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Gabarito das Autoatividades LITERATURA PORTUGUESA Letras 2008/2 Módulo IV 3UNIASSELVI NEAD MANUAL DO PROFESSOR-TUTOR EXTERNO L I T E R A T U R A P O R T U G U E S A GABARITO DAS AUTOATIVIDADES DE LITERATURA PORTUGUESA CURSO DE LETRAS UNIDADE 1 TÓPICO 1 Leia os textos a seguir e responda: 1 Apesar de afastados no tempo por mais de um século, os dois textos tratam do mesmo tema. Qual é ele? R.: Ambos os textos falam da Língua Portuguesa e deixam marcas de que gostam e veem com valor a língua. 2 Que tipo de poema dá forma ao texto 1? R.: O texto é um SONETO, pois possui duas quadras e dois tercetos. 3 O texto 1 usa metáforas relacionadas aos minerais e vegetais para se referir à língua, sugerindo o quanto ela é essencial. Quais são essas metáforas? R.: 1. A língua é FLOR. 2. A língua é o OURO. 4 O que significam os versos do texto 2: “Gosto de sentir a minha língua roçar/ A língua de Luís de Camões”? R.: O poeta afirma gostar de falar o Português, a língua de Luís Vaz de Camões, grande poeta português que deu renome à Língua Portuguesa. 5 O Lácio, a que se refere o texto 1, é a região da Itália onde fica Roma. Você já sabe que o português originou-se do latim. O que significa, então, a expressão “Última flor do Lácio”? R.: A Língua Portuguesa seria, para o poeta, a última “coisa”, “lembrança”, “ação” que os romanos que viviam no Lácio, região de Roma, deixaram para a história. É bom lembrar que no Lácio falava-se o latim, língua da qual se originou o Português. 6 Você concorda com a afirmação “minha pátria é minha língua”? R.: A resposta deve ser afirmativa, pois o que somos representamos pela língua que falamos. Diz-se que a língua tem participação no caráter das pessoas. 4 MANUAL DO PROFESSOR-TUTOR EXTERNO UNIASSELVI NEAD L I T E R A T U R A P O R T U G U E S A TÓPICO 2 Leia o texto a seguir e responda: 1 No trecho selecionado de A demanda do Santo Graal, a donzela tenta seduzir Galaaz. Diante da recusa dele em namorá-la, ela se suicida. Reflita e responda: a) É possível acreditar na atitude da donzela? R.: Sim, para o tipo de texto que lemos. Há, nas novelas de cavalaria, um propósito moralista e doutrinário. Assim, a personagem feminina representa a tentação, o pecado e o desespero por não conseguir o amor do cavaleiro. b) A atitude do cavaleiro é verossímil? R.: Também, idem quanto ao tipo de texto. Galaaz representa o homem puro, modelo para todos. Lembre-se que a verossimilhança é relativa ao texto, à época, ao tipo de texto. 2 Faça uma pequena pesquisa para responder às seguintes questões: a) Como era o comportamento do cavaleiro medieval? b) Quais eram as suas regras? c) Como era o seu código de honra? R.: As respostas devem apresentar aspectos como: É um nobre que luta pelos fracos e pelos oprimidos etc. TÓPICO 3 1 Comente as figuras de Todo o Mundo e Ninguém, caracterizando-as. R.: Todo O Mundo: comerciante, rico, cheio de si, exigente, tudo quer e nada paga. Ninguém: pobre, humilde, paga por tudo e nada quer. 2 Nas falas de Berzebu, os personagens Todo o Mundo e Ninguém, bem como o diálogo travado entre eles, ganham novo significado, por quê? R.: Porque, nas falas de Berzebu, Todo o Mundo e Ninguém assumem o valor de substantivos comuns (Todo o Mundo: todas as pessoas, Ninguém: nenhuma pessoa), passando a representar toda a sociedade. Portanto, Todo o Mundo e Ninguém são tipos alegóricos: representam uma coisa (dois homens) para dar a ideia de outra (o conjunto da sociedade). 3 Quais são as posturas de Berzebu e de Dinato? São passivos ou ativos? O que pretende Gil Vicente com isso? R.: São passivos. Destacar a passividade de Berzebu e Dinato em relação ao 5UNIASSELVI NEAD MANUAL DO PROFESSOR-TUTOR EXTERNO L I T E R A T U R A P O R T U G U E S A diálogo travado entre Todo o Mundo e Ninguém. Berzebu não cria palavras, apenas reproduz literalmente as falas dos dois tipos. 4 Você concorda com a fala de Berzebu: “que Ninguém busca consciência, e Todo o Mundo, dinheiro”? Por quê? R.: Resposta pessoal do(a) acadêmico(a). 