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Parecer Referencial PGU 42 2020

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ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO
PROCURADORIA-GERAL DA UNIÃO
COORDENAÇÃO-GERAL DE DIREITO ECONÔMICO, SOCIAL E INFRAESTRUTURA (DSP/CGESI)
 
PARECER REFERENCIAL n. 00042/2020/PGU/AGU
 
 
NUP: 00405.025455/2020-37
INTERESSADOS: PROCURADORIA-GERAL DA UNIÃO - PGU
ASSUNTOS: Auxílio Emergencial Residual
 
Com a edição da Medida Provisória nº 1.000, de 02 de setembro de 2020, foi instituído
auxílio emergencial residual que foi objeto da instauração do presente expediente, tendo este
Departamento de Serviço Público já elaborado os seguintes documentos:
 
NOTA JURÍDICA n. 00834/2020/PGU/AGU - solicita à CONJUR-MC esclarecimentos a respeito
do novo benefício, para estruturação da defesa judicial da União
NOTA JURÍDICA n. 00952/2020/PGU/AGU - dá notícia à CONJUR-MC de sérios problemas e
questões relativos à sucessão entre auxílio emergencial e auxílio emergencial residual
 
A Consultoria Jurídica junto ao Ministério da Cidadania, por sua vez, por meio do DESPACHO
nº 01758/2020/CONJUR-MC/CGU/AGU, juntou ao presente expediente diversas manifestações daquele
órgão consultivo; após, elaborou as INFORMAÇÕES REFERENCIAIS nº 01281/2020/CONJUR-
MC/CGU/AGU, em que trouxe considerações sobre o regime jurídico do auxílio emergencial residual
(AER).
 
Dessas últimas, alguns pontos vale serem transcritos:
 
52. É digno de registro que para fins do pagamento do auxílio emergencial residual para os
beneficiários do Programa Bolsa Família, o § 1º do art. 14 determina a utilização da base de
dados do Cadastro Único de 15 de agosto de 2020 para verificação do responsável familiar
das famílias que tiveram membros elegíveis em todas as folhas de pagamento do auxílio
emergencial residual.
 
53. O art. 15, por seu turno, trata da forma como será calculado o valor do auxílio
emergencial residual devido à família beneficiária do Programa Bolsa Família. Nesse caso,
será computada a diferença entre o valor total previsto para a família a título do auxílio
emergencial residual e o valor a ser pago à família a título de benefício do Programa Bolsa
Família no mês de referência.
 
65. Conforme a própria dicção da Medida Provisória nº 1.000/2020 e do Decreto
nº10.488/2020, o auxílio emergencial residual tem como um de seus requisitos o
recebimento do auxílio emergencial, de que trata o art. 2º da Lei nº 13.982, de 2020 .
Entretanto, impende destacar, após o cotejamento da legislação atinente aos dois auxílios,
que não ocorre uma prorrogação automática deste benefício após a criação do auxílio
residual.
 
67. Nesse diapasão, impede defender perante o Poder Judiciário que se tratam de
benefícios distintos, com critérios de elegibilidade específicos e muito bem detalhados na
supracitada medida provisória com força de lei.
 
69. Ou seja, ocorrerá um novo processamento dos dados contidos nas bases de dados do
Governo Federal para definir administrativamente quem é elegível para o recebimento do
auxílio emergencial residual.
 
74. Dessa feita, afrontaria, de forma clara e direta, a legalidade estender o auxílio
emergencial residual a outros grupos sociais não previstos na supracitada medida
provisória, ou desconsiderar os critérios de elegibilidade postos na legislação de
regência,pelo fato de não estar contemplada nas normas vigentes tal possibilidade e
também por não ser acolhida pela jurisprudência prevalecente a possibilidade de extensão
de benefício social por analogia.
 
