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– Na neonatologia, o importante é entender as diferenças da fisiologia dos neonatos e como isso vai impactar na clínica. Adaptação evolutiva: Quando pensamos em grandes animais, apesar do grande tamanho, são espécies que evoluíram na escala evolutiva como , e geralmente são herbívoras. Já os pequenos animais, derivam de espécies na cadeia alimentar. Isso faz uma grande diferença na vida neonatal. Uma espécie de presa (como um bezerro ou um potro), ao nascer, não pode ter o privilégio de ficar à mercê do ambiente. Por isso, já nascem mais bem preparados para enfrentá-lo, com habilidades como: Enxergar Ouvir Capacidade de ficar em estação Perceber o ambiente ao redor Andar Já os filhotes de cães e gatos, que são predadores e carnívoros, nascem: Sem enxergar Sem ouvir Quase não percebem o ambiente que vivem Não andam Na natureza, seriam presas extremamente fáceis, porém, tem outros animais adultos do seu grupo que o protegem, e por essa razão, o amadurecimento ao nascimento não era algo tão necessário à essas espécies. Todo filhote nasce imaturo! Independente da espécie, ao compara-se a um adulto da mesma espécie, é imaturo! Porém, neonatos herbívoros são mais amadurecidos do que os carnívoros. Gestação mais prolongada: proporcionalmente, a gestação dos herbívoros é mais longa, o que faz com que os filhotes tenham mais tempo de amadurecimento, ainda no desenvolvimento intrauterino. Neurônios mielinizados: Os herbívoros, que são presas, já nascem com neurônios mielinizados. Os neurônios são uma rede de fios que necessitam de um impulso elétrico para propagar a informação, e isso só ocorre de maneira eficaz quando os “fios” estão encapados por mielina. O SN já está todo formado ao nascimento (nervos, cérebro), porém, uma parte dos neurônios ainda não está mielinizado, e então, as conexões neuronais não ocorrem 100% como em um individuo adulto. Quando comparamos herbívoros e carnívoros, percebemos que os neonatos herbívoros, têm uma maior parte dos neurônios já mielinizados ao nascimento, enquanto nos neonatos carnívoros, há uma menor parte dos neurônios mielinizados. Na clínica, por consequência, os filhotes de herbívoros parecem mais maduros, principalmente em relação aos órgãos dos sentidos. Período neonatal: O período neonatal é a primeira fase entre a vida intrauterina e extrauterina, onde ocorrem os desenvolvimentos de funções vitais. Esse período varia entre cada espécie, e as vezes até os autores mudam as datas entre as mesma espécies. Dura no mínimo 2 semanas, mas pode ser considerado até 4 semanas. Exemplo: Cavalos: 28 dias Ruminantes: 1 mês Cães: 2-4 semanas Gatos: 2 semanas Vários dos seus sistemas fisiológicos são amadurecidos. Contudo, vale lembrar que ele começa esse amadurecimento no período neonatal, mas ele vai acabar após ele, meses depois. Então, o cuidado deve continuar, como se eles ainda fossem neonatos, mesmo que já tenha passado as 4 semanas. O fígado de um filhote só funciona como de um adulto por volta do 4-5 meses de vida. Já os rins de um filhote só passam a filtrar igual ao de uma adulto por volta dos 5 meses de vida. O sistema musculo esquelético varia muito dentre as espécies e até raças, indo de 8 a 9 semanas. Temperatura corpórea: Os mamíferos são homeotérmicos: conseguem controlar a temperatura do organismo independente da temperatura externa. Porém, nem todos os neonatos são homeotérmicos (muda de espécie para espécie). Neonatologia – De uma maneira geral, os neonatos têm maior tendencia a PERDER calor em comparação com os adultos, e assim, tendem à hipotermia mais facilmente. Isso é mais evidente e preocupante quanto menor é o filhote: filhotes de cães e gatos têm tendencia muito grande a hipotermia. Filhote de grandes animais conseguem mais facilmente manter o calor. Dois fetos de cordeiro, um com 4kg e outro com 1,5kg. O fato do segundo ser menor gera uma tendencia a hipotermia muito maior do que o cordeiro de 4kg. : o calor que produzimos vem do nosso organismo. Evoluímos como espécies que trabalham em aerobiose, que inclui cadeia respiratória. Parte da energia produzida na quebra dos nutrientes