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resumo civil 1

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DIREITO CIVIL 1
AULA 1
O CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO
 
Representa a consolidação das mudanças sociais e legislativas, incorporando novos avanços na técnica jurídica. Traz três princípios fundamentais:
a) ETICIDADE – superar o apego ao rigor formal, aliando valores técnicos aos éticos. Fortalece as relações do homem com os seus, e do Estado com os seus administrados. Delimita o comportamento humano com a realidade e influenciando os fatos e atos. Vincula o eixo central e um sistema aberto, dando eficácia e efetividade aos princípios constitucionais da dignidade humana, cidadania, personalidade, confiança, probidade, lealdade, boa-fé e honestidade nas relações jurídicas de direito privado.
b) A SOCIALIDADE – em detrimento do caráter individualista do antigo. Predomina o social sobre o individual. 
c) OPERABILIDADE – Diversas soluções normativas para possibilitar uma compreensão maior e mais simplificada na interpretação e aplicação.
A CONSTITUCIONALIZAÇÃO DO DIREITO CIVIL
É a análise do direito privado, com base nos fundamentos constitucionais e aplicação, dos mandamentos constitucionais, no direito privado. A Constituição Federal é dotada de coercibilidade e imperatividade e veio dar um novo perfil aos institutos do direito de família. O novo Código Civil teve que adaptar-se a ela aprofundando-os:
União Estável - reconhecida;
Maioridade Civil – aos 18 anos;
Regime de bens – pode ser alterado por acordo entre os cônjuges;
Exames de DNA para comprovação de paternidade – a recusa implica em reconhecimento da filiação.
Filhos nascidos fora do casamento – não há mais distinção entre filhos;
Guarda dos filhos em caso de separação - os filhos podem ficar com o pai ou a mãe;
Testamento – não mais precisa ser feito à mão pelo testador;
Sucessão - o cônjuge passa a ser herdeiro necessário.
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DIREITO CIVIL 1
AULA 2
OS SUJEITOS DE DIREITO
ESPÉCIES DE SUJEITOS DE DIREITO
São classificados em:
1) personificados – o direito atribui a qualidade de pessoa, autorizando a praticar atos e negócios jurídicos que não estejam proibidas.
2) despersonificados – não são pessoas, são criados para praticar atos inerentes à sua finalidade, autorizados por lei.
3) humanos – é o nascituro, no útero, sem personalidade jurídica mas com alguns direitos. Seu estatuto jurídico se altera se nasce com vida, adquirindo personalidade.
4) não-humanos - são os demais. Conceitos criados pelo direito, como: a pessoa jurídica, a massa falida, o condomínio edilício, a conta de participação etc. O surgimento de um sujeito não humano sempre ocorre com uma finalidade particular.
SUJEITOS PERSONIFICADOS
Dotados de personalidade jurídica, titularizam direitos e obrigações. São as pessoas físicas ou jurídicas, autorizadas a praticar atos e negócios jurídicos pelo princípio constitucional da legalidade. Para algumas o conceito de personificação não é apropriado, como as de direito publico. Também, mesmo não havendo proibição, a pessoa jurídica é inapta à prática de certos atos. Pessoas jurídicas de direto privado, personificadas, estão aptas à prática de quaisquer negócios jurídicos, não necessitando de expressa autorização. Já as pessoas jurídicas de direito público, só podem praticar aqueles que a lei autoriza. 
SUJEITO DESPERSONIFICADO HUMANO: O NASCITURO
O homem e a mulher, em gestação, são sujeitos de direito, embora não sejam ainda pessoas. O art. 2o do CC diz que a personalidade civil da pessoa, começa do nascimento com vida, mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro. Se nascer com vida (respirar) será pessoa.
NATUREZA JURÍDICA DO EMBRIÃO IN VITRO
É bem de propriedade. 
Direitos do embrião in útero
É o nascituro. Se for fertilizado, no corpo da mãe ou in vitro, sua fixação no útero pode resultar num ser humano. O fato decisivo é a sua implantação in útero. Verificado, ele é sujeito de direito; não verificado, é objeto de direito, um bem.
SUJEITOS DESPERSONIFICADOS NÃO HUMANOS
São entidades, criadas pelo direito, para disciplinar os interesses humanos. São técnicas de separação patrimonial, destinadas a uma finalidade. Sua personificação é uma autorização genérica para praticar atos e negócios jurídicos. São eles:
espólio – pendências obrigacionais deixadas pela morto. Dívidas, créditos, bens etc.. É representado pelo inventariante.
Condomínio edilício – responsável pela administração de interesses comuns das unidades autônomas de uma edificação residencial ou comercial. Seu representante é o síndico.
Massa falida – é a convergência de interesses dos credores do falido. É titular dos créditos, podendo cobrar os devedores inadimplentes. É representada pelo administrador judicial.
Sociedade em comum – é a sociedade sem registro, não personificada.
Conta de participação – é um contrato de investimento celebrado entre empresários.
PESSOA FÍSICA
CAPACIDADE 
Atributo da personalidade, que autoriza, a pessoa física, a praticar qualquer ato jurídico, salvo se houver proibição expressa. Nem toda pessoa física ostenta esse atributo. Elas se dividem em: 
CAPAZES
Podem praticar atos e negócios jurídicos sem o auxilio ou a intervenção de outra. 
INCAPAZES
Só pode praticar ato ou negócio, por meio de seu representante ou assistente, nas hipóteses em lei. Há duas espécies: 
absoluta – pessoa sem nenhuma condição psíquico-física para decidir sobre ato ou negocio jurídico. Sua opinião é irrelevante. Deve ser representada.
Relativa – se reconhece alguma aptidão psíquico-fisica para decidir sobre o que lhe interessa. Sua opinião é relevante. Deve ser assistida.
São absolutamente incapazes: menores de 16 anos; os que, por enfermidade ou deficiência mental não tem discernimento necessário para praticar atos da vida civil; os que não puderem exprimir sua vontade, temporária ou permanentemente.
São relativamente incapazes – maiores de 16 e menores de 18; os ébrios habituais e os viciados em tóxicos; os que, por deficiência mental, tem reduzido discernimento e os excepcionais sem desenvolvimento mental completo, e os pródigos.
Os negócios jurídicos, praticados pelo absolutamente incapaz, sem a devida representação, são nulos e os praticados pelo relativamente incapaz, não assistido, são anuláveis.
Incapacidade em razão da idade
Maior é aquele com 18 anos ou mais. Menor é aquele com menos de 18 anos (impúberes até 16) e púberes (entre 16 e 18). 
OS SUJEITOS DE DIREITO
Menor impúbere
Até alcançar 16 anos, são absolutamente incapazes para decidir sozinhos sobre o que lhes interessa ou não. Precisam de representante (pais ou tutor). 
Menor Púbere
Entre 16 e 18 anos, é relativamente incapaz. Sua opinião já tem alguma relevância. Precisam de assistente (pais ou tutor).