Das consultas mais específicas feitas por este DSP/PGU, não constam dos autos respostas
trazidas pelas áreas técnicas do Ministério da Cidadania; assim, não constam do presente expediente:
 
- se haverá e como se dará a contestação prevista na MP 1000/2020
- como se dará o cálculo do AER - diferença entre o benefício do bolsa família e valor
elegível para o AER - e como será publicizada tal questão no sistema Dataprev [ao que se
observa, ambos valores - bolsa família e auxílio emergencial residual, são previstas
expressamente, pelo grupo familiar, em consulta detalhada];
- como se garantirá que o mesmo motivo de inelegibilidade anteriormente identificado e já
afastado, administrativa ou judicialmente, não seja motivo de nova análise de
inelegibilidade (descumprimento de decisão judicial ou mesmo coisa julgada)
 
Todavia, alguns pontos, do regime jurídico do auxílio emergencial residual, cabem ser
destacados.
 
Há requisitos legais distintos, outros atualizados na data-base; essencial, para fins do AER,
que a pessoa seja beneficiária do auxílio emergencial (AE), já que inexiste previsão legal para novos
requerimentos ou solicitações:
 
Auxílio Emergencial (AE - Lei 13.982/2020) Auxílio Emergencial Residual (AER - MP
1000/2020)
Art. 2º Durante o período de 3 (três) meses, a
contar da publicação desta Lei, será concedido
auxílio emergencial no valor de R$ 600,00
(seiscentos reais) mensais ao trabalhador que
c u m p r a cumulativamente os seguintes
requisitos:
 
 
 
Art. 1º Fica instituído, até 31 de dezembro de 2020,
o auxílio emergencial residual a ser pago em até
quatro parcelas mensais no valor de R$ 300,00
(trezentos reais) ao trabalhador beneficiário do
auxílio emergencial de que trata o art. 2º da Lei nº
13.982, de 2 de abril de 2020, a contar da data de
publicação desta Medida Provisória.
§ 3º O auxílio emergencial residual não será devido
ao trabalhador beneficiário que:
I - seja maior de 18 (dezoito) anos de idade,
salvo no caso de mães adolescentes; 
 
II - não tenha emprego formal ativo;
I - tenha vínculo de emprego formal ativo adquirido
após o recebimento do auxílio emergencial de que
trata o art. 2º da Lei nº 13.982, de 2020;
III - não seja titular de benefício previdenciário
ou assistencial ou beneficiário do seguro-
desemprego ou de programa de transferência
de renda federal, ressalvado, nos termos dos §§
1º e 2º, o Bolsa Família;
II - tenha obtido benefício previdenciário ou
assistencial ou benefício do seguro-desemprego ou
de programa de transferência de renda federal após
o recebimento do auxílio emergencial de que trata o
art. 2º da Lei nº 13.982, de 2020, ressalvados os
benefícios do Programa Bolsa Família;
IV - cuja renda familiar mensal per capita seja
de até 1/2 (meio) salário-mínimo ou a renda
familiar mensal total seja de até 3 (três) salários
mínimos;
III - aufira renda familiar mensal per capita acima de
meio salário-mínimo e renda familiar mensal total
acima de três salários mínimos;
 IV - seja residente no exterior;
V - que, no ano de 2018, não tenha recebido
rendimentos tributáveis acima de R$ 28.559,70
(vinte e oito mil, quinhentos e cinquenta e nove
reais e setenta centavos);
V - no ano de 2019, tenha recebido rendimentos
tributáveis acima de R$ 28.559,70 (vinte e oito mil
quinhentos e cinquenta e nove reais e setenta
centavos);
VI - que exerça atividade na condição de:
a) microempreendedor individual (MEI);
b) contribuinte individual do Regime Geral de
Previdência Social que contribua na forma
do caput ou do inciso I do § 2º do art. 21 da Lei
nº 8.212, de 24 de julho de 1991; ou
c) trabalhador informal, seja empregado,
autônomo ou desempregado, de qualquer
natureza, inclusive o intermitente inativo,
inscrito no Cadastro Único para Programas
Sociais do Governo Federal (CadÚnico) até 20
de março de 2020, ou que, nos termos de
autodeclaração, cumpra o requisito do inciso IV.
VI - tinha, em 31 de dezembro de 2019, a posse ou
a propriedade de bens ou direitos, incluída a
terra nua, de valor total superior a R$ 300.000,00
(trezentos mil reais);
 