é perdida na forma de calor. Então, nosso calor na verdade é uma perda do sistema. As células só funcionam se está em temperatura adequada. A hipotermia altera todo o metabolismo celular. Então, para os filhotes, a maior parte do calor vem do metabolismo, que é muito alto (dependendo da espécie, podem ter o metabolismo 3 vezes maior que o de um adulto). Portanto, isso é um ponto positivo. é uma gordura específica de neonatos. Eles já nascem com ela e geralmente fica em volta de alguns órgão. Ela é chamada de marrom pois é mais escura. Essa gordura vai sendo degrada nos primeiros dias de vida, e ao acabar, não há reposição. Ela ajuda na termorregulação, pois na cadeia respiratória desses adipócitos específicos, onde se produz ATP e calor, há uma pequena alteração em uma proteína, que faz com que toda a gordura marrom, quando queimada, só gere calor, diferente da gordura branca, que gera ATP e outra parte em calor. Gerar 100% de calor é uma ferramenta excelente para o neonato nos primeiros dias de vida para se manter homeotérmico na maior parte das espécies, a gordura marrom só está presente no período neonatal. Mas, os mamíferos que hibernam conseguem reconstruir a gordura marrom ao longo da vida. Assim, além de quebrar a gordura branca para produzir energia e se manterem vivos, degradam a gordura marrom para manter temperatura e sobreviver. : essa é outra tentativa de produção de calor que pode estar presente ou não. O tremor muscular aumenta a atividade metabólica muscular e acaba produzindo calor. É presente nos neonatos de grandes animais desde que nascem. Em pequenos animais, não há reflexo de tremor (se um filhote de neonato está tremendo, provavelmente é um quadro de convulsão). Essas são as 3 formas do filhote obter calor. Como tendem a hipotermia, também têm as suas formas de perder calor. o filhote perde calor pela pele pois tem área de superfície corporal muito grande, já que eles têm muita pele, e assim, há uma área maior para evaporar - perde calor e água. A pele até têm a gordura subcutânea, que é isolante térmico, mas a pele do filhote é muito fina e permeável, com menos queratina e desse tecido. o filhote faz muito xixi, pois o rim é imaturo e gera muita urina, o que abaixa a sua temperatura os filhotes tendem a ter o pelo mais fino, o que também não gera um isolamento. : os filhotes não têm o reflexo bem estabelecido de vasoconstrição. Quando estamos com frio, é notório que as extremidades ficam mais brancas e arroxeadas, pois os vasos periféricos fazem vasoconstrição, para garantir que a maior parte do sangue fique nas regiões mais internas do corpo, evitando que ele fique circulante e perca calor também pela pele que é permeável e tem uma grande área, facilitando ainda mais a perca. É uma balança que tende à hipotermia, especialmente em pequenos animais. Temperatura – pequenos animais: Filhotes de cão e gato são considerados pecilotérmicos: ou seja, não controlam por si só a temperatura corporal, e dependem de uma fonte de calor externa para mantê-la, que normalmente, é a mãe, que por sua vez tem o comportamento de ficar a maior parte do tempo deitada e próxima aos animais. É um grande problema para órfãos, que não tem a mãe para esquentar, ficando mais criticamente suscetíveis a hipotermia 1º dia: 34,4-36,0 ºC 2º ao 14º dia: 36-0-37,0ºC O valor da temperatura retal, em todo período neonatal é mais baixa, e aos poucos vai aumentando, conforme o filhote amadurece. O sistema nervoso, em uma área do cérebro que é o centro termorregulador, percebe quando há algo errado e há frio. Assim, ele manda informações como: aumentar atividademetabólica, vasoconstrição etc. Quando há um sistema nervoso imaturo, como dos neonatos, até essa percepção de frio e calor não é adequada, e as respostas do organismo para manter a temperatura não funcionam adequadamente. Ambiente: também deve estar em uma temperatura boa. – temperatura ambiental para neonatos na: primeira semana de via: 27-30ºC segunda semana de vida: 24ºC Por isso, é comum que se precise fornecer alguma fonte de calor como: tapetes, luvas, aquecedores. : Esse gráfico mostra a avaliação de filhotes de vários partos