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Do Mulher com queixa de dor em andar inferior do abdome Dor pélvica aguda < 3 meses Dor pélvica crônica > 6 meses Característica da dor aguda: a. Inicio abrupto b. Evolução curta c. Pode ter sintomas associados Característica da dor crônica: a. Não cíclica b. Intensidade suficiente para causar impedimento funcional à paciente ou levá-la ao cuidado médico c. Maioria das pacientes irão reclamar de sensibilidade dolorosa da parede pélvica, dispareunia, disquezia, dismenorreia e urgência urinária d. A dor pode se estender além da pelve Obs: lembrar que se a dor pélvica for cíclica geralmente é associada ao ciclo menstrual, sendo assim pode ser somente cólica relacionada ao período ovulatório, sendo geralmente unilateral. No entanto pode ser também endometriose que é um quadro de dor pélvica crônica Síndrome pré-menstrual É um distúrbio crônico que ocorre na fase lútea do ciclo menstrual e desaparece logo após inicio da menstruação. Epidemiologia: estudos mostram que 20 a 40% das mulheres sofrem de SPM e que, dessas, 3 a 8% apresentam sintomas intensos – o TDPM Quadro clínico: o Sintomas variados Psicológicos: 1. Labilidade de humor 2. Ansiedade 3. Irritabilidade 4. Depressão 5. Sentimento de desvalia 6. Insônia 7. Aumento de sonolência Físicos: 1. Aumento do volume abdominal 2. Sensação de fadiga 3. Cefaléia tensional 4. Enxaqueca 5. Mastalgia 6. Aumento de peso Mudanças de comportamento: 1. Mudanças de hábitos alimentares 2. Aumento de apetite 3. Avidez por alimentos específicos 4. Não participação em atividades sociais ou profissionais 5. Maior permanência em casa 6. Aumento de consumo de álcool Etiologia Parece ser uma interação complexa e pouco compreendida entre hormônios esteróides ovarianos, peptídeos, opioides endógenos, neurotransmissores centrais, prostaglandinas e sistemas autônomos periféricos e endócrinos Além disso, a progesterona é matabolizada em alopregnanolona (ALLO), que é um modulador positivo dos receptores GABA, com propriedades sedativas, ansiolíticas e anestésicas. o Há a hipótese que as mulheres com TDPM tenham resistênciaÀ ALLO Diagnóstico Indica-se realização de diários por 2 a 3 meses consecutivos. Deve ser diferenciada de outros sintomas psiquiátricos, que podem se exarcebar no período pré- menstrual. Exames laboratoriais podem ser feitos para afastar outras patologias. Tem o questionário DRSP como ferramenta diagnostica, mas requer registro diário dos sintomas por pelo menos 2 meses, limitando sua aplicabilidade prática Tem também critérios diagnósticos do ACOG, utilizados em mulheres que sentem desconforto principalmente físico nesse período pré menstrual O DSM-5 serve como auxilio diagnostico para TDPM (forma mais grave de SPM) Tratamento Manejo inicial consiste na educação e orientação Inicia com intervenções no estilo de vida: alimentação equilibrada, atividades físicas, etc. Alguns estudos mostram beneficio no uso de B6 e cálcio. Terapia cognitivo comportamental pode auxiliar no controle da irritabilidade e estresse Agentes psicotrópicos a. Antidepressivos serotoninérgicos: ISRSs – citalopram, fluoxetina, paroxetina, sertralina. Podem ser usados de forma continua e intermitente a partir do 15º dia do ciclo b. Benzodiazepínicos: alprazolam – é eficaz mas é preciso considerar os riscos de dependência e rápida tolerância induzida por esses medicamentos. Indicado em situações de extrema ansiedade. Supressão da ovulação a. ACO combinados: aliviam dismenorreia e mastalgia pré- menstrual. Não tem evidencias conclusivas. Formulação de primeira escolha: 20 ug de etinilestradiol + 3 mg de dropirenona do regime 24/4 b. Supressão da ovulação utilizando danazol: é m análogo androgênico, inibe as gonadotrofinas quando em altas doses. Controla mastalgia, mas não melhora significativamente sintomas emocionais. Uso prolongado pode causar masculinização e outros efeitos. c. Supressão da ovulação utilizando agonistas do hormônio liberador de gonadotrofinas: medida extrema DOR PÉLVICA AGUDA DIP o É uma IST o Infecção do trato genital superior feminino (acima do orifício interno do colo do útero) o Começa com ascensão de microrganismos pelo trato genital, mais precisamente pela passagem destes pelo OI do colo uterino. o Envolve: útero, tubas, ovários, peritônio