VII - no ano de 2019, tenha recebido rendimentos
isentos, não tributáveis ou tributados
exclusivamente na fonte, cuja soma tenha sido
superior a R$ 40.000,00 (quarenta mil reais);
 
VIII - tenha sido incluído, no ano de 2019, como
dependente de declarante do Imposto sobre a Renda
da Pessoa Física enquadrado nas hipóteses previstas
nos incisos V, VI ouVII, na condição de:
a) cônjuge;
b) companheiro com o qual o contribuinte tenha filho
ou com o qual conviva há mais de cinco anos; ou
c) filho ou enteado:
1. com menos de vinte e um anos de idade; ou
2. com menosde vinte e quatro anos de idade que
esteja matriculado em estabelecimento de ensino
superior ou de ensino técnico de nível médio;
 IX - esteja preso em regime fechado;
 X - tenha menos de dezoito anos de idade, exceto no
caso de mães adolescentes; e
 XI - possua indicativo de óbito nas bases de dados
do Governo federal, na forma do regulamento.
 
Dentre os requisitos acima, alguns são passíveis de verificação mensal, conforme previsto
no art. 1º, §4º da MP 1000/2020 e no Decreto nº 10.488/2020
 
Art. 10. Após a concessão do auxílio emergencial residual, para que seja dada continuidade
ao pagamento do benefício, o trabalhador beneficiário não poderá:
I - ter adquirido vínculo de emprego formal após a concessão do auxílio emergencial
residual;
II - receber benefício previdenciário ou assistencial ou benefício do seguro-desemprego ou
de programa de transferência de renda federal após a concessão do auxílio emergencial
residual, ressalvados os benefícios do Programa Bolsa Família, de que trata a Lei nº
10.836,de 2004; ou
III - ter indicativo de óbito no Sirc ou no Sisobi.
Parágrafo único. O cumprimento das condições de que trata o caput será verificado
mensalmente, na forma prevista no art. 7º.
 
Em relação à elegibilidade para o AER dos elegíveis judicialmente ao AE, registre-se o
comando expresso do Decreto 10.488/2020, regulamentador do AER:
 
Art. 3º O auxílio emergencial residual no valor de R$ 300,00 (trezentos reais) será pago em
até quatro parcelas mensais ao trabalhador beneficiário do auxílio emergencial de que trata
o art. 2º da Lei nº 13.982, de 2020, observado o disposto no art. 4º deste Decreto.
Parágrafo único. Para fins do disposto no caput, também serão considerados
beneficiários do auxílio emergencial de que trata o art. 2º da Lei nº 13.982, de
2020, os trabalhadores considerados elegíveis em razão de decisão judicial que
tenha determinado o pagamento, a implantação ou a concessão do referido
benefício.
 
O que não afasta a verificação mensal prevista em lei - daqueles requisitos previstos
expressamente na norma de regência:
 
16. Feito este apanhado, passa-se a fazer considerações a respeito dos questionamentos
formulados pela SENARC na NOTA TÉCNICA Nº 2/2020:
4.1.1 As decisões judiciais que determinam a concessão do AE implicam a concessão
automática (sem revisão de elegibilidade) do AER?
17. Não. Impende considerar que ser beneficiário (a) do auxílio emergencial de que trata a
Lei nº 13.982, de 2020, corresponde a apenas uma das exigências para a concessão do
auxílio emergencial residual.
18. Em sendo assim, se no processo de verificação de elegibilidade do auxílio emergencial
residual for constatado motivo para indeferimento diverso do que aquele que ensejou o
indeferimento administrativo do auxílio emergencial, porém superado por força de decisão
judicial, é possível que não seja concedido o auxílio emergencial residual.
19. Portanto, não há falar em concessão automática do auxílio emergencial residual.
(PARECER n. 00880/2020/CONJUR-MC/CGU/AGU)
 