5 No texto, Todo o Mundo e Ninguém constituem tipos: a) arcaicos b) alegóricos (correta) c) amorais d) políticos e) religiosos 6 O texto afirma que: a) todo o mundo é mentiroso. b) Ninguém é mentiroso. c) Todo o mundo diz a verdade. d) ninguém diz a verdade. e) Todo o Mundo é mentiroso. (correta) Observação: Trata-se de um teste. Embora do ponto de vista textual a resposta correta seja realmente a letra e, a interpretação do texto induz à escolha da alternativa a. UNIDADE 2 TÓPICO 1 1 Sobre o Texto 1, responda: a) Explique o sentido de “falar a língua dos homens” e “falar a língua dos anjos”. R.: Entender as coisas humanas, da terra, e entender as coisas dos anjos, do céu. b) Com relação ao sentido, o texto poderia ser dividido em duas partes. Separe-as e dê um título para cada uma, procurando deixar claro o assunto de que tratam. R.: As três primeiras estrofes poderiam ter como título: Eu nada sou sem o amor; as duas últimas: O amor não tem limites. 6 MANUAL DO PROFESSOR-TUTOR EXTERNO UNIASSELVI NEAD L I T E R A T U R A P O R T U G U E S A c) No final do texto, no momento em que Paulo fala sobre o futuro, há informações sobre o que desaparecerá (porque é limitado) e o que não desaparecerá (porque não é limitado). Localize cada parte. R.: Desaparecerão as profecias, as línguas a ciência; porque é limitado nosso conhecimento. Mas o amor não passará porque ele é ilimitado. d) O apóstolo Paulo diz na carta que no futuro virá a “perfeição”. Como você en tende esse termo? Será essa uma época em que os homens serão perfeitos? Explique sua resposta. R.: Resposta pessoal: devem aparecer respostas como: o que virá será de Deus, e Dele só vem a perfeição. 2 Sobre o Texto 2, responda: a) Que figura de linguagem existe em expressões como “amor é ferida que dói e não se sente” e que permeia todo o soneto de Luís de Camões? R.: Um PARADOXO, que mostra a contradição do amor. b) Que efeito causa o uso repetido dessa figura de linguagem? R.: A repetição confirma a contradição do amor. c) O poema pode ser dividido em duas partes: a primeira procura caracterizar o amor; a segunda expressa uma dúvida do eu-lírico. Identifique o início e o fim de cada parte. R.: CARACTERIZAÇÃO do amor: três primeiras estrofes; DÚVIDAS sobre o amor: última estrofe. d) Qual é a dúvida expressa pelo eu-lírico no fim do poema? R.: Como pode o homem desejar o amor se esse sentimento causa tanto sofrimento e dor. 3 Sobre o Texto 3, responda: A letra da música de Renato Russo explora ideias presentes na carta de São Paulo e no soneto de Camões. Assinale as ideias do soneto que Renato Russo não aproveitou. R.: Renato Russo não aproveitou os versos: “Mas como causar pode seu favor / Nos corações humanos amizade, / se tão contrário a si mesmo é o amor?”. Ou seja, os versos em que Camões indica DÚVIDAS sobre o amor. 4 Compare os três textos. a) Na introdução das aulas deste ano, falamos em intertextualidade. Releia a definição e procure explicar por que se pode dizer que há intertextualidade 7UNIASSELVI NEAD MANUAL DO PROFESSOR-TUTOR EXTERNO L I T E R A T U R A P O R T U G U E S A entre a com posição de Renato Russo e os dois outros textos. R.: Há intertextualidade, porque Renato Russo recupera, retoma ideias, reproduz frases, na tentativa de trazer uma nova leitura para o que já foi dito. b) Como o amor é conceituado no Texto 1º? E no Texto 2º os conceitos são iguais ou há oposição entre eles? R.: Texto 1: O amor é visto como um sentimento divino. Texto 2: Embora o amor traga muitas dores ao homem, ainda assim é por ele desejado. Na verdade, não chega a haver oposição entre os textos, mesmo havendo uma intenção mais religiosa no texto de Paulo. c) Leia novamente os três textos, atentando para a abordagem que cada um dos autores faz acerca do amor. Em seguida, responda: algum deles (ou todos) se re fere(m) unicamente ao amor entre um homem e uma mulher? Justifique.R.: Os textos 1 e 3 não se referem ao amor entre um homem e uma mulher; o texto 2 faz referência entre o amor entre um homem e uma mulher. TÓPICO 02 I Leia o texto e responda: Carta guia dos casados 1 Um dos recursos de expressão mais empregados em todas as épocas é a