EMANCIPAÇÃO
Ato ou fato jurídico que extingue a incapacidade do menor. As causas são:
concessão dos pais – exige-se 16 anos completos. O absolutamente incapaz não pode ser emancipado. Deve ser por instrumento publico. 
Sentença judicial – quando ambos os pais são falecidos ou ausentes, ou se decaíram do exercício do poder familiar.
Casamento – mínimo de 16 anos, exigida a autorização dos pais para os menores de 18(idade núbil). 
Emprego publico efetivo – se o menor é nomeado para cargo ou função efetiva.
Colação de grau em curso superior – hipótese raríssima.
Estabelecimento civil ou comercial – se o menor se estabelecer como explorador de atividade econômica, civil ou comercial. Deve ter idade mínima de 16 anos e obtenção de economia própria.
Emprego –mínimo de 16 anos e obter economia própria.
A emancipação, qualquer que tenha sido a causa, é sempre irreversível.
INCAPACIDADE COM INTERDIÇÃO
Supressão ou limitação por considerar a pessoa incapaz, por enfermidades, deficiências ou vícios. Se dá por processo judicial. Fundamentos da interdição:
prodigalidade – gasta sem critérios. 
Viciado – em dois casos:
Embriaguez habitual – quando perturba o cotidiano
Consumo de tóxicos– o viciado tem reduzidas as suas habilidades mentais.
deficiente mental – não tem discernimento necessário à prática de atos da vida civil. Será avaliado por perito.
Mentalmente enfermo – é uma lesão à saúde. 
Impedido de expressar a vontade – por qualquer razão deve ser interditado, para que outra pessoa – o curador – fale por ele. 
Negócios jurídicos anteriores à interdição
Os atos do incapaz, anteriores à interdição, já estavam viciados, por nulidade ou anulabilidade, desde o momento em que se verificou o fato. O negocio jurídico praticado deve ser avaliado se é útil ou proveitoso para o incapaz. Se for, deve-se considerar o outro contratante movido pela boa-fe. Caso contrário, reputa-se de ma-fe o outro e invalido o negocio.
ALGUMAS SITUAÇÕES ESPECÍFICAS
Velho
A incapacidade é pela redução ou perda do discernimento.
Deficientes físicos
Não são incapazes pela deficiência. 
Índios
Aplicam-se as normas civis, sem atenção particular à sua origem, ascendência e cultura. São classificados como: 
isolados – vivem em grupos desconhecidos pela civilização ou com poucos e eventuais contatos
em vias de integração – mantem, algum contato com a civilização, aceitando práticas e modos de existência estranhos
integrados – vivem na civilização, ainda com alguns usos, costumes e tradições de sua cultura.
Os integrados têm capacidade jurídica igual à das demais pessoas. Alcançando a maioridade, tornam-se capazes. Já os não integrados, estão sujeitos a tutela específica. Os negócios jurídicos, entre eles e pessoa estranha só podem ser praticados com a assistência da FUNAI, sendo nulos se praticados diretamente. Deixam o regime de tutela e adquirem a plena capacidade quando:
emancipação de sua comunidade
reconhecimento da condição de integrado pela FUNAI
requerimento ao juiz de liberação do regime tutelar
Nas três hipóteses deve ter, no mínimo, 21 anos, conhecimento da língua portuguesa, habilitação para o exercício de atividade útil à civilização e razoável compreensão dos usos e costumes desta.
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AULA 3
PESSOA FÍSICA
A MORTE
Fato jurídico que importa o término da pessoa física, deixando de ser pessoa e sujeito de direito. Depois de pagas as dívidas, seus bens serão transmitidos aos sucessores, herdeiros ou legatários. A morte presumida é sempre declarada pelo juiz após se convencer que estão presentes os requisitos legais. Presume-se em 3 hipoteses: 
abertura da sucessão definitiva
extrema probabilidade de morte de quem se encontrava em perigo de vida
desaparecimento em campanha ou aprisionamento, se não for encontrada a pessoa até 2 anos após o termino da guerra
Em circunstâncias excepcionais, a morte pode ser reconhecida diretamente pela lei, como é o caso de pessoas que participaram ou foram acusadas de participar de atividades políticas.
COMORIENTES
São os que falecem na mesma ocasião. É a solução do direito brasileiro para as pessoas que faleceram simultaneamente.
Direitos do falecido
É a proteção, post mortem, de determinados interesses extrapatrimoniais que a pessoa tinha enquanto vivia. Alguns se projetam para além da morte, como honra. A lei legitima algumas pessoas para sua defesa: o cônjuge sobrevivente e qualquer parente em linha reta ou colateral, até o quarto grau. Se a ofensa alcança o direito à imagem só o cônjuge, ascendentes e descendentes estão legitimados.
Se for pessoa famosa sua imagem pode ter conteúdo patrimonial e, nesse caso, é transmissível. Se a lesão alcança o direito de explorá-la economicamente, sua defesa cabe, exclusivamente, ao sucessor.
AUSÊNCIA
Quando uma pessoa desaparece, o direito se preocupa com seus interesses. Após algum tempo, em atenção aos direitos de terceiros, a lei autoriza a presunção da morte, para resolver as pendências obrigacionais e a transmissão dos bens, continuando atenta aos interesses dela. São 3 etapas sucessivas: 
curadoria dos bens do ausente – privilegiam-se os interesses do desaparecido sobre o de terceiros
sucessão provisória – equiparam-se esses interesses, atendendo-se ao direito dos credores e imitindo os sucessores na posse dos bens do ausente
sucessão definitiva – os interesses privilegiados são os de sucessores, herdeiros ou legatários.
Apenas depois de transcorridos 10 anos da sucessão definitiva, os sucessores adquirem, incondicionalmente, seus direitos sobre os bens. O tipo do desaparecimento é importante para a definição dos direitos dos sucessores, na hipótese de reaparecimento.
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AULA 3
PESSOA FISICA
CURADORIA DOS BENS DO AUSENTE
É necessário que o desaparecido não tenha representante ou procurador. Não exige a lei prazo mínimo. Alguns fatos são suficientes para o juiz declarar a ausência. A primeira conseqüência é a arrecadação dos bens. Depois nomeará um curador. 
A nomeação deve recair, em principio, sobre o cônjuge. Só não se legitima se estiver separado judicialmente ou de fato, por mais de 2 anos. A nomeação de parente é irrecusável, exceto em situações excepcionais, a critério do juiz. Na falta dos parentes, o juiz pode escolher qualquer pessoa. 
