Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
PROVAS DE FUNÇÃO RENAL Provas de função renal: O EAS não é um teste especifico para avaliar função renal, mas a avalia de uma maneira indireta. O papel do sistema renal é o processamento e secreção para a eliminação de metabólitos que a gente não utiliza mais, e, além disso, tem outras funções como a metabolização e filtração do sangue, secreção de hormônios e o equilíbrio ácido básico, sendo extremamente fundamental para o funcionamento do organismo. No estado de Rondônia temos um número muito alto de paciente renal crônico. Para avaliar a função renal temos alguns marcadores, entre eles a ureia e a creatinina. A ureia não é considerava um excelente marcador ao passo que a creatinina é um marcador muito bom. E porque isso? Pois com a creatinina podemos avaliar o processo de filtração. Pra ser um bom marcador a substância tem que ser primeiramente da fácil detecção e que seja de produção constante. A creatinina, por não ser absorvida, se torna um dos melhores marcadores de função que a gente tem. A creatinina é um metabólito que produzimos de maneira constante, ele vem da quebra da creatina que, quando ocorre, libera a creatinina. Essa creatina quebrada libera fósforo para fosforilar o ADP durante atividade muscular ou metabólica, e por esse motivo, está relacionada com a massa muscular. Se eu comparar um indivíduo com menos e outro com mais massa muscular o que tem mais massa muscular terá uma maior quantidade de creatinina, pois tem uma maior quantidade de creatina. Pra montar um valor de referência, esse valor deve estar diretamente ligado à quantidade de massa muscular. São basicamente três substâncias utilizadas para avaliar função renal: o Ureia: Ela vem das proteínas, do metabolismo de nitrogenados. o Creatinina: Vem do processo de contração muscular, da quebra de creatina que é fosforilada. o Ácido úrico: Ele vem do metabolismo de bases nitrogenadas. Se a função renal está dento do padrão de normalidade o esperado é que eu mantenha o nível de ácido úrico, se eu tenho um comprometimento da função renal a tendência é o aumento desse ácido. Um aumento do metabolismo de compostos que geram ácido úrico também gera o aumento do mesmo e como consequências temos artralgia ou artralpatia, devido o acúmulo de cristal de ácido úrico. 1) Néfrons, unidades funcionais dos rins: Temos a unidade função do sistema renal, o néfron. É nele que ocorre o processo de filtração, sendo que cada região dele tem a capacidade de secretar determinadas substancias e reabsorver outras substancias. 2) Formação da Urina: Um indivíduo produz cerca de 0,4 a 2 L/dia, o que está mito relacionado com seu estado de hidratação. Glomérulo: Filtração do plasma. O glomérulo produz o ULTRAFILTRADO, mesma composição do plasma, com ausência de moléculas de alto peso molecular, que são as proteínas, macromoléculas (170 a 200 L/ 24 h). As proteínas são um bom indício de alteração da função renal, quando presentes na urina não podem passar despercebidos, pois eu tenho que verificar o que está levando o seu aparecimento na urina. Muitas vezes o paciente que possui proteinúria não apresenta sintomatologia, é simplesmente um achado esporádico, o indivíduo foi investigar outra situação e faço a detecção de proteinúria. Isso ocorre porque quando aparece a proteína eu ainda não tenho alteração fisiológica, a capacidade está funcionando perfeitamente bem, mas eu já tenho um grau de comprometimento em alguma porção de um rim ou comprometimento de basicamente todo o sistema renal. No caso de pacientes que doaram um rim, o rim não doado consegue manter a função dos dois, aí terei um quadro sem sintomas. Eu tenho uma reserva de filtração baseado nas duas unidades que a gente tem renal. Túbulo contorcido distal: 60 a 80% do ultrafiltrado são reabsorvidos junto com Na+, Cl-, HCO3-, Ca2+, PO43-, outros íons, glicose e AA’s. Alça de Henle: São reabsorvidos Na+ e Cl-, sem água, formando a URINA DILUÍDA. Túbulo contorcido distal: Ocorre reabsorção de água (controlada pelo ADH), Na+ (ação da aldosterona) e HCO3-, secreção de íons orgânicos, K+ e H+. Algumas substâncias são absorvidas e outras são secretadas, ou mesmo algumas são reabsorvidas em determinados pontos e secretadas em determinado ponto dentro daquela unidade funcional. 