E, para fins de parcelas, vale ressaltar o entendimento da CONJUR no PARECER 865/2020:
 
45. Ao proferir uma decisão de deferimento do auxílio emergencial, o Juízo da causa afasta
a causa de inelegibilidade do autor da ação e, consequentemente, reconhece que ele fazia
jus ao auxílio emergencial desde o seu requerimento. Com isso, o autor da ação faz jus a
todas as parcelas que receberia caso o seu auxílio emergencial não tivesse sido negado
pela Administração Pública.
 
46. A partir da premissa acima, a data e forma de pagamento adotados pela Administração
Pública, para fins de cumprimento da determinação judicial, não pode beneficiar nem
prejudicar o autor da ação. Deve ser considerado que ele era elegível desde a sua
solicitação administrativa, com o pagamento de todas as parcelas a que faria jus caso não
tivesse ocorrido o indeferimento administrativo. E esse reconhecimento deve se estender à
análise do auxílio emergencial residual, no sentido de equipará-lo ao demais trabalhadores
que foram contemplados administrativamente com o auxílio emergencial.
 
50. Concluindo este ponto, os auxílios emergenciais residuais, decorrentes de auxílios
emergenciais deferidos por força de decisão judicial, estão sujeitos ao disposto no § 4º do
art. 1º da Medida Provisória nº 1000, de 2020, e, com isso, devem se submeter às
verificações mensais dos critérios de elegibilidade, com a ressalva de que a verificação de
elegibilidade deve desconsiderar a base de dados que ensejou o indeferimento anterior,
caso tal base ainda não tenha sido atualizada desde o dito indeferimento, sob pena de
incorrer-se novamente no mesmo motivo de indeferimento, já afastado pela decisão
judicial.
 
De forma que, decisões judiciais que determinam a concessão do auxílio emergencial ou do
auxílio emergencial residual devem ser cumpridas, sem que a forma de pagamento - parcela única ou
calendário - prejudiquem os beneficiários e sejam consideradas de forma a impedir o gozo dos
benefícios; eventual cumulação de parcelas do AE e do AER fruto de determinação judicial devem ter por
premissa atender ao comando judicial sem criar-se impedimento para tanto.
 
O que inclusive já tem sido objeto de decisão judicial expressa:
 
Ante o exposto, JULGO PROCEDENTE o pedido, condenando a UNIÃO e a CAIXA a
procederem a inclusão do autor no programa de auxílio emergencial, ao creditamento do
valor correspondente na conta da parte autora e ao pagamento de uma COTA MENSAL do
referido benefício à parte autora, em valor e duração previstos na Lei nº 13.982, de
2/4/2020, art. 2º, incisos e §§§ 2º, 3º e 9º; no Decreto nº 10.316, de 7/4/2020, art. 9º-A; no
Decreto nº 10.412, de 30/6/2020, art. 1º; e na Medida Provisória 1.000, de 3/9/2020, tão
logo vença cada uma das mensalidades, a contar do seu requerimento (não na data da
inclusão no programa).
(Nr. do Processo 0511028-48.2020.4.05.8400 - JF/RN - sequencial 6 no presente NUP)
 
Da mesma forma, o motivo de indeferimento anteriormente afastado (fundamento de fato e
de direito) para fins do AE não pode ser repetido para indeferir o AER. Utilizar o mesmo motivo de
indeferimento - requisito legal supostamente não atendido - já afastado judicialmente implica não
apenas em descumprimento direto do comando da decisão judicial (que criou para a pessoa situação
jurídica diversa daquela vista pela administração), mas em desatendimento à previsão legal.
 
