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Sara Luiza Costa Silva – P3 – M2 – MEDICINA UniRV TUTORIA Problema 01 – Módulo 2 Tema – Manifestações Atípicas em Idosos e Síndromes Geriátricas “ATIPIAS GERIÁTRICAS” - Pedro, 85 anos, em acompanhamento médico por ICC, HAS, DM2 DPOC, DRGE e osteoporose, há 5 dias apresenta queda do estado geral, hiporexia, tosse seca e sonolência alternando com períodos de agitação/confusão, sem outras queixas associadas. Faz uso regular de suas medicações e há quatro dias iniciou tratamento com dexclorfeniramina para esse quadro gripal. Família encaminhou paciente para o pronto- socorro, onde foi avaliado: PA 80X60 mmHg, FC: 105 bpm, FR: 28 irpm, SaO2: 92%, Tax 37,5̊ C, ausculta pulmonar com MV rude, com estertores crepitantes discretos em base de pulmão esquerdo. Apresentando flutuação do nível de atenção e sonolência, sem déficits neurológicos focais. Para facilitar os cuidados no hospital a equipe de enfermagem realizou contenção mecânica do paciente no leito, o que promoveu piora da agitação e agressividade. Como o médico plantonista sabe que o idoso apresenta algumas manifestações atípicas de algumas doenças e que muitas se associam às síndromes geriátricas, levantou a hipótese diagnóstica de pneumonia e delirium. Instrução: Quais podem ser manifestações atípicas sugestivas de pneumonia no idoso? Objetivo 01 - Compreender as Síndromes Geriátricas definindo-a e citando cada uma delas. OBS.: Pacientes geriátricos com múltiplos problemas crônicos de saúde (multimorbidade) e necessidades de cuidados complexos geralmente recebe abordagens fragmentadas, incompletas, ineficientes e ineficazes. • “Síndromes geriátricas” tem sido utilizado para definir as condições clínicas comuns entre pacientes idosos que não se enquadram em categorias distintas de doenças. • Muitos dos problemas dos idosos podem ser classificados como síndromes geriátricas, inclusive o delirium, a demência, as quedas, a fragilidade, a incontinência, a imobilidade, as úlceras por pressão e a iatrogenia. • Indivíduos jovens também podem ter essas síndromes, porém o que as torna diferentes quando acometem idosos, é o fato de que, nas faixas etárias mais avançadas, elas são geralmente o resultado de múltiplos processos patogênicos que interagem entre si e não de um único processo patogênico específico Sara Luiza Costa Silva – P3 – M2 – MEDICINA UniRV Síndromes geriátricas podem ser definidas como um grupo de sinais e sintomas que ocorrem com mais frequência na população idosa, em especial de idosos frágeis. Resultam não só de doenças específicas, mas também de múltiplos e acumulativos déficits que produzem declínio funcional e dependência. Síndrome pode ser definida como um padrão de sintomas e sinais. No caso da síndrome clínica tradicional é uma única alteração que resulta em múltiplos fenômenos clínicos e o exemplo mais clássico é a síndrome de Cushing. Já a síndrome geriátrica é o reverso da síndrome clínica tradicional, pois nela um único fenômeno resulta de múltiplos processos patogênicos e o exemplo mais comum é o delirium • As principais características das síndromes geriátricas são: ✓ Contribuição de múltiplos fatores de risco: diminuição da reserva funcional dos órgãos, a perda cognitiva, perda da capacidade funcional e a diminuição da mobilidade. ✓ Não constituem risco à vida iminente, mas se associam a maior mortalidade e a importante comprometimento da qualidade de vida. ✓ Aumentam o risco de que doenças, em especial as afecções agudas, manifestem-se de forma atípica. ✓ Podem ocorrer concomitantemente e compartilham fatores de risco entre si, sendo comum uma síndrome geriátrica contribuir para o aparecimento de outra ✓ Têm desfechos comuns como perda funcional, incapacidade, dependência, necessidade de cuidados de longa duração, hospitalizações e morte. Síndromes Geriátricas ▪ Incapacidade cognitiva: Designa o comprometimento das funções encefálicas