3) Funções dos rins: Função excretora: Eliminar do organismo a maioria dos produtos finais indesejáveis do metabolismo (medicamentos, qualquer sustância que o organismo não consegue mais aproveitar, excesso de substâncias inorgânicas ingeridas na alimentação). E a gente libera também ureia, creatinina, ácido úrico (compostos nitrogenados não-proteicos), alguns aminoácidos, sódio, potássio, cloreto e água. Não deveríamos excretar água porque ela é fundamental para o mecanismo bioquímico, mas não tem como secretar outros elementos sem ser em meio aquoso. Função reguladora: Os mecanismos de reabsorção e secreção diferenciais, localizados no túbulo de um néfron, são os efetores da regulação. Cada néfron possui a capacidade funcional de fazer o mecanismo de regulação. Função endócrina: o Primária: Renina, Eritropoietina, vitamina D. o Secundária : ADH (Hormônio antidiurético), Aldosterona, PTH (paratormônio). 4) Testes da Função Renal: Dentro desses testes de função renal nos vamos avaliar a funcionalidade e integridade do funcionamento do rim. A avaliação do estado do rim inclui o exame de: o Funções do néfron de filtração glomerular; o Capacidade de secreção de compostos particulares endógenos ou exógenos; o Capacidade de reabsorção dos rins para água e eletrólitos: A capacidade de concentradora. Eu avalio essa capacidade de concentração com um elemento dentro do exame de urina, a densidade (massa/volume), então se eu não tenho a capacidade de concentrar terei uma alteração na densidade para menos ou para mais. Fugindo do padrão de normalidade quer dizer que estou tendo alteração de massa, ou que está reabsorvendo ou secretado demais. 4.1) Avaliação da Função Glomerular: 4.1.1) CLEARENCE (DEPURAÇÃO) RENAL e TAXA DE FILTRAÇÃO GLOMERULAR. Depuração é mensurar a quantidade de determinada substância em um intervalo de tempo. Então eu definido como o volume de sangue ou plasma limpo (depurado) de uma substância por unidade de tempo, sendo expressa matematicamente por: o D: depuração. Em unidades de mL de plasma depurados de uma substância por minuto. o U: concentração urinária de uma substância qualquer em mg/dL. o V: taxa de fluxo urinário em mililitros por minuto. o P: concentração plasmática da substância em mg/dL. Para a medida ser realizada com precisão, a substância a ser analisada deve ter as seguintes características: o Não ser reabsorvida nem secretada pelos túbulos renais; o Ser estável na urina durante um período de coleta de 24 h; o Nível plasmático constante; o Disponibilidade no organismo; o Fácil análise bioquímica. Várias substâncias são utilizadas: o Inulina: É um açúcar que não é reabsorvido. o 51Cr-EDTA o 125I-iodotalamato o 99mTc-DTPA Essas substâncias podem ser infundidas e usadas para medir a TFG, porém a creatinina é a mais utilizada na prática. Eu consigo determinar uma concentração para qualquer um desses elementos radioativos ou não radioativos e faço a infusão, daí eu espero que dentro de um determinado tempo, que o fluxo de eliminação vai zerar, se passou um tempo de 2-10 horas e eu ainda tenho essas substâncias significa que eu tenho algum comprometimento no processo de filtração. Pode estar filtrando pouco ou não está filtrando nada. A medida para avaliarmos a capacidade de filtração é utilizando a fórmula acima. Entretanto, entre essas substancias há algumas complicações, como, por exemplo, o fato de que para trabalhar com as substancias radioativas eu preciso de uma autorização da Agência de Energia Nuclear,dessa forma, são raríssimos laboratórios no país que tem essa autorização. Um inconveniente é que esses materiais que não são produzidos precisam ser infundidos nas pessoas, e muitos pacientes já têm um receio de fazer a administração. Assim, na prática o que temos de mais fácil é a creatinina, por ser um produto endógeno do metabolismo, produzido de uma maneira constante e é um metabólito que não sofre processo de reabsorção, ou seja, tudo que é produzido é eliminado. 