O mesmo vale para o não pagamento - apontado no PARECER 858/2020 - das demais
parcelas devidas por contestação extrajudicial apresentada pela DPU; tal inação da Administração já deu
ensejo à judicialização da questão - que era exatamente o objetivo da celebração do ajuste com a
Defensoria Pública da União, claramente não atingido - e mesmo à execução judicial das parcelas.
 
Também configura descumprimento de determinação judicial - dando ensejo às sanções
acima mencionadas - a situação mencionada no PARECER 864/2020:
 
6. De todo o modo, extrai-se que a dúvida teria a ver com o fato de os beneficiários do PBF,
segundo explicita a SENARC, somente terem direito ao recebimento do auxílio emergencial
residual depois do recebimento da quinta parcela do auxílio emergencial. Desta forma,
consoante manifestação técnica, "se o recebimento da quinta parcela ocorrer apenas em
dezembro/2020, o beneficiário não teria direito ao AER, considerando que a MP nº 1.000
estabelece que a parcela do AER será paga de forma subsequente à última parcela
recebida do AE, mas que só será devido até 31/12/2020,independentemente do número de
parcelas recebidas ao recebimento do auxílio emergencial residual pelas famílias
beneficiárias do PBF".
 
15. Por conseguinte, há que se reconhecer que o pagamento retroativo das parcelas do
auxílio emergencial de uma única só vez ou, até mesmo, de forma parcelada, conforme já
orientado no PARECER n. 00858/2020/CONJUR-MC/CGU/AGU, não tem o condão de afastar o
pagamento das parcelas referentes ao auxílio emergencial residual, ou seja, não haveria
óbiceao pagamento concomitante de ambos os benefícios assistenciais neste caso, já que
as parcelas pagas retroativamente referem-se a meses diversos dos relacionados ao
pagamento do AER.
 
Importantes esclarecimentos constam do OFÍCIO Nº 1712/2020/SE/SECAD/DECAU/MC, a
respeito das bases de dados utilizadas nas análises de elegibilidade do AER:
 
a) Cadastro Único – Referência: 02/04/2020, 11/04/2020 e 15/08/2020;
b) Folha de beneficiários do Bolsa Família – Referência: outubro /2020;
c) CNIS:
 i) Base de CPF: posição de 01/10/2020;
 ii) e Social/GFIP/GPS: extraídas as informações no período de 22 a 29/09/2020, que
correspondem às competências junho, julho e agosto de 2020;
 iii) Intermitentes: extraído em 02/10/2020;
 iv) Benefícios Previdenciários e LOAS: setembro/2020;
 v) Seguro Desemprego : Dados extraídos em 02/10/2020 para a competência: setembro
/2020;
 vi) SIRC: registros de óbitos até a data de ext ração : 02/10/2020;
 vii) SISOBI: registros de óbitos até a data de extração : 01/10/2020.
d) RAIS – Ano 201 9;
e) SIAPE – Competência: agosto/2020;
f ) Arquivo do Micro empreendedor Individual – MEI da Receita Federal do Brasil –
Competência: Março /2020, recebido em 03/04 /2020;
g) Mandatos Eletivos do TSE:
i) Referência 2014 – Senadores;
ii) Referência 2016 – Prefeitos e Vereadores;
iii) Referência 2018 – Presidente e Vice-Presidente, Deputados Federais ,Estaduais e
Distritais e Governadores ;
iv) Excluídos para a versão atual os suplentes eleitos;
h) DEPEN/MJ – Base de Presidiários – Recebidas em 12/05/2020;
i) Regime prisional - DEPEN/MJ – Dados atualizados até 24/07/2020;
j) Base de Presidiários de SP (Regime Fechado) – Recebidas em 12/05/2020;
k) Bas e da Defesa - Militares – Competência: maio /2020, recebida em 24 /06/2020;
l) Base de Brasileiros no Exterior – Ministério da Justiça – Recebida em 12/05/2020;
m) Base do BEM – Extraída em 02/10/2020;
n) Arquivo do DIRPF 2020 da Receita Federal do Brasil (referência 2019) - Declarante que
tenha recebido, em 2019, Rendimentos Tributáveis acima de R$28.559,70.
o) Arquivo do DIRPF 2020 da Receita Federal do Brasil (referência 2019) – Declarante que
tinha posse ou propriedade de Bens e Direitos , em 31/12/2019, de valor total acima de
R$300.000,00.
p) Arquivo do DIRPF 2020 da Receita Federal do Brasil (referência 2019) –Declarante que
tenha recebido Rendimentos Isentos, em 31/12/2019, cuja soma foi superior a
R$40.000,00.
q) Arquivo do DIRPF 2020 da Receita Federal do Brasil (referência 201 9) –Dependente, que
tenha sido incluído , no ano de 201 9, nessa situação, por declarante enquadrado nas
hipóteses previstas no s públicos das letras n, o ou p.
r) Detentos e respectivos regimes prisionais oriundos do Sistema Eletrônico de Execução
Unificado do Conselho Nacional de Justiça - SEEU/CNJ – Base recebida em 04/09/2020;
s ) Informação sobre a situação prisional junto à Banco Nacional de Mandados de Prisão –
BNMP/CNJ – Base recebida em 04 /09/2020;
t ) Base de dados com os casos de denúncias de fraude cadastrais, com inserção de
informações por terceiros no Cadastro Único – recebida em 01/10/2020;
u) Base de dados com os casos de pessoas que devolveram os recursos que receberam do
Auxílio Emergencial – recebida em 01/10/2020;
v) Base de dados com os casos com indícios de pagamentos indevidos do auxílio apontados
por órgãos de controle – recebida em 04/10/2020;
w) Base de dados co m o s cas o s co m 5 parcelas já geradas do AE - referência
05/09/2020;
x) Base de dados com os casos de pessoas cujo cancelamento do AE foi solicitado por
decisão judicial – referência: 04/10/2020;
y) Detentos de Campo Grande – recebida em 03/08/2020; e
z ) Militares da Marinha – recebida em 03/08/2020.
 
