análise do poder nas Instituições
Texto 1
PROGRAMA DE RÁDIOESCUTAR E PENSAR RÁDIO MEC-AM 800 MHZ Transgressão2ª feira: 22/Dezembro/2003 
Bom dia ouvinte. Vamos falar sobre você e o mundo à sua volta no quadro Escutar e pensar, produzido pela Sociedade Brasileira de Psicanálise e pela Rádio MEC. E hoje vamos conversar sobre transgressão. Tratar desse tema - a transgressão - exige muito cuidado. 
Quando afirmamos que alguém transgrediu, estamos dizendo que alguma coisa foi violada: uma regra, uma lei, um pacto, um contrato ou mesmo um acordo não falado, nem escrito entre duas ou mais pessoas. Quer dizer, alguma combinação foi desrespeitada. Pode ser uma leve ultrapassagem de algum limite estabelecido, sem maior gravidade, ou um ato violento com conseqüências danosas. 
Se pensarmos na sociedade, por exemplo, há uma série de contratos sociais que exigem responsabilidade dos governantes, daqueles que detém algum tipo de poder. Aí, qualquer ato ilícito tem conseqüência sobre inúmeras pessoas. É o caso das atuais denúncias envolvendo juizes, que nos deixam inseguros, já que justamente quem deveria cuidar do cumprimento das leis é o primeiro a usar seu poder pra transgredir. Será que os roubos feitos por poderosos acabam justificando roubos feitos pelos menos favorecidos? Se os que têm muito roubam, por que quem não tem nada não pode se aproveitar? 
Na verdade, o que estão em jogo são valores e princípios que organizam a vida civilizada. O processo do animalzinho humano até chegar a ser um homem civilizado é longo e trabalhoso. Esse processo inclui cuidados, nutrição, ensinamentos, e uma coisa muito importante que a gente quase não nota: a transmissão de códigos que caracterizam o indivíduo, e que são como marcas que ficam registradas dentro da mente. Essas marcas são heranças, que passam de geração em geração, há muitos milhares de anos, e que estabelecem certos limites pra vida em grupo. 
No plano da sexualidade, por exemplo, os tabus do incesto, e das gerações: não pode haver relações sexuais entre pai e filhos ou entre mãe e filhos. Tios e avós devem respeitar os membros mais novos da família e não interagir sexualmente, o que seria um abuso. Enfim, algumas barreiras que vão se formando no nosso mundo psíquico, como nojo, horror e vergonha de certas práticas, nós vamos adquirindo desde a primeiríssima infância, na relação com aqueles que cuidam da gente, aqueles que exercem a função de pais. Esses códigos são como que depositados na cultura e transmitidos de geração em geração, através da linguagem verbal e também da não verbal, isto é, através do que se diz, das histórias que se conta, e também do que se passa através de atos, gestos, sinais...E isso tudo que é passado pra nós por uma figura de autoridade é que vai nos servir de referência. E nos dar condições de viver em sociedade. 
Então, existe uma lei que é transmitida de forma invisível, é uma lei simbólica. E que está inscrita internamente como uma tatuagem psíquica que sustenta a nossa existência. É um pacto que nos faz respeitar o próximo, e reconhecer as diferenças sexuais, sociais, geracionais, culturais. É mais ou menos como um contrato social e pessoal que a gente assina para poder ser humano,civilizado. Mas nem todo mundo têm esse contrato pessoal e social firmado dentro de si mesmo. Aí, o pacto fracassa. O indivíduo fica sem qualquer compromisso com o próximo e sem as barreiras que interditam o livre curso dos impulsos sexuais e agressivos. É quando o ser humano mata, abusa, destrói. A primeira pessoa com quem nos relacionamos no início da vida, a mãe, ou quem exerce essa função, é quem transmite as primeiras leis organizadoras da vida em sociedade, à medida que vamos sendo apresentados à linguagem. 
Logo, outras pessoas importantes nos deixam suas marcas pela vida afora, ou seja durante toda vida novos registros são internalizados. Então, a mensagem é a seguinte: aquilo que os adultos dizem, vivem e fazem têm incidência sobre crianças e adolescentes. Se existem abusos, violência e ausência de uma autoridade protetora, a resposta é quase sempre desestruturação, desamparo, loucura e mesmo a morte.
