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Aldillany Maria Roteiro 1. Quais aspectos mais relevantes que estão inseridos dentro da anamnese urinária? A diferença de gênero muda algo? 2. Faça uma relação da anatomia da genitália masculina e suas afecções no sitema genito-urinário. 3. Defina Oligúria, anúria, poliúria, disúria, noctúria, polaciúria, tenesmo vesical e suas correlações com síndromes clínicas. 4. Quais outros sinais e sintomas de outros sistemas que podem comprometem o sistema urinário? 5. Exame físico Urinário, qual seu aspecto mais importante? 6. Infecção do Trato Urinário: diagnóstico. 7. Síndrome Nefrítica: diagnóstico. 8. Síndrome Nefrótica: diagnóstico. Anamnese urinária: aspectos mais relevantes Uma boa história clínica é a principal chave para o diagnóstico de doenças do sistema urinário. Sintomas das doenças dos rins: ALTERAÇÕES MICCIONAIS Hesitação: a demora ou atraso involuntário para iniciar o ato de urinar. Esforço para urinar. Urgência: necessidade súbita e imperiosa de urinar. Alterações do jato urinário: Um jato urinário fraco, lento e fino no recém- nascido ou em meninos é sugestivo de fimose, estenose do meato uretral ou válvula da uretra posterior. Retenção urinária: incapacidade da bexiga de esvaziar-se, parcial ou completamente. A retenção urinária pode ser completa ou incompleta. Na forma completa o indivíduo é incapaz de eliminar sequer quantidades mínimas de urina. Pode ser aguda ou crônica. A retenção completa aguda geralmente é muito dolorosa. Ao exame físico, encontra-se massa suprapúbica, arredondada, tensa, que origina som maciço à percussão, contrastando com o ruído timpânico em torno dela. Ressalte-se que a palpação da região hipogástrica acentua a vontade de urinar. Na retenção urinária a bexiga distendida é palpável na região suprapúbica (globo vesical). Incontinência urinária: Na incontinência urinária verdadeira, o paciente elimina urina sem perceber, quase continuamente. Isso é observado nas formas completas, na epispadia e em lesões raquimedulares. ALTERAÇÕES DO VOLUME E DO RITMO URINÁRIO Oligúria Anúria Poliúria Disúria Polaciúria Frequência Noctúria ALTERAÇÕES DA COR DA URINA A urina normal é transparente, tendo uma tonalidade que varia do amarelo claro ao amarelo escuro, conforme esteja diluída ou concentrada. Hematúria: presença de sangue na urina, podendo ser macro ou microscópica, ou seja, visível a olho nu ou só detectada ao exame microscópico. Pode ser persistente ou intermitente. Hemoglobinúria: presença de hemoglobina livre na urina, condição que acompanha as crises de hemólise intravascular (malária, leptospirose, transfusão de sangue incompatível, icterícia hemolítica). Mioglobinúria: resulta de destruição muscular por traumatismos ou queimaduras. Porfirinúria: é consequência da eliminação de porfirinas ou de seus precursores, os quais produzem coloração vermelho-vinhosa da urina, algumas horas depois da micção Urina turva: depósito esbranquiçado e quase sempre com odor desagradável, está associada à infecção urinária. Precipitação de diversos tipos de cristais Semiologia do sistema urinário 1-Quais aspectos mais relevantes que estão inseridos dentro da anamnese urinária? A diferença de gênero muda algo? Aldillany Maria (cristalúria), sendo mais frequentes os de ácido úrico, oxalato de cálcio e uratos amorfos, quando a urina é ácida, e, quando a urina for alcalina, carbonatos e fosfatos de cálcio. Urina com aumento da espuma: Decorre da eliminação aumentada de proteínas na urina, presente em glomerulonefrites, nefropatia diabética, nefrites intersticiais. ALTERAÇÕES DO CHEIRO DA URINA O odor característico de urina decorre da liberação de amônia. Um simples aumento da concentração urinária pode determinar cheiro desagradável. Vários medicamentos podem modificar o cheiro da urina: vitaminas e os antibióticos. Porém, fetidez propriamente dita surge nos processos infecciosos, pela presença de pus ou por degradação de substâncias orgânicas. DOR: a dor originada no sistema urinário pode assumir características diversas. Os tipos