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Aula 2: Criação e funcionamento do SUS A saúde no Brasil até 1987 Antes do Sistema Único de Saúde (SUS) ser criado no Brasil, em 1988, o cenário da saúde brasileira era o seguinte: * A reforma sanitária brasileira Criação e regulamentação do SUS Constituição Federal de 1988 A Lei 8.080/90 de 19.09.90 O SUS é definido pelo artigo 198° da lei 8.080, promulgada em 19 de setembro de 1990. A lei estabelece a integração das ações e serviços de saúde, substituindo um sistema regionalizado e hierarquizado. A saúde é assegurada, na Constituição Brasileira, como um dever do Estado. Mas nesse contexto, o Estado não diz respeito apenas ao governo federal. O Poder Público, no que diz respeito à saúde, abrange a União, os Estados e os municípios. A implementação do SUS implica a integração das obrigações de todas as esferas do governo e a construção de políticas setoriais, adequadas às diferentes realidades regionais. A lei Orgânica da Saúde regulamenta as ações do SUS em todo o território nacional, estabelecendo diretrizes e detalhando as competências de cada esfera governamental. A lei: “Determina como competência do SUS a definição de critérios, valores e qualidade dos serviços. Trata da gestão financeira, define o Plano Municipal de Saúde como base das atividades e da programação de cada nível de direção do SUS e garante a gratuidade das ações e dos serviços nos atendimentos públicos” (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012). Na lei 8.080/1990 estão formuladas a estrutura do SUS e as bases para o seu funcionamento. Faz parte da legislação que ampliou a definição de saúde, considerando-a também a partir de aspectos sociais, dentro da noção de qualidade de vida. Assim, são levados em conta diversos fatores determinantes, como: alimentação, moradia, saneamento básico, trabalho, educação, lazer e acesso a bens e serviços essenciais. A Lei 8.142/90 de 28.12.90 A Lei 8.142/90 trata do papel e participação da comunidade na gestão do SUS e da transferência de recursos financeiros entre União, estados e municípios. Fica estabelecida a participação da comunidade, que deve ser concretizada através dos Conselhos de Saúde. O Conselho Nacional de Saúde (CNS) institui um espaço de participação social na administração do Sistema Público. O Conselho Nacional consolida o controle social por intermédio dos Conselhos Estaduais e Municipais. “O CNS é uma instância coletiva, com poder de decisão. Ligado ao Poder executivo, é composto por 50% de usuários, 25% de trabalhadores de saúde e 5% de prestadores de serviços. Representantes do governo, profissionais de saúde e usuários estão entre os participantes e o número de conselheiros varia entre 10 e 20 membros. O Presidente é eleito entre os membros e a representação depende da realidade existente em cada área, preservando-se o princípio da paridade em relação aos usuários” (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012). Quanto ao funcionamento, as reuniões ordinárias do CNS* ocorrem uma vez por mês, podendo haver reuniões extraordinárias por convocação do Presidente do Conselho ou por deliberação do plenário (fóruns deliberativos). Ente as atribuições dos Conselhos de Saúde, destacam-se: • Propor a adoção de critérios que definam qualidade e melhor funcionamento do sistema de saúde; • Fiscalizar a movimentação de recursos; • Propor critérios para a execução financeira e orçamentária do Fundo de Saúde; • Examinar propostas e denúncias; • Estimular a participação social na administração do SUS (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012). * Novas premissas As leis 8.080/90 e 8.142/90 preveem os princípios de funcionamento do SUS, baseados em premissas que modificam a concepção de saúde e, consequentemente, o modelo de assistência: “O Sistema Único de Saúde é, por definição constitucional, um sistema público, nacional e de caráter universal, baseado na concepção de saúde como direito de cidadania e nas diretrizes organizativas de: descentralização, com comando único em cada esfera de governo; integralidade do atendimento; e participação da comunidade. A implantação do SUS não é facultativa e as respectivas responsabilidades de seus gestores – federal, estaduais e municipais – não podem ser delegadas. O SUS é uma obrigação legalmente estabelecida” (CONSELHO NACIONAL DE SECRETÁRIOS DE SAÚDE, 2012). Política do SUS A política que rege o SUS determina: A descentralização (os estados e municípios passam a fornecer atendimento conforme as necessidades locais). A integralidade do atendimento (disponível a todos os cidadãos). A participação da comunidade nas decisões importantes relativas à saúde pública. Os princípios do SUS Dentro do programa de políticas públicas para a saúde, existem princípios (alguns já mencionados no tópico anterior) que são elementos fundadores da visão ampliada de saúde, associados às ações de promoção, proteção e recuperação da saúde. São elementos doutrinários e de organização do SUS. Dentre eles, destacam-se: Universalidade A saúde passa a ser vista como um direito de todos, como afirma a Constituição Federal de 1988. Promover e garantir a atenção à saúde para toda a população brasileira, sem distinção, torna-se obrigação do Estado. Esta foi a principal reivindicação do movimento sanitarista, que impulsionou a reformulação da política púbica no setor de saúde e a criação do SUS. Descentralização político-administrativa O processo de descentralização, como já foi visto, consiste na redistribuição do poder, estabelecendo uma nova relação entre os três níveis (esferas) do governo – federal, estadual e municipal. Desta forma, cada uma das esferas tem atribuições próprias. Os municípios têm assumido papel cada vez mais importante no gerenciamento dos próprios recursos e demandas específicas da população. Integralidade A partir da criação do