A partir do texto, identifique o ponto onde a Lei simbólica e a Lei Jurídica se entrelaçam.
De acordo com o texto, quais as situações jurídicas que estão envolvidas nas questões simbólicas ?
Texto 2
Foucault, segundo Machado (1999) ,estuda o poder , não como uma Dominação global e centralizada, que se difunde de forma homogênea, mas com existência própria e formas específicas ao nível mais elementar. O poder não existe; existem práticas ou relações de poder. O Estado não é o ponto de partida da origem de todo tipo de poder social. Muitas vezes as relações de poder se estabeleceram fora dele, com tecnologias próprias e autônomas, investidas, anexadas e transformadas por formas mais gerais de dominação concentradas no Estado.	
Sendo assim, o poder é uma prática social construída historicamente. Deste modo, o poder atinge o corpo do indivíduo, ao nível de corpo social, e penetra na sua vida cotidiana . A rede de poderes de uma dada sociedade independe do controle ou da destruição do Estado, isto é, as transformações do poder , em pequenos níveis, não estão necessariamente ligadas às mudanças ocorridas à nível de Estado.
O poder , segundo Foucault (Machado, 1999), deve ser considerado a partir de seus dois lados: o lado negativo, com sua força destrutiva; e o lado positivo, que é produtivo e transforma. Desta forma, tendo como alvo o corpo humano, visa o aprimoramento e o adestramento. Seu objetivo é “gerir a vida dos homens, controlar suas ações , para utiliza-los ao máximo. Aproveitar suas potencialidades e usar um sistema de aperfeiçoamento gradual e contínuo de suas capacidades” (Machado, 1999). Ou seja , o objetivo é econômico, produzir homens como força de trabalho e político , produzir homens subordinados politicamente. 
Como nada está isento de poder, ele está sempre presente e se exerce através de uma multiplicidade de relações de forças. É a partir destas considerações sobre o poder que Foucault (1999), chega ao conceito de disciplina ou poder disciplinar, como uma relação específica de poder sobre os indivíduos enclausurados, que incide sobre os seus corpos e usa uma tecnologia própria de controle. Esta tecnologia de controle são as diversas formas de lidar com os sujeitos encontradas em : prisões , escolas, hospitais, exércitos, fábricas.É considerada como uma rede sem limites; que atravessa um aparelho, uma instituição. “Métodos que permitem o controle minucioso das operações do corpo, que asseguram sujeição constante de suas forças e impõemuma relação de docilidade-utilidade” (Foucault, 1977).
Este poder que atua no corpo dos homens, manipula seus elementos, trabalhando o seu comportamento e fabricando o tipo de homem necessário para a sociedade capitalista. As características disciplinadoras são semelhantes nas instituições que têm por papel enclausurar o homem para controlá-lo e discipliná-lo e apresentam aspectos que são adaptados às necessidades específicas de cada local. Foucault (Machado , 1999), descreve três aspectos interrelacionados que são : 1) a organização do espaço , ou seja, a distribuição dos indivíduos em um espaço individualizado, classificatório, combinatório; 2) o controle do tempo que sujeita o corpo ao tempo; e, 3) a vigilância que é um dos principais instrumentos de controle e deve ser contínua, perpétua, permanente, presente em toda a extensão do espaço. 
	Para Foucault (1977) , as relações de poder disciplinares não são negativas, mas positivas , nas sociedades modernas. Este poder fabrica o indivíduo e este é um dos efeitos mais importantes do poder. No entanto, não é todo poder que individualiza; apenas o poder disciplinar. Nas sociedades medievais observávamos a individualização máxima do poder pelos que exerciam a soberania; na sociedade em que vivemos , o poder instaura uma dissimetria na sua relação. Ele é exercido, com freqüência, anonimamente e deve ser sofrido individualmente. A individualização é descendente, à medida que o poder se torna mais anônimo e funcional..
FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir: história da violência nas prisões. Petrópolis: Vozes, 1977.MACHADO, Roberto. Por uma genealogia do poder. In FOUCAULT, Michel. Microfísica do poder. 14ed. Rio de Janeiro: Graal, 1999. p. VII-XXIII.