superiores capaz de prejudicar a funcionalidade da pessoa. As alterações nas funções superiores que não apresentam prejuízo na funcionalidade do paciente não podem ser classificadas como incapacidade cognitiva. Essas alterações constituem o transtorno cognitivo leve. Para o estabelecimento do diagnóstico de incapacidade cognitiva. é fundamental a constatação do prejuízo na funcionalidade do indivíduo ou perda de AVDs. ▪ Iatrogenia (iatros: médico, gignesthai: nascer, derivado de palavra gênesis: produzir): Significa qualquer alteração patogênica provocada pela prática médica. A maior parte da iatrogenia resulta do desconhecimento das alterações fisiológicas do envelhecimento e das peculiaridades da abordagem ao idoso. Trata-se de síndrome geriátrica potencialmente reversível ou até curável. 1. Iatrofarmacogenia: decorrentes de polifarmácia, da interação medicamentosa e do desconhecimento das alterações farmacocinéticas e farmacodinâmicas associadas ao envelhecimento 2. Internação hospitalar que pode potencializar os riscos decorrentes do declínio funcional, da subnutrição, da imobilidade, da úlcera de pressão e da infecção hospitalares Sara Luiza Costa Silva – P3 – M2 – MEDICINA UniRV 3. iatrogenia da palavra: associada ao desconhecimento de técnicas de comunicação de más notícias 4. iatrogenia do silêncio: que decorre da dificuldade de ouvir adequadamente o paciente e sua família; 5. subdiagnóstico: pela tendência a atribuir todas as queixas apresentadas pelo idoso ao fenômeno “da idade”, o que pode resultar grave erro 6. cascata propedêutica: em que a solicitação de exames é feita de forma desnecessária, extensiva, sem indicação precisa; 7. distanásia: prolongamento artificial da vida sem perspectiva de reversibilidade, com sofrimento para o paciente e sua família 8. prescrição de intervenções fúteis e/ou sem comprovação científica: que impõem ao paciente risco desnecessário 9. iatrogenia do excesso de intervenções reabilitadoras: o excesso de “equipe interdisciplinar” pode trazer consequências desfavoráveis ao paciente, assim como o faz a polifarmácia ▪ A incontinência urinária (IU): é definida como a queixa de qualquer perda involuntária de urina ▪ Instabilidade postural: A mobilidade é das principais funções corporais e o seu comprometimento, além de afetar diretamente a independência do indivíduo, pode acarretar consequências gravíssimas, principalmente nos idosos. A instabilidade postural, por exemplo, leva o idoso à queda, o que representa um dos maiores temores em geriatria. ▪ Imobilidade: Por imobilidade entende-se qualquer limitação do movimento. Representa causa importante de comprometimento da qualidade de vida ▪ Incapacidade comunicativa: problemas de comunicação podem resultar em perda de independência e sentimento de desconexão com o mundo, sendo um dos mais frustrantes aspectos dos problemas causados pela idade. A incapacidade comunicativa pode ser considerada importante causa de perda ou restrição da participação social (funcionalidade), comprometendo a capacidade de execução das decisões tomadas, afetando diretamente a independência do indivíduo. ▪ Insuficiência familiar: Essa fragilização do suporte familiar deu origem a outra grande síndrome geriátrica, a insuficiência familiar, cuja abordagem é extremamente complexa Objetivo 02: Discutir as Manifestações Atípicas no idoso. Introdução Sintomas e sinais atípicos e/ou ausentes são sempre possíveis de ocorrer na prática clínica, principalmente quando o paciente apresenta múltiplas doenças crônicas (multimorbidade), está usando inúmeros medicamentos (polifarmácia), apresenta incapacidade funcional e está imunodeprimido. Por isso, observa-se que a frequência de manifestações não usuais de várias doenças aumenta progressivamente com a idade do paciente, já que os Sara Luiza Costa Silva – P3 – M2 – MEDICINA UniRV idosostêm maiores probabilidades de apresentar as características acima descritas