principais são: dor lombar e no flanco, cólica renal, dor vesical, estrangúria e dor perineal. DOR LOMBAR E NO FLANCO A dor renal característica situa-se no flanco ou região lombar, entre a 12ª costela e a crista ilíaca, e, às vezes, ocorre irradiação anterior. O parênquima renal é insensível, não ocasionando dor. Contudo, a distensão da cápsula renal dá origem a tal dor, que é percebida na região lombar e no flanco, por ser comum a inervação com esta parte do tronco. A dor é descrita como uma sensação profunda, pesada, de intensidade variável, fixa e persistente, que piora com a posição ereta e se agrava no fim do dia. CÓLICA RENAL OU NEFRÉTICA É um tipo especial de dor decorrente de obstrução do trato urinário, com dilatação súbita da pelve renal ou do ureter, que se acompanha de contrações da musculatura lisa dessas estruturas. Em seu início, pode haver apenas uma sensação de desconforto na região lombar ou no flanco, irradiando-se vagamente para o quadrante inferior do abdome do mesmo lado. Rapidamente, essa sensação de desconforto evolui para dor lancinante, de grande intensidade, acompanhada de mal-estar geral, inquietude, sudorese, náuseas e vômitos. O paciente fica inquieto no leito ou levanta-se à procura de uma posição que lhe traga algum alívio. A dor da cólica renal costuma começar no ângulo costovertebral, acometer a região lombar e flanco, irradiando-se para a fossa ilíaca e região inguinal, alcançando o testículo e o pênis, no homem, e o grande lábio, na mulher. DOR HIPOGÁSTRICA OU DOR VESICAL É a dor originada no corpo da bexiga que geralmente é percebida na região suprapúbica. Quando ela decorre de irritação envolvendo a região do trígono e do colo vesical, a dor irradia-se para a uretra e meato externo, podendo ser relatada como uma sensação de queimor. ESTRANGÚRIA OU TENESMO VESICAL É perceptível quando há inflamação vesical intensa, podendo provocar a emissão lenta e dolorosa de urina, chamada estrangúria, e que é decorrente de espasmo da musculatura do trígono e colo vesical. DOR PERINEAL É decorrente normalmente da infecção aguda da próstata, que causa dor perineal intensa, sendo referida no sacro ou no reto. Pode causar também estrangúria. EDEMA É uma manifestação comum em pacientes portadores de doença renal. Existem quatro situações clínicas em nefrologia que são comumente acompanhadas de edema: glomerulonefrite aguda, síndrome nefrótica, insuficiência renal aguda e crônica. Aldillany Maria Edemas O edema da glomerulonefrite é generalizado, porém mais intenso na região periorbitária pela manhã, quando o paciente acorda. Na glomerulonefrite crônica, a existência e a intensidade do edema são muito variáveis, podendo estar ausente ou manifestar-se apenas como edema periorbitário pela manhã; O edema da síndrome nefrótica é generalizado e mais intenso que o da glomerulonefrite, podendo chegar à anasarca, especialmente em crianças Na pielonefrite, o edema é de pequena intensidade, quase sempre restrito à região periorbitária pela manhã. Na insuficiência renal aguda, o edema decorre geralmente da hiper-hidratação. O edema da insuficiência renal crônica é muito variável, modificando-se conforme a causa determinante; depende também da fase da doença, do grau do distúrbio funcional ou de eventuais alterações que ocasionem a descompensação clínica. FEBRE e CALAFRIOS Nas infecções agudas que acometem o trato urinário, a febre costuma ser elevada e vir acompanhada de calafrios, dor lombar ou suprapúbica. As principais causas são pielonefrite, cistitee prostatite. Nas infecções crônicas, a temperatura está discretamente aumentada ou com elevações intermitentes, às vezes acompanhadas de calafrios. O adenocarcinoma renal costuma acompanhar-se de febre, que pode ser até mesmo a única manifestação clínica da doença. Distúrbios urinários: influências GÊNERO: as infecções do trato urinário são mais frequentes em mulheres. OBS: durante a gravidez a mulher fica ainda mais suscetível ao acometimento de ITU, por várias razões: Há dilatação funcional de todo o sistema coletor e ureteres e