antítese. Trata-se de uma figura de ênfase estilística que consiste em aproximar palavras ou expressões de sentido antagônico. Tendo por base as várias construções antitéticas presentes em ambos os textos, a) cite as duas antíteses claramente evidenciadas na primeira e segunda estrofes da canção O amor é velho, menina, de Tom Zé; R.:Na primeira estrofe: medo / maravilha; na segunda: lixo / brilhantes b) interprete, conforme o pensamento contextualizado no texto de Francisco Manuel de Melo, a frase antitética “O primeiro [amor] acaba na posse do que se desejou; o segundo começa nela”. R.: Francisco Manuel de Melo enfatiza a oposição entre dois tipos de amores: um mais irracional, fruto do desejo da cobiça; o outro fruto do conhecimento e da convivência – o dos casados. 2 Na Carta de guia de casados, Francisco Manuel de Melo afirma já de início que o amor “não é só uma coisa, porém muitas com um próprio nome”. Releia atentamente os textos pautados e, a seguir, 8 MANUAL DO PROFESSOR-TUTOR EXTERNO UNIASSELVI NEAD L I T E R A T U R A P O R T U G U E S A a) responda em que sentido esta mesma ideia de pluralidade do amor está implícita no texto O amor é velho, menina; R.: No sentido de que não apresenta uma única face do amor, mas várias. O amor tanto pode ser culpa e medo, bom e ruim, nobre ou vil. b) apresente um trecho do poema-canção que justifique sua resposta. R.: A imagem múltipla do amor vai sendo construída ao longo de todo o texto; assim, várias passagens podem servir como exemplo. 3. O estilo barroco de Francisco Manuel de Melo, caracterizado pela insistência em enfatizar conceitos e argumentos, serve-se de procedimentos sintáticos que o tornam um tanto repetitivo, redundante e, por vezes, obscuro, como exemplifica o seguinte período: “Poderá bem ser que por isto os antigos fingissem haver tantos amores no mundo, a que davam diversos nascimentos; e também pode ser venha daqui que ao amor chamamos amores; pois se ele fora um só, grande impropriedade fora esta.” Examine com atenção o período citado e a) indique a passagem na qual, no entanto, para evitar mais uma repetição, o autor praticou a elipse da conjunção subordinativa integrante; R.: “e também pode ser (que) venha daqui...” b) reescreva o período, evitando outras repetições de palavras ou locuções, para torná-lo mais claro e conciso. R.: Resposta pessoal do(a) acadêmico(a). Exemplo: Pode ser que os antigos fingiram existir tantos amores no mundo e davam diversos nascimentos a este sentimento, mas pode ser também que tais emoções sejam, na verdade, uma só. Atenção: lembre-se de que a resposta é pessoal. II Leia o texto e responda: Terceira carta 1 Aponte, no fragmento acima: a) uma passagem em que se perceba um conflito típico do Barroco. R.: As respostas podem ser variadas. Tipo: prazer e desgosto vitória e derrota perda e ganho amor e ódio morrer e viver tristeza e alegria b) uma passagem em que a religiosa [Sóror = freira] faça referência à conduta 9UNIASSELVI NEAD MANUAL DO PROFESSOR-TUTOR EXTERNO L I T E R A T U R A P O R T U G U E S A social ou ao código moral da época. R.: “Os rigores da lei deste reino”. Era uma vitória ter aos pés uma dama, a qual lhe amava. Buscar a compaixão do amor não correspondido. Outras possibilidades que demonstrem que a mulher deva servir-se ao homem. TÓPICO 03 1 No texto 1, o poeta afirma que se entregou às paixões. Essa postura o identifica como um perfeito árcade ou o aproxima do Romantismo? Justifique sua resposta. R.: A postura aproxima o Arcadismo do Romantismo, é só ver o individualismo, o deixar-se levar pelas paixões; e pelos prazeres; as reflexões sobre os enganos da vida. 2 Ainda em relação ao texto 1, qual a atitude assumida pelo poeta diante da vida e da morte? R.: Observe que o poeta se arrepende pela vida que teve, assim, pode-se dizer que ele sente a morte como um fim dos enganos e desenganos da vida. Uma atitude ultrarromântica. Enfim, a morte é bem-vinda. 