Relevantes pontos foram trazidos pela Procuradoria-Regional da União da 4ª Região, quanto
à elegibilidade daqueles com determinação judicial ou reconhecimento do pedido apresentado no feito e
comunicado ao Ministério da Cidadania por meio do sistema Dataprev/Gerid (Parecer n.
2278/2020/PGU/AGU):
 
1) se (a) já consta do gerid o processamento do AER e (b) o óbice apontado no AER é o
mesmo que já foi afastado judicialmente, trataremos do AER nos mesmo autos e
enviaremos PFE com a mesma decisão ou o mesmo reconhecimento do pedido que afastou
o óbice em relação ao AE principal;
2) se já consta o processamento do AER, mas o óbice apontado é diverso daquele superado
judicialmente, impugnamos defendendo a necessidade de novo processo, já que há nova
causa de pedir (a JF concordou com isso). No novo processo, reconhecemos ou contestamos
normalmente.
3) se não houver sequer o processamento do AER, também impugnamos/contestamos
alegando ausência de interesse.
 
O que se confirma na regra operacional estabelecida:
 
3.4. A partir da leitura do trecho acima, entende-se que as pessoas que tiveram concessão
ou continuidade do pagamento do Auxílio Emergencial estabelecida por decisão judicial, a
priori, são também estarão aptas ao recebimento do Auxílio Emergencial Residual. Neste
sentido, serão avaliadas pelo processo de verificação de elegibilidade do Auxílio
Emergencial Residual, realizado de maneira automática, sem a necessidade de
requerimento por parte do demandante.
3.5. Ressalta-se que a decisão judicial proferida para o Auxílio Emergencial não garante a
concessão do Auxílio Emergencial Residual. Desta forma, estes beneficiários terão a
elegibilidade verificada no momento de migração do Auxílio Emergencial para o Auxílio
Emergencial Residual, devendo atender aos critérios estabelecidos no art . 1º, parágrafo 3º,
incisos I a XI da Medida Provisória nº 1.000/2020.
(NOTA TÉCNICA Nº 43/2020)
 