compressão do ureter pelo útero grávido, por exemplo. IDADE: predominam em faixas etárias mais jovens – crianças e adultos. PROFISSÃO: algumas profissões tornam as pessoas mais vulneráveis a ITU, como as que manipulam metais pesados (mercúrio, chumbo, urânio, cobre). O sistema urinário masculino, difere do feminino na medida em que a uretra, canal que conduz a urina da bexiga para o exterior, também é utilizada para liberação do esperma no ato da ejaculação. Dividida em três partes: prostática, cavernosa e membranosa, a uretra masculina mede aproximadamente 20 cm e estende-se do orifício uretral interno na bexiga urinária até o orifício uretral externa na extremidade do pênis. O canal da uretra no sistema urinário feminino, que se estende da bexiga ao orifício externo no vestíbulo, é bem menor que o masculino, medindo aproximadamente 5 cm. Essa característica da anatomia feminina, canal da uretra curto, facilita a ocorrência de infecções urinárias nas mulheres. Taxa normal de eliminação de urina: pelo menos 800 mℓ de urina/dia. OLIGÚRIA: redução da diurese, ou seja, a excreção de um volume de urina é inferior às necessidades para eliminação de catabólitos. Oligúria: diurese inferior a 400 mℓ/dia. Pode ser moderada: -500ml de urina/dia. Ou extrema: -300ml de urina/dia. Correlações clínicas: Redução do fluxo sanguíneo renal (insuficiência renal aguda, insuficiência cardíaca). Glomerulonefrite: diminuição da capacidade de filtração dos glomérulos. Uso de anti-inflamatórios não esteroides. ANÚRIA: a diurese é inferior a 100mℓ/dia ou totalmente ausente. 2- Anatomia da genitália masculina e suas afecções no sistema genito-urinário 3- Defina Oligúria, anúria, poliúria, disúria, noctúria, polaciúria, tenesmo vesical e suas correlações com síndromes clínicas Aldillany Maria Correlações clínicas: Oclusão bilateral das artérias renais. Obstrução de ambos os ureteres. Necrose cortical bilateral. POLIÚRIA: aumento da diurese. Volume urinário acima de 2500 ml/dia. Correlações clínicas: Diabetes insípido. Insuficiência renal crônica. Pielonefrite crônica. Anemia falciforme. Medicamentos (diuréticos). Polidpisia nervosa. Anormalidades eletrolíticas (hipercalcemia e hipocalemia). DISÚRIA: micção associada à sensação de dor, queimor ou desconforto. Correlações clínicas: Cistite. Prostatite. Uretrite. NOCTÚRIA: aumento do número de micções no período noturno. Ocorre quando o ritmo circadiano da diurese se altera, acarretando na necessidade de se esvaziar a bexiga durante a noite. Normalmente o indivíduo não acorda à noite para urinar ou o faz apenas uma vez, porque o ritmo de formação de urina decresce fisiologicamente no período noturno. Correlações clínicas: Insuficiência cardíaca. Insuficiência renal crônica. Insuficiência hepática. Síndrome nefrótica. Diuréticos. Elas retêm líquido durante o dia, principalmente nos membros inferiores. Ao se deitar à noite, o líquido retido no interstício retorna à circulação, resultando em aumento da diurese, com maior número de micções no período noturno. POLACIÚRIA: necessidade de urinar repetidamente, com intervalo entre as micções inferior a 2h e sem que haja concomitante aumento do volume urinário (poliúria). Correlações clínicas: Infecção. Cálculo. Cistite. Hiperplasia prostática. Tumor vesical. Litíase vesical. Obstrução. Alterações neurológicas. OBS: a ansiedade também pode manifestar-se com polaciúria, chegando a caracterizar uma condição denominada “bexiga irritável”, somatização de transtornos emocionais no aparelho urinário. TENESMO VESICAL (ESTRANGÚRIA): emissão lenta e dolorosa de urina, causada por uma inflamação vesical intensa, que é decorrente de espasmo da musculatura do trígono e colo vesical. Correlações clínicas: Uma parte dos pacientes com lesão renal apresenta queixas que não guardam relação direta com os rins ou com o trato urinário, como nas afecções em que o órgão vai sendo lesado insidiosamente até surgir grave deterioração da função renal. Algumas dessas manifestações são: o Astenia o Náuseas o Anorexia o Anemia o Irritabilidade neuromuscular É comum também que alguns pacientes atribuam aos rins lesões que não ocorre no sistema urinário, como: o Dor lombar (devido a alterações na coluna vertebral). o Poliúria decorrente de hiperglicemia. o Hematúria devido a distúrbio na coagulação sanguínea. 