SUCESSÃO PROVISÓRIA E DEFINITIVA
Transcorrido um ano da arrecadação dos bens do ausente, os interessados podem requerer a provisória. Também pode ser requerida de quem possuía representante ou procurador, se o desaparecimento já dura 3 anos. Passado esse período, outros interesses passam a ter maior proteção da lei. O representante ou procurador serão dispensados e os sucessores entram na posse dos bens. É declarada a ausência e aberta a provisória, em vista de 3 fatos:
retorno do ausente – a situação se desfaz porque não houve o fim da pessoa
descoberta de que está vivo – a situação se desfaz porque não houve o fim da pessoa
descoberta da data exata da sua morte – a situação pode se desfazer, na data da abertura e na da morte
Encontrando-se vivo quem se tinha por morto, não há razões para continuarem os sucessores, na posse de bens que não lhes pertencem. 
Estão legitimados para requerer a provisória do ausente, após um ano da arrecadação, ou de desaparecida com representante ou procurador, depois de 3 anos:
cônjuge, não separado judicialmente
herdeiros presumidos
os que tiverem sobre os bens do ausente direito condicionado à sua morte
credores de obrigações vencidas e não pagas
ministério publico, se não houver interessados
O principal efeito da sucessão é a imissão na posse dos bens. Durante a provisória não se transmite a propriedade, pois continuam pertencendo a ele. O curador e o representante ou mandatário são desligados de suas funções. Nenhum bem imóvel pode ser alienado ou hipotecado, a fim de impedir sua perda, pois não transcorreu tempo suficiente para a presunção da sua morte. Há duas exceções: para bens imóveis, desapropriação, alienação ou hipoteca, mediante autorização judicial, para evitar sua ruína. Para bens móveis sujeitos a deterioração ou extravio, o juiz pode ordenar sua venda e investimento do valor.
Decorridos 10 anos da abertura da provisória, os interessados podem requerer a definitiva, que pode ser aberta independentemente de abertura da provisória, quando o desaparecido, conta com 80 anos e há pelo menos 5 não dá noticias. 
A abertura, da definitiva, importa presunção da morte. Pagam-se as dívidas pendentes e transmitem-se os bens aos sucessores. 
O retorno do ausente
De acordo com o momento, variam os direitos que titulariza. 
Se antes da provisória, encontrará seus bens, negócios e interesses sob os cuidados do curador e terá direito de receber os frutos e rendimentos. 
Se depois da provisória e antes da definitiva, os frutos e rendimentos dos bens pertencem ao titular do direito à posse provisória. Depende da natureza do vínculo de parentesco entre eles. O cônjuge, ascendentes e descendentes, farão seus, todos os frutos e rendimentos dos bens, mas os demais devem capitalizar a metade.
Se nos10 anos seguintes à definitiva, devem ser restituídos os bens no estado em que se encontrarem. Se um ou mais tiverem sido vendidos, após a partilha na definitiva, terá direito ao preço da venda. Em caso de sub-rogação, ficará com o bem sub-rogado. Em nenhuma hipótese terá direito a fruto ou rendimento, relativo ao tempo da sua ausência. 
Após o decurso de 10 anos seguintes à definitiva, não terá nenhum direito sobre os bens que titularizava anteriormente ao seu desaparecimento.
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AULA 03
PESSOA FISICA
DOMICÍLIO DA PESSOA FÍSICA
Lugar onde pode ser encontrada para exercer direitos e responder por obrigações. Se física, é o lugar em que reside com animo definitivo. Quem possui mais de uma residência, alternadamente, tem em qualquer delas seu domicílio. Quem não tiver residência habitual, tem no lugar em que for encontrada. Nas relações pertinentes à profissão, a pessoa física é domiciliada onde a exerce. 
As pessoas são, em principio, inteiramente livres para decidir o lugar em que fixarão o domicílio e, por isso, o elemento mais relevante, é a intenção. Exceto nas hipóteses de domicilio necessário, o lugar declarado como tal, pela pessoa, serve de domicílio. Querendo, a pessoa pode mudar a qualquer tempo.
Também podem, ao celebrar um contrato escrito, eleger o lugar em que serão exercidos os direitos e cumpridas as obrigações.
As hipóteses de domicilio necessário, que limitam a liberdade de escolha, são cinco:
o incapaz, tem o mesmo domicilio de seu representante ou assistente
servidor publico é domiciliado no lugar em que exerce suas funções permanentemente
domicilio do militar depende da força a que pertence
o marítimo domicilia-se no navio em que for matriculado
preso, onde estiver cumprindo pena
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AULA 03
PESSOA FISICA
DIREITOS DA PERSONALIDADE
Têm raízes na constituição. São invioláveis, absolutos, oponíveis erga omnes, podendo seu titular escudar-se neles perante qualquer pessoa, mas não são ilimitados. Cedem lugar a outros, de maior envergadura (difusos, coletivos e públicos). São vitalícios, imprescritíveis e extrapatrimoniais. Dependendo do titular, alguns são patrimoniais, quantificáveis em dinheiro. O melhor entendimento é o da distinção entre patrimoniais e extrapatrimoniais. São indisponíveis, não podendo cedê-los, onerosa ou gratuitamente, nem limitar o seu exercício. Não são transmissíveis, seja entre vivos, seja em sucessão por morte. São impenhoráveis e irrenunciáveis. 
DIREITO AO NOME
É a identificação da pessoa natural. Principal elemento de individuação. Tem importância jurídica e psicológica: é a base para a construção da personalidade. Toda pessoa tem direito ao nome, composto de prenome, que indique a família e sobrenome, que indica um membro dela. Quem atribui o prenome são os pais, em conjunto, ou qualquer um deles, quando falecido o outro. Sendo desconhecido ou ausente o pai, cabe à mãe. Há plena liberdade de escolha. Vedam-se apenas prenomes suscetíveis de expor ao ridículo a pessoa. A mesma liberdade não existe para o sobrenome. 
Alteração do nome
A escolha do prenome e a composição do sobrenome são, em principio, definitivos. Não podem ser alterados a não ser nas hipóteses legais. A retificação por erro pode ser feita a qualquer tempo. A mutação diz respeito à substituição ou acréscimo de expressões. Em casos específicos, é possível sua mudança, como:
a) vontade do titular, no primeiro ano seguinte ao da maioridade civil
Pode alterar por qualquer outro do agrado, preservando o sobrenome. Admite-se o acréscimo, de expressões componentes do sobrenome de antecedentes remotos
b) decisão judicial que reconheça motivo justificável 
Embora a lei não condicione, a qualquer justificativa, a jurisprudência afirma que a mudança deve ser excepcional e motivada. Também é bastante comum a alteração para evitar os dissabores e prejuízos da homonimia. Outra hipótese é a dos transexuais, que tem direito a prenome compatível com a aparência sexual. Também deve ser reconhecido, o mesmo direito, àqueles que optam pela inversão do sexo.
c) substituição do prenome por apelido notório
A lei permite, quando útil aos interesses da pessoa, a substituição do prenome pelo apelido notório, ou mesmo o seu acréscimo.
d) substituição do prenome de testemunha de crime
Por autorização judicial, para proteger a testemunha.
e) adição ao nome do sobrenome do cônjuge
Autoriza a lei, com o casamento, para mudar o nome, agregando-lhe o sobrenome do cônjuge. Independe da anuência do outro cônjuge ou seus familiares.
f) acréscimo do sobrenome do padrasto ou madrasta
O enteado pode requerer, ao juiz, a averbação, ao seu assentamento de nascimento, o sobrenome de seu padrasto ou madrasta. 
g) adoção
O adotado passa a ter, no nome, o sobrenome do adotante.