4.1.2) DETERMINAÇÃO DOS COMPOSTOS NITROGENADOS NÃO PROTÉICOS 4.1.2.1) - Creatinina: Depuração de Creatinina Creatinina é formada espontaneamente a partir da creatina e fosfocreatina. O que interessa é a quantidade que isso aqui está formado, quanto maior a quantidade dessa quebra de creatina maior é a quantidade de creatinina formada. De uma maneira geral 1 a 2% da creatina muscular são transformadas por dia em creatinina, sendo uma faixa constante (um dos requisitos para termos um bom marcador de função). A quantidade de creatinina endógena produzida é proporcional à massa muscular, portanto, varia com a massa corporal magra, idade e o sexo. Indivíduos do sexo masculino tem uma massa muscular maior, consequentemente tem uma maior quantidade de creatina que vai dar uma maior quantidade de creatinina. A taxa de eliminação em qualquer pessoa, na ausência de doença renal, é relativamente constante e correlaciona-se com a produção endógena. Variações interindividuais tendem a ficar abaixo de 15% de dia para dia, então de um indivíduo para o outro não tenho uma variação muito significativa. *CREATININA: UM DOS MELHORES METABÓLITOS QUE MEDE ESSA CAPACIDADE DE FILTRACAO RENAL. Utilidade Clínica: Depuração é um indicador da taxa de filtração glomerular (TFG) produção endógena, liberada nos líquidos corporais numa taxa constante, mantem os níveis plasmáticos dentro dos limites de normalidade, sendo fácil e barato de mensurar. Temos que ter cuidado com creatinina, pois ela só vai estar elevada na corrente sanguínea quando 50% da função renal já estão comprometidas, não detectando precocemente as nefropatias. Por esse motivo a presença de altos níveis séricos sugere cronicidade. Ela é usada para determinar a extensão da lesão dos néfrons em doenças já conhecidas relacionadas aos níveis proporcionais a severidade da doença. Deve-se avaliar a possibilidade da administração de medicamentos que podem atingir altos níveis se a filtração estiver reduzida (o que é verificado com a dosagem de creatinina). Determinação: Medida da depuração de creatinina é executada pela obtenção de uma amostra de urina de 4, 12 ou 24 horas, e também uma amostra de sangue dentro do período da coleta da urina, portanto tenho que fazer dosagem sérica e a dosagem de urina. O volume de urina é medido, a taxa de fluxo urinário calculada (mL/min) e a dosagem de creatinina é executada no plasma e na urina (mg/dL ou mg/mL), dessa forma eu vou observar a relação que eu tenho entre a quantidade circulante e a quantidade de creatinina secretada. Valores de Referência: o Soro: -Mulheres: 0,5 - 1,1mg/dL; -Homens: 0,6 - 1,2 mg/dL o Urina: -Mulheres 16 - 22 mg/kg peso/24h; -Homens 21 - 26 mg/Kg peso/24h o Depuração de Creatinina: -Mulheres: 88 - 128 mL/min/1,73m2 -Homens: 97 - 137 mL/min/1,73m2 Desses valores de referência a depuração é o melhor marcador, comparado isoladamente com creatinina sérica e especificadamente na urina, por conta do tempo que eu tenho de 24 horas. Aquela creatinina que eu faço na urina ou aquela creatinina que eu faço no soro é em um período específico, então não mede ao longo do tempo essa variação que a gente sabe que existe. Portanto, a depuração é a melhor ferramenta porque pega um tempo de no mínimo 24 horas. Exemplo de Depuração da Creatinina: o Calcular a depuração: U mg/dL Volume 24 h (mL) *Mililitros de plasma depurados por minuto = ------------- x -------------------------, onde: S mg/dL 1440 minutos o U = creatinina na urina (mg/dL). o S = creatinina no soro (mg/dL). o Volume 24 h = volume urinário de 24 horas. *Exemplo: o Creatinina na urina: 62 mg/dl. o Creatinina no soro: 1,37 mg/dL. o Volume de 24 horas: 1872 mL. 62 mg/dL 1872 mL o Depuração da creatinina = --------------- X -------------------- = 58,8 mL/minuto. 1,37 mg/dL 1440 minutos o Depuração corrigida = Depuração sem correção x 1,73/Superfície corporal do paciente. Como isso está diretamente relacionado à massa muscular eu tenho que multiplicar pela massa muscular do indivíduo. Pra os médicos já vem pronto. 