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INSTRUMENTOS OPERATORIOS A estrutura dentária, em especial o esmalte, é um elemento de grande dureza, o que implica a necessidade de instrumentos suficientemente resistentes para cortar ou desgastar com eficiência o esmalte ou dentina. Os instrumentos operatórios para o preparo de cavidades podem ser agrupados nas seguintes categorias: • Instrumentos cortantes manuais • Instrumentos rotatórios • Laser • Sistemas ultrassônicos. As duas últimas categorias são instrumentos alternativos aos rotatórios, com grande enfoque para abordagens de lesões cariosas e não cariosas, permitindo uma configuração cavitária especialmente adequada aos sistemas restauradores adesivos. INSTRUMENTOS CORTANTES MANUAIS São instrumentos empregados para cortar, clivar e planificar a estrutura dentária, ou complementar a ação dos instrumentos rotatórios, durante o preparo das cavidades. Podem ser simples (Figura 3.1A) ou duplos (Figura 3.1B). Em geral, cavidades acabadas com instrumentos cortantes manuais demonstram menor infiltração marginal se comparadas com as realizadas com instrumentos rotatórios devido à melhor lisura de superfície e adaptação do material restaurador às paredes da cavidade. Os instrumentos cortantes manuais são constituídos por três partes: cabo, intermediário e lâmina ou ponta ativa A maioria dos instrumentos apresenta um cabo octavado e serrilhado, de modo a evitar deslizamentos quando em função.5 Entretanto, instrumentos de cabo circular oco são mais leves e de melhor empunhadura. Os instrumentos auxiliares, de inserção e de acabamento, não apresentam fórmula, apenas um número de identificação, como por exemplo a espátula de inserção no 1 (Figura 3.2). Figura 3.1 Instrumentos simples (A) e duplos (B), constituídos por cabo (c), intermediário (i) e lâmina ou ponta ativa (L). Figura 3.2 Exemplo de instrumento duplo, que não apresenta fórmula, e sim o número de série Tipos de instrumentos cortantes manuais Os principais tipos, ou mais usados, de acordo com a classe (forma de ponta ativa) e a ordem (finalidade) são: • Cinzéis: instrumentos usados principalmente para planificar e clivar o esmalte. Podem ter diferentes formas e angulações e são denominados: Cinzéis retos: têm o intermediário e a lâmina retos e apresentam bisel em apenas um dos lados da lâmina (Figura 3.3A) Cinzéis monoangulados: têm um ângulo intermediário. Podem ser usados para alisar as paredes de esmalte e dentina Cinzéis biangulados: têm duas angulações no intermediário. Podem ser usados também para planificação das paredes cavitárias em dentes superiores (Figura 3.3B) Cinzéis de Wedelstaedt: têm o intermediário e a lâmina ligeiramente curvos. São os mais versáteis dos instrumentos manuais de corte, servindo para diferentes propósitos (Figura 3.3C) https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter03.html#fig3-1 https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter03.html#fig3-1 https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter03.html#ref5 https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter03.html#fig3-2 https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter03.html#fig3-3 https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter03.html#fig3-3 https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter03.html#fig3-3 https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter03.html#fig3-3 • Enxadas: são muito semelhantes aos cinzéis, diferenciando-se por apresentar o ângulo da lâmina próximo a 25° centesimais. Quando a angulação da lâmina for menor do que 12,5° centesimais, o instrumento pode ser considerado cinzel. As enxadas são usadas para alisar as paredes cavitárias, principalmente as de classe V, em dentes anteriores. Seu uso é principalmente indicado para o acabamento final das paredes internas das cavidades, apesar de também serem empregadas para planificar as paredes de esmalte (Figura 3.4) • Machados: a lâmina do machado é paralela ao eixo longitudinal do instrumento. São usados para clivar, aplainar esmalte e planificar as paredes vestibular e lingual das caixas proximais de cavidades de classe II (Figura 3.5B) Figura 3.3 Cinzéis: reto (A); biangulado (B); de Wedelstaedt (C). Figura 3.4 Enxadas: monoangulada (A); biangulada (B); triangulada (C). https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter03.html#fig3-4 https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter03.html#fig3-5 Figura 3.5 Machados: biangulados (A); triangulado (B). • Recortadores de margem gengival: são usados especialmente para planificação do ângulo cavossuperficial gengival, arredondamento do ângulo axiopulpar e determinação de retenção na parede gengival/cervical de cavidade de classe II (Figura 3.6). As lâminas dos recortadores de margem gengival são curvas e anguladas para aplicações dos lados direito e esquerdo, tanto nas superfícies mesial como distal, do dente • Formadores de ângulo: apresentam a extremidade da lâmina em ângulo agudo com o eixo longitudinal, em vez de ângulo reto como a maioria dos instrumentos manuais de corte (Figura 3.7). São usados para acentuar ângulos diedros e triedros e determinar f orma de retenção, principalmente em cavidades de classes III e V Formadores de ângulos. Recortadores de margem gengiva • Colher de dentina: é um instrumento escavador usado para a remoção de tecido cariado. Esse instrumento tem um desenho semelhante ao de machado, sendo a lâmina ligeiramente curva e com a extremidade arredondada. A colher de dentina pode apresentar a extremidade em forma de disco. A escolha da forma desse instrumento depende do caso em particular e da preferência do profissional (Figura 3.8). Afiação dos instrumentos cortantes manuais A manutenção dos instrumentos sempre afiados é essencial para a efetividade de corte e para o refinamento de preparos cavitários. A afiação pode ser manual ou mecânica. • Estabelecer um bisel adequado antes de iniciar a afiação e manter o instrumento fixo, em posição correta, durante todo o procedimento • Manter a pedra lubrificada com uma fina camada de óleo bem fluido • Usar pouca pressão contra a pedra para evitar o desenvolvimento de calor com o atrito • Usar, sempre que possível, uma guia para orientar o plano de desgaste do instrumento • Conservar as pedras de afiar limpas e livres de esquírolas de metal. Figura 3.8 Tipos de escavadores ou colheres de dentina: de Black (A); de Gillet (B), de Darby-Perry (C); com intermediário longo para pulpotomia (D). https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter03.html#fig3-6 https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter03.html#fig3-7 https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter03.html#fig3-8 Afiação mecânica Para a afiação mecânica é possível empregar motores elétricos especiais, com pedras de Arkansas, cilíndricas ou em forma de roda, montadas em seu próprio eixo. Alguns profissionais preferem afiar os instrumentos em pedras de Arkansas ou discos de granulação fina montados em mandril para peça de mão (Figura 3.9). Técnica. Cinzéis, machados, enxadas, recortadores de margem gengival e formadores de ângulo devem ser colocados,de acordo com o ângulo da extremidade cortante e o bisel do instrumento, em contato com a pedra, ligando-se em seguida o motor, exercendo-se leve pressão sobre a pedra cilíndrica ou o disco em movimento. Afiação manual Para a afiação manual emprega-se, de preferência, uma pedra de Arkansas plana e previamente lubrificada, colocada sobre uma superfície plana e lisa. Segura-se o instrumento com uma das mãos e adapta-se o bisel sobre a pedra; com a outra mão desliza-se a pedra em um movimento de vaivém, deixando-se o instrumento fixo (Figura 3.10). Figura 3.9 Alternativas de afiação mecânica, empregando pedra de Arkansas montada em mandril (A) ou disco de granulação fina (B) . Figura 3.10 Técnica de afiação manual: o instrumento é mantido fixo enquanto a pedra de Arkansas é movimentada. INSTRUMENTOS ROTATÓRIOS Equipamentos Os equipamentos mais utilizados com os instrumentos rotatórios são: os motores de velocidade convencional, nos quais o movimento é transmitido à peça de mão por meio de roldanas e cordas ou por ar comprimido (micromotores); turbinas de alta velocidade movidas a ar comprimido, que giram diretamente na extremidade da peça de mão contra-angulada ou angulada (Figura 3.11). Encontram-se ainda turbinas com cabeça reduzida para atuar em locais de difícil acesso, e com luz LED transmitida por fibra ótica ou com luz gerada por dínamo, que favorece a visualização durante o preparo cavitário (Figura 3.12). Em motores de baixa velocidade as peças de mão são utilizadas individualmente, no caso de instrumentos rotatórios de haste longa, ou acopladas a contra-ângulos e ângulos, com os instrumentos de haste curta. As peças de mão retas são usadas geralmente nos casos de preparos de cavidades em dentes anteriores, com acesso vestibular; para os demais, são empregadas as peças anguladas ou contra-anguladas. A rotação convencional geralmente é utilizada para o acabamento das paredes cavitárias, após a instrumentação com alta rotação e também no preparo de cavidades de dentes anteriores, quando se requer um mínimo de extensão. As turbinas de alta velocidade são utilizadas para a rápida redução da estrutura dentária e determinação das formas de contorno. https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter03.html#fig3-9 https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter03.html#fig3-9 https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter03.html#fig3-10 https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter03.html#fig3-11 https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter03.html#fig3-12 Figura 3.11 Micromotor com peça reta (A); micromotor com contra-ângulo (B); turbina de alta rotação (C). Figura 3.12 Turbinas de alta rotação com fibra ótica (A) e com dínamo (B). As brocas utilizadas nas turbinas têm haste lisa e diâmetro menor do que as utilizadas em rotação convencional. Existem no comércio contra-ângulos especiais, empregados em rotação convencional, que possibilitam a utilização de brocas para alta rotação. Adaptadores metálicos ou plásticos permitem a utilização de brocas para alta rotação em contra-ângulo com rotação convencional em micromotor (Figura 3.13), mas não possibilitam a mesma precisão (maior vibração) e preensão da broca. Figura 3.13 Contra-ângulo empregado para brocas de intermediário curto com encaixe (A) ou brocas para alta rotação (C), com emprego de adaptador especial (B). https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter03.html#fig3-13 Classificação das rotações A velocidade de giro do instrumento recebe a denominação de rotação por minuto (rpm). Objetivando simplificar a terminologia dessas velocidades, três variações têm sido utilizadas, a saber: baixa (menos de 40.000 rpm), média (40.000 a 200.000 rpm) e alta (mais de 200.000 rpm). O emprego da baixa velocidade (menos de 6.000 rpm) é indicado para procedimentos de profilaxia dentária, remoção de cárie, acabamento da cavidade e polimento. Nessa velocidade, a percepção tátil é maior e há menos geração de calor. A média velocidade (40.000 a 200.000 rpm) pode ser utilizada para o preparo cavitário, embora não seja tão efetiva e eficiente como a alta. Os procedimentos, como preparos de cavidades em dentes anteriores, sulcos de retenção e biséis, são mais bem executados nessa velocidade. Também pode ser utilizada em áreas onde a visão é limitada e deve ser guiada pelo senso tátil. Os procedimentos que empregam a alta velocidade (acima de 100.000 rpm) relacionam-se com a remoção de restaurações antigas, obtenção da forma de contorno (interna e externa), redução de cúspides e desgastes axiais para coroas totais. Canetas de alta e baixa rotações com iluminação soluções com um dispositivo de iluminação integrado, podendo ser divididos em 2 tipos: iluminação via fibra ótica ou LED com gerador interno. O primeiro depende da instalação de uma fibra ótica no equipo odontológico, sendo geralmente mais caro do que a solução com o LED integrado, porém apresenta como vantagem a opção de manter a iluminação ligada mesmo com a caneta não acionada. A segunda opção apresenta como vantagens o fato de ser mais versátil, visto que não é necessária nenhuma instalação adicional, podendo ser utilizada em qualquer cadeira odontológica, além do menor custo. Como desvantagem, a iluminação só funciona quando a caneta de alta rotação