PROTEÇÃO DO NOME
Confunde-se com a da imagem. São indissociáveis: quem diz o nome invoca a imagem associada, existente ou por construir. Se já é conhecida, ela pode ser comprometida pelo que se está ligando ao nome; se desconhecida, é construída a partir das informações transmitidas junto com o nome.
A primeira regra coíbe sua menção por terceiros, em publicações ou representações, sempre que expuser a pessoa nomeada ao desprezo público. .
A segunda regra impede o seu uso, em propaganda comercial, sem autorização do titular.
A mesma proteção é estendida, ao pseudônimo adotado, ou ao apelido notório, para atividades lícitas. O valor prestigiado é o da própria identidade de uma pessoa, propiciada pelo nome.
DIREITO À PRIVACIDADE
É o conjunto de informações, dados que estimulam a composição da imagem da pessoa. Algumas são publicas. Outras, embora não publicas, podem ser acessadas por qualquer interessado legitimado, como num processo judicial. Por fim, aquelas ligadas à pessoa não são publicas. Tem direito de acesso apenas algumas pessoas, em razão de contrato ou de faculdade legal expressa. Especial menção deve ser feita às informações relacionadas aos hábitos de consumo da pessoa. A lei protege, como direito da personalidade, a sua não divulgação.
Inviolabilidade da vida privada e seus limites
É o conjunto, de informações privadas, às quais ela deseja, não ver divulgadas, a ninguém. É um direito da personalidade, absoluto e limitado, que assegura a faculdade de selecionar quais podem ou não, ser divulgadas, e por que meios. Esse direito não prevalece, em prejuízo de interesses maiores como os difusos, coletivos ou públicos. Ele não é oponível perante ordem judicial. Também não existe quando o acesso atende aos imperativos de segurança publica ou repressão penal. A tendência é a da crescente redução dessa privacidade, em função da preservação da segurança da sociedade e da efetivação da punibilidade. Também não é considerada violação, a transmissão, para a Receita Federal, de informações sobre movimentação bancária e compras por cartões de crédito, acima de determinado valor, como medida de combate à sonegação. O direito constitucional do Estado, de cobrar tributos, se sobrepõe ao constitucional do individuo, já que o primeiro, atende a interesse de natureza pública, e este, privada.
Privacidade na internet
Procura identificar hábitos de consumo. O objetivo é localizar pessoas dispostas a adquirir os produtos ou serviços de determinada empresa. Essas informações atendem tanto aos interesses dos fornecedores como dos consumidores, que são beneficiados à medida que passam a receber mensagens publicitárias, direcionadas, de acordo com seus hábitos de consumo. Assim, essa publicidade direcionada não representa, necessariamente, uma violação da vida privada. 
DIREITO SOBRE O CORPO
A ordem jurídica restringe os efeitos, da vontade da pessoa sobre ele, com proibições genéricas, e abre poucas exceções. A começar pela proibição de comercialização de órgãos, tecidos e substâncias humanas, podendo ser feita, apenas, de modo gratuito.Também proíbe, quando resulta diminuição permanente da integridade física ou é contrária aos bons costumes, salvo, por exigência médica. Por fim, limita os atos de disposição, segundo a finalidade, podendo apenas para fins científicos ou altruístas. 
Transplantes
É a disposição de órgãos, tecidos ou partes do corpo como doação. Há duas hipóteses:
1) retirada post mortem – o doador sofreu morte encefálica e os órgãos que conservam a funcionalidade podem ser aproveitados no tratamento de outras pessoas. 
2) doação para retirada em vida - a autorização compete ao cônjuge. Se menor, a ambos os pais, ou a qualquer um deles, se falecido o outro. Falecidos os dois ou decaídos do poder familiar, compete ao tutor. Se sujeita a quatro requisitos: 
a) capacidade do doador
Só a pessoa capaz pode doar. O menor relativamente incapaz deve ser emancipado. 
b) autorização judicial
Por meio de advogado. 
c) justificativa médica
Só pode ser feita de órgãos duplos ou de partes de órgãos, tecidos ou partes do corpo cuja retirada não cause a morte ou qualquer prejuízo à saúde do doador. Impede a lei, a doação, se o organismo do doador não puder continuar vivendo sem risco para as suas aptidões vitais ou da sua saúde mental. 
d) vinculo familiar específico entre doador e receptor
Visa a impedir a comercialização de partes do corpo. Permite a lei, apenas, se o receptor for cônjuge ou parente consangüíneo até o 4º grau, inclusive, do doador. 
Esterilização
A voluntária é uma forma de exercer o direito sobre o corpo. A ordem jurídica, reconhece como legítimo, o interesse de a pessoa tratar, separadamente, duas dimensões da função sexual: a reprodução e o prazer, com o objetivo de neutralizar uma e otimizar a outra. A exemplo das demais normas atinentes ao direito sobre o corpo, também se restringem, legalmente, as hipóteses de esterilização voluntária. Em primeiro lugar, a pessoa deve ser capaz ou, se incapaz, ter a incapacidade restrita aos atos de conteúdo material. A esterilização cirúrgica, em pessoas absolutamente incapazes, depende de autorização judicial. Além de capaz, deve ter, no mínimo, 25 anos ou pelo menos dois filhos vivos. A vontade de se tornar infértil deve ser manifestada por escrito. Se for casada, é obrigatória também a autorização do cônjuge.
Finalmente, entre a manifestação da vontade e a realização do ato cirúrgico, devem transcorrer sessenta dias, no mínimo, quando a pessoa interessada pode ter acesso ao serviço de regulação da fecundidade, incluindo o aconselhamento destinado a desencoraja-la.
Mudança de sexo
Ligada à proibição de disposição voluntária do corpo, com diminuição permanente da integridade física, ou atentado aos bons costumes, é a dos transexuais. São duas situações: de um lado, pessoas com distúrbio psicológico. Não há dúvidas quanto à legalidade da operação, já que decorre de exigência medica. De outro lado, aqueles que simplesmente tem vontade de mudar de sexo. A operação não está proibida na lei, já que não compromete a integridade física, nem ofende os bons costumes. A lei só proíbe a castração. A questão deve ser resolvida pela aplicação do princípio in dúbio pro libertatis, ou seja, deve-se deixar, a cada um, a livre disposição de si mesmo.