do que os adultos jovens. Os idosos, principalmente os mais frágeis, podem apresentar alterações em dados clínicos comuns, como ausência de febre em quadros infecciosos ou de dor em infartos agudos do miocárdio. Isso gera maior risco de diagnósticos tardios e, consequentemente, retardo nas ações terapêuticas, contribuindo assim para o aumento de sequelas e mortalidade nessa faixa etária. • Apresentação atípica constitui-se na observação de sinais e sintomas que, embora não clássicos de uma doença, trazem pistas de uma ou mais enfermidades que podem estar envolvidas no processo. A multimorbidade é um fator contribuinte importante e situações prevalentes nesse segmento etário, como osteoartrite e sequelas de acidentes vasculares cerebrais, podem impedir que pacientes com insuficiência cardíaca congestiva se queixem de dispneia aos esforços devido às limitações motoras. Igualmente, o menor limiar de dor em idosos, as neuropatias e uso de psicofármacos alteram percepções dolorosas na angina do peito e do infarto agudo do miocárdio. • Pode-se dizer que existem fatores predisponentes, ou seja, que aumentariam a probabilidade de que os indivíduos de faixas etárias mais elevadas apresentem sinais e sintomas atípicos, sendo eles: ✓ Idade avançada; ✓ Diminuição da reserva funcional dos órgãos e sistemas; ✓ Incapacidade de manter a homeostase; ✓ Percepções equivocadas sobre o envelhecimento; ✓ Comorbidades/multimorbidade; ✓ Incapacidade funcional; ✓ Deficiência cognitiva; ✓ Polifarmácia. Apresentações clínicas não específicas que podem indicar doenças graves e potencialmente fatais em idosos: ✓ Mudanças cognitivas e delirium; ✓ Sensação de desconforto ou de que algo não está bem; ✓ Astenia; ✓ Anorexia; ✓ Quedas recorrentes; ✓ Perdas de capacidade funcional e em atividades da vida diária; ✓ Instalação de incontinência urinária; Sara Luiza Costa Silva – P3 – M2 – MEDICINA UniRV ✓ Taquipneia; ✓ Alterações de ± 2°C da temperatura basal. Objetivo 03: Estudar os fatores de risco e os sinais de alerta das manifestações atípicas no idoso, exemplificando quais são essas doenças e citando também suas manifestações típicas (Infecção de trato urinário, Hipertireoidismo, Hipotireoidismo, Infarto Agudo do Miocárdio...). Infecções: • Astenia, anorexia, quedas, alterações cognitivas e taquipneia são exemplos relevantes de manifestações atípicas de infecções • Encontram-se, por exemplo, percentuais menores de octogenários à admissão hospitalar por pneumonia com febre e/ou tosse do que com delirium. Isso ocorre porque o envelhecimento reduz o reflexo da tosse e altera a termorregulação corporal • Sinal de alerta básico em processos infecciosos, valores de temperatura média basal e de febre alteram-se progressivamente durante o envelhecer • Seguindo essa regra, septuagenários apresentariam, em média, temperaturas em torno de 36,0°C (36,8° [20 anos de idade] – 0,75 [5 décadas de vida × 0,15°] = 36,05°C); (2) critério de Yoshikawa e Norman (1998), o qual considera febre aumentos maiores ou iguais a 1,1°C da temperatura basal em idosos. Assim, se a temperatura basal média do paciente for de 36,0°C, aumentos dela acima de 37,1°C serão definidos como estado febril. Insuficiênciacardíaca: • confusão mental, depressão, fadiga, perda de peso e imobilidade Insuficiência coronariana: • Considera-se idade como fator de risco independente para doença arterial coronariana, sendo que 60% das mortes atribuídas ao infarto agudo do miocárdio ocorrem em idades acima dos 75 anos. • Manifestações atípicas da insuficiência coronariana nos idosos contribuem para esse alto grau de mortalidade, visto que retardam a busca por cuidados médicos. • Dispneia súbita ou piora dela sem dor torácica associada pode ser o primeiro sintoma apresentado em muitos casos de doença arterial coronariana em idosos. Convém ressaltar que a tendência à redução da sensibilidade visceral durante o envelhecimento e da associação a