3 No soneto “Camões, grande Camões...” (texto 2), Bocage cita um certo “sacrílego gigante”. Que gigante é esse? R.: O Gigante Adamastor, que aparece no Canto V do poema Os Lusíadas, de Camões, e que personifica o Cabo das Tormentas. TÓPICO 04 1 Retire do texto duas características típicas do ultrarromantismo. R.: a morte como saída de uma vida triste; subjetivismo – o eu comanda as ações; existe amor além da morte; outras respostas que passem a ideia de que o amor está acima de todas as ações humanas. 2 É interessante notar que, no último parágrafo, temos a representação plena dos amores de Teresa! Simão e Mariana/Simão. Que recursos Camilo Castelo Branco utiliza para demonstrar isso? R.: O autor utiliza-se de uma antítese, os que amaram morreram. 3 Para um romântico, é possível viver sem a pessoa amada? E você, também 10 MANUAL DO PROFESSOR-TUTOR EXTERNO UNIASSELVI NEAD L I T E R A T U R A P O R T U G U E S A acredita que “se morre de amor”? R.: Não, para o romântico, se a amada morrer ele também deve morrer, já que não existe razão para viver sem amor. O restante é resposta pessoal. 4 Temos presente a associação amor/morte, que significado assume a morte para as duas personagens do texto? Justifique. R.: A morte para Simão significa o fim de suas tristezas e dúvidas; para Mariana significa ir junto com o seu amado. Concretizar o amor em outro plano. UNIDADE 3 TÓPICO 01 Leia o texto e responda: 1 O soneto apresenta as três primeiras estrofes centradas na segunda pessoa. Identifique-a. R.: A segunda pessoa do discurso é Cristo. 2 A última estrofe está centrada em que pessoa gramatical? Quem representa essa pessoa? R.: Nós, a plebe, o povo, natural herdeiro de Cristo. Observe os pronomes e o verbo na primeira pessoa do plural. 3 Antonomásia é uma figura de palavra que consiste em substituir um nome próprio por uma característica do ser nomeado. Aponte um caso de antonomásia no soneto “A um crucifixo”. R.: Plebeu antigo, o poeta se refere a Cristo. 4 Nesse soneto, temos um bom exemplo da figura de Cristo na visão de um realista. Você diria que essa concepção de Cristo é mística, divina ou humanizada? Justifique. R.: Humanizada. Procure ver as expressões “Plebeu antigo”, ou ainda “Do pobre que protesta foste a imagem”. 5 Antero de Quental terminou uma conferência sobre as causas da decadência de Portugal com a célebre frase: “O Cristianismo foi a Revolução no mundo antigo: a Revolução não é mais do que o Cristianismo no mundo moderno”. O poema demonstra esse espírito revolucionário do Cristianismo? Justifique sua resposta. 11UNIASSELVI NEAD MANUAL DO PROFESSOR-TUTOR EXTERNO L I T E R A T U R A P O R T U G U E S A R.: Sim, procure destacar as associações: Cristo/Povo; Cristo/surgimento de uma invencível hoste armada; Cristianismo/libertação do povo. 6 Apesar dessa postura cristã, Antero de Quental faz duras críticas à Igreja. Aponte a passagem em que há uma crítica aberta ao clero. R.: “... pôs-te / Em vão sobre um altar o vulgo ocioso. 7 Embora os autores realistas atacassem o clero, a maioria deles defendia Cristo. Você acha essa postura coerente? Justifique-se. R.: Procura-se, aqui, destacar que os autores realistas atacavam o clero – Igreja – conservador e que se identificava com as classes dominantes. Assim, os realistas são contra a elite e a ciência. TÓPICO 2 1 Em relação ao texto 1, quanto ao tema desenvolvido, as duas primeiras estrofes se aproximam muito de qual estética literária? Justifique. R.: Do Romantismo, pela maneira pessoal do eu-lírico e pela ideia de autodestruição (“um grande vagabundo”, “precoce infeliz”), pela idealização da pessoa amada. No entanto, a linguagem é simbolista. 2 Aponte algumas característicasdo Simbolismo presentes nos excertos. R.: A linguagem simbolista (vaga, imprecisa), o clima vago, de sugestão (“ensopados de névoa”). 3 Como o poeta vê a mulher amada? Justifique com palavras ou expressões do texto. R.: A mulher amada é idealizada (agora, dentro de um clima simbolista: “... triunfantemente fria, / Grácil como uma flor, triste como um gemido”). 