Foucault, no texto acima, estabelece três aspectos interrelacionados das características disciplinadoras. Partindo desta posição teórica, crie uma situação ligada ao Direito onde essas características possam ser observadas. Identifique-as. 
Para Foucault (1977), as relações de poder disciplinar não são negativas, mas positivas nas sociedades modernas. Analise este poder nas instituições de Direito
Texto 3
A dor de não poder ser mãe
(...)Elizabeth Santos Tadiello é assistente de diretoria de uma empresa de segurança em São Paulo. Tem 42 anos, é divorciada e nunca teve filhos. Um dia, em junho de 1994, soube por uma amiga que uma criança havia sido abandonada num barraco de uma favela em São Paulo. A amiga estava consternada com a situação da criança e comoveu Elizabeth. Ela foi até a favela e acabou levando o menino, que foi registrado com o nome de Mikhael Tadeu, como se fosse seu filho legítimo.
 
Durante um ano e cinco meses Elizabeth e Mikhael formaram uma família feliz. Os dois passeavam na praia , jogavam bola, ouviam música , faziam tudo juntos. Elizabeth só não sabia que a mãe verdadeira do menino andava a sua procura, mobilizando a polícia e o Juizado da Infância e Juventude. Resultado: em novembro de 1995, o menino foi encontrado e devolvido `a mãe. Elizabeth perdeu o filho adotivo e está sendo processada por dois crimes. Por ter carregado o menino consigo e por ter dado como seu o parto de outra pessoa. “ Cometi delitos, eu sei, mas crime maior está sendo cometido contra essa criança”, diz Elizabeth.
Revista VEJA, 13 de março de 1996.
Partindo da reportagem acima, destaque os aspectos relevantes da Lei Jurídica e da Lei Simbólica.
Aula 10
As práticas Psi e suas aplicações no contexto jurídico
Texto 1
(...)Interpreta-se, assim, que os Serviços de Psicologia criados nas diferentes Varas têm por obrigação definir suas atribuições de acordo com cada espaço específico de atuação: Varas de Família, Juizados da Infância e Juventude, Varas de Execução Penal, entre outros. Observa-se , no entanto, que o período de instalação destes serviços é apontado por alguns profissionais (Braga Neto e cols., 1992; Ribeiro, 1999) como um momento crítico, com implicações no desdobramento do trabalho do psicólogo. A dificuldade para conseguir um espaço físico adequado ao setor também é mencionada por esses autores, que fornecem exemplos dos locais destinados: cozinha, garagem, ou até mesmo o vão embaixo da escada.
Hoje ,compreende-se que o exercício da psicologia nas diversas instituições não se restringe à elaboração de psicodiagnósticos ou à identificação de patologias, apesar da contribuição que este procedimento pode oferecer a determinados estudos. Há necessidade de que os profissionais, a partir dos parâmetros de sua especialidade, possam responder sobre o valor de sua intervenção junto à Justiça, desmistificando a visão de um trabalho de cunho estritamente pericial.
Nesse contexto, o psicólogo muitas vezes, vai interpretar para os operadores do Direito a situação que está sendo analisada, ou ainda recontar o fato , a partir de um outro referencial. Cabe ressaltar, entretanto, que interpretar não significa descobrir, desvendar, como por vezes os que anseiam os que aguardam um relatório. Utiliza-se , neste caso, o vocábulo como sinônimo de “explanar” ou “aclarar o sentido de” (Ferreira, 1986, p. 959), à luz dos conhecimentos de uma outra disciplina, de um outro saber. Para isso, faz-se necessário re-significar, de acordo com o referencial da Psicologia, as demandas que são direcionadas aos psicólogos. O trabalho interdisciplinar é importante e não pode ser confundido com a incorporação de conceitos produzidos por outras ciências, como adverte Saunier (2000).
Barros (2002) defende a necessidade do profissional de realizar uma distância ótima da questão, da maneira como esta lhe é apresentada, para que possa enxergá-la de outras formas, quem sabe com outras inquietações: “É justamente neste ponto onde se coloca o desafio de não responder à demanda nos termos como é formulada, mas em subvertê-la, redefini-la, dizer NÃO, ali onde o pedido supera as nossas possibilidades” (p.26), ou seja, avaliar do ponto de vista psicológico àquilo que é da competência do psicólogo e nada além disso.