doenças, como o diabetes melito, aumentam o limiar de dor nesses pacientes. Observam-se assim percentuais acima de 40% de setuagenários e octogenários com infartos do miocárdio clinicamente silenciosos ou com outros sintomas inespecíficos, como confusão mental, vertigem, síncope e epigastralgias. Arritmias • Situações de declínio cognitivo recente ou perda de capacidade nas atividades da vida diária, como tonturas, síncopes e turvação de visão Sara Luiza Costa Silva – P3 – M2 – MEDICINA UniRV Hipertensão e hipotensão arterial • A inapetência, perda não intencional de peso, fadiga, depressão, anemia, desnutrição, caquexia, fragilidade, quedas, declínio funcional e imobilidade são formas nas quais a doença neoplásica pode se manifestar no idoso • Alteração de trânsito intestinal, queixas urogenitais não explicadas, tumorações e ulcerações, quadros compressivos, dores ósseas, aumento de volume abdominal, icterícia, fraturas patológicas. Massas abdominais ou pélvicas, nódulos em mamas, axilas ou em região cervical, próstatas endurecidas, lesões numulares à radiografia do tórax podem passar despercebidos se não forem ativa e constantemente procurados. A primeira manifestação pode não decorrer de tumor primário, mas de metástase, e o tumor pode permanecer oculto e não diagnosticado Admome agudo • Ausência de febre em quadros infecciosos desencadeadores de abdome agudo é frequente, assim como queixas que tendem a ser mais gerais que localizadas, tais como alteração da consciência e atenção, confusão mental, dor difusa, dor torácica, fadiga, sensação de debilidade, taquipneia, taquicardia, declínio funcional – muitas vezes atribuídas pelos cuidadores como consequência da idade • Detalhe propedêutico de destaque é o fato de que o exame físico do abdome em idosos pode não apresentar dor e reação peritoneal. Deve-se isto à flacidez da parede abdominal, mesmo ocorrendo problemas abdominais, como ruptura de aneurisma de aorta ou isquemia mesentérica (Lyon e Clark, 2007). • Exames laboratoriais também podem não apresentar grandes alterações, como é o caso de apendicite sem leucocitose e com aumento inespecífico de enzimas hepáticas e amilase, mesmo quando o fígado e o pâncreas não são a origem do quadro abdominal. • O eletrocardiograma é importante na avaliação do paciente com dor abdominal. Com quadros tão pouco específicos e pobres na sua expressão, faz-se necessário lançar mão de exames de imagem, como radiografia, ultrassonografia, tomografia e ressonância magnética, dependendo da hipótese diagnóstica levantada Significado dos achados laboratoriais em idoso com dor abdominal aguda. • Leucocitose ✓ Infecção, isquemia intestinal, úlcera péptica perfurada • Alterações eletrolíticas e/ou gasométricas e/ou glicêmicas ✓ Cetoacidose metabólica, distúrbios eletrolíticos, acidose metabólica por infarto mesentérico • Função hepática ✓ Colecistite (aumento da fosfatase alcalina, gamaglutamil transferase e bilirrubinas), isquemia mesentérica (aumento da fosfatase alcalina) • Lipase ✓ Pancreatite, obstrução intestinal, úlcera duodenal • Amilase ✓ Pancreatite (menos específica que a lipase), obstrução intestinal, perfuração de úlcera péptica ou intestinal, isquemia mesentérica • Hemoculturas ✓ Infecção • Alterações no exame de urina ✓ Infecção • Oximetria de pulso Sara Luiza Costa Silva – P3 – M2 – MEDICINA UniRV ✓ Pneumonia, embolia pulmonar • Eletrocardiograma ✓ Embolias não abdominais, como infarto agudo do miocárdio e embolismo pulmonar • Radiografia do tórax ✓ Pneumonia, ar livre infradiafragmático • Radiografia do abdome ✓ Perfuração intestinal (pneumoperitônio), obstrução intestinal/vólvulo (dilatação intestinal com nível hidroaéreo), aneurisma de aortaabdominal (calcificação), isquemia mesentérica (dilatação de alças, níveis hidroaéreos, pneumomatose intestinal, edema de parede) • Ultrassonografia ✓ Colecistite, apendicite (menos específico que tomografia, mais operador- dependente), aneurisma