está acionada. Uma outra tendência é a utilização de canetas de alta rotação que têm duas opções de iluminação por LED, sendo uma branca e outra violeta (fluorescente). Neste sistema, produzido pela Gnatus (Cobra LED Ultra Vision), na primeira opção o aparelho funciona como uma caneta de alta rotação com LED convencional (Figura 3.14). Na segunda opção, o LED azul é capaz de evidenciar a fluorescência de materiais resinosos, desde que a resina apresente esta propriedade. Clinicamente esta evidenciação possibilita a remoção seletiva de restaurações em resina composta, resinas empregadas para colagem de dispositivos ortodônticos e cimentação de restaurações indiretas, reduzindo a possibilidade de danos desnecessários às estruturas dentárias e/ou cerâmicas (Figura 3.15A). Apesar de não se indicar a remoção de tecido cariado com o uso de alta rotação, a luz violeta deste sistema pode ser empregada para a evidenciação das lesões e diferenciação do tecido sadio (Figura3.15B). Figura 3.14 A alta rotação com LED convencional (A) e LED azul (B). Esta caneta de alta rotação é acoplada a uma base que é ligada à energia elétrica e à saída de alta rotação convencional presente em cadeiras odontológicas (C). https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter03.html#fig3-14 https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter03.html#fig3-15 https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter03.html#fig3-15 https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter03.html#fig3-15 Contra-ângulo multiplicador Este contra-ângulo pode ser acoplado a um micromotor ou motor elétrico e é capaz de multiplicar por quatro a cinco vezes as rotações do mesmo, atingindo uma rotação máxima de 200.000 rpm, com alto torque e baixa vibração. Outra característica importante é que este sistema utiliza pontas ou brocas de alta rotação sem a necessidade de adaptadores, dessa forma aumentando a precisão. Por essas características, são ideais para o refinamento de preparos protéticos e restaurações diretas em resina composta (Figura 3.16). Figura 3.15 Utilização de LED azul para evidenciar a fluorescência de cimento empregado para a colagem de dispositivos ortodônticos (A). Uso alternativo para evidenciaçãode lesões cariosas e diferenciação do tecido sadio (B). Figura 3.16 Contra-ângulo multiplicador. Instrumentos rotatórios de corte Os instrumentos rotatórios podem ser classificados em dois grupos, segundo o seu modo de ação: • Por corte: representados pelas brocas • Por desgaste: representados pelas pontas diamantadas, pedras montadas de carborundum e outros abrasivos. As brocas apresentam três partes: haste, intermediário e ponta ativa (Figura 3.17). A haste é a porção da broca que é conectada à peça de mão, ao contra-ângulo ou à turbina. Ela pode ser longa, para peça de mão (Figura 3.18A); curta, com encaixe, para contra-ângulo (Figura 3.18B); curta, sem encaixe e com menor diâmetro, para turbina (Figura 3.18C). Figura 3.17 Partes constituintes de uma broca: haste (H); intermediário (C); ponta ativa (P) https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter03.html#fig3-16 https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter03.html#fig3-17 https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter03.html#fig3-18 https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter03.html#fig3-18 https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter03.html#fig3-18 . Figura 3.18 A. Broca para peça reta. B. Broca para contra-ângulo. C. Broca para turbina de alta rotação. O intermediário ou colo une a ponta ativa à haste. A broca de haste longa tem um intermediário ligeiramente maior com relação às outras duas. Por outro lado, as brocas para contra-ângulo e para turbinas de alta velocidade têm haste e intermediário mais curtos, o que facilita o seu uso em dentes posteriores. A ponta ativa é a parte de trabalho do instrumento, a qual atua por meio de pequenas lâminas. Sua forma e o material usado para sua fabricação estão diretamente relacionados com sua utilização. São utilizados diversos materiais para a fabricação das brocas, a saber: • Aço (liga ferro-carbono): mais empregado em brocas para os procedimentos de remoção de dentina cariada e acabamento das cavidades com baixa rotação • Carbide (carboneto de tungstênio): mais resistente que o aço, constitui a base das brocas que são utilizadas para o preparo de cavidades, tanto em baixa quanto em alta rotação. As formas básicas de ponta ativa das brocas (Figura 3.19) utilizadas para preparos cavitários são: • Esféricas: utilizadas principalmente para a remoção de tecido cariado, confecção de retenções e acesso em cavidades de dentes anteriores • Cilíndricas: utilizadas para confeccionar paredes circundantes paralelas e avivar ângulos diedros; a maioria dessas brocas tem corte na extremidade e nas partes laterais da ponta ativa • Troncocônicas: utilizadas para dar forma e contorno em cavidades com paredes circundantes expulsivas e para determinar sulcos ou canaletas em cavidades para restaurações metálicas fundidas; são indicadas também para determinar retenções nas caixas proximais, em cavidades para amálgama • Cone invertido: utilizadas especialmente para determinar retenções adicionais, planificar paredes pulpares e, eventualmente, avivar ângulos diedros • Roda: utilizada para determinar retenções, especialmente em cavidades de classe V. Outros tipos de brocas encontradas no comércio são utilizados para a confecção de formas cavitárias especiais, para amálgama ou restaurações metálicas fundidas (Figura 3.20). As brocas para acabamento apresentam formas variadas e têm lâminas lisas, menores e em número maior que as brocas comuns. Observação. As brocas esféricas, cilíndricas e troncocônicas podem ser lisas ou picotadas, com lâminas dispostas paralelamente ao longo do eixo da haste ou em forma de espiral. As cilíndricas e as troncocônicas são também chamadas brocas de fissura. Figura 3.19 Formas básicas de brocas de aço empregadas para preparos cavitários. https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter03.html#fig3-19 https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter03.html#fig3-20 Figura 3.20 Algumas brocas especiais para preparos cavitários com ângulos internos arredondados (557R e 331L); broca tipo trépano spiral bur (A); broca para ombro (957); broca para acabamento (B). Instrumentos rotatórios de desgaste Podem ser divididos em dois grupos distintos, segundo o método de colocação do abrasivo na ponta ativa: • Instrumentos abrasivos aglutinados: confeccionados de pequenas partículas abrasivas fixadas com uma substância aglutinante à haste metálica • Instrumentos abrasivos de revestimento: confeccionados com uma fina camada de abrasivo cimentado em base flexível. Os instrumentos aglutinados são representados pelas pontas diamantadas, pedras e pontas de carborundum, de óxido de alumínio, de carboneto de silício ou de abrasivo impregnado com borracha. Os instrumentos diamantados são fornecidos em várias formas e tamanhos (Figura 3.21), assim como as brocas de corboneto de tungstênio (carbide). Ao contrário das brocas, as pontas diamantadas não apresentam uma numeração de acordo com a classificação da American Dental Association.1, Por outro lado, os fabricantes têm seguido a Norma ISO9 (International Organization for Standardization) 2157, de 1995, referente à padronização de denominação e tamanho das partes ativas de instrumentos cortantes rotatórios, e fazem constar de seus catálogos o número ISO, que define o maior diâmetro da parte ativa do instrumento em décimos de milímetros. As pontas diamantadas são indicadas para reduzir a estrutura dentária, tanto de esmalte como de dentina, e devem ser utilizadas com refrigeração aquosa para eliminar os detritos que se depositam entre os grãos abrasivos, cuja consequência é a redução da eficiência de desgaste e maior produção de calor friccional. Figura 3.21 Principais formas de pontas diamantadas para preparar cavidades. A. Cilíndricas de extremo plano. B. Troncocônicas de extremo plano. C. Troncocônica de extremo arredondado. D. Cilíndricas de extremo arredondado. E. Cilíndrica de extremo ogival. Além das pontas diamantadas convencionais, encontram-se no comércio pontas diamantadas para acabamento superficial em resinas compostas, que apresentam diamantes de granulação fina (45 µm) e ultrafina (15 µm). Os demais instrumentos abrasivos são empregados para dar acabamento às paredes cavitárias ou para remover excessos mais grosseiros das restaurações. São apresentados em várias formas e tamanhos (Figura 3.22), diversos graus de abrasividade e em diferentes materiais (carborundum e óxido de alumínio). Além dessas formas, existem ainda os discos e as rodas para montar (diamantadas ou de carborundum), utilizados para diferentes finalidades e cujo uso requer um mandril (Figura 3.23). Os instrumentos abrasivos de revestimento, representados pelos discos, têm uma camada fina de abrasivos cimentados em base flexível. São utilizados para dar refinamento ao preparo cavitário ou à restauração. Apresentam diferentes abrasividades, com granulação grossa, média e fina. Esses discos são encontrados em vários diâmetros, a saber; 1/2, 5/8, 3/4 e 7/8”, e com diferentes sistemas de encaixes nos mandris. https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter03.html#fig3-21 https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter03.html#ref1 https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter03.html#ref9 https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter03.html#fig3-22 https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter03.html#fig3-23 Figura 3.22 Formas básicas de pedras montadas de carborundum e de óxido de alumínio. Figura 3.23 Instrumentosmontados em mandril (M): disco diamantado plano (A) e convexo (B); roda diamantada (C); disco de lixa de papel (D). Utilização dos instrumentos rotatórios Dessa forma, a capacidade de corte e a penetrabilidade de uma ponta nos tecidos dentários é definida por uma conjunção de fatores, dentre os quais destacam-se: o diâmetro e o desenho da ponta, a velocidade de rotação e o torque. Pressão exercida e diâmetro da ponta A pressão exercida pelo contato entre uma ponta e uma superfície é inversamente proporcional à superfície de contato, ou seja, quanto maior o diâmetro/superfície da ponta em contato com a superfície dentária, menor a pressão exercida sobre os tecidos dentários e vice-versa. Dessa forma, uma ponta de grande diâmetro gera menor pressão sobre a superfície dentária e, portanto, tem menor penetrabilidade nos mesmos. Velocidade axial e periférica A velocidade que se desenvolve seguindo o eixo longitudinal do instrumento rotatório é denominada velocidade axial. Quando se efetua um trabalho mecânico, ou seja, perfuração, corte ou desgaste de um elemento dentário ou outro qualquer, a velocidade periférica do instrumento é mais importante que a velocidade linear de superfície do instrumento rotatório, que é mais elevada quanto maior for o diâmetro do instrumento.13 Assim, um disco diamantado de 20,0 mm de diâmetro girando a uma velocidade axial de 24.000 rpm terá uma velocidade periférica na extremidade cortante de 25 metros por segundo. Para que uma broca de 2,0 mm de diâmetro tenha a mesma velocidade periférica é necessária uma velocidade axial de 240.000 rpm.13 Torque Também denominado momento de torção, o torque representa a capacidade de o instrumento rotatório resistir à ação da pressão produzida pelo contato de superfície que está sendo submetido ao corte, sem que seu movimento seja interrompido. Nos motores convencionais, o torque é bastante elevado e podem ser exercidas cargas de até 1.000 g sem que o instrumento pare.13 Não é aconselhável exercer pressões elevadas, que possam gerar desenvolvimento de calor excessivo, o que causaria reações pulpares indesejáveis. Com as turbinas, o torque é bem menor e a força exercida sobre a broca deve ser de aproximadamente 60 g para possibilitar um corte efetivo da estrutura dental.13 Concentricidade É a simetria da ponta ativa da broca; a excentricidade, por outro lado, está relacionada com o intermediário e a haste da broca. Se esta apresentar excentricidade durante a utilização, o intermediário pode estar inclinado em relação ao eixo longitudinal da haste ou, ainda, a conexão da haste com a pinça das turbinas ou peça de mão e contra-ângulo pode estar ruim.13 Qualquer indício de desgaste nessas engrenagens ou pinças