4 As duas últimas estrofes apresentam características simbolistas, quais são elas? Onde se encontram no restante do texto? Quais as principais características das duas últimas estrofes? Dê exemplos retirados do texto. R.: Musicalidade, rima interna, aliteração (em “Na messe, que enlourece, estremece a quermesse...” ou em “Soam suaves, sonolentos ...” TÓPICO 3 Texto Nota preliminar 12 MANUAL DO PROFESSOR-TUTOR EXTERNO UNIASSELVI NEAD L I T E R A T U R A P O R T U G U E S A 1 No texto anterior, Fernando Pessoa nos fala sobre o processo de despersonalização do poeta. Para tanto, estabelece uma escala de quatro graus. Para melhor compreender o texto, responda: a) A partir de que grau o poeta passa a substituir o sentimento pela inteligência? R.: A partir do segundo grau. b) A partir de que grau se concretiza o processo de despersonalização, variando, até mesmo, o estilo do poeta? R.: A partir do terceiro grau. c) No quarto e último grau dessa escala, dado o passo final, temos a completa despersonalização, que não é apenas a variação do estilo: o poeta “cria” outros poetas. Esses “outros poetas” têm a mesma visão de mundo do poeta- criador? R.: Não; por vezes os “outros poetas” podem apresentar uma visão de mundo até oposta à do poeta-criador. d) Considerando a escala proposta por Fernando Pessoa, faça as relações: (1) 1ºgrau (a) o temperamento varia, o estilo permanece único; (2) 2ºgrau (b) o poeta se multiplica em outros poetas; (3) 3ºgrau (c) a produção poética é unificada pelo temperamento e o estilo; (4) 4ºgrau (d) o estilo e o temperamento variam. R.: 1-c; 2-a; 3-d; 4-b. 2 Quando um autor de teatro ou de romances cria personagens que pensam, agem, defendem suas ideias, enfim, têm uma vida própria (que não pode ser confundida com a do autor), você diria que ele está mais próximo de que grau, na escala estabelecida por Fernando Pessoa? R.: Está mais próximo do quarto grau: cada personagem corresponderia a diferentes “poetas”. Os autores podem representar-se a si mesmos através de personagens – Monteiro Lobato, em Emília, ou apresentarem o seu contrário: Graciliano Ramos em Paulo Honório – São Bernardo. 3 Em várias de suas composições, Chico Buarque assume uma persona feminina; são exemplos “Atrás da porta”, “Tatuagem”, “Com açúcar e com afeto”, “Olhos nos olhos”, entre outras. Nessas composições, através de um trabalho de imaginação e intelecto, o autor expressa sentimentos que não são os seus, mas de variados personagens femininos. Entretanto, em todas elas podemos reconhecer o estilo inconfundível de seu autor. Em que grau dessa escala você situaria Chico Buarque? 13UNIASSELVI NEAD MANUAL DO PROFESSOR-TUTOR EXTERNO L I T E R A T U R A P O R T U G U E S A R.: No segundo grau: “o poeta é uma criatura de sentimentos vários e fictícios, mais imaginativo do que sentimental, e vivendo cada estado de alma antes pela inteligência que pela emoção”. 4 “... assim este tipo de poeta lírico é em geral monocórdio, e os seus poemas giram em torno de determinado número, em geral pequeno, de emoções. Por isso, neste gênero de poetas, é vulgar dizer-se, porque com razão, que um é ‘um poeta do amor’, outro ‘um poeta da saudade’, um terceiro ‘um poeta da tristeza’.” (Fernando Pessoa) A que grau dessa escala se refere o texto acima? R.: Ao primeiro grau. 5 No último parágrafo do texto, Fernando Pessoa situa sua obra poética em relação a essa escala. Em qual grau? Justifique. R.: No quarto grau; Fernando Pessoa afirma ter construído “outros poetas” distintos entre si e do próprio Pessoa. Texto O guardador de rebanhos 1 Como já foi dito, Álvaro de Campos, escrevendo sobre seu mestre Caeiro, falava em “conceito direto das coisas”. Destaque um verso da poesia que comprove essa afirmação. R.: “Mas abre os olhos e vê o sol, / E já não pode pensar em nada, / Porque a luz do sol vale mais que os pensamentos” ou “A de serem verdes e copadas e terem ramos / E a de dar fruto na sua hora, o que não nos faz pensar”, além de outros exemplos. 2. O crítico português, Jacinto do Prado Coelho, escrevendo sobre Alberto Caeiro, afirma que “seus pensamentos não passam de sensações”. Destaque um fragmento do texto que comprove essa afirmação. R.: “Mas abre os olhos e vê o sol”; “Em uma comunhão com os olhos e pelos ouvidos”; “Porque, se ele fez, para eu ver”, entre outros exemplos. 