pélvico e órgãos genitais. o Etiologia: Flora polimicrobiana (envolve tanto Gram +, Gram -, quanto anaeróbios) Diagnóstico: a) 3 critérios maiores + 1 critério menor ou b) 1 critério elaborado Parceiro: 1. Ceftriaxona: 500 mg IM/ dose única + 2. Azitromicina 1 g VO/ dose única Dismenorreia o Cólicas menstruais dolorosas; ocorre durante a menstruação ou algumas horas antes, com sinais e sintomas representados por náuseas, vômitos, diarréia, fadiga, dor lombar, nervosismo, tonturas e cefaleia. o A dismenorreia está dividida em duas categorias: 1. Dismenorreia primária – é caracterizada por cólicas nos ciclos menstruais normais, sem associação com problemas mais sérios. o Alguns autores acreditam que haja maior liberação de prostaglandinas no fluxo menstrual, o que causa contração uterina e dor. 2. Dismenorreia secundária está associada a problemas como malformações uterinas, endométrios, miomas, uso de dispositivo intrauterino (DIU). Prevenção: 1) Evitar vida sedentária: exercícios aeróbicos moderados que provocam liberação de endorfinas podem trazer sensação de bem estar, de autoconfiança, e aumentar a resistência à dor; 2) Dieta: alimentos gordurosos que retardam o trânsito intestinal e alimentos que provocam fermentação devem ser evitados, especialmente nos períodos pré- menstruais, a dieta deve ser rica em frutas e em vegetais com fibras para assegurar trânsito intestinal adequado; 3) Hidratação: a ingestão de quantidades insuficientes de água pode causar ressecamento do bolo fecal e obstipação, que contribui para agravar quadros de dismenorréia. Tratamento: 1. Anti-inflamatórios não hormonais: podem ser iniciados 2 a 3 dias antes do período menstrual e mantidos durante a menstruação (evitar uso superior a 7 dias) – o Ibuprofeno 600mg ou Diclofenaco 50 mg, de 8/8 horas; 2. Antiespasmódicos e analgésicos, se necessário: Escopolamina 10 mg, de 6/6 horas; 3. Dipirona ou Paracetamol 500 mg 6/6 horas. Torção/ruptura de cisto ovariano o Os cistos ovarianos são formados nos ovários quando a ovulação não ocorre de forma adequada o Se a ovulação não ocorre o folículo cresce em tamanho e torna- se um quisto do ovário. o O cisto de ovário formado devido à falta de ovulação é chamado cisto funcional que não é prejudicial e vai embora por conta própria sem qualquer tipo de tratamento. o No entanto, por vezes o cisto torna-se tão grande em tamanho que enfraquece a parede dos ovários causando assim a ruptura do cisto. o O sintoma mais comum é a dor pélvica severa o Uma das principais complicações incluem a torção do ovário, especificamente da tuba uterina. Quando isso ocorre, o fornecimento de sangue aos ovários vai se restringido, o que leva à morte do tecido do ovário. Esta poder ser uma condição que necessite de cirurgia de urgência, caso a paciente evolua com dor pélvica aguda intensa o Quando há ruptura do cisto, o fluido presente no seu interior drena para dentro da cavidade abdominal causando dor pélvica. Tratamento: o A maior parte das rupturas de cistos vão evoluir sem maiores complicações e o tratamento consiste em analgesia e observação. o Nos casos em que ocorre torção do ovário ou cisto hemorrágicoroto com sangramento ativo e volumoso, a intervenção cirúrgica pode ser necessária. Endometrite pós-parto/aborto o Endometrite puerperal é a infecção uterina tipicamente causada por bactérias que ascendem do trato genital inferior ou do trato gastrintestinal. o Sangramento e/ou corrimento com odor fétido; o Comprometimento do estado geral – atentar para sinais de alerta. Conduta: 1) Encaminhar para hospital de referência – provável internação para antibioticoterapia venosa; 2) Exames complementares no serviço de urgência: hemograma, Ultrassom transvaginal para avaliar presença de restos ovulares ou placentários DOR PÉLVICA CRONICA Endometriose o Mulheres com endometriose frequentemente se queixam de DPC que apresenta expressiva piora no período menstrual (dismenorreia), associada a dispareunia profunda. o História de infertilidade. o História familiar de endometriose. o Dor irradiada para região lombossacra ou ânus. o Alterações intestinais cíclicas (diarréia e/ou constipação, mudança na consistência das fezes no período perimenstrual). o Sangramento cíclico nas fezes e na urina. Tratamento: 1. Anti-inflamatórios não hormonais (crises de dor): o Piroxicam, 20-40 mg por dia; o Nimesulida, 100 mg de 12/12 horas; o Ibuprofeno, 600mg; ou o Diclofenaco, 50 mg de 8/8 horas o – iniciar 2 a 3 dias antes da menstruação. 