4.1.2.2) Ureia: A ureia é fruto de um processo de degradação de proteínas, sendo o principal metabólito nitrogenado do catabolismo proteico dos seres humanos, responsável por mais de 75% do nitrogênio não-protéico excretado. Mais de 90% são excretadas pelos rins, sendo filtrada livremente pelos glomérulos. *A ureia não é um bom marcador de função renal, pois ela é reabsorvida. Utilidade Clínica: Uma ampla variedade de doenças renais, com diferentes permutações de lesão glomerular, tubular ou vascular, pode causar um aumento na concentração de uréia no plasma (o que é chamado de AZOTEMIA). Tipos de Azotemia: o Azotemia Pré-renal : Ex.: redução da perfusão renal (Em situação de desidratação e choque eu tenho ureia).A função renal está integra, apesar do aumento da ureia. o Azotemia Renal: Ex.: glomerulonefrites, necrose tubular. o Azotemia Pós-renal: Ex.: cálculos renais, tumores compressivos da bexiga e obstruções de origem prostática. Qualquer situação que impede a ureia depois de ser secretada. A taxa de ureia se encontra reduzida na insuficiência hepática aguda e na inanição. Um dos quadros de complicação de um paciente com cirrose ou hepatite é o aumento de amônia sérica, o leva a uma encefalopatia, pois eu não consigo converter a amônia (extremamente tóxica) em ureia, consequentemente a taxa de ureia se encontrará reduzida. Valores de Referência: o Soro: 15 – 40 mg/dL. o Urina: 26 – 43 g/ volume de 24h. 4.1.2.3) Ácido Úrico: O ácido úrico é um marcador por ser uma substância filtrada com o principal produto do catabolismo dos nucleosídeos purínicos, adenosina e guanosina. À medida que eu tenho alteração na capacidade de filtração eu tenho um aumento dessa substância a nível sérico. Maior parte das purinas excretadas como ácido úrico na urina surge da degradação endógena, apesar das purinas de origem alimentar serem transformadas diretamente em ácido úrico. Nível renal: (1) filtração glomerular de teoricamente 100% do ácido úrico plasmático. (2) porção inicial do TCP a reabsorção de 98 a 100%. (3) porção final do TCP faz o processo de secreção. (4) TCD faz o processo de reabsorção. O balanço final dessa excreção e reabsorção é aproximadamente entre 6 a 12% da quantidade filtrada (é o que eu consigo eliminar na urina). Utilidade Clínica: O paciente tem hiperuricemia com concentração plasmática acima de 7,0 mg/dL nos homens e de 6,0 mg/dL nas mulheres. Causas: o Defeitos enzimáticos específicos. o Renovação aumentada de ácidos nucléicos. o Retenção renal, ou seja, comprometimento da função renal (insuficiência renal, terapias por fármacos, chumbo), terá aumento de ácido úrico devido a deficiência de secreção dessa substância. Como consequência do aumento dessa substância eu tenho a patologia chamada Gota. A Gota é uma precipitação de cristais de urato nas articulações, e é responsável poruma das caudas de artrite. Valores de Referência: o Soro: -Homens: 2,5 – 7 mg/dL. -Mulheres: 1,6 – 6 mg/dL. o Urina: -250 – 750 mg/urina 24 h. 4.2) PROVAS DE FUNÇÃO TUBULAR 4.2.1) Densidade: Avaliar a capacidade tubular de concentração da urina, ou seja, reflete a capacidade tubular renal de adequar o volume de água corporal (de secreção). o Isostenúria (d = 1,010 a 1,030): densidade urinária normal. o Hiperstenúria (d > 1,030): densidade anormalmente alta com concentração de solutos por perda ou privação de água. Capacidade anormal ou alta concentração de determina substância. o Hipostenúria (d < 1,010): densidade anormalmente baixa devido à incapacidade dos túbulos renais concentrarem a urina. Ex.: Nefrite crônica. Tenho uma baixa quantidade de massa em relação a determinado soluto. 4.2.2) Osmolalidade: Medida do número de partículas ou íons osmoticamente ativos por unidade de solução. 4.2.3) Proteinúria: o Proteinúria (+) e albuminúria (-): proteinúria tubular. o Proteinúria (+) e albuminúria (+): proteinúria glomerular. 4.2.4) Glicosúria e aminoacidúria não explicada: o Glicose (+) e aminoácidos (+): lesão tubular.
Compartilhar