3. Caeiro acredita ou não em Deus? Justifique sua resposta. R.: Observe que se pode destacar que Caeiro é a própria personificação do paganismo; ele acredita em Deus, mas não dentro dos critérios tradicionais do catolicismo; sua visão de Deus é perfeitamente coerente com sua visão global do mundo. Sobre o poema “Lisbon revisited 14 MANUAL DO PROFESSOR-TUTOR EXTERNO UNIASSELVI NEAD L I T E R A T U R A P O R T U G U E S A 1 Destaque um verso no qual Álvaro de Campos demonstra sua revolta contra os padrões sociais. R.: Queriam-me casado, fútil, quotidiano e tributável?”. 2. Destaque um verso em que Álvaro de Campos explicita sua profissão. R.: “Sou um técnico, mas tenho técnica só dentro da técnica”, diz o engenheiro. 3. Observe que as frases de Campos, no texto, são curtas e, em sua maioria, exclamativas ou interrogativas. Justifique o uso desses sinais de pontuação no texto, relacionando-os ao conteúdo do poema. R.: Destacar que isso é uma manifestação da histeria de Campos; a estrutura das orações não se faz (ou raramente se faz) em períodos compostos por subordinação, por exemplo. Há o predomínio da frase curta, da exclamação; no máximo, há coordenação. 4. Vários textos de Álvaro de Campos evocam uma melancólica saudade da infância, de tempos remotos, destruídos e irrecuperáveis. Destaque um verso do texto em que esse tipo de saudade se manifesta. R.: A penúltima estrofe exemplifica o enunciado; nela, Campos recorda o “céu azul da minha infância”, o “Tejo ancestral e mudo”, ou seja, a paisagem de uma Lisboa já distante no tempo. Texto Mar portuguez 1 Segundo Fernando Pessoa, os marinheiros antigos criaram a gloriosa frase “Navegar é preciso, viver não é preciso”. Você diria que o espírito dessa frase está presente no poema “Mar portuguez”? Justifique sua resposta. R.: Sim; em todo o poema está presente a ideia de que, para obter a glória, “navegar é preciso”, mesmo que isso signifique a dor ou a morte (“viver não é preciso”). Destacar a associação entre morte/dor e glória especialmente no final da segunda estrofe: “Quem quere passar além do Bojador (Quem quer vencer o mar) Tem que assar além da dor. (Tem que vencer a dor.) Deus ao mar o perigo e o abysmo deu, (No mar há perigo e morte) 15UNIASSELVI NEAD MANUAL DO PROFESSOR-TUTOR EXTERNO L I T E R A T U R A P O R T U G U E S A Mas nelle é que espelhou o céu.” (Mas é também nele que se reflete o céu, símbolo da glória.) 2 Fernando Pessoa afirmava que as várias poesias do livro Mensagem deveriam ser lidas em conjunto, como se fossem um único poema. Associando essa afirmação à temática da obra (que, originalmente, se intitularia Portugal), você diria que o livro Mensagem se aproxima de que gênero literário? R.: Do gênero épico. 3 Em “Mar portuguez” o poeta realiza um interessante trabalho com as pessoas do discurso. Caracterize essas pessoas do discurso ao longo das duas estrofes. R.: A primeira estrofe é dirigida à segunda pessoa: o mar (“teu sal”; “por te cruzarmos”; o vocativo que abre e fecha a estrofe: “ó mar”); já a segunda estrofe é voltada para a terceira pessoa, particularmente para aqueles que foram além do Bojador, os navegantes. Na segunda estrofe, o mar deixa de ser a segunda pessoa, passando a ser uma terceirapessoa (de quem se fala). 4 Em relação ao poema “Mar portuguez”: a) Qual o período da história de Portugal que está sendo recuperado pelo poeta Fernando Pessoa? R.: O período das Grandes Navegações (final do século XV e início do século XVI). b) Por que as aventuras marítimas, nesse período, eram empreendimentos tão arriscados? R.: Devido aos perigos do mar (trombas marítimas, falta ou excesso de ventos, etc.; às doenças (por exemplo, o escorbuto); à precariedade das técnicas de navegação, entre outras razões. 5 A vocação náutica dos portugueses e os grandes descobrimentos do passado tornaram o tema do mar bastante frequente na literatura portuguesa de todos os tempos. Fernando Pessoa, em “Mar portuguez”, focaliza o custo que a aventura marítima representou em termos de vidas humanas e sofrimentos ao povo de seu país. Releia com atenção o poema pautado e, a seguir: a) Identifique o recurso estilístico por meio do qual, ao operar escolhas nos planos gráfico e morfológico do discurso, o escritor sugere que a aventura náutica portuguesa refere-se ao passado longínquo; R.: O emprego do arcaísmo, ou seja, de palavras grafadas segundo um padrão já superado. 