4- Quais outros sinais e sintomas de outros sistemas que podem comprometer o sistema urinário? Aldillany Maria Geralmente, nenhuma anormalidade costuma ser detectada durante o exame físico do sistema urinário. EXAME DOS RINS O exame físico do sistema urinário deve começar pela inspeção do abdome, dos flancos e das costas, com o paciente sentado. Em seguida, deve-se fazer a palpação e a compressão dos ângulos costovertebrais. Posteriormente, efetua-se a percussão com a face interna da mão fechada, chamada "punho-percussão". Por fim, deve ser realizada ausculta abdominal, que será útil na verificação de sopros abdominais como ocorre na estenose de artérias renais. Utiliza-se o diafragma do estetoscópio para a ausculta de mesogástrio e hipocôndrios. A PALPAÇÃO DOS RINS Paciente em decúbito dorsal da seguinte maneira: Uma das mãos procura explorar os quadrantes superiores do abdome. A outra mão, espalmada, "empurra'' o flanco correspondente de baixo para cima, na tentativa de trazer o rim para uma posição mais anterior (palpação bimanual). OBS: Em pessoas magras, o polo inferior do rim direito (normal) pode ser palpado na inspiração, o que, geralmente, não acontece com o rim esquerdo. Os rins normais são praticamente inacessíveis à palpação. Entretanto, o polo inferior pode ser palpável em crianças e em adultos magros com musculatura abdominal delgada. Quando os rins estão aumentados, é possível palpá-los e, até mesmo, percebê- los à inspeção, se o aumento for muito grande, principalmente em crianças, ou no caso de rins poli císticos em adultos. Nestes casos, percebe-se abaulamento do flanco. Rins facilmente palpáveis, em geral: Aumento de volume (hidronefrose, neoplasia ou cistos). Por serem anormalmente móveis (ptose renal). Por estarem deslocados por neoplasias retroperitoneais. Em geral, o aumento de ambos os rins decorre de doença policística ou de hidronefrose bilateral. Durante a palpação dos rins, é necessário avaliar a sensibilidade renal. Muitas vezes, a compressão com as pontas dos dedos pode ser suficiente para despertar dor. É necessário lembrar-se de fazer a punho- percussão do ângulo costovertebral, formado pela borda inferior da 12ª costela e apófises transversas das vértebras lombares superiores. O aparecimento de dor à compressão ou à punho-percussão sugere infecção renal, mas pode ser de origem musculoesquelética. EXAME DOS URETERES Pela palpação profunda da parede abdominal anterior, é possível determinar dois pontos dolorosos quando existe infecção ou obstrução dos ureteres. O superior fica na parte média dos quadrantes superiores direito e esquerdo. Oinferior nas fossas ilíacas direita e esquerda, próximos à região suprapúbica. A reação dolorosa à palpação profunda destes chamados "pontos ureterais" tem significado diagnóstico, especialmente quando são identificados outros dados sugestivos de comprometimento do trato urinário alto. EXAME DA BEXIGA A bexiga vazia não é palpável, porém pode haver hipersensibilidade na área suprapúbica ao se fazer a palpação. Retenção urinária aguda ou crônica, levando à distensão vesical, pode ser percebida por inspeção, palpação e percussão da região suprapúbica. Se houver retenção urinária, observam-se reação dolorosa intensa e ocorrência de um abaulamento no hipogástrio. A palpação, observa-se massa lisa e firme na linha média (globo vesical). 