nas primeiras horas de vida. Vermelha: parto eutócico Verde: parto com ocitocina para nascer Amarela: parto com extração manual Azul: parto cesárea. Ou seja, independente do parto, é notório saber que nascem com uma temperatura, e após minutos já estavam com menos de 36 graus, e após uma hora já estavam com menos de 34 graus. Todo filhote que nasce de parto normal nasce com a temperatura próxima a da mãe. Nos partos de cesárea, a mãe fica hipotérmica devido a anestesia, o que consequentemente abaixa a temperatura dos fetos. Os filhotes de cesariana ficam parcialmente anestesiados também, e assim o seu metabolismo também cai. Solução: secar o filhote com secador Parto normal: mãe quente, metabolismo normal, contato físico. Temperatura - grandes animais Por todo amadurecimento neurológico, tremor muscular e maior tamanho, essas espécies conseguem manter temperatura corpórea e são considerados homeotérmicos. No gráficos vemos que a temperatura de bezerros pouco varia nos momentos após o nascimento. Aparelho cardiovascular: Os filhotes são naturalmente hipotensos, ou seja, têm: hipotensão arterial pressão arterial menor baixa resistência vascular periférica Eles não fazem vasoconstrição periférica → baixa resistência vascular periférica Para que os filhotes perfundam bem os tecidos, e compensem os pontos antes descritos, o aparelho cardiovascular trabalha em ritmo acelerado, batendo mais rapidamente o coração, gerando: FC alta Débito cardíaco alto Volume plasmático alto Isso é classificado como: circulação de baixa resistência e alto fluxo sanguíneo. Valores de FC: Neonatos de pequenos animais: 180-220 bpm Neonatos de grandes animais: 80-130 bpm Gato neonato: até 260 bpm Como os filhotes têm essa hipotensão, e para compensar têm um volume plasmático alto, é necessário atenção quando há um filhote . Quando o filhote está desidratado, o volume plasmático é diminuído, o que agrava a hipotensão. O indivíduo hipotenso faz com que haja alteração da perfusão sanguínea, fazendo com que o filhote não oxigene bem os seus tecidos, e desenvolva um metabolismo anaeróbico, que envolve: acidose Aumento dos níveis de lactado Choque Óbito Para hidratá-los, em situações de desidratação, o melhor é um acesso venoso intraósseo ou na jugular, para adicionar fluidoterapia. Depois que o animal estiver estável, podemos entrar novamente com a alimentação. Aparelho urinário: A maturidade completa dos rins só ocorre por volta dos 5 meses. Então, o parênquima renal não consegue: concentrar bem a urina filtrar bem relação ADH e vasopressina é limitada. baixo fluxo plasmático renal O neonato só tem a urina muito concentrada quando está tão desidratado que não tem nem urina para expelir. Outro ponto importante é que a imaturidade renal também pode predispor a uma nefrotoxicidade: ou seja, tem medicações que são toxicas ao parênquima renal antibiótico gentamicina. Riscos do parto cesariano: muito sucetiveis á desidratação, já que perdem muita agua pela urina – É normal encontrar nutrientes, como proteínas, na urina, mostrando que não se filtra o suficiente. Aparelho hepatobiliar: Tudo que é atribuído ao fígado, nos neonatos ocorre de maneira diminuída ou dificultosa. Perfil bioquímico e enzimático alterado Colestase funcional Baixa atividade enzimática: − Citocromo P450 Estoque de glicogênio hepático é diminuído, o que justifica uma tendencia maior de hipoglicemia, e a incapacidade de ficar em jejum muitas horas. A via da gliconeogênese (principal via para fazer glicose quando não há disponível no sangue) não ocorre nos neonatos O fígado metaboliza substâncias, agentes e medicações. Essa capacidade se dá por um conjunto de enzimas da família citocromo P450, que também tem baixa atividade no fígado dos neonatos. Ou seja, a capacidade do fígado de metabolizar agentes também é reduzida, então há muitas medicações hepatotóxicas ocorre de 4 a 5 meses de vida. Aparelho hematopoiético: demora de 1 a 2 meses. : a lâmina não é muito padrão, e temos hemácias que tendem a ter tamanho maior, macrocitose, corpúsculo nuclear, coloração diferente e células percursoras de hemácias (reticulócitos) ainda presentes. Anemia fisiológica