BRITO, L.M.T. de. Reflexões em torno da Psicologia Jurídica. In CRUZ, R.M. ; MACIEL, S.K. ; RAMIREZ, D.C. (Orgs.) O trabalho do psicólogo no campo jurídico. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2005. p. 13-4
Partindo do texto acima e dos conhecimentos adquiridos ao longo das aulas, responda quais os pedidos que o psicólogo deverá dizer NÃO, pois supera as suas possibilidades .
Texto 2 
(...) Os adolescentes se tornaram problema social e alcançaram projeção principalmente pela questão dos delitos juvenis, da delinqüência. Por um lado é dever social a intervenção, por outro é direito deles serem ouvidos. Não uma escuta que se reduza ao individual, subjetivo, mas que, considerando-o, possa estar aberta à multicausalidade do ato humano. Escutar o crime é tarefa que se impõe atualmente para que novas formas de intervenção possam ser propostas. 
Entretanto, se esta escuta não se mantiver crítica, corre-se o risco de cair na psicologização de todo ato considerado socialmente “desviante” , retornando de forma bruta aos procedimentos baseados na curva normal, o que se conjuga à busca de formas cada vez mais sofisticadas de adaptar as pessoas. Ora, muitas vezes, o desviante é portador da mensagem de que algo não vai bem no social, de que algo precisa mudar. O sistema social não tem ouvidos para isto, é narcísico demais. Alguns profissionais, entre eles o psicólogo, tem hoje a árdua missão de fazer ouvir o que querem calar. E para calar, inclusive já crucificaram... 
Estas novas formas de intervenção podem ter efeitos distintos da mera adaptação, muitas vezes tão sintomática quanto o seu contrário. Exemplos interessantes são so da prestação de serviços à comunidade e o da liberdade assistida. São tentativas de transformar o que seria uma simples punição numa experiência significativa a partir da inserção da prática infracional na história de vida do sujeito (Teixeira, 1994;9)�, não para justificar ou para explicar, mas para implicar ( Roberto,1996)�.São apostas na possibilidade do sujeito reorientar-se na sua relação com a lei e, por conseguinte, uma aposta na possibilidade de um laço social menos sofrido.
A lei procurou substituir a punição pela educação, mas isto não é suficiente. Se considerarmos como educação o processo pelo qual o indivíduo socializa-se, um processo muito além da escolarização, incluindo todas as formas transmitidas pela cultura que nossa sociedade complexa põe a nossa disposição, perceberemos que a educação formal, a escolar, é apenas uma parte do processo educacional. Como trabalhei em outro texto ( Miranda Jr., 1997)�, fazendo parte deste processo temos as condições concretas de existência das pessoas (alimentação adequada por exemplo, é fundamental no processo educativo), temos a família que passa por fortes transformações na atualidade e temos a mídia, com seus valores consumistas. Este último aspecto merece comentários à parte. 
Miranda Jr. H.C. Psicologia e Justiça. A Psicologia e as prática judiciárias na construção do ideal de Justiça. Psicologia : Ciência e Profissão. Ano 18, n. 1, 1998. p. 28-37
Partindo dos fatos relatados pelo autor, sobre a prestação de serviços à comunidade e a liberdade assistida, faça um paralelo entre a definição dessas medidas no texto e no Estatuto da Criança e do Adolescente.
Aula 11
As práticas Psi e suas aplicações no contexto jurídico
Texto 1
A Psicologia no Sistema Penitenciário
(...) Não resta dúvida de que o processo de encarceramento, para qualquer ser humano, mostra-se como uma experiência catastrófica. O discurso de que a prisão no lugar de promover a reinserção social, promove a degradação do sujeito humano, e de que a vida encarcerada acarreta uma verdadeira desorganização da personalidade do sujeito preso, torna-se, hoje em dia, tema de discussão diária e, certamente, de extrema relevância, principalmente quando se trata de políticas públicas de formação de cidadania e de participação social. Alterar esse universo prisional polissêmico marcado pelo controle social que exerce e pelo esvaziamento simbólico de seus membros, remetendo, muitas vezes, a um verdadeiro desmoronamento em termos de representação, demonstra ser uma tarefa árdua e, muitas vezes, fadada ao fracasso, como se tem percebido ao longo da história.