5- Exame físico urinário: qual seu aspecto mais importante? Aldillany Maria Em mulheres, o esvaziamento vesical por cateterismo poderá ser necessário para o diagnóstico diferencial com cisto do ovário. EXAME DA PRÓSTATA O exame da próstata é feito pelo toque retal, cuja técnica está descrita na seção que trata dos órgãos genitais masculinos. Exame simples de urina O exame simples de urina, exame sumário de urina ou urina tipo I, é um dos métodos mais práticos para o diagnóstico e o acompanhamento de pacientes com alterações do trato urinário. O exame deve ser feito em urina recém- coletada, no meio do jato urinário, em frasco limpo. No homem incircunciso, o prepúcio deve ser retraído e o meato, limpo. Exame durante o período menstrual tem valor limitado, mesmo quando se tenta evitar eventual contaminação da urina com tampão vaginal. A melhor amostra para exame é a primeira urina da manhã, por ser mais concentrada e ter pH mais baixo, tornando possível melhor preservação dos elementos figurados e de cilindros, além de facilitar a determinação semiquantitativa da proteinúria. O exame tem início pela avaliação de cor, turvação e odor da urina; espuma em abundância indica proteinúria. Vários medicamentos podem alterar a cor da urina. Utilizam-se métodos físico-químicos para análise da densidade, do pH, pesquisa de proteínas, glicose e cetonas. Densidade urinária. Densidade urinária e osmolalidade são medidas que refletem a concentração urinária de solutos. A capacidade dos rins de concentrar até aproximadamente 4 vezes o volume de solutos do plasma é um dos principais indicadores de eficiência da função renal. Os rins eliminam urina com densidade específica que varia de 1,001 a 1,040, o que corresponde a osmolalidade de 50 a 1.100 müsm/kg H20. pH. O pH varia entre 4,5 e 8,0. Um pH urinário abaixo de 6,0 pode ser considerado normal. Na primeira urina da manhã, geralmente, o valor encontrado está entre 5,0 e 6,0. Se estiver acima de 8,0, sugere a ocorrência de infecção, alcalose sistêmica, acidose tubular renal ou uso de acetazolamida. Proteínas. A presença de proteína na urina (proteinúria) em quantidade superior a 150 mg/dia está acima dos valores normais. A proteinúria é um sinal comum nas doenças renais e das vias urinárias; pode ser um achado isolado ou estar associada a outros elementos. Glicose. A presença de glicose na urina (glicosúria) é determinada por agentes redutores não específicos ou com tiras com reagentes específicos para glicose. Os agentes redutores não específicos, além de menos sensíveis, produzem reação falso- positiva em presença de vários açúcares, ácidos e alguns medicamentos. A tira reagente é sensível a concentrações de até 100 mg/ df de glicose. Concentrações elevadas de glicose na urina estão associadas a diabetes melito, glicosúria renal. A glicosúria deve ser diferenciada de outras condições que envolvam a existência de carboidratos na urina, como lactosúria e galactosúria. Cetonas. Quando o organismo metaboliza glicídios de modo incompleto, ocorre formação de corpos cetônicos facilmente detectáveis na urina. Presença de cetonúria em pacientes com diabetes melito indica descompensação metabólica grave. 6- Infecção do Trato Urinário: diagnóstico Aldillany Maria Pacientes em uso de levodopa costumam apresentar resultados falso-positivos, que também podem ocorrer no jejum prolongado e na cetoacidose alcoólica. Urobilinogênio. É um derivado incolor da bilirrubina, que é em parte excretado com as fezes e em parte reabsorvido e excretado com a urina. Na icterícia obstrutiva, o urobilinogênio não é drenado para o intestino e, portanto, sua concentração na urina é baixa. Em outros tipos de icterícia, a quantidade de urobilinogênio na urina está aumentada. Teste do nitrito. A positividade do teste baseia-se na capacidade de as bactérias gram-negativas transformarem nitratos em nitritos. Sedimento urinário. O sedimento urinário é examinado para identificar células, cilindros e bactérias. Sedimento rico sugere doença glomerular. Hemácias. Considera-se normal a ocorrência de até duas hemácias por campo de grande aumento. Quando em quantidade superior, tem-se hematúria microscópica, dado muito importante na detecção de doenças renais ou das vias urinárias. Estados febris, esforço físico, frio intenso e distúrbios da coagulação podem ocasionar hematúria microscópica, sem que haja necessariamente lesão renal. Bactérias e fungos. Em geral, a urina não contém bactérias ou fungos. A presença de bactérias pode denotar contaminação, quando