16 MANUAL DO PROFESSOR-TUTOR EXTERNO UNIASSELVI NEAD L I T E R A T U R A P O R T U G U E S A b) Justifique sua resposta, apresentando dois exemplos dessa mudança empreendida na forma escrita. R.: Esse recurso fica evidente no plano gráfico (abysmo, nelle, resaram); no plano morfológico, seria possível citar o emprego da forma quere. 6 Examinando cuidadosamente o poema, verifica-se que, em tom épico, grandiloquente e afetivo, a voz enunciadora inclui o próprio povo português em sua fala. Tendo em vista esta observação: a) Aponte o verso em que, claramente, o eu- poemático se manifesta como coletivo e indique a forma pronominal que identifica o destinatário dessa voz coletiva; R.: O eu-poemático (lírico) se manifesta coletivamente sempre que emprega verbos e pronomes na primeira pessoa do plural: Por te cruzarmos; para que fosses nosso. O destinatário está indicado gramaticalmente pelo emprego do pronome da segunda pessoa: Por te cruzarmos. b) A quem especificamente se dirige essa voz coletiva, e por meio de que recurso sintático faz? R.: Dirige-se ao mar, núcleo dos dois vocativos da primeira estrofe. Significativamente, um vocativo inicia a estrofe e outro a finaliza. 7 Bojador, cabo localizado na costa oeste da África, em meados do século XV era o ponto extremo sul do território africano até então conhecido. Valendo-se das informações acima, explique os versos: “Quem quere (quer) passar além do Bojador / Tem que passar além da dor”. R.: Resposta pessoal, podem-se aceitar respostas que comentem o custo da glória, os obstáculos que existem para se conseguir vencer, a necessidade de luta e perseverança. 8 O texto centra-se numa pergunta: “Valeu a pena?” Explique os motivos que levaram o poeta a fazê-la, bem como sua resposta. R.: Resposta pessoal. Podem-se aceitar respostas que comentem que o autor faz uma pergunta, mas que já tem a resposta (pergunta retórica), que apenas a faz para usar a resposta como argumento. Se valeu a pena, sim, valeu a pena porque ... Texto Autopsicografia 1 Na primeira estrofe de “Autopsicografia”, Fernando Pessoa trabalha com um jogo de palavras. Que palavras são essas? Que ideia o autor nos transmite? 17UNIASSELVI NEAD MANUAL DO PROFESSOR-TUTOR EXTERNO L I T E R A T U R A P O R T U G U E S A R.: O poeta trabalha com as palavras fingidor / finge / fingir / dor 2 A poesia afirma que o poeta sente duas dores (terceiro verso da segunda estrofe). Explique quais são elas e como se manifestam. R.: São a dor efetivamente vivida e a dor fingida. 3 Na segunda estrofe temos vários verbos, alguns no singular, outros no plural (leem, escreve, sentem, teve, têm). Interprete os vários sujeitos, substituindo os pronomes por substantivos. R.: “Os que leem” – eles, os leitores; “o que escreve” – ele, o poeta; “na dor lida sentem bem” – eles, os leitores; “o que ele teve” – ele, o poeta; “eles não têm” – eles, os leitores. 4 Qual a relação estabelecida entre o poeta e os leitores? R.: O poeta escreve sobre duas dores: a dor dele (poeta) e a dor dos outros (leitores), entretanto os leitores sentem não as duas, “mas só a que eles não têm”, isto é, os leitores sentem a dor do poeta, não identificam a própria dor. 5 Explique a relação estabelecida entre coração e razão, na última estrofe. R.: Como consequência do que se disse na resposta anterior, a razão vai sendo entretida pelo coração, o que significa que, para esses leitores, a poesia serve como fuga da realidade. Texto Brasil 1 Como o Brasil é representado no texto? R.: O Brasil é visto como a “pátria de imigração”, onde repousam sonhos de muitos portugueses. Destacar que, para o poeta, o Brasil é apenas lembrança. 2 No sexto verso, o adjetivo perdida aparece duas vezes. A que substantivos refere-se, respectivamente? R.: O primeiro perdida refere-se à “pátria de imigração”; o segundo, à juventude. 