E, a respeito do início dos pagamentos, desde a época do auxílio emergencial, o
entendimento posto pela Consultoria Jurídica foi:
 
15. Assim, partindo do pressuposto de que a análise de elegibilidade fosse feita sempre de
forma devida pelos órgãos competentes, caso atendidos os requisitos legais, a parcela 1 do
auxílio seria devida a partir de abril/2020 para o público do Cadúnico (a Lei nº 13.982 foi
publicada em 02/04/2020),e a partir do mês do requerimento, para o caso do público
“extraCad”.
(PARECER n. 00858/2020/CONJUR-MC/CGU/AGU)
 
Postas todas as questões acima, a fim de esclarecer melhor o regime jurídico do auxílio
emergencial residual e as principais questões postas, resta alguma ponderação processual a ser feita.
 
Ainda que se trate, como se observou acima, de benefícios distintos, previstos por normas
diversas, tem-se que em regra são discutidos no mesmo processo judicial, seja em conjunto (cumulação
objetiva de demandas) - para ações ajuizadas mais recentemente - seja após entendimento judicial ou
desta AGU pela procedência do pedido no que diz respeito ao auxílio emergencial.
 
Nesse segundo caso, é comum que se esteja diante de situações nas quais houve
afastamento, judicial, de motivo de inelegibilidade para o AE que, em equívoco da administração, acaba
sendo replicado para inelegibilidade para o AER; por motivo, leia-se o fundamento legal e mesmo o
fundamento fático relacionado à situação da pessoa.
 
Tais situações, abordadas acima, configuram descumprimento de determinação judicial
que, para todos os fins de direito, retirou do mundo jurídico o fundamento de inelegibilidade, que não
pode, assim, ser utilizado pela Administração.
 
De forma que se trata, na verdade, da mesma causa de pedir, do mesmo fundamento, o
que não implicaria, até mesmo diante dos princípios da informalidade, simplicidade e economia
processual, que regem os processos sob o rito dos Juizados Especiais (Lei 9.099/95); não há óbice,
assim, para sua discussão nos mesmos autos.
 
E, mesmo que se trate de motivo diverso - o que implicaria reanálise da situação, não
estando abarcado pelos efeitos de decisão anterior - mostra-se mais razoável não haver impedimento à
discussão no mesmo processo.
 
Objetiva-se, com o raciocínio, acima, que os Advogados da União atuantes no feitos adotem
o fluxo processual e procedimental queentendam mais favorável à União, em ajustes locais com o
Poder Judiciário se cabível for, e mesmo diante do elevado número de processos judiciais, busquem
resolução célere para tais questões. O que é expressamente previsto em lei:
 
Lei 10.522/02
Art. 19-C. A Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional poderá dispensar a prática de atos
processuais, inclusive a desistência de recursos interpostos, quando o benefício patrimonial
almejado com o ato não atender aos critérios de racionalidade, de economicidade e de
eficiência.
 
Portaria AGU 487/2020:
Art. 2º Os Advogados da União ficam autorizados a abster-se de ajuizar ações, de
contestar,de impugnar o cumprimento de sentença, de embargar a execução e de
recorrer,a reconhecer a procedência do pedido, e a desistir dos recursos já interpostos,
quando o tema, a pretensão deduzida ou a decisão judicial estiver de acordo com:
[...]
IX - parecer aprovado pelo Procurador-Geral da União.
(Redação dada pela Portaria nº160 de 06/05/2020)
 
De forma que o presente Parecer Referencial representa:
 
- autorização para reconhecimento jurídico do pedido e dispensa recursal/desistência de
recurso interposto de decisões que determinem:
 