exige substituição, pois uma broca excêntrica tem menor efetividade de corte, desgasta irregularmente a estrutura dentária e promove maior efeito vibracional, com desconforto para o paciente.13 https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter03.html#ref13 https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter03.html#ref13 https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter03.html#ref13 https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter03.html#ref13 https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter03.html#ref13 https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter03.html#ref13 Calor friccional e refrigeração Grande parte da energia cinética da broca ou da pedra, em contato com o dente, se transforma em calor. Esse calor por atrito tem relação direta com a pressão de corte e a velocidade de rotação, dependendo também de tipo, tamanho, qualidade e tempo de uso do instrumento cortante. Quando o instrumento rotatório gira a mais de 4.000 rpm, ele deve ser refrigerado para se evitarem danos aos tecidos pulpares. A refrigeração mais adequada é o spray água-ar, que deve atuar diretamente sobre a parte ativa da ponta; os instrumentos odontológicos devem adaptar-se com diferentes fontes para permitir refrigeração adequada. Além de possibilitar a dissipação de calor friccional, a refrigeração atua como agente de limpeza, removendo os detritos acumulados durante a redução da estrutura dentária, propiciando maior efetividade de trabalho13. Contaminação Durante a utilização de altas velocidades, partículas de restaurações antigas e fragmentos de estrutura dentária são deslocados vigorosamente da boca do paciente e podem atingir os olhos do profissional, provocando irritação. Isso pode ser evitado com o uso de óculos apropriados com lentes sem grau. Outro tipo de contaminação pode ocorrer, tendo em vista que, nos procedimentos de corte e desgaste, vapores de água da refrigeração combinam-se com a saliva e retornam ao meio ambiente em forma de aerossol. Como o profissional trabalha muito próximo da boca do paciente, ele pode aspirar microrganismos comuns presentes na saliva e outros não usuais se o paciente for portador de alguma moléstia infecciosa tal como hepatite, tuberculose, meningite etc. Pode-se evitar a contaminação, utilizando- se máscaras cirúrgicas que impedem a aspiração desses vapores e funcionam como filtro. https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter03.html#ref13 ERGONOMIA Posição de trabalho Entende-se como posição adequada de trabalho “aquela que proporcione melhor visibilidade do campo operatório e postura operatória ideal” e com a qual se alcance maior rendimento, com mínimo de desgaste físico do operador. Em laboratório, a posição do aluno (operador) é, geralmente, sentado, variando de 9 a 12 horas (45 a 90°) em relação ao manequim. Portanto, alguns princípios ergométricos básicos devem ser mantidos. Assim, o manequim deverá ser fixado em posição que possibilite ao operador trabalhar com os antebraços posicionados paralelamente ao solo; além disso, estando sentado, o operador deverá permanecer com o tronco ereto e as coxas paralelas ao solo (Figura 3.24). Para as cavidades de classes I e II, no hemiarco inferior esquerdo, o manequim deverá ser colocado de maneira que o plano oclusal dos dentes inferiores forme um ângulo de aproximadamente 45° em relação ao solo e ligeiramente inclinado para o lado direito (Figura 3.25). Figura 3.24 Operador trabalhando sentado, com o tronco ereto e as coxas e os antebraços paralelos ao solo. Figura 3.25 Operador trabalhando sentado e na posição correspondente a 9 horas. Com o manequim assim colocado, o operador trabalhará sentado e na posição correspondente a 12 horas (por trás do manequim). O operador terá então uma visão direta, além de conseguir apoio suficiente para a execução do trabalho. É uma posição adequada para todas as fases dos procedimentos operatórios, desde o preparo da cavidade até o término da restauração propriamente dita (Figuras 3.25 e 3.26). Em preparos e restaurações de cavidades de classes I e II, no hemiarco inferior direito, o manequim deverá ser fixado com o plano oclusal dos dentes inferiores paralelo ao solo. O operador trabalhará sentado, na posição correspondente a 8 ou 9 horas, isto é, lateralmente ao manequim (Figura 3.27). Também nessa posição o operador trabalha com visão direta. Quando a bancada do laboratório não permitir esse posicionamento, ele é conseguido colocando-se o manequim lateralmente ao operador (Figura 3.28). https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter03.html#fig3-24 https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter03.html#fig3-25 https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter03.html#fig3-25 https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter03.html#fig3-27 https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter03.html#fig3-28 https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter03.html#fig3-28Figura 3.26 Posição do operador correspondente a 12 horas. Figura 3.27 Posição do manequim para intervenções nas regiões oclusal e proximal dos dentes posteriores do hemiarco inferior esquerdo. Figura 3.28 Posição do manequim para se atuar nas regiões oclusal e proximal do hemiarco inferior direito. Preensão dos instrumentos Os instrumentos, de modo geral, devem ser empunhados de modo a permitir o máximo de rendimento e o mínimo de desgaste físico ao operador. Certos princípios devem ser observados para que o operador utilize os instrumentos em posições corretas, até que sejam assimiladas; então poderá escolher uma forma pessoal de manejá-los. Além da preensão correta do instrumento, o profissional deverá lograr apoio em elementos dentários do mesmo arco, e o mais próximo possível do dente que está sendo tratado, para ter certeza de que o instrumento não deslizará bruscamente, o que poderá provocar lesões nos tecidos vizinhos. Fundamentalmente, existem duas formas de empunhar os instrumentos: • Posição de escrita: posição de preensão dos instrumentos mais usada e versátil, pois com ela é possível exercer grande pressão ou atuar com extrema delicadeza, já que ela proporciona apoio dos dedos polegar, indicador e médio (Figura 3.29). Durante o trabalho na área superior, utiliza-se a posição de escrita invertida (Figura 3.30) https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter03.html#fig3-29 https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter03.html#fig3-30 Figura 3.29 Preensão do instrumento em posição de escrita. Figura 3.30 Preensão do instrumento em posição de escrita invertida. Figura 3.31 Preensão do instrumento em posição digitopalmar. • Posição digitopalmar: é usada quando for necessária maior força do que a produzida com a posição de escrita. A estabilidade é conseguida com alguma dificuldade, mas é uma posição muito útil, inclusive na remoção da estrutura dental debilitada (Figura 3.31). https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter03.html#fig3-31 INSTRUMENTOS ALTERNATIVOS Laser Um cristal ou gás é excitado para emitir fótons luminosos, com um comprimento de onda específico, que são ampliados e filtrados para tornar um foco de luz coerente (de mesmo comprimento de onda), colimado (ondas eletromagnéticas paralelas) e monocromático (uma única cor). Os efeitos do laser dependem da intensidade da energia radiante emitida (joules/cm2), do modo e tempo de exposição e do tipo de substrato. A absorção da energia decorrente dos diferentes comprimentos de ondas varia em função do tipo de tecido, ou seja, duro ou mole. Os melhores resultados são obtidos quando o comprimento de onda do laser é próximo à banda de absorção do substrato. Altas densidades de energia e/ou tempos maiores podem produzir ação equivalente ao desgaste ou corte da superfície com instrumentos rotatórios. O laser pode ser operacionalizado com ondas contínuas ou pulsadas, sendo que comumente o controle da energia emitida pelo aparelho é estabelecido na forma de pulsos. Normalmente a média de pulsos, que pode ser selecionada pelo operador, situa-se entre 20 e 1.000 hertz ou ciclos por segundos, e a duração do pulso entre 1 e 50 microssegundos. As principais razões para a aplicação do laser em tecidos duros envolvem a esperança de reduzir a dor e desconforto do paciente, que estão presentes quando se usa o processo tradicional de corte da estrutura dental, com instrumentos rotatórios de alta e baixa rotação, possibilitando um tratamento mais conservador por meio de abordagem precisa de lesões incipientes e remoção seletiva de tecidos sadio/cariado.12 O uso do laser na Odontologia tem apresentado evolução constante, principalmente devido às observações favoráveis relacionadas à sua aplicabilidade clínica. A literatura científica odontológica está repleta de estudos revelando a ampla faixa de utilização do laser, envolvendo tanto tecidos moles quanto tecidos duros, além da polimerização de resinas compostas e como coadjuvante em procedimentos clareadores. Em 1990, a FDA (Food and Drug Administration), órgão governamental dos EUA, aprovou o laser de neodímio:yttrium.aluminum.garnet (Nd:YAG) como opção viável para procedimentos odontológicos. Dessa forma, o pioneirismo dos clínicos envolvidos com a tecnologia do laser permitiu o uso do laser de neodímio:YAG na remoção de lesões cariosas incipientes em esmalte e dentina, sem nenhum dano ao tecido pulpar, e o condicionamento de superfície de esmalte, demonstrando ainda potencial para prevenir lesões em esmalte quando este for irradiado com a energia do laser. Face ao efeito de ablação do laser, podem-se remover debris orgânicos e inorgânicos presentes em cicatrículas e fissuras sem injuriar o esmalte adjacente. Os fatores limitantes da tecnologia do laser relacionam-se com a inabilidade de se determinar a extensão da lesão cariosa dentro da fissura para removê-la com eficiência. Em 1991, a Academia Internacional de Laser em Odontologia estabeleceu instruções para a utilização do laser em preparos cavitários para restaurações estéticas, além de parâmetros de energia e de técnicas para o emprego do laser de Nd:YAG em cicatrículas e fissuras e remoção de tecido cariado. Em 1997, a FDA aprovou o uso do laser de érbio:YAG em procedimentos em tecidos duros, tais como remoção de tecidos cariados e realização de preparos cavitários. O comprimento de onda desse tipo de laser é de 2,94 µm, sendo muito bem absorvido pela água e pela hidroxiapatita. Seu modo de atuação permite remover esmalte e dentina por ablação de forma muito rápida e sob refrigeração de spray de água, sendo menos traumático que a broca de alta rotação, e a lesão cariosa pode ser vaporizada sem dano ao tecido vizinho e sem que o calor afete a polpa, oferecendo para o paciente um conforto com a ausência de contato mecânico durante o tratamento e de ruído. Além disso, em alguns procedimentos, a anestesia não é necessária. Face aos riscos eminentes na utilização dos aparelhos de laser, a Academia Americana de Laser em Odontologia estabeleceu parâmetros gerais de segurança e que envolvem, entre outros, os seguintes cuidados: • Proteção dos olhos tanto da equipe de trabalho quanto do paciente • Proteção dos tecidos-alvo e não alvo • Ambiente de trabalho com avisos de advertência apropriados e com acesso de pessoas limitado durante utilização. Não obstante o desenvolvimento e as vantagens inerentes ao uso do sistema laser em Odontologia, os aparelhos disponíveis ainda têm alto custo. Sua aquisição só se justifica se o aparelho for usado de forma sistemática no consultório. Em termos de preparo cavitário, apresentam limitação para remover grandes quantidades de estrutura dental, esmalte e dentina; não permitem a definição de paredes cavitárias como se estabelece com instrumentos rotatórios, sendo, portanto, mais indicado https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter03.html#ref2 https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter03.html#ref12 para procedimentos restauradores com materiais adesivos. Sistemas ultrassônicos Um sistema alternativo para preparos cavitários envolve a instrumentação ultrassônica (vibração acima de 20.000 Hz), por meio de movimentos oscilatórios de pontas diamantadas com diferentes configurações, e cuja transmissão é estabelecida por uma peça de mão acoplada a uma terminação de ar comprimido, permitindo a obtenção de cavidades com geometria precisa e melhor acabamento, haja vista que as pontas