DIREITO À IMAGEM
É assegurado, ao retratado, impedir a reprodução ou veiculação de sua imagem, dentro de certos limites. Esse direito tem sido alargado para abarcar o conjunto de idéias e conceitos de vida, associado às pessoas, notadamente as famosas. A tecnologia passou a distinguir imagem-retrato e imagem-atributo. A imagem-retrato é a representação do corpo por uma das partes, já a imagem-atributo, é o conjunto de características associadas à pessoa, pelos seus conhecidos. Se for famosa, o direito à imagem pode ser patrimonial, quantificável em dinheiro, pois é fonte de receita proporcional à fama e aos atributos associados a ela pelo imaginário popular.
Direito extrapatrimonial à imagem-retrato
A titularidade não depende da fama. Todos têm protegido o interesse de não ver sua imagem impressa contra a vontade, pois ela é a sua representação, sua expansão. Para ser objeto de proteção deve possibilitar a imediata identificação do titular. O retrato do rosto, de frente ou de perfil, está sob a tutela do direito à imagem, assim como de outras partes do corpo. Porém, essa proteção tem limites na primazia de interesses de maior envergadura. Não há proteção à imagem quando a exposição do retrato for necessária à administração da justiça ou manutenção da ordem pública. Também não há óbice à exposição, quando participar de evento de alcance jornalístico que desperte o interesse de muitas pessoas. O interesse de todos em ser notícia desses acontecimentos se sobrepõe ao do indivíduo retratado. Se a pessoa está participando de evento social, tornado público pelos seus organizadores, não pode opor-se aos registros e sua divulgação, desde que não prejudiciais ao seu direito da personalidade. Se não foi tornado público, a divulgação não autorizada, onde ela possa ser identificada, significa violação a esse direito. Nos mais elevados níveis de notoriedade, fotógrafos perseguem a pessoa, onde quer que ela vá, à espera de oportunidades para registrarem situações ou encontros que possam repercutir nos meios de comunicação em massa. Menciona a lei que, a imagem não pode ser publicada, exposta ou utilizada se atingir a honra, a boa fama ou a respeitabilidade da pessoa retratada. Não se deve interpretá-la, entretanto, restritivamente. 
Direito extrapatrimonial à imagem-atributo
Conjunto de características associadas, pelos seus conhecidos, tendo o direito de preservá-las, pois é a sua reputação, sua honra objetiva. A imagem, atributo dos famosos, tem contornos especiais, que transcendem a proteção à honra, em razão de sua natureza patrimonial. Se o titular é pessoa anônima, a proteção de seu interesse, em preservar a imagem-atributo, é a tutela da honra objetiva. Se famosa, além desse âmbito, é também tutelado o seu interesse patrimonial.
Direito Patrimonial à imagem
Por seu valor de mercado, a imagem, da pessoa famosa, além de protegida como extrapatrimonial, é também objeto de direito patrimonial. Tem uma proteção específica, como bem do patrimônio. Pode, assim, ser objeto de negocio jurídico ou renuncia eficaz e é transmissível por ato entre vivos ou falecimento. Em razão da natureza patrimonial, deve a pessoa famosa, administra-la com alguns cuidados, ao contratar sua participação em campanhas publicitárias, negociar cláusulas que a protejam dos riscos de contaminação da imagem.
Direito à honra
Conceitos positivos, que cada um se atribui, ou reconhecidos socialmente. Desdobram-se em duas dimensões:
Subjetiva - conceitos que a pessoa tem de si mesma. É a sua estima. 
Objetiva –conceitos que dela fazem, os que a conhecem. É a reputação.
A narração de fatos, só é do interesse público, quando pertinentes a delito, que a lei tipifica como crime. Nessa hipótese, o agravo à honra da pessoa é desconsiderado e se privilegia o interesse publico na efetivação da repressão penal. Esse interesse, na apuração de fatos criminosos e na punição do agente, limita o direito à personalidade.
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AULA 4
DIREITOS DA PERSONALIDADE NO CÓD.CIV.BRASILEIRO
1.	O Código Civil e a pessoa
Estrutura-se em grandes categorias científicas de pessoas, bens e situações jurídicas. Começa pelas pessoas, preocupando-se com o sujeito das situações jurídicas. Também declara que: “a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro”, afirmando a personalidade ontológica do embrião. 
2. A ausência de previsão dos direitos de personalidade
O código brasileiro não abre espaço para esta categoria de direitos. Ele preferiu a fórmula ampla do art. 159: basta “violar direito, ou causar prejuízo a outrem”. Qualquer enumeração seria assim deslocada. 
3.	A explicação pelos antecedentes 
Razões pragmáticas, na sua elaboração,acreditavam que já estariam regulados na Constituição. Também consideraram a tutela penal de alguns direitos da personalidade. 
4. A evolução posterior 
A importancia da personalidade impõe que todos os seus aspectos encontrem defesa. Interessa o reconhecimento de que a personalidade se deve impor por si, não podendo ficar na dependência de qualquer previsão positiva. É com esta base que chegaram ao Novo Código Civil brasileiro. Ele tem regras especiais, como os atos de disposição sobre o próprio corpo, o direito ao nome ou o direito à imagem. Temos, assim, a Constituição como a sede desses direitos e o Código Civil se limitando aos demais.
5. A distinção entre direitos fundamentais e direitos de personalidade 
Os direitos da personalidade exigem absoluto reconhecimento, pois exprimem aspectos que não podem ser desconhecidos sem afetá-la. Já os direitos fundamentais, além das pessoas físicas, também se preocupam com a estruturação constitucional. Demarcam, muito em particular, a situação dos cidadãos perante o Estado. Desta forma, há muitos direitos fundamentais que não são da personalidade. A preocupação que traduzem é diferente. Inversamente, também, haverá muitos direitos de personalidade que não são fundamentais. 
6. A ambiguidade da multiplicação dos direitos fundamentais 
Aparentemente, esse crescimento representaria o reconhecimento dos direitos da personalidade, na sua realização histórica. A multiplicação dos direitos fundamentais corresponde, rigorosamente, à sua banalização e enfraquecimento. Observou-se que a proclamação generalizada dos direitos do homem coincidiu com o processo do esvaziamento do seu conteúdo, pois eles entram em conflito, entre si, limitando-se reciprocamente, de modo que os novos, de justificação duvidosa, acabam por limitar os antigos, verdadeiramente fundamentais.
7. Direitos da personalidade e direitos pessoais 
O aumento dos termos levou a integrar, nos direitos da personalidade, todos os direitos pessoais; e estes, seriam definidos, pela negativa, como não patrimoniais. Assim, o âmbito da categoria fica distorcido. Esta confusão instalou-se no plano civil, desnaturando o significado da categoria. Fenômeno igual se verificou nos direitos fundamentais. A evolução levou a encontrar, na categoria, albergue para puros interesses económicos. Na realidade, há um lobby que se impôs e que conseguiu que, a nível constitucional, os seus interesses fossem salvaguardados. Eles nada tem a ver com os direitos fundamentais, pois poderiam constar de lei ordinária. Com isto, a categoria constitucional de direitos humanos é descaracterizada, porque abandona o fundamento na personalidade, cabendo, por conseguinte, à lei civil retomá-la, no seu autêntico sentido. Só pode ser considerado direito da personalidade, aquele direito que encontrar fundamento ético na personalidade humana. 