a urina não foi colhida com os cuidados de assepsia e examinada imediatamente após a emissão. Cristais. Sendo a urina normalmente supersaturada de sais, é natural a formação de cristais, ocasionando cristalúria. Os cristais de ácido úrico são os mais comuns, assumindo diversos formatos e cores, variando de amarelo a amarronzado. Cilindros. São corpos proteicos que assumem a forma do segmento do néfron em que são formados. Têm grande importância diagnóstica justamente pelo fato de sua origem ser no parênquima renal. Dosagem de creatinina e ureia. A taxa de filtração glornerular (TFG) é considerada o melhor índice de função renal. A avaliação da TFG é de amplo uso clínico para detectar deficiência de função e acompanhar sua evolução na vigência de processos patológicos. Um dos principais parâmetros para avaliar TFG é a dosagem da creatinina sérica. O nível normal de ureia está entre 18 e 45 mg/dl e o de creatinina, entre 0,6 e 1,2 mg/dl. A CrS é o parâmetro endógeno mais comumente utilizado para estimar a TFG. A creatinina é livremente filtrada pelo glomérulo e secretada pelo túbulo proxirnal; deste modo, a creatinina excretada na urina origina-se da filtração glornerular (85%) e da secreção tubular (15%). Quanto maior o nível sérico de creatinina, menor deverá ser a TFG e maior a proporção de creatinina originada de secreção tubular. A secreção de creatinina é inibida por diversos medicamentos: Ácido acetilsalicílico, cimetidina, trirnetoprima, espironolactona e arnilorida. Cefoxitina, cefalotina e níveis elevados de acetoacetato na cetoacidose diabética podem provocar aumento da creatinina sérica pelo fato de interferirem na reação de coloração. A concentração de ureia no sangue depende de sua produção no organismo, da ingesta de proteínas, do índice de filtração glomerular e do estado de hidratação do paciente. Aldillany Maria Ultrassonografia Esse método é um excelente recurso não invasivo para avaliação renal, vesical e prostática. Dispõe de muitas vantagens, como não invasividade, ampla disponibilidade e não utilização de radiação ionizante, esta última característica muito importante principalmente na faixa etária pediátrica, em mulheres em idade reprodutiva e em gestantes. As principais indicações da ultrassonografia nesse contextosão para a identificação de obstrução, diagnóstico diferencial entre lesões sólidas e císticas, avaliação da insuficiência renal aguda e crônica, seguimento de pacientes com rins transplantados e como guia para procedimentos invasivos (p. ex., biopsia renal e aspiração de cistos). Exame bacteriológico da urina O exame bacteriológico da urina compreende a microscopia direta (simples e de baixo custo) e a cultura. Em ambas, são indispensáveis as precauções para evitar contaminação exterior. Além disso, a urina deve ser examinada ou preparada para cultura em tempo inferior a 30 min. Caso não seja viável, deve-se refrigerá-la, para impedir crescimento bacteriano. Tomografia computadorizada (TC) Tomografia computadorizada (TC) com contraste iodado intravenoso tornou-se o método de escolha na avaliação da maioria das lesões focais renais. Além de possibilitar melhor caracterização de lesões detectadas à US, também viabiliza um acurado estadiamento pré-terapêutico. A tomografia computadorizada não contrastada é ainda considerada o padrão- ouro na avaliação da litíase urinária. Biopsia renal Atualmente, a biopsia renal é utilizada sempre que se faz necessário elucidar a natureza e a magnitude de lesões renais, assim como na orientação do nefrologista para a terapêutica e o prognóstico da enfermidade renal. Endoscopia A utilização de endoscópios (cistoscópio e ureteroscópio) possibilita a visualização da superfície interna da uretra e da bexiga, viabilizando a identificação de neoplasias, cálculos, fatores de manutenção de infecção, corpos estranhos, origem de hematúria, malformações e orifícios ureterais. Também é possível a utilização da endoscopia para a realização de biopsias, extração de cálculos ureterais e ressecção de neoplasias. A síndrome nefrítica