estabelecem o desgaste da estrutura dentária com maior controle operacional, diferentemente dos instrumentos rotatórios.8,14 Um sistema que utiliza ultrassom na confecção de cavidades foi desenvolvido por pesquisadores brasileirosno Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) a partir da tecnologia CVD (do inglês chemical vapor deposition). Essa tecnologia foi usada inicialmente na produção de equipamentos para engenharia de aeronaves e, posteriormente, para uso na Odontologia. Em Odontologia, o diamante e sua forma de fixação nas pontas CVD são diferentes das pontas diamantadas convencionais, pelo fato de ser um diamante obtido por deposição química, a partir da fase de vapor (chemical vapor deposition). É um processo complexo, no qual a formação do diamante ocorre diretamente sobre uma haste de molibdênio, utilizando gases como metano na presença de hidrogênio. Nesse processo, após algumas interações físico-químicas o diamante é formado como peça única sobre a haste metálica sem necessidade de métodos de aderência, o que garante maior durabilidade ao instrumento.16 A tecnologia das pontas CVD associada ao ultrassom tem aplicação em algumas especialidades, como: Dentística, Endodontia, Prótese, Periodontia e Odontopediatria.6,7 Essa ponta de diamante, por meio de um adaptador, é fixada em um aparelho de ultrassom convencional (Figuras 3.32 e 3.33). A ativação do instrumento cortante por ultrassom, de forma geral, pode proporcionar menor ruído, menor sensibilidade operatória e preparos cavitários mais conservadores. Além disso, a vibração, em vez de rotação da ponta ativa do instrumento, favorece sua utilização em contato com tecidos moles, produzindo mínima lesão a gengiva, língua ou lábios (Figura 3.34). Alguns cuidados devem ser estabelecidos na utilização do sistema ultrassônico, tais como: a pressão durante o preparo não deve ser exagerada, pois causaria o amortecimento da vibração sônica. Para melhorar a relação rendimento/pressão em um preparo cavitário deve ser empregado o acionamento total do pedal de controle de ar. Para acabamento de margens, acionamento reduzido e suficiente refrigeração de ar/água. Para facilitar o processo de esterilização em autoclave, as pontas vêm acondicionadas em caixa metálica própria (Figura 3.32A). Figura 3.32 A. Sistema de pontas de diamantes acopladas ao aparelho de ultrassom que funcionam por movimento vibratório. B. Diferenças estruturais e no tamanho de partículas entre uma ponta diamantada convencional de granulometria regular (esquerda) e uma ponta de diamante CVDentus® (direita). https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter03.html#ref8 https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter03.html#ref14 https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter03.html#ref16 https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter03.html#ref6 https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter03.html#ref7 https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter03.html#fig3-34 https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter03.html#fig3-32 Figura 3.33 A. Ponta CVDentus® posicionada sobre uma lesão de cárie primária e incipiente na cicatrícula oclusal de um segundo pré-molar. B. Ponta CVDentus® sob refrigeração abundante, removendo o tecido cariado. C. Instrumentação da cavidade de classe I conservadora. Figura 3.34 A. Ponta de diamante do sistema CVDentus® sendo utilizada subgengivalmente para o acabamento de faceta direta de resina composta. B. Imediatamente após o acabamento da superfície de resina em nível subgengival, pode-se observar que a ponta de diamante causou mínima lesão à gengiva, o que é demonstrado pela ausência de sangramento. Microscópio operatório O uso de recursos para ampliação ou magnificação de imagens na Odontologia para melhorar a qualidade dos procedimentos operatórios tem sido relatado desde 1800. Os cirurgiões-dentistas têm recorrido às lupas cirúrgicas, com aumento entre 1 e 4 vezes, para favorecer as atividades clínicas e laboratoriais (Figura 3.35A). O microscópio operatório tem se apresentado como um instrumento auxiliar, em substituição à lupa, em diversas especialidades médicas, e somente a partir do final da década de 1970 foi introduzido na Odontologia. Apesar da denominação de microscópio, o aparelho não permite a visualização dos objetos em nível microscópico, e sim com um aumento que pode variar de 3 a 20 vezes (Figura 3.35B), permitindo refinamento da técnica operatória na qual a acuidade visual é melhorada por meio do uso de magnificação ótica. Figura 3.35 Diferentes tipos de lupas (A) e microscópio operatório (B). https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter03.html#fig3-35 https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter03.html#fig3-35 O uso de lupas é muito mais comum entre os profissionais, pois o custo é menor e elas são mais facilmente encontradas no mercado; a magnificação, porém, é limitada. As lupas comumente apresentam de 1 a 4 vezes de aumento e oferecem benefícios ergonômicos como maior distância entre o objeto e o operador, proporcionando uma postura mais ereta deste. Lupas com maior capacidade de aumento tornam-se pesadas e, em procedimentos mais demorados, podem incomodar o operador e provocar tremores no pescoço. O peso de uma lupa com aumento de 3 ou 4 vezes, como as fabricadas pela Lactona e Bio-Art, geralmente é suportado pela maioria dos profissionais. Lentes que oferecem grandes aumentos podem dificultar o procedimento pois tremores resultantes da cabeça do operador prejudicam a estabilidade do campo de visão. Por outro lado, o uso do microscópio operatório vem crescendo dentro das especialidades odontológicas. O microscópio oferece ao clínico uma tríade: iluminação, magnificação e precisão. Iluminação e acuidade visual melhoradas, juntamente com mãos experientes, tornam os procedimentos clínicos mais precisos. Desde o início da prática odontológica, a iluminação vem sendo continuamente melhorada. A tecnologia descobriu a fibra ótica que é uma excelente condutora de luz focada e vem sendo utilizada juntamente com algumas turbinas de alta rotação e alguns microscópios operatórios. Os refletores das cadeiras odontológicas apresentam em média 25.000 lux de potência, enquanto alguns microscópios chegam a mais de 80.000 lux de luz fria transmitida por fibra ótica. Para procedimentos restauradores que envolvem utilização da resina composta fotopolimerizável, essa potência de luz provoca a rápida polimerização do material resinoso. Dessa forma, alguns microscópios implementaram filtros de luz de cor laranja na saída da fonte de luz para evitar tal problema. Esse filtro deve ser utilizado somente no momento da aplicação de materiais fotopolimerizáveis (Figura 3.36). É ideal que a magnificação proporcionada pelo microscópio operatório varie de 3 a 20 vezes. Pelo fato de o microscópio ser externo ao corpo do profissional, o peso proporcionado pelas lentes de aumento não afeta a estabilidade do campo de visão. Apesar de alguns microscópios possibilitarem aumentos maiores, os procedimentos odontológicos não necessitam de aparelhos que aumentem mais do que 20 vezes. Aumentos maiores, proporcionados pelos microscópios, podem gerar dificuldades para se estabilizar o foco. Os dentes, objetos que devem ser visualizados em três dimensões, tendem a aparecer parcialmente fora de foco quando muito aumentados. Para evitar esse problema, é necessário que seja acoplada ao microscópio uma lente de grande profundidade de foco (p. ex., 200 mm). Vale ressaltar que os microscópios operatórios têm lupa com regulagem de magnificação e um sistema binocular. A visão paralela resultante evita a fadiga dos olhos, o que não ocorre com as lupas que oferecem visão convergente. Tanto a magnificação como a microfocalização podem ser reguladas manualmente ou acionadas por motor. Apesar deexistirem campos esterilizáveis para proteção do aparelho, os microscópios utilizados em procedimentos cirúrgicos devem ser preferencialmente motorizados, para evitar que o cirurgião contamine o microscópio e as luvas durante o seu ajuste. Os microscópios utilizados em procedimentos que não envolvem procedimentos cirúrgicos, como por exemplo tratamentos endodônticos não cirúrgicos e dentística restauradora, podem ser manuais. Figura 3.36 A. Cabeça do microscópio operatório. B. Dispositivo acionador do filtro laranja (seta). https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter03.html#fig3-36 Outra vantagem proporcionada pelo microscópio é a postura do operador, que fica com a coluna e o pescoço eretos. Com a lupa, já citada anteriormente, o operador se mantém com a coluna ereta, mas com a cabeça direcionada para o campo de trabalho (Figura 3.37). Alguns microscópios são especificamente projetados para Odontologia. Neles foram incorporadas algumas facilidades diretamente ligadas à Odontologia. Podemos citar o handle, para movimentação e posicionamento do microscópio, o binóculo inclinável e o sistema de giro acoplado ao binóculo, que oferecem uma otimização entre o posicionamento da área observada e a boa postura do profissional. Figura 3.37 Posições ergonômicas com o uso da lupa (A) e do microscópio operatório (B). Como resultado da magnificação associada à iluminação, os procedimentos realizados com microscópios apresentam maior precisão e previsibilidade. Infelizmente não existe comprovação científica dos benefícios proporcionados pelos microscópios operatórios, o que dificulta a divulgação da microscopia na Odontologia. Entretanto, a utilização do microscópio operatório tem se propagado para as diferentes áreas da Odontologia, como a Endodontia, a Prótese (fixa), a Dentística e a Periodontia. Leknius & Geissberger10 relataram que, entre estudantes de Odontologia, o número de erros nos preparos protéticos sem a utilização da magnificação é duas vezes maior. Vale ressaltar que os procedimentos operatórios, com exceção feita à Periodontia, cuja técnica para recobrimento radicular difere das técnicas convencionais, são exatamente os mesmos, porém, sob a magnificação os detalhes tornam-se mais evidentes e os conceitos teóricos podem ser mais facilmente visualizados e precisamente aplicados na atividade prática. Segundo Michaelides,11 o treinamento para utilização do microscópio operatório exige maior tempo de adaptação. O processo de aprendizagem deve ser iniciado com treinamento em laboratório antes da implementação clínica. A aplicação do microscópio requer controle das mãos, acuidade visual e coordenação mental, pois o campo visual fica restrito apenas à ponta dos instrumentos. Em aumentos menores, tremores manuais transmitidos aos instrumentos não são muito aparentes, todavia, em aumentos maiores, eles são agravados. Para adaptação dos movimentos, que devem ser mais suaves e de menor magnitude, o treinamento deve ser iniciado com o uso de aumentos menores. Na Dentística Restauradora em particular, o microscópio é uma ferramenta auxiliar que pode melhorar sobremaneira a qualidade dos procedimentos operatórios. Sob magnificação, é possível realizar um preparo da cavidade visualizando-se todos os detalhes salientados na teoria, como trincas de esmalte, desgastes etc. Dessa forma, tanto o preparo da cavidade, com instrumentos rotatórios, como o acabamento, com cortantes manuais, são mais precisos e isso pode significar redução dos problemas que, a longo prazo, comprometem as restaurações. Em um aumento de 15 vezes é possível visualizar os limites do preparo e as estruturas dentárias com bastante nitidez. É possível ainda distinguir dentina e esmalte, portanto, a escolha de cor da resina pode ser mais satisfatória, uma vez que a resina destinada à reprodução das características óticas e estruturais da dentina será aplicada somente onde originalmente existia dentina, o mesmo acontecendo com a resina para esmalte (Figura 3.38). https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter03.html#fig3-37 https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter03.html#fig3-37 https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter03.html#ref10 https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter03.html#ref11 https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter03.html#fig3-38 Vale ressaltar que as imagens expostas são vistas no microscópio em três dimensões e em uma distância muito pequena, o que aumenta ainda mais os detalhes apresentados. A magnificação é mais significativa na região