O psicólogo penitenciário, como funcionário jurídico extremamente vulnerável, insere-se nesse complexo e ambíguo contexto de maneira geralmente não tão bem definida, apesar da sua acentuada onipresença em inúmeros presídios brasileiros. Diante da enorme complexidade que é circular quase que diariamente pelo lugar de avaliador e de terapeuta, sendo influenciado e cobrado por uma sociedade e, mais especificamente, pela instituição penitenciária, a apresentar um comportamento eminentemente punitivo e controlador, o psicólogo jurídico ocupa posições antagônicas e complexas, por vezes representando o carrasco dos supliciados, incentivando políticas mais repressivas e regulatórias, porém, ao mesmo tempo, buscando analisar e intervir nos aspectos críticos e perversos do cumprimento de uma pena prisional. Diante disso, esse profissional desenvolve atividades diversas, geralmente variando sua intervenção em função das peculiaridades das relações de saber-poder que se estabelecem em cada sociedade, cada estabelecimento penal e da sua condição pessoal e profissional para aplicar determinada técnica terapêutica e/ou avaliativa.
Mas qual prática/teoria psi é produzida nesse ambiente ? Afora as práticas operacionais exigidas pela demanda sócio-jurídica, percebo que os psicólogos do sistema penitenciário se mostram extremamente influenciados pelos valores repressivos sociais, estando também totalmente submissos às exigências legais. A obrigação de ser um agente promotor de saúde e humanizador das relações humanas se ausenta quando esse profissional emite um parecer que ocasiona a permanência do seu cliente num ambiente insalubre e deteriorante para a sua personalidade e saúde mental.
O que é mais comum é o Poder Judiciário utilizar-se dos psicólogos para dividir as responsabilidades do papel de punição e repressão penal. Deveria caber ao psicólogo, dentro do contexto prisional, direcionar seu olhar e sua escuta aos conflitos subjacentes aos discursos manifestos, tanto pelo sujeito preso quanto pelos demais operadores jurídicos em ação, fazendo com que as suas intervenções possam constituir-se como possibilidades de alteração dos sentidos, que viriam a produzir um outro discurso mais criativo e mais libertador do que o que até então se produziu. ...
PACHECO, P. J. A Psicologia no Sistema Penitenciário. Diálogos . Direitos Humanos. Subjetividade e inclusão . Ano 2, n. 2. março 2005 . p. 16-7 
A partir das críticas expostas no texto, sobre o sistema penitenciário, estabeleça correlações entre os pontos destacados pelos autor sobre esse sistema e os nossos preceitos legais sobre o mesmo tema.
O autor (Pacheco, 2005), no texto acima, afirma que o psicólogo no sistema penitenciário produz práticas operacionais exigidas pela demanda sócio-jurídica. Como é estabelecida essa demanda ? Responda utilizando o nosso ordenamento jurídico. 
Texto 2
(...) E quando se fala em violência, lembramos sempre do problema do abuso sexual de crianças e adolescentes. Terreno movediço em que se mesclam fantasia e realidade, cena que causa horror e curiosidade. Nestes casos estamos diante de um número imenso de variáveis culturais e psíquicas que tornam muito complexa a tarefa de bem lidar com esses problemas.
Por um lado, vivemos em uma sociedade que torna cada vez mais precoce a sexualização das crianças. É claro que há um limite biológico para o exercício da sexualidade, mas o simbólico atropela isto como um trator num castelo de areia. Podemos assistir hoje em programas televisivos de grande audiência a meninos de tenra idade executando danças que se estabeleceram na cultura por seu apelo sexual. As programações consideradas antes pornográficas ou apelativas são, cada vez mais, acessíveis pela TV a cabo ou nas bancas de revistas. Esse é o campo de uma intensa discussão sobre a censura e a permissividade. Discussão apaixonada que envolve sempre juízos de valores e que não cabe nos limites deste texto. Mas temos de considerar essa mudança de costumes para refletirmos sobre o abuso sexual. Afinal nossa lei penal ainda diz que em relações sexuais com menores de 14 anos presume-se a violência, já que está implícito nestes casos uma incapacidade para autodeterminação. Desta forma, a palavra do adolescente não tem nenhum valor pois ele ainda não está de posse da sua razão ou, pelo menos, ela não encontra-se amadurecida. É preciso relativizar normas tão rígidas. Relativizar significa considerar o contexto sócio-cultural, em constante transformação, e a própria implicação dos envolvidos em cada caso. Já existem juízes que tentam levar isto em consideração. Só assim poderemos falar de abuso sexual sem cair constantemente nas teias do moralismo puritano, que denega a sexualidade infantil, e sem desconsiderar também a constituição cultural brasileira, na qual tem se tornado comum a relação sexual entre dois menores de 14 anos.