no primeiro mês de vida: Isso ocorre pois estão trocando as hemácias de vida fetal por novas. Ou seja, nascem com hematócritos muito altos, e no final de 1 mês de vida já estão baixos. Timo – hematopoiese extracelular (órgão linfoide no tórax, em região do mediastino que faz hematopoiese): Evolui de 4 a 5 meses de vida. Por isso, na radiografia de tórax aparece como uma mancha esbranquiçada Série branca: tema algumas alterações, mas a morfologia e proporção é semelhante à de um adulto. Aparelho respiratório: Todos os outros sistemas são imaturos e amadurecem com o tempo, um processo que demora até meses. Um indivíduo consegue viver com rins, fígado etc. trabalhando de forma ineficiente por algum tempo, porém, o aparelho respiratório é muito desafiado no período neonatal, pois, por mais que seja imaturo, não pode ficar nessas condições por meses, já que o filhote morreria. Ou seja, por mais que o aparelho respiratório também nasça imaturo, tem que funcionar muito bem desde o começo, visto que o ato de respirar envolve muitas coisas. no útero, o feto está em um ambiente controlado: pressão, temperatura, umidade, sem varação de luz, som, sem infecções etc. Nesse período, os sistemas digestório e respiratório não são utilizados pelo feto (não faz hematose), visto que recebe o que precisa via cordão umbilical. em um determinado momento, há o trabalho de parto, que é muito agressivo para o filhote. Cada vez que o útero contrai menos sangue chega ao filhote, e essa oscilação no nível de O2 o estressa. Além disso, ele começa a ser apertado por todos os lados devido a contração, entrando em um canal muito estreito (por isso se chama estática fetal), enquanto é empurrado sem O2. Ao sair, chega em um ambiente muito diferente do de costume, onde há a variação de: Gravidade Som Luz Temperatura Contaminações Imediatamente ele tem que começar a respirar. Os filhotes têm uma demanda metabólica alta, e consequentemente precisam de mais O2, tendo um consumo de 2-3 vezes maior do que de um animal adulto. A única maneira de captarem esse O2 é pela respiração, e por isso, trabalham em níveis limites. Baixa capacidade residual (CRF) dos pulmões: é o quanto de ar sobra nos pulmões após a respiração. Esse ar que sobra potencialmente pode continuar fazendo troca gasosa. Depois da primeira vez que o pulmão está totalmente cheio, após o nascimento, ele nunca mais volta a deixá-lo totalmente vazio (a não ser que seja uma situação patológica). Os filhotes têm uma capacidade residual funcional menor, ou seja, sobra menos ar após a expiração, consequentemente há menos troca gasosa. São mais redondos que os adultos de sua espécie: quando vemos esses indivíduos, há uma sensação de afeto e percepção de que são “fofos” e sem ameaça. Apesar de isso ser uma estratégia de proteção, trouxe mudanças anatômicas, como um tórax e abdômen mais arredondado. O tórax mais alongado dos adultos permite maior expansão, ao contrário do tórax redondo dos filhotes. Por isso, o filhote– não consegue aumentar o volume corrente com uma super expansão de tórax quando precisa. Não conseguem aumentar a sua FR: isso não é possível pois ela já é naturalmente muito alta para garantir seu grande teor de O2, não sendo possível aumentar ainda mais. Imaturidade nervosa: faz com que os filhotes demorem a perceber quando há algo errado nos sistemas. Nos adultos, qualquer mínima alteração na concentração de O2 e CO2 no sangue já é detectada, o que muda o padrão de respiração para que a concentração desses gases no sangue permaneça sempre inalterada, mantendo um equilíbrio. Porém, isso não ocorre em filhotes, pois eles não percebem as alterações, sendo comum que desenvolvam hipoxemia. Um filhote desidratado e hipotérmico faz hipocapnia e hipoxemia, mas ele demora a entender isso, e mesmo se entender, não há mecanismos suficientes para mudar a respiração. Por isso, geralmente evoluem para depressão respiratória, o que influencia muito negativamente na sua clínica: − diminui tônus muscular − FR cai − padrão respiratório fica superficial − capta menos O2 − menos metabolismo anaeróbico − mais acidose − óbito Tamanho dos pacientes: limitações como falta