cervical, a mais crítica no preparo de qualquer cavidade. A remoção dos prismas de esmalte friáveis, que podem fraturar a longo prazo ou na contração de polimerização de um material resinoso, pode ser diagnosticada e os prismas podem ser envolvidos ou removidos preventivamente durante o preparo da cavidade (Figura 3.39). Com pontas diamantadas montadas em baixa rotação, com cortantes manuais ou com o auxílio de tiras de lixa, o acabamento do preparo pode ser refinado sob a magnificação do microscópio, assegurando longevidade da restauração (Figura 3.40). Figura 3.38 A. Foto do dente 22 (aumentado 15 vezes) com fratura transversal. B. Foto incisal do dente 22 (aumentado 15 vezes). https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter03.html#fig3-39 https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter03.html#fig3-39 https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter03.html#fig3-40 https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter03.html#fig3-40 Figura 3.39 Fotos obtidas a partir da imagem vista no microscópio com aumentos de 12 a 15 vezes. Ponta diamantada em baixa rotação no preparo e no acabamento de uma cavidade classe IV. Figura 3.40 A. Cortante manual no acabamento da cavidade. B. Tira de lixa removendo prismas friáveis de esmalte. Concluindo, a utilização da magnificação com microscópios operatórios permite que o clínico realize procedimentos mais precisos, pois os pormenores podem ser facilmente visualizados. Apesar da dificuldade inicial do manuseio do microscópio, é importante que o clínico utilize o aparelho como instrumento auxiliar nos atos operatórios propriamente ditos, e não como instrumento de verificação pós-operatória. ISOLAMENTO Todos os materiais restauradores requerem campo operatório isolado, seco e perfeitamente limpo para serem inseridos ou condensados nas cavidades. O isolamento do campo operatório pode ser absoluto ou relativo. Como medida auxiliar, é possível usar medicamentos que diminuem o fluxo salivar, contribuindo para a eficiência do isolamento. ISOLAMENTO ABSOLUTO (DIQUE DE BORRACHA) O uso do dique de borracha é essencial para se alcançar a mais alta qualidade da restauração, pois é o único meio de se obter um campo totalmente livre de umidade. Além disso, há uma série enorme de outras vantagens, resumidas a seguir: • Retração e proteção dos tecidos moles para promover o acesso à área a ser operada • Melhor visibilidade do campo operatório • Condições adequadas para inserção e condensação dos materiais restauradores • Proteção do paciente contra a aspiração ou deglutição de instrumentos, restos de material restaurador ou qualquer outro tipo de elemento estranho. O isolamento absoluto deve sempre ser empregado, sendo preterido apenas em casos de total impraticabilidade. Para sua aplicação, é necessário um conjunto de materiais, dispositivos e instrumentos9 (Figura 4.1). Figura 4.1 Materiais, dispositivos e instrumentos necessários para o perfeito isolamento do campo operatório: (a) pinça porta grampos;(b) perfurador de dique de borracha; (c) grampos; (d) lençol de borracha e arco de Young. https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter04.html#fig4-1 Lençol de borracha É feito de látex natural e encontrado no comércio em cores e espessuras variadas (0,15 a 0,35 mm) para atender às mais diferentes finalidades clínicas. A borracha espessa tem boa resistência ao rompimento e promove o máximo vedamento, afastamento e proteção dos tecidos moles subjacentes. Tradicionalmente, o lençol de borracha escuro (preto) era o mais indicado, porque contrastava com o dente e refletia menos luz.5 No mercado odontológico encontram-se pelo menos mais quatro cores alternativas, conforme a preferência do operador: verde, azul, rosa e a cor natural do látex. Esse material é geralmente fornecido em rolo ou já cortado de forma quadrangular, pronto para uso (Figura 4.2A). Figura 4.2 A. Lençol de borracha apresentado em rolo e cortado em forma quadrangular. B. Tipos de portadiques – (a) arco de Young;(b) arco de Ostby; (c) porta-dique Woodbury. C. Porta-dique desenvolvido pelo Prof. Dr. José Mondelli. Perfurador do lençol de borracha A borracha deve ser perfurada na região correspondente aos dentes que serão isolados. O perfurador (Figuras 4.1 [b] e 4.6B) deve ter número suficiente de furos, com diâmetros variados, para realizar orifícios na borracha, de modo a acomodar dentes de diferentes tamanhos. É muito importante que os furos tenham a borda cortante bem afiada e uniforme. Se o perfurador não cortar adequadamente, uma pequena moeda de borracha ficará presa ao lençol e sua remoção poderá rasgar a borracha, causando perda de vedamento e penetração de saliva ao redor do colo do dente. Para solucionar esse problema, a base dos orifícios deverá ser afiada com lixas ou borrachas abrasivas. O perfurador mais difundido, fabricado e comercializado é o modelo de Ainsworth. https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter04.html#ref5 https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter04.html#fig4-2 Porta-dique de borracha O mantenedor de dique mais usado entre os profissionais é o arco de Young (Figuras 4.1 [d] e 4.2B), que tem forma de U, com pequenas projeções ou pinos metálicos que prendem a borracha e a mantêm em posição, sob tensão. O porta-dique de Ostby, feito de plástico, tem a forma de arco fechado e projeções pontiagudas que prendem a borracha por todos os lados. Existem outros tipos de porta-diques, como o de plástico fabricado pela “Jon”, o de Woodbury e o de Wizzard, que empregam tiras elásticas que passam por trás da cabeça do paciente e, por meio de garras, prendem a borracha de um lado a outro da face. Recentemente, a SS White e a Dental Sem Limites lançaram no mercado um arco metálico baseado nos arcos de Young e Ostby, o qual foi desenvolvido pelo Prof. Dr. José Mondelli, a fim de aumentar sua área e curvatura, possibilitando um campo operatório mais amplo e visível, menos formação de dobras no lençol de borracha e permitindo a respiração mais livre do paciente (Figura 4.2C). Grampos Para manter o lençol de borracha em posição estável junto aos dentes são necessários grampos encontrados em grande variedade de tipos e marcas no mercado (Figura 4.1). A utilização do grampo para manter a borracha em posição é indicada para todos os casos, especialmente para coroas clínicas curtas, como as dos pacientes jovens, e para retração gengival. Nos casos de coroas clínicas mais altas que ofereçam condições para a borracha se manter em posição, os grampos podem ser dispensados ou, se for o caso, utilizam-se amarrilhas com fio dental ou até elásticos ortodônticos de borracha. De modo geral, a série clássica de grampos é dividida em: • 200-205: para molares • 206-209: para pré-molares • 210-211: para dentes anteriores. Os grampos para dentes posteriores devem ser colocados na perfuração mais distal da borracha (Figura 4.11). Alguns grampos adaptam-se a um grande número de dentes, como o W8A e o 14A, de Schultz (Figura 4.3A), que com pequenas adaptações podem ser utilizados em quase todos os dentes posteriores (Figura 4.3B); o no 212, de Ferrier, indicado para retração gengival (Figura 4.4) que necessita, em alguns casos, de modificações que consistem na curvatura da garra lingual para incisal e da vestibular para apical, da seguinte maneira: as garras são aquecidas ao rubro em uma lamparina a álcool ou em um bico de Bunsen, mantendo-se o grampo em posição com um alicate no 121; com outro alicate do mesmo tipo, faz-se a curvatura das garras, conforme mostra a Figura 4.4A e B. Esse tipo de grampo deve ser sempre imobilizado com godiva (Figura 4.4D). Para melhor aderência da godiva às superfícies dentárias e metálicas, pode-se aplicar previamente verniz cavitário sobre os dentes e alças do grampo. Figura 4.3 A. Grampos especiais; W8A sem “projeções” ou “asas laterais” e 14A com “projeções” laterais. B. Outros tipos de grampos usados para o isolamento absoluto. https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter04.html#fig4-2 https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter04.html#fig4-1 https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter04.html#fig4-11 https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter04.html#fig4-3 https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter04.html#fig4-3 https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter04.html#fig4-4 https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter04.html#fig4-4 https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter04.html#fig4-4 Figura 4.4 Esquema para modificação do grampo no 212 (A) a fim de promover a retração ou o afastamento temporário da gengiva marginal (B), favorecer a visualização e a instrumentação do preparo cavitário em lesões de classe V (C) para posterior restauração, procurando sempre que possível fixar o grampo com godiva de baixa fusão aos dentes adjacentes (D). Visando facilitar o acesso, ou ainda trabalhos simultâneos em dois dentes, o grampo no 212 pode ainda sofrer modificações, removendo-se a alça de um dos lados além das garras de preensão como mostra a Figura 4.5. O grampo sem asas no 26 (Figura 4.14A) é indicado para molares, em especial os inferiores com pouca retenção, e para as técnicas de colocação que empregam grampos sem projeções laterais. Pinça porta-grampo Para levar o grampo ao dente, é necessária a utilização de um porta-grampo. Um dos tipos de pinça porta-grampo mais eficiente é o de Palmer, que aparece nas Figuras 4.1 e 4.6. Alguns modelos, com um intermediário longo e curvo próximo às garras (Figura 4.6A), não se soltam facilmente do grampo, como é necessário, principalmente quando o dente posterior que vai receber o respectivo grampo tem uma inclinação para mesial. Por isso, deve-se procurar uma pinça que seja útil para todos os casos. Todo porta-grampo deve ter uma mola entre os seus cabos e uma alça corrediça para manter o grampo distendido entre as pontas ativas das garras enquanto ele está sendo adaptado.10 Depois de selecionado todo o material, com os instrumentos e dispositivos necessários adequadamente dispostos na mesa auxiliar (Figura 4.1), algumas etapas devem ser seguidas para o isolamento do campo operatório. Figura 4.5 Grampos no 212 com remoção das alças de um dos lados (A) para possibilitar a retração gengival em preparos de classe V, próximo ao dente que recebe o grampo estabilizador do lençol de borracha (B) ou para preparos e restaurações de classe V simultaneamente em dois dentes contíguos (C). https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter04.html#fig4-5 https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter04.html#fig4-14https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter04.html#fig4-1 https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter04.html#fig4-6 https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter04.html#fig4-6 https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter04.html#ref10 https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter04.html#fig4-1 Figura 4.6 A. Pinças porta-grampos: (a) de Stockes e (b) de Palmer. B. Orifícios existentes na plataforma giratória do perfurador, com diferentes calibres, de acordo com os vários grupos de dentes. Preparação do lençol de borracha O sucesso no isolamento dos dentes e da área a ser operada depende muito da maneira pela qual são feitos os orifícios na borracha. A dimensão dos dentes a serem incluídos no isolamento determina o tamanho dos orifícios que deverão ser perfurados. A plataforma giratória do perfurador de Ainsworth geralmente apresenta cinco orifícios, com diâmetros variados. Cada um deles é indicado para um determinado grupo de dentes (Figura 4.6B). Em Clínica Restauradora é sempre vantajoso incluir o maior número de dentes possível no campo a isolar.4,5,9,12 Como regra geral, o dique deve incluir no mínimo dois dentes a distal daquele que vai ser tratado (desde que o caso permita) e o remanescente para mesial, até o canino pertencente ao hemiarco do lado oposto. No caso de dentes anteriores, deve-se isolar sempre uma extensão que vai de pré-molar de um hemiarco ao pré-molar do lado oposto (Figura 4.7). Deve-se lembrar, porém, de que, nos tratamentos de rotina, o profissional, e principalmente o mais experiente, prepara vários dentes da mesma arcada, e assim o isolamento absoluto do campo operatório por região oferece melhores condições de trabalho, além de permitir a intervenção em um