Por outro lado , o abuso existe e quando ele ocorre encontramo-nos diante de uma criança ou um adolescente que traz na sua história uma marca angustiante. Considerando que a sexualidade, no sentido amplo como defendeu Freud desde os “Três ensaios... “ (1905) constitui a subjetividade e por isso permeia todos os relacionamentos humanos, estaremos diante de alguém que tem a possibilidade de ver sua vida e sua relação com o outro marcada pela violência. É claro que a relação não é causal direta. Muitas pessoas que sofreram abusos sexuais na infância , elaboraram a experiência de forma que a marca do sofrimento pode ficar no passado. Outros não, o trazem todo o tempo como repetição. Estes precisam de acompanhamento terapêutico, inclusive para elaborar o seu afastamento do abusador que, geralmente, é alguém muito próximo.
Quanto ao abusador, muitas vezesestamos diante de casos em que é fundamental um bom diagnóstico. Não um diagnóstico cerceador mas que abra possibilidades de tratamento e acompanhamento, dando chance do sujeito de elaborar seu ato.
Entretanto , o trabalho do judiciário encerra-se nesta constatação e na busca da preservação da criança de outros abusos. O acompanhamento do abusado e do abusador ainda deve ser feito em outro lugar.
MIRANDA JR, H.C. Psicologia e Justiça. A Psicologia e as prática judiciárias na construção do ideal de Justiça. Psicologia : Ciência e Profissão.
 Ano 18, n. 1, 1998. p. 33-34
Partindo do texto acima, o autor discute a presunção de violência em relações sexuais com menores de 14 anos. Sugere que tal norma seja relativizada e afirma que “ já existem juízes que tentam levar isso em consideração”(p.33). Busque na jurisprudência pátria fundamentos para essa afirmação.
Aula 12
O processo de avaliação psicológica no Judiciário
Texto 1
É possível avaliar ?
Atualmente, sabemos que os psicólogos brasileiros têm à sua disposição instrumentos psicológicos que podem ser considerados cientificamente qualificados para a realização de avaliações psicológicas. Entretanto, gostaria de lançar uma questão, para a reflexão, que possa contribuir com o debate e o trabalho na construção do que, coletivamente, temos almejado: uma Psicologia crítica e comprometida socialmente.
Valho-me ,nas linhas que me foram disponibilizadas para este artigo , de uma inquietação diante da realidade que, cada vez mais, submete o sujeito, na contemporaneidade, à condição de um objeto, classificado por avaliações que, ao seu termo, valem-se de uma referência científica dada, conformando um perfil psicológico, de acordo com os padrões de comportamento estatisticamente comprovados. Esta atitude, própria de qualquer avaliação, ao nomear, classificar, avaliar, sempre exclui do campo das possibilidades o que não foi possível ser nomeado, classificado e avaliado com os instrumentos e recursos disponíveis, desde sempre, limitados. Se os recursos da avaliação são finitos, não devemos nunca desconsiderar o infinito de possibilidades da expressão das subjetividades que não cabem em nenhuma categoria, a não ser que, a cada encontro com o sujeito, inventássemos uma nova categoria correspondente a essa novidade que é a expressão de cada subjetividade e, assim mesmo, ainda deixaríamos de fora da nossa percepção míope a infinita potencialidade criativa da experiência humana.
A Psicologia , historicamente, ao tomar para si a missão de desvendar o modo de funcionamento do comportamento humano, suas motivações ,por meio do estudo da dinâmica psíquica, fez acreditar que a produção de conhecimento sobre a psique daria ao homem o poder do seu controle, definindo o que seria comportamento normal e o que seria patológico. A partir dessa idéia maniqueísta, uma série de classificações da personalidade do homem passou a dar consistência ao corpo conceitual da Psicologia como ciência.