abdominal em paciente instável • Tomografia abdominal ✓ Apendicite, diverticulite, obstrução intestinal, pancretatite com necrose, aneurisma • Angiografia ✓ Isquemia mesentérica • Etiologia da dor abdominal aguda em idosos (75 anos ou mais) na urgência. ✓ Indeterminada (Frequência 23%) ✓ Cólica biliar e colecistite (Frequência 12% ✓ Obstrução do intestino delgado (Frequência 12%) ✓ Gastrite (Frequência 8%) ✓ Perfuração visceral (Frequência 7%) ✓ Diverticulite (Frequência 6%) ✓ Apendicite (Frequência 4%) ✓ Hérnia encarcerada 4%) ✓ Cólica renal (Frequência 4%) ✓ Infecção do trato urinário (Frequência 2%) ✓ Pancreatite (Frequência 2%) ✓ Constipação intestinal (Frequência 2%) ✓ Vólvulo de sigmoide (Frequência 2%) ✓ Abscesso (Frequência 2%) ✓ Aneurisma de aorta (Frequência 1%) ✓ Isquemia mesentérica 1(Frequência %) ✓ Infarto agudo do miocárdio (Frequência 1%) A morbidade e a mortalidade dos pacientes idosos com abdome agudo são altas, exigindo o pronto atendimento e a intervenção nesses casos. Convém ressaltar que os erros diagnósticos mais frequentes, além da suspeita de doença extra-abdominal quando a causa é uma infecção do abdome, são a confusão de gastrenterites agudas, gastrites agudas, infecção urinária, doença inflamatória pélvica e íleo paralítico com abdome agudo de abordagem cirúrgica. Embolismo pulmonar • Merece menção que outros sintomas atípicos como quedas, delirium e declínio também são frequentes entre os mais idosos. Obesidade (índice de massa corpórea > 27 kg/m²), imobilidade (dois ou mais dias acamado nas 2 semanas que antecederam a avaliação), neoplasias e antecedentes de trombose venosa e/ou de embolismo pulmonar são os fatores de risco mais relatados pelos idosos. Pós- operatório (até 6 semanas), insuficiência cardíaca, doença pulmonar obstrutiva crônica, traumas (nos últimos 3 meses) e viagens prolongadas (acima de seis horas em 1 semana) apresentam risco equivalente nas diferentes faixas etárias. Convém ressaltar que nem todo idoso irá referir, na primeira avaliação, fatores de risco, e isso não excluirá a hipótese diagnóstica de EP (Menotti et al., 2008). Sara Luiza Costa Silva – P3 – M2 – MEDICINA UniRV Diabetes melito • A apresentação vaga, atípica e silenciosa é frequente • Diante da dificuldade no diagnóstico precoce, orienta-se a realização de glicemia de jejum para rastreio, pois apenas com a detecção precoce é possível prevenir ou retardar as complicações tardias, evitar perdas funcionais e garantir a qualidade de vida ao idoso • São comuns sinais e sintomas atípicos como incontinência urinária ou infecção urinária reincidente, fadiga, perda de peso, tonturas, quedas, declínio cognitivo, depressão, fraqueza muscular e sintomas de neuropatia periférica. Alterações do nível de consciência, inclusive o delirium e o coma, podem resultar de quadros cetoacidóticos ou hiperosmolares envolvendo alta mortalidade • As quedas e a imobilidade têm sua prevalência muito aumentada e podem ser decorrentes das neuropatias, vasculopatias, deficiências visuais (retinopatia, glaucoma) e da síndrome de fragilidade que acometem com mais frequência esses pacientes • Às vezes a suspeita de diabetes é levantada pela presença de lesões e infecções que não melhoram, especialmente em extremidades Hipertireoidismo • Apatia, fragilidade, desânimo, fadiga, alterações de trânsito intestinal, anorexia, perda de apetite e fraqueza muscular proximal • Predominando as queixas cardiovasculares como insuficiência cardíaca, fibrilação atrial, angina de recente começo Hipotireoidismo • Quadro frustro com alteração de peso e ânimo, disfunção cognitiva (confusão e agitação), artralgia, cãibras, anorexia Paratireoides • O hiperparatireoidismo tem maior prevalência em homens, é mais frequente em idosos e aumenta com a idade. • A etiologia mais frequente é o adenoma benigno, seguida pela hiperplasia e, em 5% dos casos, carcinoma de paratireoide. A radioterapia