é uma manifestação de inflamação do capilar glomerular. Caracteriza-se por: Disfunção renal de início abrupto Cilindros hemáticos Oligúria Proteinúria subnefrótica Edema Hipertensão arterial Hematúria A clássica tríade sintomática: edema, hipertensão e hematúria. Do ponto de vista evolutivo e de gravidade das lesões, a síndrome nefrítica pode ser classificada como glomerulonefrite aguda, glomerulonefrite rapidamente progressiva e glomerulonefrite crônica. Glomerulonefrite aguda: caracteriza-se pelo aparecimento súbito de urina escura, hipertensão arterial, edema (especialmente periorbitário pela manhã) e azotemia. Hipertensão arterial é decorrente da expansão do volume intravascular. O paciente se recupera em dias ou semanas em 97% dos casos, embora o quadro clínico possa não ter remissão completa. Exames sorológicos especiais que podem orientar quanto à etiologia da doença e ao tratamento: Anticorpos antinucleares (ANA). Crioglobulinas. IgA. Anticorpos anticitoplasma de neutrófilos (ANCA). Anticorpos antimembrana basal glomerulat (anti-GBM). Título de antiestreptolisina O (ASLO). 7- Síndrome Nefrítica aguda: diagnóstico Aldillany Maria Fator nefrítico C3 e marcadores virais de hepatite. A biopsia renal pode ajudar na caracterização do tipo de glomerulonefrite. Glomerulonefrite rapidamente progressiva (GNRP): é uma síndrome clínica caracterizada por perda rápida da função renal (dias a semanas), geralmente acompanhada de oligúria ou anúria e alterações urinárias características de glomerulonefrite (hematúria, cilindros hemáticos e proteinúria). A principal característica histopatológica da GNRP é a presença de crescentes em mais de 50% dos glomérulos renais. Crescente: proliferação de células epiteliais, acompanhada da deposição de fibrina, polimorfonucleares e monócitos no espaço de Bowman, assumindo formato de meia-lua. Glomerulonefrite crônica. É a via final comum de todas as glomerulopatias que evoluem para cronicidade e insuficiência renal terminal. Manifesta-se de modo insidioso, o paciente não se queixa, e a doença é descoberta em exames de rotina em pacientes com hipertensão arterial ou que relatam apenas edema discreto. Apresentam-se com elevação nos níveis séricos de ureia e creatinina, alterações do sedimento urinário com proteinúria e/ou hematúria. Outras entidades responsáveis pela síndrome nefrítica: endocardite bacteriana subaguda, malária, esquistossomose, hepatites B e C, infecção estreptocócica e outras infecções. Entre as de etiologia desconhecida destacam-se as colagenoses (lúpus eritematoso sistêmico, poliarterite nodosa), a purpura de Henoch-Schonlein e a glomerulopatia IgA-IgG (doença de Berger). Desenvolve-se quando ocorre uma elevação exagerada da permeabilidade da membrana basal glomerular de filtração. Isso é responsável pela perda de proteínas na urina (proteinúria). Manifestações: Proteinúria (superior a 3,5 g/24h). Hipoalbuminemia (albumina sérica inferior a 3,5 g/de). Edema. Pode acompanhar-se de hiperlipidemia, além de estado de hipercoagulabilidade (sendo trombose venosa a manifestação mais comum). Há perda predominantemente de proteína de baixo peso molecular, como a albumina. A concentração de albumina sérica é geralmente inferior a 2 g/de e, nos casos mais graves, inferior a 1g/de. O colesterol total, as lipoproteínas de baixa densidade e os triglicerídios estão elevados. A síndrome nefrótica pode resultar não só de doença renal primária, frequentemente de etiologia desconhecida, como também da agressão renal por doença sistêmica (diabetes mellitus, amiloidose, colagenose, mieloma múltiplo). Há uma diversidade de fatores etiopatogênicos: distúrbios genéticos, agentes físicos (irradiação), agentes químicos (metais pesados, drogas) ou agentes mecânicos (trombose das veias renais). REFERÊNCIAS Semiologia Médica - Porto & Porto - 7ª ed. Semiologia Médica - As bases do diagnóstico clínico - Vol 1 e II - López & Medeiros - 4ª ed. Exame Clínico - Porto & Porto - 8ª ed – 2017. 8- Síndrome Nefrótica: diagnóstico
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