Não precisamos muito mais para verificar que essas classificações, essas divisões dos diferentes modos da subjetividade em classes têm, como pano de fundo, a utopia de um homem normal, desejável ao funcionamento de uma estrutura social harmônica, onde este homem normal e saudável preferiria o bem estar ao mal estar, o certo ao errado, sendo que bem estar e certo derivam, diretamente, de uma concepção política que interessa ao que está posto. Uma série de justificações metapsicológicas, teorias em profusão, sempre surgiram para justificar o desvio da ordem estabelecida pelos dispositivos do poder. Isso, no entanto, não é específico da avaliação psicológica: é condição de toda e qualquer avaliação que, para avaliar, precisa se referir a um valor e conceito pré-definido no campo das referências já dadas e compartilhadas pelo escopo da cientificidade. E a ciência , como sabemos, de neutra nada tem ...
É possível avaliar ? A pergunta não esgota sua resposta simplesmente no campo do avaliador. Quando a avaliação produz uma pergunta, lá onde não encontramos a resposta, é por essa via, por esse vazio de saber que poderemos ser levados ao encontro do outro, muito mais complexo e inapreensível do que se apresenta na cena da avaliação. É possível, sim, fazer desse encontro com a alteridade de um sujeito, que não podemos totalmente conhecer e avaliar, a ocasião de indagar sobre seu lugar e sua ação no espaço público, para além de qualquer inferência científica que o enquadre em perfis de personalidade ou capacidade.
O que escuto da minha reflexão, pela prática cotidiana, são pontos que parecem simples, mas que não cessam de se impor e que nos dizem mais que qualquer esforço de teorização. Por exemplo, cito algumas questões que poderiam se desdobrar em tantas outras que fazem eclodir, bem sei, no dia a dia, a angústia do avaliador.
MORETZSOHN, R.F. É possível avaliar ? Diálogos. N.3. dezembro 2005. p. 15.
Partindo do artigo de Moretzsohn, identifique os argumentos que o autor coloca para construir a pergunta : É possível avaliar ?
Considerando o ordenamento jurídico pátrio, bem como a aplicação da norma, quando poderá ser solicitada uma avaliação psicológica ?
Responda, fundamentando sua resposta nos preceitos legais, na doutrina e na jurisprudência.
Texto 2
A Ética como limite e campo de atuação
A transparência quanto à posição que o psicólogo em avaliação psicológica forense assume frente ao seu sujeito-periciando é de extrema importância. Desde o início deve estar claro qual é a sua função para todos os envolvidos na avaliação. A dificuldade em explicitar tal situação pode levar a problemas de manejo não só técnicos quanto éticos que podem prejudicar tanto o objeto quanto o objetivo de tal intervenção.
Para garantir a melhor possibilidade de trabalho, deve-se deixar bem claro, de início, que as informações que o entrevistando trouxe serão resguardadas em sigilo, mas aquilo que se considerar relevante para o deslinde da matéria legal será encaminhado ao destinatário do laudo. O sigilo pode e deve ser garantido naquilo que é irrelevante para a matéria jurídica em apreciação.
Este cuidado ético com a pessoa atendida pode aumentar a suspeita e a desconfiança da outra parte, principalmente se ela não se sentir tratada com o mesmo cuidado e consideração. Portanto, a questão da imparcialidade e da isenção se recoloca para o psicólogo perito no momento mesmo de explicitar as condições de seu atendimento.
� Teixeira, M. de L. T. (1994). Liberdade assistida. Uma polêmica em aberto. São Paulo: Instituto de Estudos Especiais da PUC/SP.
� Roberto ,C.S. (1996) Sob a barra da lei. Boletim Pulsional de Novidades. Pulsional Centro de Psicanálise, ano IX, n. 90, out, 9-24.
� Miranda Jr. , H. C. (1997). Los niños en la Legislación Brasileña: la cuestión de la Educación. Trabalho apresentado no II congresso da Associação Iberoamericana de Psicologia Jurídica. Havana, Cuba.

Outros materiais