predispõe a tumores de paratireoide. • O hiperparatireoidismo secundário geralmente decorre da insuficiência renal crônica, cuja prevalência e incidência aumentam com a idade. • Nas faixas etárias mais avançadas, o hipoparatireoidismo geralmente decorre de lesões cirúrgicas e radioterápicas, infiltração tumoral, efeito adversos de medicamentos e intoxicações por metais (doxorrubicina, aminoglicosídios, cimetidina, alendronato, omeprazol, alumínio). • O quadro clínico depende da velocidade de instalação do quadro de hipocalcemia e tem expressão quando o cálcio fica menor que 2,8 mg/dℓ. Em quadros agudos, predominam espasmos musculares, tetania, parestesias e convulsões; enquanto nos quadros crônicos podemos ter apenas déficit visual por catarata, condição associada à idade e cuja presença muito raramente suscita a hipótese de hipoparatireoidismo como causa. Sara Luiza Costa Silva – P3 – M2 – MEDICINA UniRV • Em idosos, as convulsões e/ou o delirium podem ser a apresentação que leva ao diagnóstico, pois a dosagem de cálcio sérico faz parte dos protocolos de investigação dessas condições, já que os outros sintomas iniciais, como dores musculares, parestesias e distúrbios neuropsiquiátricos são, geralmente, atribuídos a outras doenças mais comuns nessa faixa etária. • Apresentações atípicas do hiperparatireoidismo em idosos: Fadiga, Disfunção cognitiva, Instabilidade emocional, Anorexia, Constipação intestinal, Hipertensão. Neoplasias • O maior fator de risco independente para câncer é a idade, e quanto maior a idade, maiores as chances de que a doença neoplásica se apresente de forma atípica e permaneça oculta, sendo diagnosticada em estágios mais avançados. Como em qualquer outra enfermidade que se apresente de forma atípica os fatores contribuintes são a presença de multimorbidade, a polifarmácia, as síndromes geriátricas, a idade muito avançada com as inúmeras modificações decorrentes do processo do envelhecimento. • Apresentações atípicas de neoplasias em idosos. ✓ Inapetência ✓ Perda de peso não intencional e síndromes consumptivas ✓ Fadiga e anemia ✓ Depressão e disfunção cognitiva ✓ Desnutrição e caquexia ✓ Fragilidade ✓ Quedas, declínio funcional e imobilidade ✓ Alteração de trânsito intestinal e massas ✓ Dor, artralgias e síndromes paraneoplásicas com neuropatias ✓ Alterações endócrinas e hidreletrolíticas ✓ Metástases Objetivo 04: Explicar as consequências do não reconhecimento precoce das doenças do idoso. • Perda da qualidade de vida • Aumento da mortalidade e da morbidade • Aumento do número de quedas (Osteoporose) • Diminuição da expectativa de vida • Iatrogenias • Maior gravidade cos casos clínicos • Aumento das sequelas • Hospitalização prolongada Todo sinal ou sintoma de instalação subsequente ao início de novo medicamento ou ao aumento de dose deve levantar a suspeita de ser de causa farmacológica. Anti- hipertensivos, diuréticos e hipnóticos podem, por exemplo, provocar hipotensão ortostática e/ou quedas e induzir à progressiva imobilidade. Outras circunstâncias, como o consumo excessivo ou a retirada abrupta de fármacos, contribuem constantemente para o desenvolvimento de estados confusionais agudos, como no caso dos benzodiazepínicos (Gorzoni, 1995). OBS.: Deve-se pensar em efeito adverso de medicamentos quando o paciente idoso apresentar, de forma aguda ou subaguda, declínio funcional, confusão mental, déficit cognitivo, distúrbios comportamentais, sintomas depressivos, queixas de tonturas, alterações da marcha e do equilíbrio, quedas repetidas, incontinência urinária e/ou fecal. As síndromesextrapiramidais também estão relacionadas com o uso de medicamentos e a Sara Luiza Costa Silva – P3 – M2 – MEDICINA UniRV sua ocorrência é mais comum em idosos (Costa, 2002). REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA - Cap 88. do Livro Tratado de Geriatria e Gerontologia - 4 edição – 2016
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