número maior de dentes de uma só vez. Nos casos em que foi preparado apenas um dente, por exemplo, o isolamento pode abranger um número menor de elementos, desde que isso não interfira no acesso para a instrumentação, inserção do material restaurador e no contorno da restauração. Posição do orifício no lençol de borracha Em geral, a distância entre os orifícios deve ser igual à distância entre os eixos longitudinais dos dentes e seguir a mesma disposição destes no arco dental (Figura 4.8A). Existe uma pequena variação nos dentes anteriores inferiores, cujas áreas gengivais apresentam dimensões vestibulolingual (VLs) maiores que as mesiodistais (MDs), onde frequentemente se torna necessário posicionar esses orifícios ligeiramente um pouco mais espaçados que os eixos longitudinais dos dentes, possibilitando maior quantidade de borracha para invaginação adequada e vedamento do campo.3 https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter04.html#fig4-6 https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter04.html#ref4 https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter04.html#ref5 https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter04.html#ref9 https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter04.html#ref12 https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter04.html#fig4-7 https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter04.html#fig4-8 https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter04.html#ref3 Figura 4.7 Isolamento absoluto adequado para intervenções em dentes anteriores. Figura 4.8 Perfuração dos orifícios segundo a altura da gengiva interdental para pacientes sem recessão gengival (A), para pacientes com recessão gengival (B), perfuração dos orifícios segundo a disposição dos dentes no arco (C) e de acordo com a posição da cavidade no dente (D). As condições seguintes determinarão o espaço e a relação entre os orifícios a serem perfurados na borracha: • Tamanho dos dentes: quanto maiores, mais espaçados os orifícios • Contorno dos dentes: dentes ovoides e cônicos requerem mais espaço entre os orifícios que os tipos quadrangulares, com menor espaço interdental • Altura da gengiva interdental: quanto mais baixa a papila interdental, menor a distância entre os orifícios (Figura 4.8B) • Espaços entre os dentes ou ausência de dentes: nesses casos, o espaço na borracha é igual à distância entre os eixos longitudinais dos dentes adjacentes. Isso é o suficiente para que a borracha cubra a área desdentada ou o espaço anormal, possibilitando invaginação apropriada na área gengival • Má posição dos dentes no arco: os orifícios devem ser perfurados exatamente na mesma relação de posição de cada dente (Figura 4.8C) • Posição da cavidade no dente: aplica-se principalmente para as cavidades de classe V, subgengivais vestibulares. Em caso de restauração de área gengival, em que se emprega o grampo cervical para retração, o orifício que corresponde ao dente envolvido deve ser deslocado aproximadamente 2,0 mm para vestibular. Isso tornará possível uma quantidade de borracha suficiente para invaginação e retração gengival apropriadas (Figura 4.8D). https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter04.html#fig4-8 https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter04.html#fig4-8 https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter04.html#fig4-8 Métodos de perfuração da borracha • Divisão em quadrantes: toma-se um quadrado de borracha e, com uma caneta esferográfica, traçam-se duas linhas, uma vertical e outra horizontal, dividindo a borracha em quadrantes. Em geral, a marcação é feita a partir do centro, 3,0 cm para cada lado nos segmentos horizontais; nos segmentos verticais, 5,0 cm no superior e 4,0 cm no inferior. As perfurações, tanto para o arco superior como para o inferior, são feitas nos quadrantes correspondentes, segundo a orientação indicada na Figura 4.9A. Assim, as perfurações devem ser feitas de acordo com a região a ser isolada, com o número, o tamanho e distância entre os dentes. A marcação é feita a partir do centro devido a pequenas diferenças de medidas existentes entre as marcas comerciais de lençol de borracha • Mordida em cera: o paciente impressiona, com a mordida, uma lâmina de cera no 7. Essa lâmina é colocada na região superior ou inferior da borracha, conforme o arco a ser isolado, procurando manter as distâncias das margens previstas pelo método de divisão em quadrantes. Em seguida, são feitas as perfurações, orientadas pelas impressões dos dentes na lâmina de cera • Marcação na boca: com a borracha presa pelo arco, marca-se com caneta esferográfica diretamente na boca a posição dos dentes a serem isolados (Figura 4.9B), utilizando-se sempre os pontos de referência citados no método de divisão em quadrantes. A seguir, perfura-se a borracha exatamente no local das marcas • Carimbo: marcam-se as posições padrão dos dentes decíduos e permanentes diretamente na borracha (Figura 4.9C). É um método bastante prático e útil, principalmente para estudantes. Aqui também deve-se procurar manter as distâncias das margens da borracha. https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter04.html#fig4-9 https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter04.html#fig4-9 https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter04.html#fig4-9 Figura 4.9 A. Lençol de borracha dividido em quadrantes e com a localização das perfurações para isolamento do 3o molar inferior esquerdo ao canino do lado oposto. B. Marcação da borracha com caneta esferográfica feita diretamente na boca. C. Carimbo para marcação da localização das perfurações na borracha. Preparo dos dentes para receber o dique de borracha Toda a área dos pontos de contatodeve ser testada com fio dental, a fim de se verificar a sua regularidade (Figura 4.10A). Se o fio ficar dilacerado, certamente a borracha interproximal romper-se-á durante a colocação. As cristas marginais e as áreas de contato devem ser regularizadas adequadamente para a recepção da borracha. Esse procedimento é realizado com tiras de lixa para o polimento de granulação fina, após prévia separação mecânica. As tiras de lixa de aço também são bastante eficientes e muitas vezes evitam a necessidade de separação prévia. Caso o dente a ser preparado para restauração tenha um contato cortante, pela presença de cárie, a forma de contorno da caixa proximal deve ser sempre determinada antes da colocação do dique. Também deve ser dada atenção especial à extensão gengival do preparo, para se eliminar o contato com a superfície do dente adjacente, o que dificultaria a passagem da borracha para o espaço interdentário. Além desses cuidados, são necessários outros tratamentos preliminares em relação aos dentes (limpeza e polimento coronário) e tecidos moles (lubrificação dos lábios). Figura 4.10 A. Verificação da relação de contato e existência de bordas cortantes com fio dental. B. Seleção do grampo para a técnica de isolamento. C. Perfuração da borracha de acordo com os grupos de dentes a serem envolvidos no isolamento. D. Colocação do grampo por meio de suas projeções laterais, no orifício mais posterior da borracha. Visão das faces externa (E) e interna (F) do grampo preso à borracha. https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter04.html#fig4-10 Técnicas de colocação do dique de borracha • Coloca-se o grampo, depois a borracha e finalmente o mantenedor do dique (Figura 4.14). Opcionalmente pode-se colocar o grampo e, em seguida, a borracha e o porta-dique, mantendo-se a borracha folgada no porta-dique • Técnica de Ingraham:5 coloca-se o grampo sem asas com a borracha e a seguir o porta-dique (Figura 4.13) • Coloca-se o conjunto borracha-arco, e a seguir o grampo • Coloca-se o conjunto grampo-arco-borracha a um só tempo (Figura 4.10D a F). As duas primeiras técnicas exigem a utilização de grampos sem asas ou projeções laterais, como os no 26, 28 ou W8A, porque a borracha deve ser passada por cima deles (Figuras 4.13D e 4.14C), após estarem adaptados aos dentes (Figuras 4.13C e 4.14A). Essas técnicas são indicadas para isolar um hemiarco para trabalhos de Dentística, e quando há dificuldade para empregar a técnica do conjunto grampo–borracha–porta-dique. A terceira técnica é bastante utilizada em Endodontia e para isolamento de dentes isolados. A quarta técnica é a mais utilizada em Dentística, geralmente para isolamento das regiões anterior e posterior, pela facilidade operacional e por não necessitar de grampos especiais. Entretanto, deve-se salientar que a técnica de colocação depende do caso em particular e da preferência do profissional. Por exemplo, em pacientes com abertura de boca limitada, ou que apresentem o ramo ascendente da mandíbula próximo à face distal dos 2o ou 3o molares inferiores, recomendam-se a 2a ou a 4a técnica, pois, devido a essas características, a passagem da borracha sobre o grampo será difícil. Por último, o trabalho a quatro mãos facilita e agiliza qualquer que seja a técnica e a região a ser isolada. Sequência de colocação do dique de borracha Selecionou-se a técnica de no 4 para servir de exemplo porque sua execução é uma das mais simples e é aplicável à maioria dos casos; além disso, é a mais empregada pelos estudantes em trabalhos de laboratório. A descrição será feita para intervenções no hemiarco inferior direito. Experimentam-se os grampos da série 200 a 205 no 2o molar inferior direito e seleciona-se aquele que melhor se adapte (Figura 4.10B). Os contatos dos dentes englobados no isolamento, de 2o molar inferior direito a canino inferior esquerdo, são testados com fio dental (Figura 4.10A), a fim de se eliminar qualquer aresta cortante que possa rasgar a borracha. Estando a borracha presa ao porta-dique e corretamente posicionada na boca, são feitas as marcações correspondentes aos dentes a serem isolados com caneta esferográfica (Figura 4.9B). Com o perfurador de Ainsworth, perfura-se a borracha nos pontos marcados, de acordo com o diâmetro de cada dente (Figura 4.10C). Prende-se o grampo escolhido, por suas asas laterais, na perfuração mais distal da borracha que, neste caso, corresponde ao 2o molar inferior direito (Figura 4.10D a F); aplica-se lubrificante específico ou creme de barbear na porção interna da borracha na região das perfurações (Figura 4.11A). Com as pontas ativas do porta-grampo acopladas aos orifícios do grampo, distende-se este, juntamente com a borracha, levando o conjunto em posição (Figura 4.11B). Essa colocação é feita com bastante cuidado, deslizando primeiramente a garra lingual no esmalte, até encontrar uma posição estável, para depois estabilizar a garra vestibular. Remove-se o porta-grampo e, com um instrumento rombo, por exemplo, a espátula no 1 para inserção, o brunidor no 33 de Bennett ou a pinça clínica, passa-se a borracha por baixo das asas (Figuras 4.11C e D). Em seguida, passa-se a borracha pelo dente localizado no extremo oposto daquele que tem o grampo, no caso o canino inferior esquerdo (Figura 4.11E), e subsequentemente nos demais dentes a serem isolados. Para isso, a porção de borracha localizada entre os orifícios é estirada, uma de cada vez, passando como uma “faca” nas regiões de contato; se ela não deslizar, deve ser delicadamente movimentada de vestibular para lingual, ao mesmo tempo que se aplica pressão na direção gengival. Caso não se logre êxito com os procedimentos mencionados, deve-se usar o fio dental como meio auxiliar (Figura 4.12D e E). Ele deve ser enrolado nos dedos mínimos de cada mão, para que tenha comprimento adequado entre os dedos indicadores. O fio deve ser forçado sempre de encontro às faces mesial ou distal dos dentes e nunca somente em direção apical, pois poderia ferir a gengiva. Após a passagem da borracha pela área de contato, o fio dental é removido, puxando-se pelo lado vestibular. Nesse momento, o sugador de saliva pode ser colocado pelo lado livre da boca, por trás do dique, ou então fazendo-o passar por uma perfuração feita na borracha na região lingual (Figura 4.12F). https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter04.html#fig4-14 https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter04.html#ref5 https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter04.html#fig4-13 https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter04.html#fig4-10 https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter04.html#fig4-10 https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter04.html#fig4-10 