de aparelhos como respiradores para seu pequeno tamanho. Transição feto-neonatal: Em vida fetal, o pulmão do feto tem alvéolos colabados e tem o líquido amniótico em seu interior, já que o feto vai inspirando esse conteúdo. Táteis: ao longo da região do tórax e no cordão umbilical, existem receptores de pressão (barorreceptores), que quando pressionados, levam ao estímulo de inspiração. Quando o filhote passa no canal estreito e apertado do parto, há ativação. Além disso, quando o filhote nasce, a mãe o lambe por todo o tórax, abdômen e em torno do cordão umbilical, com tendencia a mastigar essa região para fazer a oclusão do cordão e rasgá-lo. É um estímulo muito grande para gerar impulso respiratório. Térmico: o filhote vem para o ambiente muito molhado, o que gera um certo choque-térmico, gerando uma inspiração profunda, que altera o padrão respiratório. Falta de O2: durante o trabalho de parto, começa a faltar O2 ao feto, e a diminuição na disponibilidade é muito saudável para estimulá-lo a começar a respirar. O que não pode ocorrer é uma privação muito prolongada de O2. Mas, uma privação fisiológica do trabalho de parto (que tem um período curto de expulsão), faz o filhote começar a respirar. Conforme ele respira, expande os alvéolos, que estavam colabados e preenchidos por líquido, distendendo-os e preenchendo com ar, facilitando assim a oxigenação dos pulmões, que em vida fetal tem uma tensão muito grande (hipertenso) devido a hipoxia fetal, fazendo com que as arteríolas pulmonares fiem colabadas. Quando ele começa a se expandir, se torna mais fácil que o sangue chegue e irrigue o órgão. Isso é bom pois há um: Aumento do fluxo sanguíneo Aumento das áreas pulmonares com alvéolos distendidos e preenchidos por ar Hematose e aumento da oxigenação. A maior parte do líquido pulmonar já sai dos pulmões nas primeiras inspirações. Mas isso não é um processos super-rápido. A expansão completa do pulmão pode demorar algumas horas a depender do tipo de parto. Chocalhar ou não o neonato? A ideia do chocalhar filhote após o nascimento é um tratamento muito antigo, que tinha o intuito, mas com falta de conhecimento, de ajudar na respiração de um neonato que está com muito líquido em via aérea Mas, por mais que tenha lógica na teoria, não é útil na prática. A anatomia do sistema respiratório mostra que temos: via área de condução e de troca gasosa. é um tubo que não é muito distensível devido aos anéis traqueais. O diâmetro da traqueia de um neonato é: cão e gato: 2 milímetros bezerro e potro: 2 cm cordeiro: 0,5-1 cm. Cada vez que esse tubo se divide, o diâmetro também se divide pela metade, para fazer as ramificações. Em bebês humanos, entre a primeira divisão da carina até os alvéolos, a área das vias de conduções pode se dividir em média 27 vezes. Se uma traqueia de cão, com 2 milímetros de diâmetro fosse divido em 27 vezes, seria um lúmen muito pequeno. Por esse motivo, é difícil acreditar que o líquido faria esse caminho apertado para voltar e sair ao chocalharmos o feto. – Então, só conseguimos tirar o líquido que está em via área superior, e para isso, não precisa chacoalhar o filhote. Podemos usamos uma bomba de sucção ou aspiradores nasais e compressas por dentro da boca e narina. Quando se chocalha um neonato, sai um líquido em grande quantidade, mas não é dos pulmões, e sim do estomago: é líquido amniótico que durante o desenvolvimento fetal, o feto engole. Quando pensamos na anatomia do aparelho digestório, vemos que temos o esôfago: um tubo muscular único, liso, que no final tem um esfíncter que normalmente está relaxado no momento do nascimento. Por isso, o líquido sai facilmente com esse movimento de pêndulo. durante o desenvolvimento fetal, a parede estomacal libera IG’s do tipo A, que são de proteção local e tem baixa absorção. Quando o filhote nasce, esse líquido cheio de imunoglobulina tipo A se espalha por todo intestino e protege esse órgão durante os primeiros dias de vida. Quando retiramos esse líquido na chacoalhada, o filhote terá um risco muito maior de desenvolver uma doença grave chamada enterocolite necrosante (necrose dos intestinos devido à falta dessa