2. Supressão da menstruação: anticoncepcional combinado oral (Etiniestradiol, 30 mcg + Levonorgestrel, 150 mcg) – uso contínuo, sem pausa entre as cartelas; anticoncepcional injetável com progestágeno mensal ou trimestral; ou Noretisterona (progestágeno) oral – 10mg/dia contínuo Aderências pélvicas o As aderências são formações fibrosas regenerativas, decorrentes de traumas mecânicos, infecções, inflamações ou sangramentos; quando ocorrem na pelve, remetem a infertilidade, DPC, dispareunia e, em casos mais graves, obstrução intestinal o Os mecanismos que levam essas aderências a desencadearem dor crônica ainda não foram esclarecidos. o Especula-se que a menor mobilidade das estruturas, a limitação do peristaltismo intestinal, a tração entre os órgãos e os estímulos das fibras aferentes C são os principais desencadeantes do desconforto e da dor de origem visceral. o Dor à palpação e distensão dos anexos, agravada com atividade física e obstipação. o Ao toque vaginal, há redução de mobilidade uterina. o Antecedente de infecção ou cirurgia pélvica (principalmente cesariana e laqueadura Congestão ou varizes pélvicas o Varizes pélvicas, também são conhecidas como síndrome da congestão pélvica. o Trata-se de uma condição na qual se observam dilatação e tortuosidade do plexo venoso pélvico associado à diminuição do retorno venoso o A congestão pélvica afeta com maior frequência mulheres multíparas, e relata-se relação com desconforto abdominal baixo, principalmente após longa permanência em posição ortostática. o No entanto, é importante salientar que as varizes pélvicas podem ser encontradas em mulheres assintomáticas, levantando o questionamento se elas seriam, realmente, a causa de DPC ou apenas um achado de exame Adenomiose o É presença de tecido endometrial ectópico entre as fibras do miométrio o Habitualmente cursa com dor pélvica cíclica, manifestando-se geralmente com dismenorreia intensa e sangramento uterino anormal. o A dor pode ser causada pelo sangramento ou pela descamação das ilhas de endométrio presentes no interior do miométrio durante o período menstrual. o Os sintomas habitualmente se instalam ao redor dos 40 ou 50 anos de idade. Síndrome do ovário remanescente o Condição rara observada em mulheres submetidas a ooforectomia (remoção dos ovários) com remoção incompleta do ovário durante o procedimento. o Nessas, os fragmentos remanescentes de ovário levam à persistência da função ovariana e podem se apresentar como massas pélvicas e cursar com dor pélvica. o Acredita-se que a endometriose pode aumentar o risco de carcinoma de ovário em pacientes com síndrome do ovário remanescente. o Dada essa associação com malignidades ovarianas, a excisão cirúrgica do tecido remanescente permanece o tratamento de escolha Leiomioma uterino o Os leiomiomas uterinos podem causar sintomas de pressão e induzir dor pela compressão. Podem ainda causar dor aguda devido a degeneração, torção ou expulsão dos leiomiomas através do colo do útero. A dor crônica é comum nas portadoras de miomas uterinos Tratamento dor pélvica crônica Tratamento deve ser direcionado à causa de DPC quando esta é identificada. A associação de medicação analgésica + modificações na dieta, estilo de vida e comportamento + tratamento de fatores psicológicos tem demonstrado melhorar a qualidade de vida. Observou beneficio: acetato de medroxiprogesterona 50 mg/dia; análogos de GnRH, manejo multidiciplonar, aconcelhamento após US normale lise de aderências pélvicas. Para pacientes com dor de característica cíclica podem ser considerados tratamentos hormonais, como anticoncepcional oral de baixa dosagem, progestogênios ou análogos do GnRH. Referências: 1. Protocolos para o cuidado da saúde das mulheres. Portal da UNIFESP 2. Dor pélvica crônica: como dignosticar e tratar uma das maiores angústias das mulheres. Revista femina. Febrasgo. 2020 3. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêut icas (PCDT). Ministério da Saúde. 2015 4. Artigo de revisão. Dismenorreia. Roberta Dall’ Acqua e Tania Bendlin. Femina 2015
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