https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter04.html#fig4-9 https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter04.html#fig4-9 https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter04.html#fig4-10 https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter04.html#fig4-10 https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter04.html#fig4-11 https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter04.html#fig4-11 https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter04.html#fig4-11 https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter04.html#fig4-12 https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter04.html#fig4-12 https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter04.html#fig4-12 Figura 4.11 A. Aplicação de lubrificante nas regiões dos orifícios. B. Colocação do grampo junto ao dentepela técnica do conjunto grampo + borracha + porta-dique.C. Passagem da borracha sob as projeções laterais do grampo com auxílio de instrumento rombo. D. Aspecto da borracha após a passagem desta sob as projeções do grampo. E. Passagem da borracha, iniciada pelo orifício mais distante em relação ao grampo, correspondendo, no caso, ao canino do hemiarco oposto. Deve-se lavar toda a área isolada do lençol de borracha, a fim de eliminar o creme de barbear ou qualquer outro lubrificante hidrossolúvel, caso contrário a borracha não se estabiliza e fica difícil sua invaginação. Por último, deve ser feita a invaginação da borracha nas áreas gengivais do dente, com auxílio de instrumento adequado e jatos de ar, introduzindo a borracha no sulco gengival (Figura 4.12D e E). Isso deve ser feito em todos os dentes, de modo que a borracha fique invaginada em toda a extensão do colo, evitando-se com isso a passagem de saliva, principalmente nas intervenções prolongadas. Quando houver dificuldade para realizar esse procedimento do lado lingual, ele pode ser executado com auxílio do fio dental, contornando-se o dente por lingual e puxando-o firmemente por vestibular, enquanto um instrumento pressiona fio e borracha em direção à área gengival, sob jatos de ar (Figura 4.12B). https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter04.html#fig4-12 https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter04.html#fig4-12 Figura 4.12 Confecção da amarria com auxílio de fio dental (A) e de uma cureta, forçando o fio dental no sentido gengival, do lado lingual (B), e realização de um nó cirúrgico seguido de nó simples, por vestibular (C). Invaginação da borracha com auxílio de fio dental (D), cureta e jatos de ar (E). F. Campo operatório isolado. Confecção de amarrias Quando a invaginação da borracha no sulco gengival for difícil, por se tratar de coroa clínica curta ou muito expulsiva, pode-se recorrer ao uso de amarria. Elas são elaboradas passando-se o fio dental pelos espaços interdentais de cada dente e dando-se um nó cirúrgico por vestibular, sem apertá-lo demasiadamente. Em seguida, com um instrumento rombo, por exemplo, a espátula no 1 para inserção de material, leva-se o fio abaixo da borda gengival, ao mesmo tempo que se mantêm as pontas firmes por vestibular, e aperta-se o nó. Depois, dá-se mais um nó simples para manter a ligadura em posição (Figura 4.12). Remoção do dique A etapa inicial da retirada do dique consiste no estiramento da borracha do lado vestibular e no seccionamento das porções interdentais, com a tesoura (Figura 4.13F). O grampo é removido, a seguir o porta-dique e a borracha. Após a remoção do conjunto, deve-se passar o fio dental por todos os contatos, a fim de se eliminar qualquer pedaço de borracha remanescente. Uma massagem deve ser feita na gengiva, com a ponta dos dedos, para reativar a circulação, principalmente na área que recebeu o grampo. https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter04.html#fig4-12 https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter04.html#fig4-13 Figura 4.13 A. Colocação do grampo sem asas na borracha, para o isolamento do campo operatório pela técnica de Ingraham. Conjunto grampo + lençol de borracha, presos ao porta-grampo (B) para ser levado ao dente (C). D. Complementação da passagem da borracha pelo grampo e pelo dente. E. Visão do campo operatório isolado. F. Remoção do isolamento absoluto, com a borracha estirada e seccionamento nas porções interdentais. Isolamento absoluto sobre prótese parcial fixa ou elementos esplintados Algumas vezes é preciso realizar o isolamento absoluto em áreas que apresentam elementos unidos, para realização de um tratamento endodôntico ou mesmo um procedimento restaurador complementar. Nesses casos, tendo em vista a impossibilidade de se passar a borracha pelos pontos de contato, são requeridas algumas modificações na técnica do isolamento (Figura 4.14). Serão descritas duas técnicas de isolamento absoluto, em manequim, simulando-se uma prótese parcial fixa – PPF – de três elementos (Figura 4.15A). Na primeira técnica as perfurações no lençol de borracha são feitas normalmente, sem a perfuração do local correspondente ao pôntico. A sequência de colocação do dique de borracha é semelhante à técnica convencional, com exceção da área correspondente ao pôntico, onde, por haver união entre os elementos da prótese, não há possibilidade da passagem da borracha (Figura 4.16A). Figura 4.14 A. Grampo sem asas posicionado para possibilitar a passagem da borracha com ele no lugar. B. Deslizamento da borracha estirada com os dedos indicadores pelo arco do grampo. C. Passagem completa do dente e do grampo pelo orifício da borracha. D. Aspecto do campo operatório isolado. Para a fixação da borracha sob os pontos de contato, utiliza-se uma agulha para sutura preparada, com a ponta ativa arredondada, e fio dental. Com esse conjunto preso em porta agulha, passa-se o fio dental de vestibular para lingual entre a borracha e o dente pilar, abaixo do ponto de https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter04.html#fig4-14 https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter04.html#fig4-15 https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter04.html#fig4-16 união entre esse dente e o pôntico (Figura 4.16B). Agora faz-se o movimento inverso de lingual para vestibular, perfurando-se a borracha (Figura 4.16C e D). Dá-se um nó cirúrgico na região vestibular, seguido de um nó simples (Figura 4.16E e F) e repete-se a manobra na outra região proximal. Na outra técnica, as perfurações são feitas normalmente, inclusive a da área correspondente ao pôntico (Figura 4.15B e C). Para fixação da borracha, repetem-se os procedimentos descritos anteriormente, passando-se a agulha com o fio dental, inicialmente de vestibular para lingual abaixo do ponto de união, e em seguida de lingual para vestibular sem perfuração da borracha, utilizando-se para isso o orifício correspondente ao pôntico (Figura 4.15D a J). A modificação que simplifica sobremaneira essas duas técnicas consiste no corte com tesoura da área correspondente ao pôntico, unindo os dois orifícios contíguos no lado lingual, a fim de que a aleta de borracha passe de vestibular para lingual por baixo do pôntico e seja colada com cola à base de cianoacrilato ou cola especial para borracha.14 TIPOS ESPECIAIS DE ISOLAMENTO ABSOLUTO O campo operatório a ser isolado deve englobar o maior número possível de dentes, mas há casos especiais nos quais um único dente pode ser isolado, como acontece nos procedimentos endodônticos ou em restaurações de classe I. Outra exceção à regra para um isolamento mais extenso é o caso de restaurações de classe II em molares de pacientes jovens, em que às vezes é preferível isolar apenas os molares e pré-molares, pois os dentes anteriores pouco irrompidos não prendem adequadamente a borracha. Figura 4.15 A. Simulação de uma prótese parcial fixa (PPF) de três elementos. B. Colocação do dique de borracha com a perfuração correspondente ao pôntico. C. Posicionamento da borracha na região de união do pôntico aos dentes pilares. Passagem da agulha com o fio dental de vestibular para lingual entre a borracha e o dente pilar (D), e de lingual para vestibular, sem perfuração da borracha, utilizando-se para isso o orifício correspondente ao pôntico (E). Visão da passagem do fio dental (F), para em seguida realizar o nó cirúrgico e o nó simples na região vestibular (G). H. Visão vestibular. I. Visão oclusal. J. Visão lingual do isolamento da prótese parcial fixa https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter04.html#fig4-16 https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter04.html#fig4-16https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter04.html#fig4-16 https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter04.html#fig4-15 https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter04.html#fig4-15 https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter04.html#ref14 . Figura 4.16 A. Técnica opcional para isolamento de PPF sem perfuração da área correspondente ao pôntico. Passagem da agulha + fio dental, de vestibular para lingual, entre a borracha e o dente pilar (B), perfurando em seguida a borracha de lingual (C) para vestibular com auxílio de um porta-agulha (D). E. Visão vestibular do isolamento absoluto. F. Visão oclusal do isolamento absoluto. Técnicas especiais com grandes aberturas no lençol de borracha foram sugeridas para possibilitar o controle do fluxo salivar por quadrante ou por segmentos dentários em procedimentos de cimentações adesivas, tratamento de dentes com aparelhos ortodônticos fixos, fechamento de diastemas múltiplos, restaurações de várias cavidades contíguas e reconstruções de guia anterior.1,2,6-8,11,13-15 Essa técnica, originalmente concebida por Wyse em 1971, sugere o seccionamento dos septos de borracha entre os orifícios que isolam a área interdentária. Isso, além de expor a região envolvida, facilita a colocação do dique e possibilita uma visão operatória mais ampla e precisa do conjunto de dentes que estão sendo restaurados. Essa visão de conjunto possibilita constatar a harmonia e a estética da composição dentária em relação à composição dentofacial, impossível com a técnica convencional de isolamento absoluto, na qual só as coroas dos dentes são visíveis. A restrição a essa técnica é que ela possibilita apenas o controle do fluxo salivar, e não da umidade. Atualmente, ela pode ser associada aos cianoacrilatos, rolos de algodão e almofada absorvente adesiva (Pad).11 O cianoacrilato é um adesivo que se polimeriza na presença de íons hidroxila, abundantes na cavidade bucal. Sua polimerização é rápida e a película de adesivo destaca-se facilmente da mucosa. É utilizado em determinadas situações clínicas para auxiliar no bloqueio da saliva pela colagem da borracha em posição; nos casos de isolamento absoluto com a presença de prótese fixa, para substituir a ligadura com fio dental; em pequenos reparos na borracha; e cola as bordas vestibular e lingual dobradas internamente na abertura intencional do lençol de borracha, para isolamento por quadrante ou do segmento dentário anterossuperior (Figuras 4.17 e 4.18). As resinas bloqueadoras fotopolimerizáveis representam outro recurso disponível para controle da saliva e proteção do tecido gengival. São aplicadas sobre a gengiva marginal, vedando os colos dentários, e utilizadas em associação com os rolos de algodão. Esse recurso é particularmente útil quando da realização de clareamento dentário e condicionamento ácido nos quais são utilizadas substâncias químicas fortes e agressivas à mucosa oral11 (Figura 4.19). Figura 4.17 A. O seccionamento dos septos interdentários do lençol de borracha possibilita o isolamento do segmento dentário anterossuperior sem remover o aparelho ortodôntico. B. A grande abertura do lençol de borracha em vez dos furos permite acesso e ampla visão do campo operatório para abordagem palatina do dente 21. https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter04.html#ref11 https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter04.html#fig4-17 https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter04.html#fig4-17 https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter04.html#fig4-18 https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter04.html#ref11 https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter04.html#fig4-19 Figura 4.18 A. Isolamento simultâneo para clareamento de dentes vitais associando-se o isolamento absoluto, para os