proteção local). Além disso, temos o risco de trauma: o filhote pode cair. Risco de concussão cerebral: convulsão, déficit de aprendizado, distúrbios comportamentais. Essa imagem é de um trabalho que mostra extensas áreas de hemorragia subdural na necropsia de um cão que venho a óbito após ser chocalhado em seu nascimento. Por isso, nem em grandes animais e nem em pequenos é uma boa ideia, e não há indícios de que dá certo. não é subir o caminho todo de volta para sair. Ele tem que entrar, e passar dos alvéolos, extravasando pela membrana alveolar até o vaso sanguíneo adjacente. Ao lado de cada alvéolo passa um capilar, justamente para haver troca gasosa. Então, ele cairá na corrente sanguínea e é incorporado na circulação. Assim, o líquido só tem que ultrapassar duas camadas de células: os pneumócitos e o endotélio do capilar. Para seguir esse caminho, estimulamos a ventilação, pois o ar que entra vai empurrar o líquido. Então, quando mais o filhote respirar, e quanto melhor for, mais rápido vai ser a absorção do líquido pulmonar. Para isso, devemos estimular todas as maneiras dele respirar: Medicações Massagem Ficção toráxica Ambu Ventilação de pressão positiva: intubação orotraqueal Ponto de acupuntura. Assistência imediata – hígidos: Em uma situação de parto, a primeira coisa a se fazer é , e não ir tocando na fêmea de imediato, pois se ela se estressar, pode atrapalhar o trabalho de parto. Contudo, a observação sempre deve ocorrer. Porém, para observamos da maneira correta devemos saber o que é normal e o que não é. : bezerro insinuado, apresentação longitudinal anterior, vertebro sacra, cabeça estendida Devemos: Controlar padrão de contração da fêmea. Ver se ao nascer, o comportamento da fêmea é imediatamente olhar e lamber o filhote O bezerro e o potro já têm que ter a capacidade de ficar em posição esfinge, de decúbito ventral. Com minutos de vida já têm reflexos de sucção, com intenção de mamar Tendem a ficar em pé, com até uma hora de vida. Mamar na mãe Liberar mecônio Urinar Devemos acompanhar todos esses pontos nos primeiros dias de vida, e se algo não estiver dentro dos conformes, devemos intervir. Se a fêmea não romper a membrana e liberar o rosto do filhote, devemos rompê-la. Grandes animais: Pequenos animais: – Limpar secreções oro-nasais: compressas, seringas acopladas em sonda uretral, bomba de sucção Se amãe não fizer: estimular tórax e abdômen, para começar a respirar: fricção torácica, que tem que ser suave, mas não muito delicada. Aquecimento e cuidados com o umbigo Mamar o quanto antes Avaliação clínica → escore Apgar. Pinçamento/clampeamendo do cordão umbilical: pois lá há receptores, e se colocar uma pinça ali, isso é estímulo para eles respirarem Se não tiver, devemos fazer igual ao de um adulto, focando principalmente na frequência cardíaca e respiratória, que orientam muito em saber como o filhote está. Exemplo - Cão: A frequência cardíaca normal é acima de 180 bpm. Se ele acabou de nascer, até pode estar em 160-150 bpm. Mas, conforme é estimulado e começa a respirar, essa frequência tem que aumentar quase que imediatamente. Esse escore avalia 5 variáveis: 1. FC 2. Esforço respiratório (tanto a frequência quanto o padrão) 3. Tônus muscular (vemos ao colocar o filhote em decúbito dorsal) 4. Irritabilidade reflexa (quanto responde a estímulos – cutucar, pinçar patas - deve responder chorando ou de maneira irritada) 5. Coloração de mucosas 0- Ausente 1 - Presente, mas abaixo do normal 2 -Presente e normal Depois, somamos essa nota e o escore pode ir de 0 a 10. Os filhotes de parto normal devem ter escore acima de 7. Isso significa que ele está bem e pode ir para os cuidados de manutenção: Aquecer Secar bem Cuidado com umbigo: ligadura – o umbigo estava com uma pinça, e então devemos passar um fio reabsorvível (como de nylon ou fio dental), dando um nó com uma distância de 0,5-1cm do abdômen. Então, cortamos e jogamos o resto de placenta fora, e depois passamos alguma substância higienizante/antisséptica (álcool 70, iodo povidine, clorexidina etc.), para que se evite contaminação e haja um ressecamento do umbigo, já que ele seca no primeiro dia de vida e deve