8. O regime dos direitos de personalidade 
Não se confunde com o dos direitos fundamentais. É certo que os da personalidade, que forem correspondentes a um fundamental, se beneficiam do regime específico destes. A regra tem grande extensão, porque o elenco dos direitos fundamentais é aberto, admitindo-se outros resultantes do regime e dos princípios constitucionais. Pertence, assim, ao regime desses direitos:
1) a aplicação imediata 
2) as restrições admitidas na ocorrência de estado de defesa e de estado de sítio 
3) o limite à revisão constitucional 
4) a defesa penal contra qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais
O que nos interessa é o regime dos direitos de personalidade. Ele deverá ser obra da lei civil. Aqui estão os aspectos em que os direitos de personalidade reclamam o regime civilístico especial: 
I – Numerus apertus
São direitos absolutos. Deveriam ser típicos, para defesa de terceiros. Mas em matéria de direitos da personalidade não pode ser assim, porque a defesa da personalidade não pode depender de previsão legal. O que for emanação da personalidade humana tem de ser reconhecido por todos, porque a personalidade é a própria base comum do diálogo social. Pode, por isso, ser atuado um direito, não tipificado por lei, mas que se reconheça ser imposto pelo respeito à personalidade humana. Devem ser incondicionalmente protegidos, independentemente da correspondência a formas prestabelecidas de tutela. Isso implica duas manifestações: 
1) Possibilidade de serem, judicialmente decretadas, providências atípicas de qualquer espécie, mesmo que em geral não admissíveis.
2) Possibilidade, de serem intentados procedimentos e decretadas providências, que vão além das cautelares, nomeadamente por não dependerem de processo definitivo a instaurar posteriormente.
II – Ofensas a pessoas já falecidas 
Impõe-se um regime especial, em que se tenha presente, que é ainda a personalidade do falecido que está em causa, embora, obviamente, os direitos deste tenham cessado, se concedendo legitimidade a pessoas próximas para atuarem funcionalmente, defendendo a sua memória.
III – Irrenunciabilidade, intransmissibilidade e imprescritibilidade 
Deve estabelecer-se a caracterização fundamental destes direitos, resultante da sua indefectível ligação à personalidade humana.
IV – Restrições negociais
Estão sujeitos a limites que podem ser também negociais. O art. 11 do Novo Código Civil brasileiro exagera, ao dispor que o exercício dos direitos de personalidade não pode sofrer limitação voluntária. Assim, é lícito que alguém consinta em submeter-se a uma experiência científica, de encarceramento, muito embora isso atinja a sua liberdade de locomoção. Mas o regime destas restrições tem de estar precisamente demarcado, especialmente no que respeita:
1) Ao âmbito em que são admissíveis 
2) À legitimação para a autorização quando a pessoa for já falecida
3) À revogabilidade unilateral
4) Ao dever de indenizar os prejuízos causados pela revogação.
V – Prevalência sobre outras categorias de direitos 
Em caso de conflito com outros direitos, os de personalidade prevalecem, dada a sua superioridade intrínseca. Este é, porém, um princípio muito geral. Só em concreto, perante às situações individuais de conflito, se poderá determinar como ele se comporá. 
9. O fundamento ético indeclinável 
Os direitos de personalidade exigem um regime excepcional que só tem razão de ser quando estiver em causa a personalidade humana. Usá-lo, para outros fins, criaria uma desproporção incompreensível. A confusão com a categoria dos direitos pessoais é inadmissível. Para demarcar o que representa direito de personalidade, podemos distingui-los nestes três núcleos: 
1) em sentido estrito - os direitos à personalidade, asseguram a base da personalidade, como os direitos à existência e à integridade física. 
2) são direitos pelos quais o homem se demarca socialmente. Mas compreende-se, também, a esfera tão importante da privacidade, dando ao homem as condições para realização do seu projeto pessoal.
3) os direitos ao desenvolvimento da personalidade
Todo o direito da personalidade desemboca na garantia do desenvolvimento da personalidade de cada um. Propicia a aventura pessoal de cada um, não podendo deixar de ser o da comunhão e da solidariedade.
10. Direito da personalidade e direito dos egoísmos individuais
A crise, desse Direito, é tão grande que leva a inverter o sinal a este ramo. O que deveria ser o direito, da pessoa ontológica, transformou-se no puro direito dos egoísmos individuais. Esses direitos ganham carisma anti-social, perdendo o sentido de comunhão e solidariedade que lhes é constitutivo. Nada é tão elucidativo como o que se passa com o direito de privacidade, ou de reserva da intimidade da vida privada. A transformação desse direito, numa grandeza meramente negativa, descaracteriza-o. O elemento personalístico perdeu-se. Espelha a sociedade desumanizada, que se generaliza, e a definição do outro, como o inimigo. Contra esta adulteração, é tarefa indispensável trabalhar o seu núcleo fundamental, e o da pessoa humana que está na sua base. Todos aceitamo fundamento da sociedade na “dignidade de pessoa humana, mas é necessário tirar as consequências dessa afirmação. Também, por invocação desses direitos, proíbem-se referências laudatórias do nome ou da imagem alheias, com finalidades publicitárias. Os direitos humanos são aqui invocados como maneira de fazer dinheiro. Pode, a regra que o estabeleça, ser justificada; não é isso que está em causa. 
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AULA 5
PESSOA JURÍDICA
CONCEITO DE PESSOA JURÍDICA
É sujeito de direito personificado ou pessoa moral, não humano. Pode titularizar direitos e obrigações e praticar os atos, em geral, da vida civil, independente de específicas autorizações da lei. Por não ser humana, está excluída dos atos que exigem o atributo da humanidade. Em geral, é constituída por uma ou mais pessoas e começa a existir, em decorrência de sua vontade. Também o são, os entes da Federação (União, Estados, Distrito Federal e Municípios), derivados, da organização política independente, da sociedade brasileira. As demais sempre terão um ou mais membros, sujeitos de direito, podendo ser físicas ou jurídicas, pois, pelo princípio da autonomia, elas não se confundem com as pessoas que as integram, pois são sujeitos de direito autônomos, distintos, inconfundíveis. Faz-se presente, evidentemente, por meio de uma pessoa física, que por ela assina o instrumento. Mas é ela que está manifestando a vontade, vinculando-se ao contrato, assumindo direitos e contraindo obrigações. Também, em decorrência desse princípio, é ela, e não os seus integrantes, a parte legitima para demandar e ser demandada em juízo, em razão dos direitos e obrigações que titulariza. 