1) elegibilidade inicial ao auxílio emergencial residual (MP 1000/22020) para aqueles
elegíveis, administrativa ou judicialmente, para o auxílio emergencial (Lei 13.982/2020), elegibilidade
inicial que não afasta análise dos requisitos legais para o AER, salvo se representarem incidência do
mesmo óbice (jurídico e fático) já afastado, administrativa ou judicialmente;
2) pagamento cumulativo do AE e do AER (diante do atraso no início do recebimento),
número de parcelas ou afastamento do limite temporal de 31/12/2020, diante de demora na análise ou
elegibilidade posterior ao AER;
3) nas mesmas situações previstas nos Pareceres Referenciais 26, 31 e 40, todos de 2020 ,
aprovados pelo Procurador-Geral da União;
4) adoção dos fluxos e ritos processuais/procedimentais mais simples e céleres, forte nos
princípios da simplicidade, informalidade e celeridade, que regem os processos no rito dos juizados
especiais federais.
 
- orientação para apresentação de manifestação em oposição a pedidos de deferimento do
AER com afastamento expresso dos requisitos na norma de regência (MP 1000/2000), deferimento do
AER para aquele inelegível (administrativa ou judicialmente) ao AE, ou afastamento das verificações
mensais previstas em lei (desde que não baseadas no mesmo motivo da inelegibilidade anteriormente
afastado).
 
À consideração do Sr. Procurador-Geral da União.
 
Brasília, 07 de janeiro de 2021.
 
 
MARCELO MOURA DA CONCEIÇÃO
ADVOGADO DA UNIÃO
COORDENADOR-GERAL DE DIREITO ECONÔMICO, SOCIAL E INFRAESTRUTURA
DIRETOR DO DEPARTAMENTO DE SERVIÇO PÚBLICO - SUBSTITUTO
 
 
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UNIÃO PROCURADORIA-GERAL DA UNIÃO
GABINETE PGU (GAB)
SAS, QUADRA 03, LOTE 5/6, 10° ANDAR - AGU SEDE I EDIFÍCIO MULTIBRASIL CORPORATE FONES: (61) 2026-8633/8635 BRASÍLIA/DF - CEP: 70.070-030
 
DESPACHO n. 00050/2021/PGU/AGU
 
NUP: 00405.025455/2020-37
INTERESSADOS: PROCURADORIA-GERAL DA UNIÃO - PGU
ASSUNTOS: AUXILIO EMERGENCIAL
 
1. Aprovo os termos do PARECER REFERENCIAL n. 00042/2020/PGU/AGU (seq. 24), que versa
sobre o auxílio emergencial residual, instituído pela Medida Provisória nº 1.000, de 02 de setembro de
2020.
2. Assim, devolvo os autos ao Departamento de Serviço Público - DSP/PGU para ciência deste
despacho e adote as seguintes providências administrativas:
a) abertura de tarefa à Comissão Temática responsável pela inclusão das orientações
necessárias à aplicação dos entendimentos fixados nos pertinentes Sumários de Conhecimento, bem
como para acompanhar a aplicação dos modelos e teses e identificar oportunidades de aperfeiçoamento
das orientações e estratégias processuais correlatadas, conforme suas taxas de sucesso e uniformização
(arts. 7º, 11 e 12 da Portaria nº 10, de 4 de dezembro de 2018);
b) adotadas como medidas indicadas no item "a", abertura de tarefa à Coordenação-Geral
de Gestão Judicial - CGJUD/PGU, informando o número identificador ("ID") dos entendimentos no Sumário
de Conhecimento, para que se confira publicidade ao entendimento fixado mediante a expedição e o
registro, na intranet, de e-mail circular todos os Advogados da União em exercício nos órgãos da
Procuradoria-Geral da União.
 
Brasília, 04 de janeiro de 2021.
 
 
KAROLINE BUSATTO
Advogada da União
Subprocuradora-Geral da União
 
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endereço eletrônico http://sapiens.agu.gov.br. Informações adicionais: Signatário (a): KAROLINE
BUSATTO. Data e Hora: 08-01-2021 16:04. Número de Série: 13492247. Emissor: Autoridade
Certificadora SERPRORFBv4.

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