cair até o terceiro dia. Colocar para mamar o quanto antes Livrar vias áreas para respirar e estimular a respirar Avaliação clínica rápida para ver se o filhote está respondendo bem. Assistência imediata - deprimidos: Hipoxia muito prolongada: o tempo de expulsão aumentado do feto faz com que ele sofra muito com a hipoxia no útero, iniciando seu processo de respiração ainda em vida fetal Além disso, os fetos em hipoxia ficam muito estressados, e tendem a liberar o mecônio (fezes formadas no desenvolvimento fetal, em que o ideal é que só sejam liberadas após o nascimento). O grande problema é que esse mecônio se mistura ao líquido amniótico, e quando o filhote aspira esse líquido, o mecônio vai junto, o que é muito ruim. A falta prolongada de O2 gera um desequilíbrio de ácido – base, pois há mais metabolismo anaeróbico: acidose, hipercapnia, PH baixo, CO2 elevado, falta de O2. Apesar de todo filhote apresentar um certo grau de acidose, aqui está bem mais intensa. Isso se repercute na sua clínica, diminuindo o score Apgar. Grau de instabilidade respiratória: o pulmão pode ter mais líquido, e se tiver absorvido mecônio, fica ainda mais difícil, pois irá gerar uma grande inflamação, o que levará a um edema em um pulmão que já tem muito líquido. Além disso, o mecônio inativa a substância surfactante, que é o que evita o colapso de pulmão, levando a uma tendência a atelectasia. Ruminantes: asfixia respiratória Potro: síndrome do mal ajustamento do potro Pequenos: síndrome do desconforto respiratório neonatal Esses três termos indicam a mesma coisa: que o filhote não conseguiu fazer uma boa transição feto-neonatal. Cesariana - particularidades: as mães são anestesiadas, e elas invariavelmente passam aos fetos. A melhor anestesia para uma cesariana é a epidural, visto que ela é um bloqueio regional, porém, na maior parte das fêmeas não conseguimos fazer apenas ela, e temos que sedá-la junto, o que acaba sedando também os filhotes, já que a barreira hemato- placentária é ultrapassada – : Ocorrem por dois motivos – quando a fêmea é anestesiada e colocada na posição cirúrgica, seu fluxo sanguíneo muda e vai menos sangue ao útero, gerando assim uma hipoxemia. Além disso, boa parte das cesarianas são feitas para corrigir distocias, causando sofrimento fetal. : os filhotes têm esse discreto estímulo para respirar pois estão deprimidos (parcialmente anestesiados), e porque a condição de parto não é natural, e não há a passagem pelo canal do parto, fricção do tórax, mãe lambendo etc. Desiquilíbrio acidobásico: acidose mista/respiratória, hipercapnia, hipoxia etc. Menor vitalidade neonatal por conta do desiquilíbrio acidobásico e anestesia = escore Apgar diminuído e temperatura corpórea também. − Geralmente o Apgar de filhote de cesariana é de 5-6. − Um Apgar crítico é aquele abaixo de 4. Estresse respiratório transitório/permanente: menor reabsorção do fluido pulmonar, o que pode comprometer o filhote em suas primeiras horas de vida É um dever do cirurgião, e o ideal é que ele faça essa primeira assistência antes de descolar a placenta. Fixar e segurar a cabeça do filhote Romper a membrana Limpar vias aéreas com uma compressa Fricção em tórax Enquanto sai líquido de via aérea, devemos limpar Apenas depois de via área livre, pinçamos o cordão, já que o fluxo será completamente interrompido. Geralmente, as cesarianas feitas no momento correto, na hora correta e com anestesia segura geram filhotes em ótimo estado. Gemilaridades nos monotócicos: Em fêmeas que normalmente tem que ter apenas um filhote no útero, como as vacas e éguas, ao terem gêmeos, a tendência é que os filhotes sofram mais no trabalho de parto, especificamente o segundo, já que ele sofre pelo trabalho de parto dele e depois do irmão. Mas em cadelas e gatas também há a tendência de que os últimos filhotes fiquem mais deprimidos, justamente pois sofrem o trabalho de parto de todos os outros. Em resumo: ✓ É essencial que se conheça o fisiológico para conseguirmos reconhecer o patológico ✓ Monitorar sempre ✓ Acompanhar o parto ✓ Observar principalmente as 24 primeiras horas de vida
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