Finalmente e mais relevante, o princípio da autonomia patrimonial, importa a impossibilidade de se cobrarem, dos seus integrantes, as dívidas e obrigações da pessoa jurídica. Esse princípio estabelece que os seus integrantes não respondem por dívidas dela. Apenas em situações excepcionais, a lei autoriza, a imputação da obrigação da pessoa jurídica, a alguns ou todos os seus integrantes. Mesmo nessas situações, essa responsabilidade é sempre subsidiária; ou seja, pressupõe o prévio exaurimento dos recursos patrimoniais dela. 
CLASSIFICAÇÃO DAS PESSOAS JURÍDICAS
Três são os critérios de maior interesse:
a) Legal
Subdividem-se em públicas ou privadas, de acordo com o regime jurídico. Cada uma está sujeita a um regime específico. As públicas caracterizam-se pela supremacia dos interesses titularizados pelas pessoas a ele sujeitas. É o regime da desigualdade jurídica, que outorga prerrogativas, subtraídas das de direito privado, como instrumentos para tutela dos interesses gerais (públicos), os quais, sempre devem prevalecer sobre os individuais. 
As privadas submetem-se ao regime da igualdade jurídica. Se a lei tratar, diferentemente, duas iguais, ela é inconstitucional, por afronta ao princípio da isonomia. Essa prerrogativa só tem validade se for o meio de estabelecer a igualdade na relação, como entre uma empresa e um consumidor. O ônus da prova se inverte, pois, cabe à pessoa jurídica privada e não ao consumidor, provar que o produto ou serviço não está a contento.
As publicas são classificadas em internas e externas. São internas a União, Estados, Distrito Federal, Territórios, Municípios, autarquias (OAB, INSS, INPI etc), inclusive as associações públicas e demais entidades publicas criadas por lei, como as agencias reguladoras ANATEL, ANP, ANEEL, etc. Salvo disposição diversa da lei, a pública interna se submete ao direito civil se tiver a estrutura de direito privado. O seu estudo, prerrogativas, direitos e obrigações é feito pelo direito administrativo. Já as publicas externas são os Estados estrangeiros e todas as pessoas regidas pelo direito internacional público (Igreja Católica, ONU, OMC, Comunidade Européia, etc).
As de direito privado são: fundação, associação, sociedade, organizações religiosas e partidos políticos. 
b) Quantidade de fundadores e de membros
Podem ser singulares ou coletivas. Singulares são as constituídas por uma só pessoa; coletivas, as constituídas por duas ou mais. As associações e demais sociedades são coletivas. As fundações, resultantes da afetação de patrimônio, costumam ser instituídas por uma pessoa, mas há aquelas criadas por dois ou mais instituidores. Por possuírem integrantes ou membros, não podem ser qualificadas como unipessoais ou pluripessoais.
c) Modo De Constituição
Classificam-se em contratuais ou institucionais. As contratuais são constituídas por um contrato entre os seus fundadores, onde se criam vínculos. São a maioria dos tipos de sociedades (simples, nome coletivo, comandita simples e limitada). As institucionais são constituídas por manifestação de vontade de seus fundadores, mas sem que se vinculem contratualmente. São as sociedades por ações(anônima ou comandita por ações), as associações, as organizações religiosas, os partidos políticos e as fundações. Note-se que as pessoas jurídicas singulares são sempre institucionais.
INICIO E TERMINO DA PERSONIFICAÇÃO
Inicia-se com o registro do ato constitutivo no órgão próprio. As associações, fundações e sociedades simples, no Registro Civil das Pessoas Jurídicas, enquanto as sociedades empresárias, nas Juntas Comerciais. Sem o registro, não consegue cadastrar-se no Cadastro Nacional das Pessoas Jurídicas, condição inafastável para participar da economia formal. Expõe-se, ademais, à imposição de multa pela falta de matrícula no INSS, que pressupõe o registro dos atos constitutivos. Termina com o cancelamento de sua inscrição no registro próprio. 
DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA
Pelo princípio da autonomia patrimonial, as obrigações da pessoa jurídica não são, em princípio, imputáveis aos seus membros, pois eles não respondem, em regra, pelas obrigações dela, por serem sujeitos de direito distintos, autônomos, inconfundíveis.
Isso pode ser manipulado na realização de fraudes, principalmente em caso de sociedade, a fim de praticar atos ilegais ou não cumprir obrigações. Transfere-se, à sua titularidade, a obrigação que seria da física, que a integra, ou de outra jurídica. Para evitar isso, desenvolveu-se a teoria da desconsideração da personalidade jurídica. Sempre que ocorrerem atos ilícitos, o juiz pode ignorá-la e imputar, a obrigação, diretamente à pessoa do sócio. Assim, a pessoa jurídica desconsiderada não é extinta, liquidada, dissolvida, invalidada ou desfeita. Apenas determinados efeitos, de seus atos constitutivos, deixam de se produzir episodicamente. A separação patrimonial, decorrente da constituição da pessoa jurídica, não será eficaz no episódio da repressão à fraude. Para todos os demais efeitos, a constituição da pessoa jurídica é existente, válida e plenamente eficaz. 
FORMAÇÃO DA VONTADE DAS PESSOAS JURÍDICAS
Está regulada na lei e no respectivo ato constitutivo (estatuto ou contrato social). Depende de decisões e manifestações de algumas pessoas, agindo isolada ou conjuntamente. Ela deve estruturar-se em órgãos destinados à formação e expressão de sua vontade. Impera o princípio majoritário, sendo a sua vontade, a da maioria dos membros do órgão competente. Esse princípio é a conquista da organização democrática. 
PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PRIVADO
Se submetem ao regime jurídico de direito privado, pautado na igualdade dos sujeitos e autonomia da vontade. Algumas são constituídas por recursos públicos. De fato, se qualquer um dos entes da Federação, associando-se, ou não, a outro ente ou mesmo a particulares, constitui uma pessoa jurídica, ao dotá-la de capital ou patrimônio, emprega nela, necessariamente, recursos públicos. São pessoas jurídicas, de direito privado, constituídas no todo ou em parte, por recursos públicos: as empresas publicas, as sociedades de economia mista e as fundações governamentais. São as chamadas estatais. Elas, embora resultantes de recursos públicos, submetem-se ao regime jurídicode direito privado. Seu estudo é feito no âmbito do direito administrativo. O direito privado ocupa-se das constituídas exclusivamente por recursos de particulares. 
Associações
É a pessoa jurídica com objetivos de natureza não econômica. 
Constituição e dissolução
Estão expressas no estatuto. A lei regulará o destino do patrimonio remanescente da liquidação. 
 
Direitos e deveres dos associados
É direito constitucionalmente assegurado o da liberdade de associação. 
Assembléia geral dos associados
É o órgão de deliberação máximo da associação, sujeita a diversas formalidades. 