dentes superiores, à barreira de resina fotopolimerizável nos inferiores, pois estes apresentam contenção ortodôntica lingual. B. Agente clareador aplicado nos dentes superiores depois de ativados e nos inferiores isolados pela barreira de resina antes de ser ativado. Figura 4.19 A. Isolamento das arcadas superior e inferior por meio da barreira de resina depois de fotopolimerizada. B. Aplicação do agente clareador sobre as superfícies dentárias dos segmentos à direita da linha média, estando os tecidos moles protegidos pela barreira de resina. ISOLAMENTO RELATIVO Pode ser empregado ao se realizarem restaurações provisórias ou em condições de total impraticabilidade de isolamento absoluto. São utilizados rolos de algodão, guardanapos ou gazes. No arco superior, os materiais são mantidos pela pressão da musculatura das bochechas e do lábio (Figura 4.20A). No arco inferior, com auxílio de dispositivos, como: • Autômato de Eggler e dispositivo similar ao da Ivory (Figura 4.20B e C) • Dispositivo plástico Rolo-plast (Figura 4.20D), fabricado e fornecido pela Dental S.A., Rio de Janeiro. Para complementar o isolamento relativo utilizam-se ejetores de saliva (Figura 4.20C), conectados ou não ao equipo dentário, que promovem a eliminação da saliva acumulada por sucção. SUBSTÂNCIAS SIALOPRESSORAS Como foi salientado no início deste capítulo, a técnica tanto de isolamento absoluto quanto relativo pode ser complementada com o uso de substâncias sialopressoras, que, atuando no sistema parassimpático, diminuem o fluxo salivar. Exemplos típicos são os derivados da atropina e da escopolamina ou similares, que administrados em pequenas doses promovem um bloqueio temporário do fluxo salivar. Alguns nomes comerciais que podem ser utilizados são Atroveran®, Dramamine® etc. Podem ser observados efeitos colaterais com a utilização dessas substâncias, como taquicardia, inibição da secreção gástrica, retenção urinária, dilatação e dificuldade de acomodação da pupila, diminuição da secreção sudorípara e aumento da pressão intraocular. Na eventualidade dessas ocorrências, a substância deverá ser suprimida. Figura 4.20 A. Isolamento relativo com rolos de algodão mantidos no lábio e nas bochechas. B. Autômato de Eggler sendo empregado para isolar a região anterior-inferior. C. Grampo especial com asas para manter os rolos de algodão em posição na região posteroinferior. D. Dispositivo plástico descartável para a mesma finalidade. https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter04.html#fig4-20 https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter04.html#fig4-20 https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter04.html#fig4-20 https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter04.html#fig4-20 D Nos pacientes que apresentam fluxo salivar intenso, aconselha-se administrar essas substâncias 30 minutos antes do atendimento. Entretanto, são contraindicadas para pacientes portadores de glaucoma, por aumentarem a pressão intraocular. Materiais e instrumentos necessários • Toalha plástica para bancada • Pinça clínica • Sonda exploradora no 5 • Espelho clínico plano • Contra-ângulo convencional • Turbina de alta rotação • Lençol de borracha • Porta-dique • Perfurador de borracha de Ainsworth • Pinça porta-grampo de Palmer • Grampos para molares ou pré-molares • Pedra-pomes granulação fina uas condições essenciais têm possibilitado uma abordagem terapêutica mais conservativa em casos de tratamento das superfícies oclusais: (1) melhor entendimento sobre a cárie, o que resultou no tratamento mais adequado da lesão (consequência da doença); e (2) evolução dos materiais adesivos envolvidos. Este conceito é denominadode Odontologia Minimamente Invasiva. As superfícies oclusais dos dentes têm sido consideradas as zonas mais vulneráveis à cárie dentária. Devido a sua anatomia muito particular, apresentam grande variação quanto à forma, sendo geralmente estreitas e sinuosas, com invaginações irregulares que impedem a correta profilaxia da região, facilitando a retenção de microrganismos e resíduos alimentares (Figura 5.1). Sulcos e fóssulas são considerados pormenores anatômicos naturais decorrentes da coalescência de diversos lóbulos de desenvolvimento, enquanto fissuras e cicatrículas constituem a união deficiente entre esses lóbulos na área sulcular, e da região de fóssula, respectivamente. A preocupação com a necessidade de proteger a superfície oclusal contra a cárie é histórica. De acordo com essa filosofia, durante anos foram propostos inúmeros e variados procedimentos preventivos específicos, como a técnica da Odontomia Profilática de Hyatt,5 de 1923, assim como a da erradicação das fissuras sugeridas por Bodecker,1 em 1924. A partir da técnica proposta por Buonocore,3 em 1955, sobre o condicionamento ácido do esmalte, e da introdução da resina fluida, por Bowen,2 desenvolveram-se diferentes investigações, materiais e técnicas destinados ao selamento de cicatrículas e fissuras.6 https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter05.html#fig5-1 https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter05.html#fig5-1 https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter05.html#ref5 https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter05.html#ref1 https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter05.html#ref3 https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter05.html#ref2 https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter05.html#ref6 O diagnóstico clínico das lesões cariosas incipientes da superfície oclusal mostra-se limitado, uma vez que, em função da característica de profundidade e estreitamento das regiões de cicatrículas e fissuras, diferentes abordagens têm sido sugeridas devido à dificuldade de detecção da lesão nessas áreas.6 Basicamente, são duas as linhas filosóficas para abordagem das áreas de cicatrículas e fissuras, visando minimizar o comprometimento de estrutura dentária envolvida: a técnica de selamento, que corresponde à clássica técnica de aplicação do selante sobre áreas de cicatrículas e fissuras sem a necessidade de nenhum tipo de preparo mecânico. De acordo com De Craene et al.,4 essa técnica estaria indicada em área onde não se suspeita de lesão cariosa; e a técnica em que há mínima intervenção realizada, que seria preconizada por haver evidências ou suspeita mais acentuada de comprometimento do tecido dentinário. Figura 5.1 A. Visão oclusal das áreas de cicatrículas e fissuras.B. Corte vestibulolingual de uma fissura. SELAMENTO Para a prática laboratorial desse procedimento, deverão ser selecionados dentes naturais, molares e pré-molares que apresentem a superfície oclusal sem suspeita de lesão cariosa, ou seja, com sulcos pouco profundos, não fissurados e sem pigmentação escura (Figura 5.3). Uma pigmentação escura sem sinal de desmineralização sugere selamento biológico que não necessita de intervenção. Antes do selamento propriamente, há de se considerar se o dente é semi-irrompido ou irrompido. No primeiro caso, o uso de cimento de ionômero de vidro é uma alternativa mais interessante devido à liberação de flúor e melhor união à estrutura dentária em ambiente com alta quantidade de umidade. Em caso de dente irrompido, podem-se indicar duas técnicas: (1) com o uso de cimento de ionômero de vidro; ou (2) uso de selante resinoso. Os dentes montados em manequim deverão receber isolamento absoluto do campo operatório, como forma de treinamento (Figura 5.2A). Em seguida, realiza-se a profilaxia com pasta à base de pedra-pomes e água, com auxílio de escova tipo pincel cônico, de forma intermitente, objetivando remover a placa bacteriana e favorecer o condicionamento ácido (Figura 5.2B). https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter05.html#ref6 https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter05.html#ref4 https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter05.html#fig5-3 https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter05.html#fig5-2 https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter05.html#fig5-2 Para que o selante tenha um embricamento mecânico satisfatório com a estrutura do esmalte, o condicionamento ácido é considerado um passo importante para a retenção efetiva do material selador. O condicionamento do esmalte é feito com ácido fosfórico a 37% ou conforme indicado pelo fabricante do selante. A solução ácida deve ser, de preferência, aplicada com minipincel ou seringa, por 15 a 30 segundos, lavando-se em seguida com jatos de água por um período mínimo correspondente ao tempo de condicionamento; logo após deverá ser seco com jatos de ar (Figura 5.2C e D). A superfície do esmalte condicionada deverá então apresentar aparência esbranquiçada e opaca. A utilização do selante deverá ser feita segundo as recomendações do fabricante, podendo ser foto e quimicamente ativado. A aplicação do selante pode ser feita com auxílio de uma sonda exploradora (Figura 5.2E), minipincel, pontas infusoras (microbrush) ou dispositivo próprio que acompanha o kit do selante. No caso de selantes fotopolimerizáveis, o tempo de polimerização mínimo é de 20 segundos. Após a polimerização, o selante fotoativado deve ser verificado com auxílio de uma sonda exploradora, garantindo o preenchimento da área sulcular e se não houve falha decorrente da polimerização. Deve-se tomar cuidado para que o material não seja aplicado em excesso, pois clinicamente isso poderia interferir na oclusão do paciente; portanto, a aplicação do selante deverá restringir-se à área de interesse. Figura 5.2 A. Isolamento absoluto do campo operatório, no qual podem ser observados pré-molares com e sem suspeita de cárie. B. Realização da profilaxia com pasta de pedra-pomes e água. C. Condicionamento ácido do esmalte. D. Remoção do ácido com jatos de água. E. Aplicação do selante com sonda exploradora. PROCEDIMENTO MINIMAMENTE INVASIVO Com a finalidade didática de se simular uma lesão cariosa incipiente em dentina e que necessita de intervenção restauradora minimamente invasiva, para esta técnica, o dente selecionado para a prática laboratorial deve apresentar cicatrículas e/ou fissuras escurecidas (Figura 5.2A). Além de considerar os aspectos clínicos e histórico do paciente, o uso de radiografias interproximais também contribui nesta decisão de intervir de forma mais conservativa. As etapas relacionadas à profilaxia e ao isolamento do campo operatório seguem as mesmas orientações anteriormentedescritas. Para abordagem da área com evidência de lesão cariosa, deve-se empregar uma ponta diamantada com extremidade em forma de ponta de lápis ou broca esférica carbide 1/4 (Figuras 5.3A), efetiva para desgastar o esmalte subjacente e para favorecer a penetração do selante. De acordo com De Craene, é desnecessário estender a penetração até a região mais profunda da cicatrícula ou fissura envolvida, pois a lesão cariosa desenvolve-se fundamentalmente nas paredes laterais das fissuras, e não em sua base. Com essa penetração é possível determinar a extensão real da profundidade da lesão (Figura 5.3B). Quando a extensão de penetração se restringir ao esmalte, está indicado o selante com carga. Se o envolvimento alcançar a porção dentinária e/ou se a extensão lateral proporcionar uma abertura significativa que implique volume considerável do material (selante), deve-se optar por uma restauração preventiva comresina composta ou cimento ionomérico.6 Outra opção é a utilização de sistema adesivo e resina composta de baixa densidade (fluida ou flow). o n t a d i amantada executando a penetração na área com cárie incipiente. Alternativamente, a cavidade pode ser executada com uma broca carbide esférica 1/4. B. Cavidade minimamente invasiva finalizada. C. Condicionamento ácido do esmalte. D. Aplicação de jatos de água para remoção do ácido. E. Selante com carga sendo aplicado com sonda exploradora. F. Fotopolimerização do selante. G. Aspecto final dos selamentos das cicatrículas e fissuras pelas técnicas invasiva (esquerda) e não invasiva (direita). https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter05.html#fig5-2 https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter05.html#fig5-2 https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter05.html#fig5-2 https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter05.html#fig5-2 https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter05.html#fig5-3 https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter05.html#ref6