SUS, a atenção à saúde inclui tanto o tratamento quanto a prevenção da doença, englobando os meios individuais e os coletivos. As necessidades de saúde das pessoas ou de grupos devem ser levadas em conta. Cabe ressaltar que, dentro da visão ampliada de saúde, a qualidade do serviço oferecido também é valorizada, e não apenas o número de atendimentos. Equidade O princípio da equidade refere-se à igualdade de oportunidades. Todos devem ter acesso ao sistema de saúde. Leva-se em conta a desigualdade de condições socioeconômicas que caracteriza o Brasil. A partir das disparidades regionais, que englobam fatores sociais e econômicos, as necessidades da população variam no que diz respeito à saúde. Porém, de acordo com a Lei Orgânica da Saúde, mesmo dentro da diversidade, é fundamental garantir a igualdade com relação ao acesso à saúde. Equidade, nesse contexto, é compreendida como sinônimo de igualdade, no sentido de “igualdade de condição” para o acesso à saúde. Participação da comunidade Esse princípio também é chamado de controle social. É regulado pela lei nº 8.142, que garante o direito de participação dos usuários na gestão do SUS. Essa participação se dá através dos Conselhos de Saúde, que são órgãos colegiados organizados em todos os níveis (nacional, estadual e municipal) e também através das Conferências de Saúde, que acontecem a cada quatro anos. Trata-se de dispositivos que visam à democratização das decisões no campo da saúde, dando à população papel ativo na gestão e fiscalização da política pública da saúde. Esses princípios são elementos que fundamentam a proposta do SUS, de atenção à saúde de forma global – da prevenção ao restabelecimento –, promovendo a aproximação dos cidadãos às instâncias político-administrativas, com o objetivo de garantir a universalidade do acesso à saúde. O SUS e a cidadania O movimento que culminou na criação do SUS representa um avanço no que diz respeito à valorização da cidadania. Paim (2011) observa que, mesmo sendo visível a distância entre a formalização e a garantia concreta, a implementação do SUS representa um avanço e uma iniciativa que vai ao encontro do direito à cidadania. Segundo o autor, é um desafio manter uma gestão descentralizada num país com uma dimensão territorial doBrasil. A gestão descentralizada é um tema que demanda reflexão constante por parte dos envolvidos no setor da saúde, assim como fiscalização e tomadas de decisão que avaliem a situação local e as especificidades de cada região. Ressaltamos, ao finalizar esta aula, a importância da difusão da informação, com o objetivo de promover para a população a consciência do direito à saúde. A educação em saúde é um tema fundamental, que pode ser compreendido como: “Processo que objetiva promover, junto à sociedade civil, a educação em saúde, baseada nos princípios da reflexão crítica e em metodologias dialógicas (ou seja, que tenham como base o diálogo). É instrumento para a formação de atores sociais que participem na formulação, implementação e controle social da política de saúde e na produção de conhecimentos sobre a gestão das políticas públicas de saúde, o direito à saúde, os princípios do SUS, a organização do sistema, a gestão estratégica e participativa e os deveres das três esferas de gestão do SUS” (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009). Dentro da concepção ampliada de saúde, a educação é contemplada como um dos fatores condicionantes. A educação em saúde, especificamente, faz parte da preocupação com a prevenção da saúde, seja levando informações sobre doenças e cuidados essenciais, seja propagando os direitos do cidadão assegurados pela política pública vigente. A conscientização é o primeiro passo para a participação efetiva dos usuários na gestão do SUS. 1. Sobre a história do SUS, é incorreto afirmar que: Parte superior do formulário 1) A Lei 8.080/90 propõe a descentralização político-administrativa no setor da saúde. 2) A partir do SUS, a assistência à saúde é um dever do Estado, sendo compreendida, assim, como uma obrigação exclusiva da União. 3) A Reforma Sanitária no Brasil fez parte de movimento mais amplo, associado ao processo de consolidação da democracia. 4) O meio físico passa a ser compreendido como um dos fatores condicionantes da saúde e são levados em conta aspectos como o saneamento básico e outras condições apropriadas de moradia. 2. Sobre os Princípios do SUS, marque a opção correta: Parte superior do formulário 1) O princípio da equidade é apenas ideológico, já que o Brasil é um país de grande extensão territorial, com expressivas diferenças regionais. 2) O Princípio da universalidade indica que a política de saúde deve seguir um modelo universal, levando em conta o sucesso de outros países. 3) Com a descentralização, os municípios têm assumido papel cada vez mais importante no gerenciamento dos próprios recursos. 4) O princípio da integralidade garante o atendimento a todo cidadão brasileiro, independente de ser trabalhador do mercado formal. 3. A Lei 8.142/90 trata do papel e participação dos usuários, instituindo a participação da comunidade na gestão do SUS. A esse respeito, pode-se afirmar que: I – A Participação da Comunidade é um dos princípios do SUS. II - Os Conselhos de Saúde são órgãos colegiados que concretizam a participação dos usuários na gestão da saúde e funcionam apenas em nível nacional. III - Uma das possíveis atribuições dos Conselhos é fiscalizar a movimentação de recursos entre as diferentes esferas do poder público. Parte superior do formulário 1) Todas as afirmativas estão corretas. 2) Apenas a afirmativa I está correta. 3) Apenas a afirmativa III está incorreta. 4) Apenas a afirmativa II está incorreta. 5) Todas as afirmativas estão incorretas. Parte inferior do formulário Parte inferior do formulário Parte inferior do formulário
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