Sociedades
Sao pessoas jurídicas de fins economicos. 
Fundações
É a pessoa jurídica, resultante da afetação de um patrimônio, a determinada finalidade. Não possui membros ou integrantes. O instituidor, pessoa física ou jurídica, destaca de seu patrimônio alguns bens, e vincula, a administração e os seus frutos, à realização de objetivos. Essa vontade agrega-se à fundação, mesmo após sua morte(pessoa física) ou dissolução(pessoa jurídica). Os fins são sempre não econômicos, como: religioso, moral, cultural ou de assistência. Isso não significa que não podem ter lucro com as atividades que desenvolvem. Sempre que não for possível, cumprir sua finalidade não econômica, sem se valer do lucro como meio, nada impede que ela explore, atividade lucrativa, compatível com seus objetivos. A vontade do instituidor a acompanhará, por toda a sua existência, sendo preservada pela lei e pelo Ministério Publico.
Instituição da fundação
Por escritura publica ou por testamento. Se forem insuficientes os bens dotados, eles serão incorporados em outra fundação de finalidade igual ou semelhante, a menos que o instituidor tenha disposto, de maneira diversa.
Fiscalização do Ministério Público
Velar pelas fundações, fiscalizando o respeito à vontade do instituidor. Qualquer alteração no estatuto depende de sua aprovação. 
ORGANIZAÇÕES NÃO GOVERNAMENTAIS: ONGs
Produto da articulação do terceiro setor, pelo distanciamento, de iniciativas da sociedade civil, tanto em relação ao estado como ao mercado. Se consideram entidades organizadas por particulares para atendimento de interesse publico. 
DIREITOS DA PERSONALIDADE DA PESSOA JURÍDICA
Se aplica, no que couber, às pessoas jurídicas. Eles têm por objeto o nome, imagem, vida privada e honra. O nome está protegido contra imitações. O registro na Junta Comercial assegura-lhe o uso exclusivo do nome nos limites do respectivo Estado, admitida a extensão, perante as Juntas dos demais Estados, para assegurar a exclusividade em âmbito nacional. As marcas são bens industriais, sujeitas à proteção específica da Lei de Propriedade Intelectual. O direito à imagem, também, é extensível à proteção, como direito da personalidade; tanto da imagem-retrato como da imagem-atributo. Quanto à privacidade, tem direito de não ver difundidas, as informações não públicas, a seu respeito. As opiniões negativas, e as narrativas, de fatos que depreciam a sua reputação, não podem ser externados, ainda que verdadeiros. Devem ser observados os mesmos limites, apontados em relação à pessoa física. O interesse privado, com relação ao nome, imagem, privacidade e honra não prevalece, sobre interesses de maior envergadura, difusos, coletivos e públicos.
DOMICILIO DA PESSOA JURÍDICA
Onde exercem seus direitos e respondem por suas obrigações. Se de direito privado, é chamado também de sede. Deve ser mencionado no respectivo ato constitutivo. Pode ser também o lugar do seu órgão de representação. Se uma associação mudou-se do escritório mas não atualizou seu domicilio no Registro Civil das Pessoas Jurídicas, considera-se domiciliada tanto no mencionado em seu estatuto quanto naquele onde funciona sua diretoria. Se for estrangeira, porque tem a sede no exterior, considera-se domiciliada no lugar em que estabeleceu, no território nacional, sua agencia ou escritório.
A União considera-se domiciliada em qualquer de suas repartições situadas no Distrito Federal e os Estados e Territórios consideram-se domiciliados em qualquer de seus órgãos estabelecidos nas respectivas capitais. Quem demanda uma autoridade federal ou a própria União deve observar as regras de competência fixadas nas normas, constitucionais e legais, de processo civil.
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AULA 6
BENS
BENS E COISAS
Bem é tudo o que pode ser pecuniariamente estimável, precificado, avaliado em dinheiro, traduzido em quantia monetária: casa, automóvel, informações, segredos de empresa, direitos creditícios, obrigacionais, participações societárias. Coisa é tudo o que existe além dos sujeitos de direito. Nada possui valor por si mesmo. A atribuição de valor é sempre expressão de relações sociais. Os valores atribuídos aos bens são a medida da sua escassez. Quanto maior a escassez, maior o valor. A escassez de recursos e o aumento vertiginoso das querências na sociedade consumista transformam coisa em bens e vice-versa. As coisas sem expressão pecuniária podem ou não ser objeto de direito: as estrelas, os animais, o ar atmosférico. 
BENS CONSIDERADOS EM SI MESMOS
imóveis e moveis – imóveis são os bens que não podem ser transportados sem comprometer sua integridade e móveis, os que se podem transportar íntegros. O art. 79, CC, considera imóveis: o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou artificialmente e móveis, os bens suscetíveis de movimento próprio, ou de remoção por força alheia, sem alteração da substancia ou da destinação econômico-social. 
corpóreos e incorpóreos – é classificação doutrinaria apenas. Os corpóreos são dotados de existência física, os incorpóreos são meros conceitos.
Fungíveis e infungíveis – fungíveis são os bens que se podem substituir por outros da mesma espécie, qualidade e quantidade, infungíveis são os demais
Consumíveis e inconsumíveis. Consumíveis são aqueles que se destroem ao primeiro uso e inconsumiveis os que se podem usar mais de uma vez.
Divisíveis e indivisíveis. Se a sua divisão não comprometer sua substancia, não diminuir seu valor, nem prejudicar o uso a que se destina, será divisível.
Singulares e coletivos. Singulares são os que se podem considerar independentes, ainda que reunidos a outros bens, os demais, são coletivos. Eles são classificados em:
universalidades de fato - singulares, pertencentes à mesma pessoa, com destinação unitária, 
universalidades de direito - são o complexo de relações jurídicas dotadas de valor econômico referente a certa pessoa.
Comercializáveis ou fora do comércio. É uma classificação doutrinária. Bens fora do comércio são os inalienáveis por força da lei ou da vontade de quem deles dispõe.
BENS RECIPROCAMENTE CONSIDERADOS
Se classificam em:
Principais – Sua existência não depende de outro. Ex.: direito ao credito do aluguel de locação.
Acessórios – existe em função de outro, do qual depende. Sua existência supõe a do principal. Ex.: direito à multa prevista na locação, pelo atraso no pagamento.
BENS PUBLICOS
São classificados em:
Públicos – são os pertencentes às pessoas jurídicas de direito publico interno e os afetados à prestação de serviços públicos
Uso comum do povo – rios, mares, estradas, ruas e praças. São inalienáveis.
Uso especial – edifícios ou terrenos destinados a serviço publico ou estabelecimento da administração publica. São inalienaveis
Dominicais – não possuem ainda especificada qualquer destinação
Particulares – são os de propriedade de pessoas jurídicas de direito privado ou físicas

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