3 Qual a figura de sintaxe trabalhada pelo poeta no último verso? R.: Polissíndeto: “com palavras, e rimas, e saudades”. 4 Segundo o crítico David Mourão-Ferreira, Miguel Torga “emigrou para o Brasil com 13 anos apenas, tendo aí trabalhado duramente até os 18. Regressando 18 MANUAL DO PROFESSOR-TUTOR EXTERNO UNIASSELVI NEAD L I T E R A T U R A P O R T U G U E S A a Portugal, em três anos completa o curso dos liceus, licenciando-se depois pela Faculdade de Medicina de Coimbra, em 1933”. Em que versos há uma referência direta a esse período vivido no Brasil? R.: “Achada na longínqua meninice [aos 13 anos de idade] / Perdida na perdida juventude [aos 18 anos]”. 5 Como Miguel Torga “emigra” para o Brasil? Justifique sua resposta. R.: Por meio da poesia e da lembrança. Texto Cântico negro 1 Em “Cântico negro”, José Régio aborda, mais uma vez, a temática central de sua obra. Qual é ela? Destaque um verso que justifique sua resposta. R.: A dualidade, o conflito entre seguir Deus ou o Diabo, ou os dois, ou nenhum. A necessidade de construir o seu próprio caminho (“Deus e o Diabo é que me guiam, mais ninguém”, “A minha vida é um vendaval que se soltou”). 2 Em “Cântico negro” percebe-se, ao mesmo tempo, uma proposta de ruptura e a busca de um ideal. Aponte alguns elementos que justifiquem essa afirmação. R.: Há uma proposta de ruptura quando o poeta afirma que não seguirá um caminho predeterminado; há a busca de um ideal quando ele manifesta a preocupação em descobrir seu próprio caminho: “Eu cruzo os braços, / E nunca vou por ali...” ruptura; “Eu amo o Longe e a Miragem” (idealização). Texto Memorial do convento 1 Considerando que vademeco é a forma aportuguesada do latim vadem mecum (“designação comum a livros de conteúdo prático e formato cômodo”), explique a justificativa do narrador para apresentar apenas dois modos de juntar um homem e uma mulher. R.: O narrador inicia a narrativa fazendo uma intervenção de caráter metalinguístico. Nela, ele esclarece suas intenções ao leitor, não sendo isto (a narrativa) um inventário (uma relação completa, um registro completo) nem um vademeco de casamentar (um “manual de casamento’”), ele se limitará ao que interessa, apresentando apenas dois modos de unir um homem e uma mulher. 2 Mais do que duas formas de se juntar um homem e uma mulher, o texto revela uma série de antíteses. Quais são elas? 19UNIASSELVI NEAD MANUAL DO PROFESSOR-TUTOR EXTERNO L I T E R A T U R A P O R T U G U E S A R.: O primeiro modo descreve uma união natural (ambos se encontraram naturalmente), sincera e não imposta. A moça sentiu-se atraída pelo soldado, apesar de seu defeito físico; por sua vez, a mãe acreditava sinceramente, que aquele era o homem certo para a filha (destacar a passagem que faz referência às suas visões, esclarecendo que ela “não fingiu estas” e só os uniu depois que já se conheciam. O soldado é Baltazar Mateus, um mutilado de guerra, e amoça é Blimunda de Jesus). O segundo modo descreve uma união imposta, um casamento por interesse e conveniência, pouco importando se os noivos se conhecem ou não. 3 Explique a afirmação “o que acontece nos sonhos não conta”. R.: São as antíteses produzidas pelas desigualdades sociais: o primeiro modo, sincero, natural, caracteriza as camadas populares; o segundo modo, insincero, artificial, caracteriza a nobreza. 4 Quais são as diferenças entre os dois modos de se juntar um homem e uma mulher? R.: O final do parágrafo é uma constatação da estrutura patriarcal da sociedade; o homem vai desforrar-se (não se trata de um fato hipotético, ele vai); ela, coitada, não deve e não pode levantar os olhos para outro homem. Ela tem desejos, sonha com outra vida, com outros homens. Mas, do ponto de vista objetivo e masculino, o que acontece nos sonhos não conta! (Uma interpretação mais feminina e subjetiva seria: Ela é honesta demais para trair o marido, mas é livre para sonhar. E como, para o mundo masculino, os sonhos não contam, estará sempre livre para imaginar o que bem entender, sem que sofra a censura da sociedade.)
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